sábado, 4 de outubro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 05 DE OUTUBRO DE 2014

PRODUZAM FRUTOS DE JUSTIÇA

O voto dos brasileiros neste domingo definirá o futuro  do País pelos próximos anos.  A seriedade com que cada eleitor fará uso deste direito que é um instrumento para a prática da  justiça pode ser entendida como um exame de consciência em relação à participação e capacidade de perceber os sinais do Reino de Deus no meio do mundo.
A primeira leitura e o Evangelho proclamados na liturgia podem perfeitamente ser aplicados aos eleitores e aos candidatos que se apresentam para receber o voto de  confiança.
O profeta Isaias fala de uma vinha plantada e cuidada com todos os  recursos e que, no entanto, não teve produção adequada. A leitura termina dizendo que a vinha é o povo de Israel, por quem Deus havia demonstrado muito cuidado. Ora, se o texto fosse aplicado aos cidadãos brasileiros, certamente se poderia perguntar: Em que medida cada pessoa cumpriu o seu papel na família, na escola, na sociedade, na Igreja, e assim por diante. O direito de escolher representantes dignos e altura das responsabilidades está sendo merecido? Do mesmo modo se poderia perguntar quanto aos candidatos que se apresentam: São pessoas de ficha limpa? Aqueles que já exercem algum mandato eletivo cumpriram o seu papel “recompensando a sociedade pela confiança que neles foi depositada”?
Já no Evangelho, mais uma vez, Jesus está com os doutores da lei  dialogando com eles Jesus retoma o texto do profeta Isaías que os entendidos em escritura sabiam muito bem. Quando Jesus lhes pergunta sobre qual atitude o dono da vinha  deveria tomar com aqueles que não cumprem corretamente suas obrigações,   eles não tem dificuldade em responder: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e  arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.
Uma vez dada esta resposta, Jesus aplica a eles mesmos dizendo que o Reino de Deus lhes será tirado e dado a outros. Neste sentido,  o Evangelho pode também ser aplicado ao Brasil, aos brasileiros e aos candidatos. O poder do voto pode dar e tirar a confiança, vai depender de seriedade dos eleitores. Para todos cabe a sentença do profeta: “Eu esperava deles frutos de justiça – e eis a injustiça, esperava obras de bondade e eis a iniquidade”.

É neste aspecto que ganha ainda mais importância a oração da comunidade que reunida que sobe ao céu como se faz no Salmo que é rezado na liturgia deste domingo: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus!  Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! Convertei-nos, ó Senhor Deus do universo, e sobre nós iluminai a vossa face! Se voltardes para nós, seremos salvos!  A vinha do Senhor é o Brasil e os brasileiros!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 28 DE SETEMBRO DE 2014

QUANDO A VIDA E A BÍBLIA SE ENCONTRAM...

A vida humana é feita de sentimentos, de necessidades, de realizações e frustrações. Um dos sentimentos muito forte em todos é a incapacidade de realizar tudo o que sonha com as próprias forças. Por causa disso e sabiamente, o ser humano procura parceiros e amigos, muitas vezes um ombro para chorar. Uma ajuda indispensável costuma vir do padrinho e da madrinha. Não raro se diz: “o melhor parente é o primeiro vizinho”. Quando se trata de política então a coisa é mais forte ainda. Os afilhados dos políticos são sempre beneficiados com vantagens muitas vezes nada legais e muito menos morais. Em resumo, o ser humano é uma criatura de necessidades e cultiva com muito apreço o sentimento de incapacidade que o faz partilhar sonhos e sofrimentos.
O salmo que se reza na missa deste domingo é uma oração que tem expressado essa condição humana: Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação; em vós espero, ó Senhor, todos os dias!”.
O mesmo sentido tem a leitura do profeta Ezequiel na medida em que garante a ajuda de Deus para aquele que se propõe a andar nos caminhos do bem e da verdade. O profeta afirma que para estes Deus é a companhia segura e inseparável.
E São Paulo, escreve aos filipenses fazendo um convite que pode ser aplicado também na atualidade: Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria:
aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante, e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro”.
É claro que nos três casos, não basta reta intenção e boa vontade. O que está sendo pedido é coerência de vida. Ou seja, agir de acordo com aquilo que se acredita. Esta falta de concordância entre o que e diz e se deseja e as ações de cada dia é o assunto da conversa entre Jesus e os doutores da lei no seu tempo.
Contanto a parábola dos dois filhos, um que mesmo não demonstrando sua pronta aceitação acaba tendo uma atitude adequada e o outro que tinha boas intenções, mas nada de boas práticas. Jesus faz uma advertência aos chefes do povo. Estes conheciam as escrituras, estavam sempre prontos a dar seu sim pra tudo, e muitas vezes não cumpriam as promessas e propósitos que realizavam. Para estes Jesus diz: “'Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele
Vós, porém, mesmo vendo isso”.
Esse desafio de Jesus vale também para cada pessoa em qualquer função ou local em que esteja. Mais do que palavras bonitas é importante que as palavras venham acompanhadas das ações. Assim ganha ainda mais sentido celebrar neste domingo o dia da Bíblia. Como um livro, portanto um livro de palavras a Bíblia é a única e verdadeira Palavra de Deus e que encontra seu sentido quando “A vida e a Bíblia se encontram”.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 21 DE SETEMBRO DE 2014

O SENHOR É AMOR, PACIÊNCIA, JUSTIÇA  E COMPAIXÃO...



Faltam poucos dias  para a  realização das  eleições para presidente, senadores, governadores e deputados.  Trata-se de um momento extraordinário de participação nos destinos do país. Independente da opção partidária ou do candidato que cada eleitor tem sua simpatia e a quem vai confiar o seu voto, alguns critérios são muito importantes na hora de tomar essa decisão. 

Um dos pontos que não se pode abrir mão quando se trata de dar poderes para  outro ser seu representante é que ele seja uma pessoa honesta, tenha um passado limpo, apresente propostas que atendam os interesses da maioria da população e assim por diante. Mas existe um critério que é ainda mais fundamental: Espera-se que o(a) candidato(a)  seja uma pessoa  justiça e que promova a justiça. Mas o que significa dizer que seja uma pessoa justa? Esta resposta Jesus dá no Evangelho deste domingo.

Jesus apresenta um patrão preocupado com o bem estar de todos e da sociedade. Das cinco da manhã às cinco da tarde, praticamente o dia inteiro, ele está contratando trabalhadores. Isso significa dizer a pessoa justa não se acomoda enquanto todos não estão incluídos no seu projeto.  Seja o que Ele encontrou na madrugada, se o do final da tarde, ambos foram enviados na mesma condição para o mesmo lugar: “Vão trabalhar na minha vinha”.

Chegado o acerto de contas, ele não faz diferença entre uns e outros. Todos os trabalhadores merecem ter garantido a dignidade pessoal e daqueles que lhe são dependentes.  O pagamento de uma diária igual, mais do que um valor numérico é uma maneira que Jesus tem para dizer: Deus não faz diferença entre as pessoas. Neste sentido se poderia aplicar aos políticos e eleitores brasileiros:  O Brasil inteiro e todos os  cidadãos têm direito a leis justas, a trabalho digno, a salário adequado, saúde de qualidade, boas escolas, segurança e  etc...

Neste contexto se pode compreender as outras duas leituras e o salmo. Na primeira leitura o profeta lança um desafio: “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para nosso Deus, que é generoso no perdão”.

E São Paulo convoca os filipenses: “Uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo”. Isto significa dizer: Todos os tempos estão marcados por um fio condutor, cuja marca maior é viver de acordo com a justiça de Deus e do seu Filho Jesus. Para que o ser humano seja capaz desta atitude o salmo ensina a rezar: É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. Ele está perto da pessoa que o invoca,  de todo aquele que o invoca lealmente”.

Eis que a Igreja reúne em Assembleia de oração em súplica e ação de graças todos os que creem no Cristo. Reunidos rezam a elevam louvores e agradecimentos pedindo por todos e com todos que a justiça de Deus aconteça em todos os lugares e com a colaboração de todos. Isso vale também para os políticos e para os eleitores. 

sábado, 13 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 14 DE SETEMBRO DE 2014

BENDITA E LOUVADA SEJA...

É bastante comum que se encontre sinais de trânsito indicando hospitais, pronto socorro, casas de saúde, que obviamente são locais onde as pessoas se dirigem para procurar qualidade de vida.  Para os cristãos católicos a cruz no cemitério significa que o ente querido dorme naquele lugar à sombra da cruz até que sua vida brilhe na eternidade. No dia do batismo aquele que recebe o sacramento é marcado com o sinal da cruz e com a oração: O nosso sinal é a cruz de Cristo.

Frequentemente as pessoas usam a cruz como adereços, identificação, sinal de devoção etc. Os jovens, durante a jornada mundial da juventude cantaram: “No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus”. Em resumo, a cruz é cantada em prosa e verso seja nas religiões, seja no cotidiano das pessoas.

Neste domingo a Igreja Católica sugere a celebração da Santa Cruz. E nesta figura aponta para a vida em plenitude que é garantida a todos aqueles que não fogem da cruz.  Naturalmente não se pede que alguém esteja a procura da cruz e dos sofrimentos, mas que os aceite com determinação e coragem para superá-los.

Na leitura do livro dos Números, a primeira deste domingo, o povo no deserto, que havia se distanciado de Deus, experimenta muitos sofrimentos  simbolizados na serpente do deserto. Moisés aponta para a cruz em cuja altura afasta a serpente do povo  e todos os sofrimentos são derrotados.

São Paulo escreve aos filipenses, o trecho se proclama na segunda leitura. A estes Ele recorda que Jesus Cristo é plenamente humano e que nesta condição aceitou a cruz com toda a humilhação que ela é também portadora. Entretanto, por causa da sua coragem, a cruz tornou-se para ele sinal de vitória e de exaltação.

No Evangelho é Jesus mesmo quem proclama: “É necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”.

Para todos e a cada um em particular, a cruz continua sendo sinal de derrota e de vitória. Expressão da morte, mas sobretudo, da vida. Sinal de questionamento, de obediência. No alto da cruz Jesus se  afastou do pecado e do mundo, ressuscitado  volta para juntos dos seus vitorioso e a todos garante a vitória da vida.


Que esta seja também a condição de todos aqueles que se declaram “filhos do mesmo Pai, com sangue da mesma cor, herdeiros  do mesmo céu, nascidos do mesmo amor”.

sábado, 6 de setembro de 2014

HOMILIA PARA O DIA 07 DE SETEMBRO DE 2014

PERDOAR E AMAR...

Estamos em tempo de eleições, não faltam promessas mirabolantes e propostas que irão solucionar os problemas de todos. Igualmente também não falta quem fique encontrando defeitos,  erros e pecados dos seus adversários e com isso tentando diminuir a capacidade e denegrir a imagem da pessoa que pensa diferente e no período eleitoral é seu concorrente político. A Palavra de Deus proclamada na celebração deste domingo é um convite para o perdão  e a reconciliação, evitando todo tipo de escândalo e exclusão do pecador. No Brasil destes tempos, há que se reconhecer muitas coisas boas e bonitas que estão acontecendo isso, entretanto não impede de perceber que muito ainda precisa ser feito.  Comemorar a independência do País significa também ser solidário com todos aqueles que querem dignidade, respeito, igualdade, cidadania, saúde, educação e assim por diante.

O profeta Ezequiel, na primeira leitura  convida cada pessoa e todos de alguma maneira a vigiar a casa e cuidar para que ninguém naquele ambiente seja escravo do erro ou conduza outras pessoas para o erro.  Aquele que ouve a Palavra de Deus é chamado a ser “boca de Deus” no meio do mundo a fim de que vejam as boas obras e procurem realizar boas obras.

No Salmo, a oração de todos, proclama que todos são povo de Deus, que Ele mesmo é rochedo que salva, ao mesmo tempo  em que convida a não fechar o coração nem os ouvidos a tudo o que Deus realiza por meio das pessoas de bem.

Por sua vez São Paulo recorda uma atitude que precisa ser comportamento de todos: “Não tenham nenhuma dívida para com ninguém, a não ser a de se amarem uns aos outros”.

E Jesus,  no Evangelho, garante que não está de acordo com o erro e o pecado, mas nem por isso autoriza a fazer deles um escândalo.  Antes de tudo pede para acolher e perdoar, essa é com certeza uma atitude muito difícil para o ser humano.  Só quem perdoa tem autoridade para ir ao encontro do outro convidá-lo a se reintegrar na comunidade. É necessário usar de todos os recursos, antes de condenar e excluir alguém. Jesus convida a colocar em prática a justiça de Deus: Não como normas rígidas e opressoras, mas com gestos de perdão, de acolhida e de reinserção.

Em resumo: Aqueles que se dizem seguidores da Palavra de Deus recebem um convite e desafio: Ser sentinela do bem e da justiça nas noites escuras da vida. Nada de denunciar, denegrir e falar mal daquele que parece ser contrário ao que se pensa, antes,  acolher e fazer de tudo para que ninguém se afaste do bem e da justiça.

Que a oração de todos e da Igreja seja uma ação de graças que faça desse sonho uma realidade, como já dizia Santo Agostinho: “Comam o Corpo de Cristo e ao mesmo tempo sejam o Corpo de Cristo”.



sexta-feira, 29 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 31 DE AGOSTO DE 2014

 A MINHA ALMA TEM SEDE DE VOS, Ó MEU DEUS...
Em qualquer lugar onde convive, o sujeito está cercado de outras pessoas. Algumas tem responsabilidades semelhantes e realizam até atividades muito parecidas umas com as outras. Mas há os que tem tarefas e incumbências muito distintas. Nas relações o sujeito precisa ser capaz de reconhecer até onde ele pode ir com seu modo de ser, com suas características e suas certezas.  Estas realidades é o que se pode chamar de “sede de Deus” ou necessidade de compreender os projetos de Deus e que relação eles tem com o dia a dia das pessoas e das comunidades.
No domingo passado, Jesus havia feito um elogio e confiado uma enorme responsabilidade para o apóstolo Pedro. No texto de hoje, Pedro aparece como um sujeito que não havia compreendido nada do que significava ter a chave do Reino dos Céus. Pensa com a cabeça dos homens, se distância dos desígnios que o Pai preparou para o mundo. Repreende Jesus por causa das suas declarações e recebe como resposta: “Você não pensa as coisas de Deus. Afaste-se de mim satanás”.
Ao declarar que estava ciente do que iria lhe acontecer Jesus está mostrando que reconhece seus limites e até  onde vão suas forças, porém não perde sua confiança em Deus: Para mim fostes sempre um socorro;  de vossas asas à sombra eu exulto! Minha alma se agarra em vós; com poder vossa mão me sustenta. Por isso mesmo ele não “foge da sua responsabilidade”, aceita a cruz e o caminho que ela apresenta.
Esta atitude de Jesus precisa ser entendida por todos os que se declaram seus seguidores, como afirma São Paulo na carta aos Romanos: “Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito”.
Em todos os tempos e lugares as pessoas são desafiadas a compreender as conquistas e os desafios que vida lhes impõe e diante deles enxergar Deus presente e sua mão protetora que faz com que a força da fé garanta a capacidade de “compartilhar com todos a cruz, a morte, a ressurreição e a alegria pela vitória”.

Que a eucaristia deste domingo seja fonte de coragem e de comunhão dos cristãos entre si e com o mundo que os rodeia. 

ACREDITA EM BENZEDEIRA?

B DE BONDADE, 
B DE BENDIZER,  
B DE BENZER,

B DE BARBARINA  
B  DE BONETE      
B DE BALDISSERA

Esta combinação de “Bs” tem muito a dizer quando se trata da origem de toda bênção.  O Pai de bondade fez todas as coisas e as cobriu de bênçãos, e por isso mesmo se diz que “Deus é bendito, pois do alto céu a todos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo Jesus”(Efésios 1,3).  Desde Abraão Deus encheu a terra de bênçãos e nele todas as gerações foram igualmente benditas.
Não é sem razão que ao longo da história da humanidade a prática de bênçãos se tornou indispensável e de uso comum em todas as civilizações. No mundo ocidental cristão os gestos e orações que acompanham as bênçãos foram sendo construídos e disciplinados pela Igreja, mas à margem das bênçãos oficiais e dos ministros designados para esse serviço uma multidão de pessoas consagrou suas vidas como portadores das bênçãos divinas.
Falar da teologia da bênção supõe longas dissertações e pesquisas. Independente dos estudos e pesquisas o fato é que a bênção em todas as culturas se tornou um dos sinais mais fortes da presença de Deus na vida dos seus amados e o reconhecimento dos amados em relação ao seu Deus.
A grande verdade é que a bênção traz em si mesma a promessa do auxílio e o anúncio da graça que proclama a fidelidade de Deus para com seu povo e vice-versa. A bênção se torna ao mesmo tempo atitude de louvor, de ação de graças e de bendição.
A prática de bênçãos por leigos não autorizados foi durante muito tempo contestada pelas autoridades da Igreja, por outros períodos tolerada, mas  diante dos fatos que se mostraram indizíveis, o Concílio Vaticano II declarou que homens e mulheres, por força do sacerdócio comum e da graça que receberam no batismo são também ministros da bênção. É neste sentido que se fala aqui da combinação de “Bs” que intitula este artigo.
BARBARINA BONETE BALDISSERA, com a experiência dos seus pouco mais de 80 anos, conta e transmite histórias de Bondade, Bênção e Bendição. Conhecida na região de Videira e arredores como “BARBARINA BENZEDEIRA”,  explica como nasceu e se desenvolveu este dom de aproximar as pessoas de Deus por meio das bênçãos.
Há mais de 60 anos, residindo na Linha Baldissera, município de Videira – SC, a benzedeira fala das dificuldades e desafios que a vida impunha aos aventureiros que se embrenhavam pelas terras cobertas de matas nesta região.
Ela mesma, sozinha em casa, com filhos pequenos, longe de qualquer  assistência médica e sem transporte adequado  não  duvidou de buscar socorro no lugar exato de onde ele pode vir: “De onde virá meu socorro? Meu socorro virá das mãos do Senhor que fez o céu e a terra”.
Para as necessidades de sua família e logo depois dos vizinhos e amigos recorreu às bênçãos e orações. Suas preces foram ouvidas e cada vez mais pessoas tomaram conhecimento das maravilhas que Deus realizava por meio da Bondade da Benzedeira Barbarina.

Já perdeu a conta e nem faz questão de lembrar quantas pessoas ainda hoje a procuram para orações e bênçãos que ela garante faz tudo por absoluta  “GRAÇA E PODER DE DEUS”.  

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 24 DE AGOSTO DE 2014

OUSAR, É O DESAFIO DO DISCÍPULO


O mundo contemporâneo aponta cada vez mais desafios e maiores exigências para todos.  Uma das exigências é abertura para o outro e confiança irrestrita com espírito de cooperação e cooperativismo. Seja, nas casas, empresas, escolas, igrejas, clubes de serviço, cada vez   mais é necessário cultivar a capacidade de delegar funções e responsabilidades. De modo simbólico isso é o mesmo que dizer: “Fulano de tal entra pela porta dos fundos da minha casa... ou ainda beltrano tem a chave dos meus negócios... o que sicrano fizer eu assino embaixo...” e assim por diante. Todas estas expressões servem para indicar que as pessoas tem confiança e acreditam na colaboração de outros no exercício de suas atividades e responsabilidades.

A Palavra de  Deus prevista e proclamada na liturgia deste domingo tem seu cerne na condição de confiança que Deus estabelece com a humanidade e com os seus colaboradores. No texto do profeta Isaias ele anuncia a demissão de um colaborador que já não merecia mais a confiança daquele a quem servia, no caso Deus, e a contratação de outro para realizar a mesma atividade: “Eu vou te destituir do posto que ocupas e demitir-te do teu cargo, chamarei meu servo Eliacim, filho de Helcias”,

O mesmo teor  se pode compreender na carta de São Paulo aos Romanos: “Tudo é dele, por ele, e para ele”, dito com outras palavras: Ao Senhor pertence a chave que da acesso a tudo, e por isso mesmo ele dispõe a quem quiser.
E de fato na pessoa de Jesus, o Filho, Deus mostra o caminho, a porta e o modo para entrar na posse do seu reino. Àqueles que seguem a Jesus e nele acreditam recebem a mesma responsabilidade. É o que acontece com Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as  chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Por força das ocupações e da fé que cada pessoa cultiva ela é chamada a responder  quem é Deus e qual o significado desta presença na sua vida. Em algum momento a pessoa é interpelada como foram os discípulos: “Para vocês quem sou eu”. Responder com a firmeza de Pedro poderá transformar cada pessoa  numa pedra firma na construção de um mundo melhor  e mais humano.


Esta igreja se constrói  com a oração de todos e com a força da Eucaristia que se celebra a cada domingo. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 17 DE AGOSTO DE 2014

É HORA DE VOLTAR PARA CASA...

O trágico acidente aéreo desta semana no Brasil colocou nas ruas e nas casas uma discussão antiga e sempre nova.  O que significa sair de casa sem ter a certeza de voltar? E ainda, quando é hora de voltar para casa? O que acontece com aqueles que morrem? E porque as pessoas morrem? E mais uma centena de outras perguntas que a sabedoria humana não é capaz de responder.

As três leituras da Palavra de Deus neste domingo apontam respostas e confortam os corações entristecidos e abatidos com o sofrimento e a morte. No texto do Apocalipse o autor apresenta a luta entre as forças do mal e mão poderosa de Deus.

Na figura de uma mulher grávida e que vai dar à luz em meio a uma serie de perigos e ameaças o texto se conclui respondendo a uma das perguntas que angustiam o ser humano. O que acontece com aqueles que amam a Deus?  No texto se lê: Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava grávida e gritava em dores de parto, atormentada para dar à luz”. E depois de ter dado à luz tanto o filho quanto a mulher foram protegidos por Deus: “o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar”. Nos dois casos está claro que Deus cuida daqueles que o amam.

Já na carta de São Paulo aos Coríntios ele insiste mais uma vez sobre a esperança em relação à morte e o que acontece com aqueles que morrem: “Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão”. Eis a segunda resposta: O que acontece com aqueles que morrem? Em Cristo todos reviverão, posto que Ele foi o primeiro a ressuscitar e a partir dele ninguém mais precisa ter medo. Na ressurreição de Jesus foi decretada a “a morte da morte”.

Já no texto do Evangelho é a preocupação materna de Maria que não se contenta em saber da situação da sua parenta, idosa e gravida. Ela vai ao encontro de quem estava necessitando. Fica com ela durante o tempo necessário e volta para casa. Eis a resposta para outra pergunta. Quando é hora de voltar para casa? Maria ajuda perceber que voltar para casa implica ter cumprido a tarefa à qual se havia proposto. Neste caso ajuda a prima Isabel durante o tempo que para isso foi necessário.

Em relação à humanidade a Mãe de Jesus é a figura daquela pessoa que está sempre atenta aos sofrimentos e dores alheias que ajuda todos aqueles que necessitam e volta para casa depois da missão cumprida. Por causa disso a Igreja proclama Maria Assunta ao Céu, isto é levada por Deus. Como no caso da primeira leitura, levada para um lugar que Deus lhe havia preparado. Quando Isabel reconheceu a importância da presença de Maria na sua casa, brota do coração da Mãe de Jesus o hino que até hoje se canta na Igreja: Minha alma da Glórias ao Senhor e meu coração bate alegre e feliz.


Proclamar que se acredita em Maria morando junto de Deus, implica ter certeza que todos os que nela acreditam terão também o seu lugar e para lá irão quando o lugar estiver preparado, e isso, obviamente não importa a idade ou o tempo segundo padrões humanos, mas a graça de Deus que se estende a todos os que nele confiam. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 10 DE AGOSTO DE 2014

CORAGEM, SOU EU...

Para começar a meditação sobre a Palavra de Deus neste domingo, se presta bem uma historieta que diz mais ou menos assim:  “O menino chegou em casa da escola e logo gritou: Papai, hoje recebi meu boletim. Então o pai lhe disse, deixe-me ver. Ao que o garoto respondeu, não papai, emprestei para um amigo. Ué mas porque disse o pai. E o filho respondeu: Meu amigo queria dar um susto no seu pai.

Esta é uma atitude bem comum quando alguém está em dificuldade. Rapidamente encontra uma maneira de explicar sua necessidade e arranja uma saída para a situação desagradável pela qual está passando.  E nestes casos, quase sempre se costuma recorrer a quem se tem certeza que pode ajudar. Isso acontece em situações de doença, numa crise financeira, ou qualquer que seja a dificuldade.

Nota-se claramente na carta de São Paulo aos Romanos: “Tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua”. Mas apesar disso proclama: “Deus é bendito para sempre! Amém!”. A mesma condição está expressa no salmo: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei! O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus”.

Por sua vez, os discípulos, depois de terem ficado maravilhados com a multiplicação dos pães, se encontram diante do medo e da insegurança. Nem reconhecem a Jesus e o confundem com um fantasma. Mas o mestre lhes consola dizendo: “Coragem sou Eu” e para confirmar ordena que Pedro caminhe ao seu encontro.

Pedro é modelo da pessoa que sabe o que quer, mas falta coragem. Não coragem de caminhar sobre a água, mas coragem de se aproximar daquele que lhe pode salvar. Como na historieta do menino que faz a brincadeira com seu pai em relação ao boletim escolar. Não lhe falta coragem de mostrar as notas para alguém, falta lhe coragem de aproximar-se do pai com aquelas notas.

È por isso que Pedro diz: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro...” quando falta-lhe a fé começa afundar e eis que Jesus lhe dá segurança tomando-o pela mão. Uma vez todos no barco já não há mais nenhum perigo, pelo contrário, reina a calmaria que permite reconhecer a presença de Deus com eles na pessoa de Jesus, o mesmo que saciou a multidão faminta no deserto.

Claro está para todos que a pessoa de Jesus e sua Palavra são segurança e garantia para suportar as tempestades da vida. A coisa mais importante diante das adversidades de cada dia é colocar como ponto de partida, não nas tempestades da vida, mas a possibilidade de caminhar ao encontro do Senhor que estende a mão sempre que as tempestades parecem maiores que as forças.


Para isso muito ajuda a oração de todos e a ação de graças que se faz cada semana com a comunidade reunida em oração. 

sábado, 2 de agosto de 2014

HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2014

DÊEM VOCÊS MESMOS DE COMER...

Estamos entrando, mais uma vez em período eleitoral. Os candidatos a diversos cargos começam se apresentar cada um com uma proposta mais mirabolante que a outra. As discussões sobre os programas sociais do governo e outras que envolvem a economia e a mobilidade urbana estarão em pauta em todos os debates políticos.

Independente de qual seja a função e quem responde por ela, é certo que aqueles que têm alguma responsabilidade na sociedade têm o dever de garantir às pessoas qualidade de vida. Isso é condição fundamental.

Preocupar-se com a vida daqueles que estão sob os seus cuidados é um dever dos pais, dos professores, dos governantes, dos padres, dos religiosos, dos políticos e assim por diante. Levar a sério esta tarefa é uma questão de vocação.

No mês de agosto, tradicionalmente, a Igreja pede as orações de todos a fim de cada pessoa tenha maior compreensão da graça que Deus lhe dá e das responsabilidades que sua vocação lhe exige.

Sob esta ótica, as leituras de hoje tratam exatamente da responsabilidade e da vocação de todos os que têm sob seus cuidados algum grupo de pessoas. As leituras falam de garantir condições mínimas que garantam dignidade de vida.

O profeta Isaias, que escreve há quase setecentos anos antes do nascimento de Jesus, faz um convite ao seu povo: “Â vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo”.

E São Paulo, escrevendo aos Romanos, dá uma palavra de conforto: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou”.

Por isso mesmo a Igreja inteira reza no salmo: “Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos”. Exatamente isso fez Jesus, quando a multidão estava fascinada pela sua palavra e nem percebia que se distanciava dos recursos e  da alimentação necessária.

Interrogado pelos discípulos sobre o que fazer com a gente faminta, Ele responde à queima roupa: “Deem vocês mesmos de comer”. Naturalmente Jesus também faz a sua parte, organiza a multidão em grupos, reza com confiança ao Pai e pede que o pouco de cada um seja distribuído entre todos. O resultado não poderia ser outro: “Sobraram doze cestos, depois que todos comeram”.

A palavra de Deus neste domingo ensina a cada um e a todos que ser fiel à sua vocação implica sentir compaixão e ser responsável pelo Ser humano inteiro em todas as suas necessidades. Isso vale para os pais, para os professores, para os líderes de comunidades, para as autoridades e por que não para os políticos.


Render graças a Deus é uma ação que a comunidade faz cada vez que se reúne em oração, ao mesmo tempo em que pede a graça de ser fiel à sua vocação e responda com seriedade aos compromissos que assumiu diante de Deus e diante de todos. 

sábado, 26 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 27 DE JULHO DE 2014

O BARATO, CUSTA CARO...

Com muito frequência se usa a expressão: “O Barato sai caro”. Normalmente utilizada quando se entra em algum negócio meio confuso e de resultado duvidoso. Nestes casos a pessoa que realiza precisa decidir entre uma e outra atitude, um ou outro negócio ou bem que vai adquirir ou vender. A última das possibilidades neste caso é admitir que todo negócio tem uma margem de risco e que não há alternativa que não seja a de “correr o risco”.

Pois a Palavra de Deus deste domingo tem exatamente a intenção de provocar os ouvintes para “correr o risco”.  O autor do livro dos Reis, fala sobre Salomão no início do seu reinado. Jovem ainda, Ele bem sabia os desafios que se apresentavam – os riscos – ao ocupar o trono de Davi seu pai. Recebendo a visita de Deus e a possibilidade de por ordem na casa de modo a facilitar o seu governo. Tentado pela mais extraordinária proposta: “pede-me o que quiser”, Salomão corre o risco e afirma: Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. O resultado desse pedido não poderia ser outro. Salomão terminou o seu governo como um dos mais sábios governantes que Israel havia tido em toda a sua história.

São Paulo faz afirma aos Romanos: “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus”. Dizendo isso deixa claro que “correr o risco” de amar a Deus não é um negócio para qualquer aventureiro, pelo contrário, é uma opção acertada e cujo resultado é previsível: Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos”.

As últimas parábolas de Jesus, contadas por Mateus, são o cerne do que se pode dizer: “Correr o risco”. São três narrativas em que o comprador escolhe entre coisas  boas que ele possuía para comprar outras ainda melhores: Um Campo, Uma pérola preciosa e peixes. E Jesus conclui afirmando: Quem realmente for bom, será comparado a isso tudo e no final dos tempos terá o privilégio de se tornar discípulo do Reino sendo considerado justo diante de todos.

Aplicadas à vida cotidiana é perfeitamente possível afirmar que o mundo bom que Deus quer e que todos sonham é uma parceria que acontece com a contribuição e sabedoria de Deus e de todos. Ninguém e nada ficará excluído do projeto de Deus desde que seja capaz de “correr o risco” confiando naquele que pode mostrar qual a melhor decisão a ser tomada em cada tempo. Por isso mesmo ganha ainda mais sentido as palavras rezadas no Salmo: É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata”.

domingo, 13 de julho de 2014

COPA AMADA, BRASIL!




Sediar o “maior espetáculo da terra” é uma oportunidade ímpar e que o Brasil soube muito bem aproveitar. A realização da copa do mundo da FIFA 2014, no Brasil fez com que o país e o seu povo fossem vistos por “quase meio mundo”, cerca de 3 bilhões de pessoas ficaram durante 31 dias com os olhos e o coração voltados para as  “terras tupiniquins”.
Descentralizar a copa do mundo em doze cidades sede foi uma alternativa sábia e que permitiu  ao país ser conhecido do Oiapoque ao Chuí. Inclusive para os brasileiros esta foi uma oportunidade para desviar o foco do chamado “eixo Rio – São Paulo – Minas”
As avaliações de especialistas internacionais confirmaram o que se previa desde o início: “O Brasil faria a Copa das copas”.  Isso se  deve a investimentos em infraestrutura e de muito trabalho, tarefa que foi assumida por todos os cidadãos.
A copa do mundo mostrou um país de gente trabalhadora, ordeira, acolhedora, responsável e mais uma dezena de adjetivos que se poderia atribuir ao país e ao seu povo.  Passados os dias da Copa pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que a Copa deixou um legado cultural extraordinário, com ensinamentos para outros 60 ou mais anos.
O final melancólico e o medíocre quarto lugar conquistado pela Seleção Canarinho também servem de lição e de onde  se podem tirar muitas lições para um país que precisa continuar se construindo como “casa de todos”.
Seria inútil buscar respostas para a maior derrota da história da seleção, nem muito menos criar mitos que possam ajudar a entender o fracasso da derradeira eliminatória. A esta altura não faltam palpiteiros de plantão apresentando respostas e propondo modelos para os próximos passos da seleção.
Não resta dúvida que algo precisa mudar, e com certeza logo, se o país quer realmente conquistar o Hexa numa das próximas copas.  Porém, neste momento, sem hexa e com sete gols a tiracolo é necessário tirar  outras lições mais necessárias e urgentes.
Na linguagem popular, diz-se que sete é conta de mentiroso, porém, neste caso, ele é a mais pura verdade. Prefiro analisar o número sete, desde a exegese bíblica para quem o número sete representa infinitas situações e possibilidades.
A marca de 7 gols foi a maior derrota imposta à seleção canarinho em cem anos de história. Todavia, colocando os sete gols no lugar que eles devem estar é importante lembrar que em cem anos o Brasil experimentou outras derrotas e tantas vitórias que podem ser interpretadas sob a ótica do número sete:
1)             De 1914 até a presente data o Brasil passou por duas ditaduras, a saber: “Estado Novo  de Getúlio Vargas e a Ditadura Militar”;
2)             Em 100 anos, sete presidentes pertencentes às forças armadas chegaram a Presidência da República sem terem sido eleitos pelo voto dos cidadãos;
3)             No mesmo período quatro presidentes foram depostos e por três vezes a Presidência da República  ficou vaga;
4)             Em 100 anos o Brasil trocou sete vezes sua moeda, sempre corroída pela inflação;
5)             Em 100 anos o Brasil teve sete modelos de previdência e seguridade social, alguns deles limitando também o direito à assistência médica e acesso à saúde pública;
6)             No mesmo período o País teve sete constituições totalmente novas ou pelo menos reescritas em grande parte;
7)             Em 100 anos o Brasil passou por sete leis reguladoras da educação no país.

Estas, entre tantas outras situações merecem ser lembradas como muito mais sofridas do que a vexatória derrota para a Alemanha na Copa de 2014.
Mas há que se reconhecer que o Brasil dos brasileiros é muito maior do que tudo isso e por isso foi sempre capaz de se levantar, como diria Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras e me deixar cortar e a voltar sempre inteira”, este sim é o Brasil que sediou o maior espetáculo da terra em 2014.
O resultado do jogo contra a Alemanha, bem como as outras sete derrotas já mencionadas, não são nada diante da determinação e da coragem que o povo deste país já provou que é capaz.
1)        Em muito menos de 100 anos o Brasil garantiu o direito universal de voto a todos os cidadãos;
2)        Em muito menos de 100 anos o Brasil pagou a infame dívida externa e deixou de pedir “esmolas” para organismos internacionais;
3)        Em muito menos de 100 anos o Brasil praticamente eliminou o analfabetismo no país;
4)        Em pouco mais de uma dezena de anos o Brasil dobrou o número de vagas nas universidades públicas;
5)        Em muito menos que 100  anos o Brasil instituiu um Sistema Único de Saúde (SUS) que, embora não sendo perfeito, garante atendimento integral aos cidadãos e serve de modelo para diversos países do mundo;
6)        Em muito menos de 100 anos o País controlou a avalanche inflacionária, estabilizou a moeda e promoveu uma gigantesca redistribuição de renda diminuindo drasticamente os níveis alarmantes de pobreza em que viviam milhares de brasileiros;
7)        Em pouco mais de uma dezena de anos o salário mínimo recuperou o seu poder de compra em mais de 70%.
8)        Apenas estas SETE situações faz acreditar que a Copa do Mundo no Brasil se tornou uma oportunidade extraordinária para que o País mostre a sua “verdadeira cara” e mais ainda ajudou a perceber uma verdade que nunca foi dita: “Enganam-se os que imaginam possível levantar uma nação rica e poderosa sobre os ombros de um povo explorado, doente, marginalizado e triste. Uma nação só crescerá quando crescer em cada um de seus cidadãos, o conhecimento, a saúde, a alegria e a liberdade” (Discurso que seria proferido por Tancredo Neves em março de 1985, quando assumiria a presidência do Brasil).
É neste contexto que ao encerrar os jogos da Copa do Mundo da Fifa 2014 no Brasil e amargando a mais dura derrota que a seleção brasileira experimentou em toda a sua história que ganham ainda mais força as  sete condições, sugeridas por D. Odilo Pedro Scherer,  para as quais o povo brasileiro precisa continuar lutando no jogo da vida:  
1)      Vitória sobre a pobreza;
2)      Convívio social pacífico, sem discriminação ou violência e com respeito ao próximo;
3)      Superação da corrupção;
4)      Educação e saúde de qualidade ao alcance de todos;
5)      Condições dignas de moradia;
6)      Trabalho para todos;

7)      Transporte  público de qualidade.

ELCIO ALBERTON
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sábado, 12 de julho de 2014

HOMILIA PARA O DIA 13 DE JULHO DE 2014

AÇÃO DE GRAÇAS, PELA BONDADE DE DEUS E FRUTO  DO TRABALHO HUMANO...

Em tempo de copa do mundo, por todo lado e quase todas as rodas de conversa tratam do assunto. Palpites sobre escalação de jogadores, resultado das partidas, jogadas ensaiadas. De qualquer modo no final da conversa o importante é o resultado. E mesmo sobre o placar final comentaristas esportivos, ex-jogadores, palpiteiros de plantão, todos apontam respostas para os erros e acertos.

Mal comparando, os textos proclamados na liturgia de hoje tem tudo a ver  com a ocasião que se está vivenciando. Em lugar de falar de jogadas bem ou mal sucedidas, os textos falam de plantio e de colheita. Em ambos os casos tratam dos resultados. Satisfatórios o não, mas que houve empenho de quem estava realizando a tarefa, isso houve.

O profeta Isaias compara a Palavra de Deus com a chuva que desce do céu. Ele tem absoluta certeza que surtirá o efeito desejado: “assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia”. Ao fazer o anúncio o profeta tem certeza que Deus sabe qual a melhor jogada e em qual momento deve fazer valer sua habilidade técnica para que a Palavra surta os efeitos esperados. Se quisesse comparar com o futebol, Deus sabe a oportunidade imperdível para fazer o gol.

Rezando o Salmo a comunidade faz uma oração vibrante certificando-se que é Deus mesmo quem visita o seu povo e esta presença garante que os frutos sejam abundantes: “As colinas se enfeitam de alegria, e os campos, de rebanhos; nossos vales se revestem de trigais: tudo canta de alegria! Mais uma vez é como se dissesse as cidades são tomadas pelas torcidas e por todo canto ouvem-se gritos de alegria.

No Evangelho é Deus mesmo quem semeia. Nem precisa duvidar que se tratasse de boa semente. Naturalmente que todo empreendimento tem sua parcela de risco e os resultados não serão todos exatamente como esperados. É importante considerar os vários tipos de terrenos e as distintas condições de terreno e a própria preparação que cada qual recebeu. Explicando a comparação que fez, Jesus fala aos discípulos: “A vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque olhando, eles não veem, e ouvindo, eles não escutam, nem compreendem”.

As comunidades cristãs da atualidade podem ser identificadas com os terrenos para onde é enviada a Palavra de Deus e onde é  feita a semeadura. A Igreja da atualidade pode ser comparada aos discípulos, para quem foi dado conhecer os mistérios do Reino. Todas as facilidades do tempo presente deveriam garantir que os resultados fossem satisfatórios. Nem sempre isso é possível, mas muitas vezes e fato é.

Reunidos em oração a Igreja faz ação de graças pelos frutos colhidos ao mesmo tempo em que reza pedindo ajuda quando os terrenos não correspondem ao que se espera. Pede perdão pela Palavra que não foi devidamente acolhida e cujo fruto não chega a sete.