FELICIDADE
E TODO BEM HÃO DE SEGUIR-ME
A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum utiliza a
imagem do “banquete” para descrever um mundo de felicidade, de amor e de
alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos. Estas questões são para todas as relações humanas
uma necessidade imperiosa e da qual não se pode abrir mão.
A certeza de que Deus ama seu povo de verdade é o tema central que está
perpassando todas as leituras dos últimos domingos. Hoje, mais uma vez o pano
de fundo é a bondade de Deus que acolhe e perdoa todos.
No texto do profeta Isaias é Deus mesmo quem prepara e serve o banquete,
o qual é muito mais do que abundância de comida e bebida. A verdadeira festa de
Deus é a destruição da morte para sempre: “O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e
enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em
toda a terra, disse o Senhor”.
Isaías anuncia o “banquete” que um dia Deus, vai oferecer a
todos os Povos na sua própria casa. Acolher o convite de Deus e participar nesse
“banquete” é aceitar viver em comunhão. Dessa comunhão resultará, para o homem,
a felicidade total, a vida em abundância.
Uma tal imagem de Deus só pode merecer confiança
total e ação de graças por sua ação extraordinária: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa
alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. Preparais
à minha frente uma mesa, felicidade e todo bem hão de seguir-me”.
São Paulo está fazendo uma espécie de testamento, a
carta aos filipenses foi escrita na prisão. É neste contexto que Paulo deixa
bem claro para aquela comunidade que Deus é providente e previdente: “O meu Deus proverá esplendidamente com sua
riqueza a todas as vossas necessidades, em Cristo Jesus”. Paulo
manifesta a convicção que Deus não o abandonou, nem mesmo na hora do martírio e
pede que os amigos tenham o mesmo espírito que ele convidando-os a uma
confiança extraordinária: “Tudo posso
naquele que me dá força. O meu Deus proverá esplendidamente com sua riqueza”.
Um “apóstolo” que se preocupa, antes de mais, com a sua
comodidade ou com o seu bem-estar torna-se escravo das coisas materiais, passa
a ser um “funcionário do Reino” com horário limitado e com trabalho limitado e
rapidamente perde o sentido da sua entrega e do seu empenhamento.
Na história da festa de casamento fica mais do que
claro que Deus quer acolher a todos, e que de cada um ele espera, não muita
coisa, apenas que sejam chamados para um novo tempo.
O Evangelho sugere que é preciso “agarrar” o convite de Deus.
Os interesses e as conquistas deste mundo não podem distrair-nos dos desafios
de Deus. A opção que fizemos no dia do nosso batismo não é “conversa fiada”;
mas é um compromisso sério, que deve ser vivido de forma coerente.
O sentido da parábola é óbvio… Deus é o rei que convidou
Israel para o “banquete” do encontro, da comunhão, da chegada dos tempos
messiânicos (as bodas do “filho”). Os sacerdotes, os escribas, os doutores da
Lei recusaram o convite e preferiram continuar agarrados aos seus esquemas, aos
seus preconceitos, aos seus sistemas de auto salvação. Então, Deus convidou
para o “banquete” do Messias esses pecadores e desclassificados que, na perspectiva
da teologia oficial, estavam excluídos da comunhão com Deus e do Reino. Esta
parábola explicita bem o cenário em que o próprio Jesus se move… Ele aparece,
com frequência, a participar em “banquetes” ao lado de gente duvidosa e
desclassificada, ao ponto de os seus inimigos o acusarem de “comilão e bebedor
de vinho, amigo de publicanos e de pecadores” (Mt 11,19; Lc 7,34). Porque é que
Jesus participa nesses “banquetes”, correndo o risco de adquirir uma fama tão
desagradável? Porque no Antigo Testamento – como vimos na primeira leitura – os
tempos messiânicos são descritos com a imagem de um “banquete” que Deus prepara
para todos os povos.
Não há o que temer diante das ameaças e suposta
violência contra as pessoas também na atualidade. Deus leva cada pessoa em
particular a fazer sua parte e a reconhecer em Jesus uma pessoa capaz de agir
em favor do povo.
Todos os cristãos destes tempos são chamados a
serem missionários do banquete de Deus agindo solidariamente com todos os
demais. Que o Senhor nos ajude pela Eucaristia e pela oração de todos.