quarta-feira, 3 de julho de 2024

HOMILIA PARA O DIA 07 DE JULHO DE 2024 - 14º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRE

A Igreja católica sempre valorizou o testemunho de vida das pessoas como sinal de santidade. Sem descuidar das graças alcançadas pela intercessão daqueles que são elevados à glória dos altares, o estilo de vida e os exemplos de vida são cada vez mais valorizados quando se trata de atribuir a alguém o título de Santo. Dentre os próximos santos a serem declarados pelo Papa Francisco, um deles é jovem Carlo Acutis, que soube muito bem utilizar o campo minado da internet para anunciar a boa notícia e tornar conhecida a mensagem de Jesus Cristo. Ele, como uma série de outras pessoas ao longo do tempo são a prova que “santo de casa também faz milagre”.

As três leituras deste 14º domingo do tempo comum mostram a estratégia de Deus para se aproximar de nós e para continuar sua obra de cuidado. Para essa tarefa Deus se serve das pessoas e do testemunho cotidiano, independente das fragilidades de cada uma.

A primeira figura que aparece nos relatos de hoje é o profeta Ezequiel, chamado de “filho do homem” que significa dizer uma pessoa que vive e está no meio de todos com todas as suas virtudes e debilidades, mas que apesar de tudo realiza com maestria a tarefa de anunciar Deus e o seu projeto: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: 'Assim diz o Senhor Deus. Quer te escutem, quer não - pois são um bando de rebeldes - ficarão sabendo que houve entre eles um profeta".

Ser profeta é uma tarefa confiada também a cada batizado que configurados a Cristo é chamado a ser no meio do mundo um sinal de Deus cuja voz deve ecoar mais pelo exemplo do que pelas palavras.

A mesma situação se repete com Paulo, é ele mesmo quem declara: “Irmãos: Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho”. E continua o apóstolo: Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim”. Em resumo nenhuma fragilidade humana serve para como justificativa para não exercer a tarefa que Deus nos confia.

No Evangelho, desta vez, já não são os fariseus e doutores de lei que duvidam de Jesus, mas seus próprios conterrâneos. Jesus está no seu povoado de origem, todos ali o conhecem, bem como sabem da sua história de vida. Par reforçar a razão de sua incredulidade as pessoas não o chamam nem pelo nome nem pela filiação paterna, antes e referem a Ele com a expressão “não é Ele o filho de Maria”. Apesar desta falta de respeito e consideração Jesus continua a mostrar-lhes como Deus oferece o seu cuidado: “Jesus lhes dizia: "Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares". E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando”.

Em resumo, acreditar em Deus supõe ter fé e isso significa superar preconceitos, mudar a mentalidade, ver além das aparências enxergar as pessoas como sinais e instrumentos de Deus. Em Jesus Cristo, Deus Pai continua aproximando-se de todos revelando ao mundo o rosto misericordioso do criador. Não tenhamos medo, sejamos também nós anunciadores de Deus e do seu amor generoso amor para com todos. Que se torne realidade em nós o que rezamos na prece inicial da missa: “Pela humilhação do vosso Filho, enchei todas as criaturas de santa alegria”.

 

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