terça-feira, 27 de setembro de 2011

REZAR EM SILÊNCIO


“Quando você rezar, não seja como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas estradas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a você que isto é verdade: Eles já receberam a sua recompensa. Você quando rezar,  vá para o seu quarto e feche a porta e ore ao seu  Pai que não pode ser visto. E o Pai que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.  Nas suas orações não fique repetindo o que você já disse, como os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Você reze assim:
Pai nosso...
Não sem razão John Main, escreveu: “A oração mais profunda, mais pessoal, mais interior, mais mística, não é aquela que usa os artifícios de uma cultura sofisticada; ela não precisa de conceitos complicados nem de linguajar enfeitado. Ela não usa métodos refinados acessíveis somente depois de longo treinamento. Muito pelo contrário ela é simples e de uma simplicidade acessível aos simples”.  (Meditação Cristã John Main, 1987, p. 6).
Esta é a motivação para o início deste nosso momento de oração e reflexão. Não viemos aqui buscar sabedoria, desvendar mistérios, conhecer teologias. Viemos rezar, ler a Palavra de Deus e nos dispor diante dela como os sábios de outrora: estar abertos a Deus e o deixar falar.
“Agora é hora de silêncio interior, de deixar Cristo falar sua mensagem de amor...”
É isto que se chama de Lectio Divina: ou seja Rezar a Palavra, Deixar que a Palavra fale em mim e fale para mim. Só depois eu falo para a Palavra e finalmente o que eu posso fazer desde essa  Palavra. Dito de outro modo: O que a Palavra diz, o que a Palavra me diz, o que eu digo para a Palavra e o que eu faço com a Palavra. O Papa Bento XVI, no documento pós sinodal, Verbum domini escreveu deste modo: “O que dizem as leituras proclamadas? O que dizem a mim pessoalmente? O que devo dizer à comunidade, tendo em conta a sua situação concreta?” (Verbum  Domini 211)
Isto confirma uma estreita sintonia entre a oração e a vida. Ou seja, a vida é imersa na oração e vice-versa. É também  de John Main a convicção que alcança cada um de nós por sua simplicidade e sabedoria:
 “Alguns quiseram às vezes estabelecer uma oposição entre a oração e a atividade pública, na vida de trabalho, nas lutas sociais ou nas conquistas políticas”.

E continua:

“Jesus uniu sua atitude de oração interior total e sua longa atividade de oração com uma vida pública sem descanso. E a tradição mostrou, muito ao contrário de algumas afirmações superficiais, que a maior atividade social exige personalidades fortes, fortemente unificadas e capazes de renovarem constantemente suas energias interiores. A maior intensidade de trabalho exige uma oração permanente. Em nosso mundo secularizado, muitos dão a esse recolhimento interior o nome de oração, e o Deus que invocam no coração não recebe nenhum nome. Contudo, os verdadeiros líderes sociais capazes de permanecer realmente humanos e livres no meio da atividade pública, são homens de oração, que o digam com esse ou com outro nome” (John Main 1987, p. 7-8). 

                                                     Estes são os que chamamos  Mistagogos!

Algumas convicções espirituais não são repartidas pelo discurso, pela oração, pela sabedoria, são socializadas no agir cotidiano. Dentre as certezas que preenchem a vida de cada dia uma delas é que:
“Deus é nosso Criador e Pai, Jesus nosso redentor e Irmão. O Espírito Santo habita em cada um de nós, de tal modo que somos templo de santidade. Ora a meditação é simplesmente o processo pelo qual nos harmonizamos com esta verdade sobre Deus e nós mesmos, sobre nosso próximo. Pois em nossas meditações nos distanciamos de tudo o que é imediato e efêmero e  nos abrimos plenamente à grandeza e à Maravilha de Deus” (Jhon Main, 1987, p. 27).
Em resumo: aqui viemos não para discutir com Deus ou sobre Deus, nem muito menos para falar de Deus. Viemos para falar com Deus e não discorrer sobre. Ou seja, viemos  com o firme propósito de alcançarmos a maturidade de Cristo. (Hb. 6, 1- 3).

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