terça-feira, 10 de dezembro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 26 DE JANEIRO DE 2025 - 3º DOMINGO COMUM - ANO C

 

SOMOS UM POVO PEREGRINOS DE ESPERANÇA

 

Neste terceiro domingo do Tempo Comum, somos mais uma vez convidados a nos aprofundar na Palavra de Deus que nos apresenta um forte chamado à esperança e à ação. As leituras de hoje nos oferecem um panorama sobre a importância da escuta da Palavra, a necessidade de unidade no Corpo de Cristo e a vocação que temos como peregrinos de esperança.

Iniciando com a leitura de Neemias (Ne 8,2-4a.5-6.8-10), encontramos o povo de Israel reunido para ouvir a lei de Deus. É um momento de renovação e redescoberta da identidade, onde a Palavra é lida e explicada, levando o povo a chorar, mas também a se alegrar, pois a palavra de Deus é viva e ativa. Neemias diz: "A alegria do Senhor é a nossa força." Isso nos mostra que, quando nos voltamos para Deus e sua Palavra, encontramos a verdadeira fonte de esperança e renovação.

O Salmo 18 (19) nos lembra que as leis do Senhor são perfeitas e alegres. Em um mundo cheio de incertezas, é fundamental que busquemos na Palavra de Deus orientação e sabedoria. A escuta atenta da Palavra e a nossa disposição em vivê-la são elementos cruciais para que possamos ser verdadeiros peregrinos de esperança, levando a luz de Cristo a todos ao nosso redor.

Na epístola de Paulo aos Coríntios (1Cor 12,12-30), vemos a imagem poderosa do Corpo de Cristo. Paulo explica que, assim como o corpo é um, embora tenha muitas partes, assim também somos nós como Igreja. Cada um de nós é parte desse corpo, e todos têm uma função única no plano de Deus. Em um mundo que muitas vezes promove a divisão, somos chamados a viver em união, reconhecendo e valorizando a diversidade de dons que Deus nos deu. É na unidade que encontramos força e esperança para enfrentar os desafios que surgem em nosso caminho.

 

O Evangelho de Lucas (Lc 1,1-4; 4,14-21), apresenta Jesus, que lê nas sinagogas e anuncia a boa nova. Ele se apresenta como o cumprimento das promessas de Deus, trazendo libertação e cura. A sua mensagem é radicalmente inclusiva, e isso nos convida a refletir: como estamos nós como comunidade cristã acolhendo os que nos rodeiam? Como podemos nos tornar instrumentos de esperança para aqueles que estão à margem, para os que sofrem?

Hoje, ao refletirmos sobre a Palavra, somos chamados a nos perguntar: **Como podemos, em nossa vida cotidiana, ser peregrinos de esperança?** Isso pode ser feito através do nosso compromisso com a justiça, da promoção da paz e da solidariedade com os marginalizados.

Que, neste domingo, possamos nos dispor a ouvir a Palavra de Deus com um coração aberto, a viver em unidade como Igreja e a ser sinais de esperança em nosso mundo. Que a alegria do Senhor nos fortaleça e que cada um de nós, em sua particularidade, possa contribuir para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Que Deus nos abençoe e nos guie em nossa jornada como peregrinos de esperança. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JANEIRO DE 2025 - SEGUNDO DOMINGO COMUM - ANO C

 

EM DEUS, ESPERANÇA E RENOVAÇÃO

 

Neste segundo domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a beleza e a abundância das promessas de Deus, tal como expressas nos textos que a liturgia nos apresenta. A leitura do profeta Isaías (Is 62,1-5) traz uma mensagem de esperança e renovação. O profeta nos fala de um tempo em que Deus se alegrará em seu povo, e isso é descrito através de uma relação íntima e amorosa: Deus promete que o seu povo será chamado com um novo nome e que a alegria será abundante. Assim como um noivo se alegra com sua noiva, Deus se alegra com seu povo. Esta é uma promessa atual, que nos lembra a dignidade e o valor que Deus confere a cada um de nós.

O Salmo 95 (96) nos convida a cantar ao Senhor um cântico novo, celebrando a sua majestade e a sua criação. Ao olharmos ao nosso redor, somos chamados a reconhecer a beleza do mundo natural que nos cerca. A criação é um presente de Deus e um reflexo de seu amor por nós. Entretanto, como podemos cantar esse cântico novo se não cuidamos da Terra que Ele nos confiou? O que temos feito para proteger e preservar o meio ambiente, que é um dom de Deus?

Ao refletirmos sobre essas leituras, vemos que a conexão com a Ecologia Integral torna-se cada vez mais relevante. A Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco nos lembra que a crise ambiental é, antes de tudo, uma crise de relações – com Deus, entre nós e com a criação. Precisamos urgentemente transformar nossa relação com a Terra em uma prática que respeite e valorize a vida que nos rodeia. Devemos ser bons administradores dos recursos naturais, promovendo a justiça ambiental e buscando maneiras sustentáveis de viver.

Na segunda leitura, da primeira Coríntios (1Cor 12,4-11), Paulo nos ensina sobre a diversidade dos dons no Espírito. Ele nos lembra que cada um de nós tem um papel a desempenhar na construção do Reino de Deus. Essa diversidade é um reflexo da criatividade de Deus em sua criação. Assim, quando cuidamos do meio ambiente e promovemos a justiça, estamos exercendo os dons que nos foram dados, contribuindo para o bem comum.

Finalmente, no Evangelho de João (Jo 2,1-11), temos o milagre das bodas de Caná, onde Jesus transforma água em vinho. Este primeiro sinal de sua vida pública não é apenas um milagre, mas também uma revelação da abundância do Reino de Deus. O que mais nos toca nesta passagem é que Jesus atende à necessidade de uma festa, trazendo alegria onde havia escassez. Isso nos convida a refletir sobre como podemos trazer essa abundância para o mundo hoje. Assim como Jesus participou da alegria daquela festa, somos convidados a ser portadores de alegria e esperança em um planeta que muitas vezes parece cansado e sobrecarregado.

Hoje, eu os convido a se perguntarem: Como podemos ser parte dessa transformação? Como podemos agir para que a alegria e a abundância criadas por Deus sejam acessíveis a todos, especialmente àqueles que mais precisam? E como podemos garantir que essa alegria não venha à custa da nossa Terra, mas em harmonia com ela?

Que neste domingo, possamos renovar nosso compromisso de cuidar da criação, de ser instrumentos da paz e da alegria, e de ser testemunhas do amor de Deus em ação. Que possamos, verdadeiramente, cantar ao Senhor um cântico novo, unindo nossa voz à canção da Terra, promovendo a Ecologia Integral e vivendo em harmonia com toda a criação.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JANEIRO DE 2025 - BATISMO DO SENHOR - ANO C

 

FILHO AMADO: ESCOLHIDO E SERVIDOR

 

Neste domingo, celebramos o Batismo de Jesus, um evento fundamental que inicia sua missão pública e nos convida a refletir sobre o nosso próprio chamado. A liturgia de hoje nos apresenta textos ricos e profundos que nos ajudam a entender a importância desse momento e o que ele representa em nossas vidas.

No profeta Isaías (Is 42,1-4.6-7), encontramos a descrição do Servidor do Senhor, aquele que é escolhido, amado e preenchido com o Espírito. Deus nos lembra que ele é a luz para as nações, uma fonte de esperança e libertação. Este versículo ressoa fortemente no contexto do nosso Ano Santo, onde somos chamados a ser peregrinos de esperança. Assim como Jesus, ao ser batizado, se coloca no caminho da solidariedade e do serviço, também somos convidados a nos movimentar nessa direção, trazendo luz e esperança a um mundo que muitas vezes se vê envolto em escuridão.

O Salmo 28 (29), que acompanhou nossa liturgia, nos recorda o poder da voz de Deus que ressoa sobre as águas. Essa imagem fala da força e da transformação que a água pode trazer, mas também da renovação e do reforço da aliança entre Deus e seu povo. Não somos apenas convidados a escutar a voz de Deus, mas a nos tornar instrumentos de sua voz neste mundo. É nossa missão, como peregrinos, ser portadores de esperança e renovação para aqueles que nos rodeiam.

Nos Atos dos Apóstolos (At 10,34-38), vemos como a mensagem de Jesus é para todos, quebrando barreiras e ultrapassando divisões. Pedro nos ensina que “em toda parte, quem respeita o Senhor e pratica a justiça é aceito por ele.” Em nosso caminho como peregrinos, devemos ser agentes de inclusão e justiça, reconhecendo que cada pessoa é amada por Deus e merece dignidade e respeito. A esperança que cultivamos deve ser um reflexo dessa aceitação e amor universal.

No Evangelho de Lucas (Lc 3,15-16.21-22), testemunhamos Jesus sendo batizado por João, um ato simbólico de identificação com a humanidade e com a nossa fragilidade. Quando o céu se abre e o Espírito desce sobre ele, ouvimos a voz do Pai que declara: “Este é o meu Filho querido, em quem eu coloquei a minha confiança.” Assim como Jesus recebe essa confirmação de seu valor e propósito, nós também somos convidados a reconhecer nosso valor diante de Deus e a buscar nosso propósito como peregrinos de esperança.

Neste caminho, devemos perguntarmo-nos: como podemos ser luz para as nações? Como podemos trazer esperança aos desanimados e desencorajados? Que ações pequenas ou grandes podemos tomar e que sejam sinais de esperança em nossa comunidade?

Que, neste domingo do Batismo de Jesus, possamos renovar nosso compromisso de ser testemunhas da luz de Cristo, de agir com justiça e amor. Que possamos nos inspirar no exemplo de nosso Senhor e acreditar que, juntos, como peregrinos de esperança, seremos capazes de fazer a diferença no mundo ao nosso redor.

Que a graça do Senhor nos acompanhe em nossa jornada. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 05 DE JANEIRO DE 2025 - EPIFANIA DO SENHOR - ANO C

 

 

LUZ DO SENHOR QUE VEM SOBRE A TERRA!

 

Hoje celebramos a Epifania do Senhor, um momento iluminador em que a manifestação de Jesus como Luz do Mundo é revelada a todos os povos, simbolizada pela visita dos Magos. Este evento não é apenas uma história antiga, mas um convite à transformação e à consciência, particularmente na nossa relação com o mundo ao nosso redor e com a criação que Deus nos confiou.

O profeta Isaías nos convida, a levantar os olhos e ver a luz que brilha sobre nós. Essa luz não é apenas para nós, mas para todos. Ela nos faz refletir sobre como estamos respondendo ao chamado divino de ser luz no mundo, especialmente em tempos de crise climática e social. Quando os Magos seguiram a estrela, eles mostraram a importância de reconhecer os sinais que Deus nos dá e de agir de acordo com eles. Será que estamos atentos aos sinais da própria terra que clama por nosso cuidado e respeito?

Neste contexto, o Salmo 71, nos fala da justiça e do cuidado pelos necessitados, nos lembra que a verdadeira realeza de Cristo está em seu compromisso com os mais pobres e vulneráveis. A Ecologia Integral, proposta pelo Papa Francisco no documento Laudato Si, nos ensina que nossa missão é ampliar a visão de justiça para incluir não apenas as relações humanas, mas também a relação com toda a criação, reconhecendo que a degradante exploração ambiental tem um impacto desproporcional sobre os pobres.

Por sua vez, a Carta aos Efésios (Ef 3,2-3a.5-6) destaca que esse mistério que foi revelado aos gentios é a união de todos como membros da mesma família. A inclusão é fundamental! A Ecologia Integral nos convida a ver a natureza como parte dessa família humana, de modo a criar uma sociedade onde todos, humanos e não-humanos, têm seu valor e proteção assegurados. Podemos agir como "Magos" em nossa sociedade, reconhecendo que a união e o respeito por todos os seres são essenciais para a construção de um mundo mais justo.

Finalmente, o Evangelho de Mateus (Mt 2,1-12) nos apresenta a visita dos Magos. Esses sábios, ao reconhecerem Jesus, nos mostram como podemos buscar a verdade e a luz, mesmo em meio a um mundo que muitas vezes parece estar nas trevas. Eles não apenas trouxeram presentes a Jesus; trouxeram também a sabedoria de um olhar diferente sobre o mundo. Assim como os Magos foram guiados por uma estrela, somos chamados a ser guiados por nossas convicções e por um amor profundo à criação de Deus.

Neste dia da Epifania, perguntemo-nos: como podemos ser instrumentos dessa luz que brilha no escuro? Como podemos viver de forma que reflita a justiça de Deus, não apenas nas nossas relações humanas, mas também na forma como cuidamos da Terra? Que possamos nos inspirar nos Magos, nos comprometendo a buscar e promover a Ecologia Integral, cuidando do nosso planeta e dos nossos irmãos e irmãs com amor e respeito.

Que a luz de Cristo nos guie em nossos caminhos. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2025 - SANTA MÃE DE DEUS - DIA MUNDIAL DA PAZ - ANO NOVO - ANO C

 

PEREGRINOS DA ESPERANÇA POR UM ANO DE PAZ

 

 

Neste primeiro dia do ano, celebramos com alegria a Solenidade de Maria, Mãe de Deus, e iniciamos um novo ciclo que se apresenta diante de nós. Ao caminharmos para este novo ano, somos convidados a peregrinar na esperança, buscando um caminho de paz para todos, para nossas famílias e o mundo.

 

A primeira leitura, do livro dos Números (Nm 6,22-27), nos oferece uma benção que resume a essência do desejo de Deus para com o seu povo. O Senhor diz a Moisés: “Fala a Arão e a seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel.” Essa bênção nos lembra que Deus é um pai que cuida, que protege e que com sua luz ilumina nossas vidas. Ao iniciar o ano, somos convidados a receber e a transmitir essa bênção. É um chamado para que levemos a luz divina aonde quer que formos e que, assim, sejamos instrumentos da paz e da esperança.

O Salmo 66 (67) complementa essa mensagem, exclamando: “Que Deus nos conceda a sua graça e a sua bênção!” Essa invocação é um convite para refletir o amor de Deus em nossas ações, em nossos encontros e relações. A paz que tanto desejamos não é apenas um anseio, mas uma missão que se realiza na vivência da gratuidade e da bondade. Como peregrinos da esperança, devemos levar essa luz e essa bênção, não apenas para nós, mas para todas as nações.

Na Carta aos Gálatas (Gl 4,4-7), São Paulo nos lembra que, no devido tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de uma mulher, para que recebêssemos a adoção de filhos. Este é um convite poderoso e transformador: somos feitos filhos e filhas de Deus, e essa nova identidade nos capacita a olhar o mundo com esperança. Ao reconhecermos que somos amados e acolhidos por Deus, somos impulsionados a viver em paz e a semear paz ao nosso redor. Esse novo ano é, portanto, uma oportunidade de renovar nossas promessas de ser portadores dessa paz em todas as circunstâncias da vida.

O Evangelho de Lucas (Lc 2,16-21) nos apresenta Maria e José, que após o nascimento de Jesus se tornam os primeiros a acolher a Boa Nova. Os pastores se apressam a encontrar o menino, e dando nome a Jesus, estão dando início a uma história de salvação que envolve a todos. Celebrando a Mãe de Deus neste dia, somos lembrados da força feminina e do amor que Maria expressa em sua maternidade. Ela é a primeira a ser peregrina da esperança, e nos convida a segui-la nesse caminho.

Neste novo ano que se inicia, deixemo-nos inspirar no exemplo de Maria. Escutemos a voz que nos chama a fazer a diferença em nosso mundo. O testemunho de paz não é apenas um desejo, mas um compromisso que requer de nós coragem e dedicação. Em cada ato de solidariedade, em cada gesto de amor, estamos contribuindo para um mundo mais justo e mais pacífico.

Queridos irmãos e irmãs, ao entrarmos neste novo ano, vamos nos comprometer a sermos verdadeiros peregrinos da esperança. Que possamos ser mensageiros da bênção de Deus, levando paz e amor a todos com quem cruzamos em nossa jornada. Ao olharmos para frente, que nossas vidas sejam um reflexo da luz e da esperança que encontramos em Cristo Jesus.

Que Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, interceda por nós e nos guie neste ano que se inicia, fazendo com que todos possamos viver em verdadeira paz e harmonia.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 29 DE DEZEMBRO DE 2024 - DOMINGO DASAGRADA FAMÍLIA - ANO C

 

FAMÍLIA: BELEZA E PROFUNDIDADE DO AMOR

 

Hoje, celebramos a Festa da Sagrada Família, um dia que nos convida a contemplar a beleza e a profundidade do amor. Reunidos como comunidade, somos lembrados de que, assim como a Sagrada Família de Nazaré, também somos peregrinos em busca de esperança e significado em nossa jornada.

As leituras de hoje nos oferecem orientações valiosas sobre o papel da família na vivência da fé e na construção de um mundo mais justo e amoroso. No livro do Eclesiástico (3,3-7.14-17), somos apresentados à importância da família como um espaço privilegiado de aprendizagem, respeito e amor. “Quem honra seu pai, tem longos dias de vida.” As relações familiares, alicerçadas no respeito mútuo, são fundamentais para cultivar a esperança. Vivemos em um mundo que muitas vezes está repleto de conflitos e divisões, mas a família é chamada a ser um porto seguro, onde cada um pode se sentir amado e acolhido.

Na Carta aos Colossenses (3,12-21), encontramos uma linda exortação para que as famílias vivam em harmonia, permeadas por compaixão, bondade, humildade e paciência. Ao nos lembrarmos de que somos todos participantes de uma única família –somos desafiados a ser portadores desse amor por onde quer que caminhemos. Como peregrinos de esperança, temos a responsabilidade de levar essa mensagem de amor e solidariedade além das paredes de nossa casa. É um convite a vivermos os valores do Reino de Deus, onde a união e a paz são fundamentais.

O Evangelho segundo Lucas (2,41-52) nos apresenta um belo retrato da Sagrada Família em ação. José, Maria e Jesus vão a Jerusalém para a festa da Páscoa, e é nesse contexto que encontramos Jesus dialogando com os doutores da Lei. Esta passagem nos mostra que, mesmo em meio às peregrinações da vida, é fundamental dedicar um tempo para o diálogo e a busca do conhecimento. A Sagrada Família também enfrentou desafios e incertezas, mas manteve sempre o foco no amor de Deus e na missão que lhes foi confiada. Da mesma forma, somos convidados a buscar a presença de Deus em nossa própria jornada, mesmo quando nos sentimos perdidos ou desorientados.

Ser peregrinos de esperança é reconhecer que, como a Sagrada Família, estamos em constante movimento em direção à plenitude da vida que Deus nos propõe. Isso nos pede que sejamos resilientes diante das dificuldades, que cultivemos a paciência e que busquemos sempre o diálogo, tal como encontramos em Jesus, que dialogou e aprendeu em meio às suas experiências.

Hoje, todos somos convidados a refletir sobre nossas próprias famílias. Como podemos trazer a esperança para as relações que vivemos? Que ações concretas podemos tomar para honrar e fortalecer nossos laços familiares? Que possamos nos lembrar de que cada um de nós é chamado a ser um portador da luz de Cristo em nossas relações, promovendo a paz e o amor que o Senhor nos ensina.

Que a Sagrada Família nos inspire e nos guie nessa caminhada, aprendendo uns com os outros na construção de um lar e de uma comunidade onde todos se sintam amados e acolhidos. E, como peregrinos de esperança, levemos essa mensagem de amor e fé ao mundo, em cada passo de nossa jornada.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2024 - NATAL DO SENHOR - ANO C -

 

NATAL: TAPEÇARIA DE ESPERANÇA E DE LUZ

 

Na celebração do Natal, refletimos sobre a beleza e a importância do nascimento de nosso Salvador, Jesus Cristo. As leituras de hoje nos oferecem uma rica tapeçaria de esperança, e de luz e a realização das promessas de Deus.

Em Isaías 52,7-10, somos convidados a nos alegrar com a proclamação da boa nova. “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!” A vinda de Jesus é o cumprimento da promessa de Deus que não se distancia de sua criação, mas que se faz presente entre nós. Ele é a paz que tantos buscam em um mundo repleto de conflitos e incertezas. Neste Natal, somos chamados a sermos mensageiros da paz em nossas vidas, em nossas comunidades e em nossos lares.

Na carta aos Hebreus (1,1-6), encontramos a profunda revelação de que Deus falou através dos profetas, mas agora fala de maneira suprema por meio de Seu Filho. Aqui percebemos um aspecto fundamental da sinodalidade: a escuta e a resposta ao chamado divino. Assim como Deus se faz ouvir constantemente, também nós somos convidados a ouvir uns aos outros, a dialogar em comunidade, buscando a vontade de Deus em nossas vidas. A sinodalidade nos ensina que ser igreja é caminhar juntos, em comunhão, nos fortalecendo mutuamente na fé e no amor.

O Evangelho de João (1,1-18) nos ilumina com a verdade que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Este mistério do Natal é a própria encarnação do amor de Deus. A luz que brilha nas trevas é a luz que nos chama a não apenas receber, mas também a refletir. Em um mundo que muitas vezes parece sombrio, somos convidados a ser luz, a deixar que a presença de Cristo em nós ilumine o caminho para os outros.

 

Ao refletirmos sobre estas leituras, é importante também lembrar do Documento Final do Sínodo sobre Sinodalidade, que nos recorda a importância de construir uma Igreja em saída, uma Igreja que não tenha medo de se encontrar com o outro, que seja inclusiva e acolhedora. Assim como o nascimento de Cristo trouxe um novo tempo, somos chamados a ser agentes de renovação em nossas comunidades de fé, a escutar as vozes que clamam por atenção e participação.

Nesse dia de Natal, que possamos acolher Jesus em nossos corações, renovando nosso compromisso de nos tornarmos mensageiros da paz, da luz e do amor. Que nossas vidas sejam um reflexo da simplicidade e da grandeza do mistério da encarnação. Que a alegria do Natal nos inspire a caminhar juntos, na sinodalidade, construindo uma Igreja mais fraterna e inclusiva, sempre com os olhos voltados para Aquele que é a nossa verdadeira luz.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 22 DE DEZEMBRO DE 2024- QUARTO DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

COM MARIA, PEREGRINOS DA ESPERANÇA!

 

Neste quarto domingo do Advento, celebramos a proximidade do Natal, um tempo de espera e de preparação, mas também um tempo de esperança renovada. As leituras de hoje nos convidam a aprofundar o significado da promessa da encarnação de Cristo e a maneira como podemos vivê-la em nossas vidas.

Na primeira leitura, o profeta Miquéias, nos apresenta a mensagem que ressoa em muitos corações: "Tu, Belém pequena cidade de Judá, de ti sairá aquele que será o governante em Israel." Esta profecia nos lembra que, mesmo em sua fragilidade e insignificância, Belém se tornará o berço do Salvador. É uma linda confirmação de que Deus não se importa com a grandeza aparente, mas com a disposição do coração. Em um mundo que valoriza tanto os grandes feitos e os heróis, somos chamados a reconhecer que a esperança pode brotar dos lugares mais humildes e das situações mais inesperadas.

Na segunda leitura, da Carta aos Hebreus, encontramos uma afirmação poderosa: "Por isso, ao entrar no mundo, Cristo diz: 'Sacrifícios e ofertas não quiseste, mas um corpo me formaste'." Aqui, o autor nos lembra que o verdadeiro sacrifício é a entrega total de si mesmo a Deus. Jesus, ao assumir a nossa humanidade, traz à tona a ideia do peregrino por excelência, aquele que caminha entre nós, que se faz próximo da nossa realidade. Ele é o sinal absoluto da esperança que se encarna em meio à fragilidade da condição humana.

No Evangelho de Lucas, temos a visita de Maria a sua prima Isabel. Maria, com seu coração cheio de esperança e fé, reconhece o chamado de Deus em sua vida e vai apressadamente ajudar Isabel. É uma bela imagem de como a verdadeira esperança nos leva à ação. Isso é ser peregrino da esperança: reconhecer a presença de Deus em nossas vidas e levá-la aos outros. Quando Maria chega à casa de Isabel, a criança em seu ventre salta de alegria. É como se o próprio Cristo, já em gestação, trouxesse uma nova esperança àquela casa.

A caminhada de Maria até a casa de Isabel é um símbolo da nossa própria peregrinação. Ela nos ensina que a verdadeira esperança nos leva a caminhar com prontidão, mesmo diante das incertezas, porque confiamos que Deus está conosco. Como Maria, somos chamados a ser portadores de Cristo para os outros, especialmente para aqueles que mais necessitam de consolo e esperança

Neste Advento, somos convidados a nos tornar peregrinos da esperança. Assim como Maria, somos convidados a nos colocar a disposição, a acolher a presença de Deus e fazer dela uma realidade, não só em nossas vidas, mas também na vida dos que nos cercam. Somos chamados a ir ao encontro dos que estão em necessidade, a compartilhar nossa fé e a transmitir alegria, porque a esperança não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta.

Assim, como Maria, sejamos capazes de levar Cristo ao mundo. Nossa fé deve se traduzir em ações concretas de amor e solidariedade. Que nossa espiritualidade do Advento nos transforme em mensageiros da paz e da esperança, refletindo a luz de Cristo em nossos lares, comunidades e no mundo.

Nossa jornada é muitas vezes repleta de dificuldades e incertezas, mas assim como Belém, nossa própria vida pode parecer pequena diante das grandes expectativas e desafios do mundo. No entanto, é exatamente nesse espaço de fragilidade que Deus vem ao nosso encontro, transformando o insignificante em algo extraordinário.

Neste último domingo do Advento, renovemos nosso compromisso de peregrinos da esperança. Que ao nos aproximarmos do Natal, nossos corações se abram para acolher a paz e a alegria que vêm com a vinda de Cristo. Que a nossa fé nos impulsione a viver em serviço, como Maria, sempre prontos a levar uma palavra de amor e esperança a todos ao nosso redor.

Que o Senhor nos abençoe e nos conduza neste caminho de preparação para o Natal e para o Ano Santo que encontremos em Jesus e nas pessoas a razão da nossa esperança.

 

Amém.