CASA
DE DEUS, CASA DE IRMÃOS...
Esta semana,
finalmente, foram divulgados os nomes dos políticos envolvidos na Operação Lava
Jato, ou seja, os escândalos da PETROBRAS. Mas o que foram estes escândalos
senão negociatas envolvendo muito dinheiro para favorecer e enriquecer meia
dúzia privilegiando e garantindo favores a outra meia dúzia de corruptos e
corruptores.
Num primeiro momento,
se poderá dizer que a Igreja e a Palavra de Deus nada têm a ver com a política
e os escândalos que ela proporciona. Basta prestar bem atenção na Palavra de
Deus proclamada neste terceiro domingo da quaresma para perceber como há uma
relação muita estreita entre os fatos condenado por Jesus e o que os
brasileiros estão presenciando nestes dias.
No tempo de Jesus, a
lei previa que todo judeu devia ir pelo menos uma vez por ano, por ocasião da
festa da páscoa em peregrinação ao Templo de Jerusalém. No Evangelho deste
domingo, Jesus também vai à festa cumprindo o que está previsto. Chegando ao
lugar que deveria ser sagrado encontra roubalheira, escândalo, exploração.
A atitude do Filho de
Deus não podia ser outra: Indignação, exatamente o mesmo sentimento que passa
pela cabeça e coração de cada brasileiro. Jesus literalmente: “chuta o pau da barraca”- vira as mesas
dos cambistas, expulsa vendedores, e proclama: “Não transformem a casa de meu pai numa casa de negociatas”.
A verdadeira casa de
Deus, a que Jesus se refere não é o Templo de Pedra, mas as pessoas que estão
sendo vítimas daqueles que se aproveitam da ocasião para extorquir e roubar. Depois
de derrubar tudo Ele proclama: “Destruam
esse Templo e o reconstruirei em três
dias”. Os discípulos só foram compreender essa afirmação quando Jesus
ressuscitou no terceiro dia depois que seu o Templo do seu corpo tinha sido destruído.
Para as comunidades
cristãs da atualidade é muito mais fácil
entender essa leitura e as outras duas proclamadas neste domingo. O maior e
principal mandamento de Deus não é
respeitar o templo e as coisas materiais, mas respeitar e amar o ser humano. Amar
e respeitar a pessoa foram a lição mais importante que Jesus deixou para os que
lhe interrogaram sobre o principal mandamento: “Ame seu próximo como a você mesmo”. Está claro que o dinheiro
desviado nos escândalos que se assiste, foram roubados dos cidadãos, de quem
cada dia está sendo diminuída a dignidade e a qualidade de vida.
São Paulo, quando
escreveu aos Coríntios manifestou, em outras palavras, o mesmo sentido: “Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos
procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os
judeus e insensatez para os pagãos”. Esse crucificado
é o Filho de Deus, que havia se revelado aos judeus do antigo testamento, conforme
o livro do êxodo proclamado na liturgia: “Eu
sou o Senhor teu Deus... Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos
anos na terra que o Senhor teu Deus te dará”.
As advertências que o autor do livro do êxodo faz ao
proclamar os mandamentos são perfeitamente aplicáveis às pessoas de nosso tempo
à medida que se compreende o que é rezado no salmo: “Os preceitos do Senhor são
precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos
é uma luz”.
Não precisa muitas palavras para entender que as falcatruas
presentes em todas as esferas de governo são o desrespeito aos mandamentos de
Deus, e adoração de outros deuses, no caso o dinheiro e o poder.
A assembleia que se reúne em oração a cada domingo é a nova
morada, sendo ao mesmo tempo discípula e missionária na luta por um mundo novo
que vá se construindo desde já com relações justas e honestas entre todos em
qualquer lugar.
É importante rezar juntos para que cada pessoa se compreenda
casa de Deus e ao mesmo tempo casa de irmãos, lugar onde não exista desrespeito
e exploração, mas pelo contrário vida plena e abundante para todos.