quinta-feira, 18 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 21 DE JULHO DE 2024 - 16º DOMINGO COMUM - ANO B

 

DEUS QUE OLHA, CUIDA E ACOLHE

A gente costuma dizer que os dedos de uma mão são como filhos e filhas, todos diferentes, mas a quem os pais cuidam com as mesmas preocupações. Como um pai e uma mãe que cuidam dos filhos independente da sua condição assim age Deus em relação às suas criaturas. É isso que ouvimos mais uma vez na liturgia desse domingo. Ao longo da existência todos experimentamos situações de desespero e de dor, mas é exatamente nessa hora que todos ocupam um lugar especial no coração de Deus. 

Na primeira leitura o profeta qualifica as pessoas como um rebanho que é cuidado por Deus. Ele mesmo se encarrega de tirar as ovelhas que haviam sido confiadas a pastores que não as cuidaram, ele mesmo vai tomar conta, na sequencia vai escolher novos pastores e finalmente promete um novo tempo e uma nova condição de vida. O que aconteceu com os conterrâneos do profeta é muito semelhante com o nosso cotidiano que bastante vezes nos damos conta de andar sem rumo, desorientados, traídos, como que abandonados diante da violência, dos fundamentalismos, da miséria, dos conflitos, dos problemas no trabalho e na família, das catástrofes ambientais e tragédias de toda sorte. A palavra do profeta ecoa em nossos ouvidos e no coração, Deus continua cuidando das nossas necessidades: “E eu reunirei o resto de minhas ovelhas de todos os países para onde forem expulsas, e as farei voltar a seus campos, e elas se reproduzirão e multiplicarão. Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; este é o nome com que o chamarão: 'Senhor, nossa Justiça'".

A mesma tonalidade tem as palavras de Paulo na carta aos Efésios. Ele declara que sua missão é anunciar um Deus que se preocupa e cuida de todos, independente da condição de cada pessoa. Deus quer trazer para perto de si todos os que em Jesus Cristo foram feitos irmãos e herdeiros. A vida de Jesus derrubou todas as barreiras que dividiam os povos. Deus age de modo diferente de como normalmente estamos habituados, enquanto nós inventamos alfândegas, fronteiras, barreiras, Deus abre portas, acolhe, protege, reúne e ensina a caminhar juntos. 

No Evangelho a atitude de Jesus não é diferente: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A expressão compaixão significa sofrimento com o objetivo de livrar os sofredores. Guardadas as proporções, compaixão é a atitude de uma mãe que é capaz de qualquer sacrifício para diminuir as dores e o sofrimento de um filho. O que Jesus fez é também a tarefa que Ele atribui aos discípulos, e depois os reúne para avaliar a eficácia da missão e o alcance das atividades desenvolvidas: “os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado”. O encontro avaliativo é uma espécie de relatório detalhado do seu trabalho. Jesus os previne contra o perigo do ativismo, mas ao mesmo tempo permite que vejam quanto é volumoso o trabalho e as exigências: “Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer”.

As ovelhas perdidas do nosso tempo é a multidão de pessoas sem rosto e sem voz deixadas à margem da sociedade e muitas vezes das nossas igrejas que sofrem a discriminação e a exclusão, que carregam culpas por feridas abertas muitas vezes por falta de acolhimento e de perdão. Seguidores de Jesus peçamos a graça e a capacidade de aprender o que significa compaixão e cuidado, ver como Jesus e se compadecer: “para que repletos de fé, esperança e caridade guardemos fielmente os vossos mandamentos”.

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