SANTO
DE CASA NÃO FAZ MILAGRE
A
Igreja católica sempre valorizou o testemunho de vida das pessoas como sinal de
santidade. Sem descuidar das graças alcançadas pela intercessão daqueles que
são elevados à glória dos altares, o estilo de vida e os exemplos de vida são
cada vez mais valorizados quando se trata de atribuir a alguém o título de
Santo. Dentre os próximos santos a serem declarados pelo Papa Francisco, um
deles é jovem Carlo Acutis, que soube muito bem utilizar o campo minado da
internet para anunciar a boa notícia e tornar conhecida a mensagem de Jesus
Cristo. Ele, como uma série de outras pessoas ao longo do tempo são a prova que
“santo de casa também faz milagre”.
As três
leituras deste 14º domingo do tempo comum mostram a estratégia de Deus para se
aproximar de nós e para continuar sua obra de cuidado. Para essa tarefa Deus se
serve das pessoas e do testemunho cotidiano, independente das fragilidades de
cada uma.
A
primeira figura que aparece nos relatos de hoje é o profeta Ezequiel, chamado
de “filho do homem” que significa dizer uma pessoa que vive e está no meio de
todos com todas as suas virtudes e debilidades, mas que apesar de tudo realiza
com maestria a tarefa de anunciar Deus e o seu projeto: “Filho do homem, eu te envio aos
israelitas, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu
lhes dirás: 'Assim diz o Senhor Deus. Quer te escutem, quer não - pois são um
bando de rebeldes - ficarão sabendo que houve entre eles um profeta".
Ser
profeta é uma tarefa confiada também a cada batizado que configurados a Cristo
é chamado a ser no meio do mundo um sinal de Deus cuja voz deve ecoar mais pelo
exemplo do que pelas palavras.
A mesma
situação se repete com Paulo, é ele mesmo quem declara: “Irmãos: Para que a extraordinária grandeza das revelações não me
ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho”. E continua o apóstolo:
“Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se
manifesta. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas,
para que a força de Cristo habite em mim”. Em resumo
nenhuma fragilidade humana serve para como justificativa para não exercer a
tarefa que Deus nos confia.
No Evangelho, desta vez, já não são os fariseus e doutores de
lei que duvidam de Jesus, mas seus próprios conterrâneos. Jesus está no seu
povoado de origem, todos ali o conhecem, bem como sabem da sua história de
vida. Par reforçar a razão de sua incredulidade as pessoas não o chamam nem
pelo nome nem pela filiação paterna, antes e referem a Ele com a expressão “não
é Ele o filho de Maria”. Apesar desta falta de respeito e consideração Jesus
continua a mostrar-lhes como Deus oferece o seu cuidado: “Jesus lhes dizia: "Um
profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e
familiares". E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns
doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus
percorria os povoados das redondezas, ensinando”.
Em resumo, acreditar em Deus supõe ter fé e isso significa superar
preconceitos, mudar a mentalidade, ver além das aparências enxergar as pessoas
como sinais e instrumentos de Deus. Em Jesus Cristo, Deus Pai continua
aproximando-se de todos revelando ao mundo o rosto misericordioso do criador.
Não tenhamos medo, sejamos também nós anunciadores de Deus e do seu amor
generoso amor para com todos. Que se torne realidade em nós o que rezamos na
prece inicial da missa: “Pela humilhação
do vosso Filho, enchei todas as criaturas de santa alegria”.
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