DEUS QUE OLHA, CUIDA E ACOLHE
A gente costuma dizer que os dedos de uma mão são como filhos e
filhas, todos diferentes, mas a quem os pais cuidam com as mesmas preocupações.
Como um pai e uma mãe que cuidam dos filhos independente da sua condição assim
age Deus em relação às suas criaturas. É isso que ouvimos mais uma vez na
liturgia desse domingo. Ao longo da existência todos experimentamos situações de
desespero e de dor, mas é exatamente nessa hora que todos ocupam um lugar
especial no coração de Deus.
Na primeira leitura o profeta qualifica as pessoas como um
rebanho que é cuidado por Deus. Ele mesmo se encarrega de tirar as ovelhas que
haviam sido confiadas a pastores que não as cuidaram, ele mesmo vai tomar
conta, na sequencia vai escolher novos pastores e finalmente promete um novo
tempo e uma nova condição de vida. O que aconteceu com os conterrâneos do
profeta é muito semelhante com o nosso cotidiano que bastante vezes nos damos
conta de andar sem rumo, desorientados, traídos, como que abandonados diante da
violência, dos fundamentalismos, da miséria, dos conflitos, dos problemas no
trabalho e na família, das catástrofes ambientais e tragédias de toda sorte. A
palavra do profeta ecoa em nossos ouvidos e no coração, Deus continua cuidando
das nossas necessidades: “E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para
onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e
multiplicarão. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um
descendente de Davi; este é o nome com que o chamarão: 'Senhor, nossa Justiça'".
A mesma tonalidade tem as palavras de Paulo na carta aos
Efésios. Ele declara que sua missão é anunciar um Deus que se preocupa e cuida
de todos, independente da condição de cada pessoa. Deus quer trazer para
perto de si todos os que em Jesus Cristo foram feitos irmãos e herdeiros. A
vida de Jesus derrubou todas as barreiras que dividiam os povos. Deus age de modo
diferente de como normalmente estamos habituados, enquanto nós inventamos
alfândegas, fronteiras, barreiras, Deus abre portas, acolhe, protege, reúne e
ensina a caminhar juntos.
No Evangelho a atitude de Jesus não é diferente: “Jesus viu uma
numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A
expressão compaixão significa sofrimento com o objetivo de livrar os
sofredores. Guardadas as proporções, compaixão é a atitude de uma mãe que é
capaz de qualquer sacrifício para diminuir as dores e o sofrimento de um filho.
O que Jesus fez é também a tarefa que Ele atribui aos discípulos, e depois os
reúne para avaliar a eficácia da missão e o alcance das atividades
desenvolvidas: “os apóstolos reuniram-se
com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado”. O encontro
avaliativo é uma espécie de relatório detalhado do seu trabalho. Jesus os
previne contra o perigo do ativismo, mas ao mesmo tempo permite que vejam
quanto é volumoso o trabalho e as exigências: “Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem
para comer”.
As ovelhas perdidas do nosso tempo é a multidão de pessoas sem
rosto e sem voz deixadas à margem da sociedade e muitas vezes das nossas
igrejas que sofrem a discriminação e a exclusão, que carregam culpas por
feridas abertas muitas vezes por falta de acolhimento e de perdão. Seguidores
de Jesus peçamos a graça e a capacidade de aprender o que significa compaixão e
cuidado, ver como Jesus e se compadecer: “para
que repletos de fé, esperança e caridade guardemos fielmente os vossos
mandamentos”.
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