quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2023 - 2º DOMINGO DO ADVENTO - ANO B

 

PREPARAR NA ESPERANÇA A CHEGADA DO SENHOR

Dentre as críticas corriqueiras que se atribui a uma determinada pessoa uma delas diz respeito a falta de humildade e de simplicidade. Neste tempo de advento as três leituras deste domingo apresentam os personagens principais colocando-se na condição de simples anunciadores de um tempo novo cujo sujeito principal é sempre outra pessoa muito mais importante e que eles se consideram apenas seus fiéis seguidores.

No Evangelho, Marcos acentua o que já tinha sido dito pelo profeta na primeira leitura: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho”. Quem agora faz acontecer a profecia é João Batista cuja voz grita no deserto. Vestindo-se com simplicidade e alimentando-se com austeridade não chama a atenção sobre a sua pessoa, mas declara com convicção: “não sou digno de me abaixar para desamarrar as correias de suas sandálias”. O convite que João dirigiu aos seus contemporâneos é o mesmo que se dirige aos cristãos do século XXI e consiste em acolher o messias, cuja presença gera uma vida nova fundamentada na dinâmica do amor. Para que isso aconteça uma atitude imprescindível é a conversão, em outras palavras mudança de vida e mentalidade.

Como caminho para a conversão João Batista indica uma sugestão: “Ele apareceu no deserto proclamando um batismo de penitência para remissão dos pecados”. Em resumo para reconhecer a presença de Jesus implica mostrar sinais de santidade, de purificação.

A comunidade de outrora foi convidada por João Batista para retornar a experiência do deserto, caminho percorrido por seus antepassados, só assim passariam da mentalidade de escravos para uma nação de gente livre capaz de confiar plenamente num Deus que cumpre as suas promessas.

As palavras do Evangelho são uma atualização das profecias da primeira leitura. Conversão significa deixar para traz o comodismo, o egoísmo, a autossuficiência e confrontar-se com os desafios de Deus que é fiel. O profeta fala ao coração dos seus conterrâneos e sugere uma relação de amor entre eles e Deus: “Como um pastor, ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães".

A realidade de outrora não se diferencia do nosso cotidiano. Sentimo-nos impotentes, frustrados e ameaçados por distintas formas de violência, guerras e terrorismo que mancham de sangue e colocam a margem da convivência e da história milhares de pessoas. As palavras do profeta são uma recordação que Deus é eternamente fiel às suas promessas e não ficará alheio aos sofrimentos contemporâneos se nos deixarmos guiar Ele nos conduzirá para a vida verdadeira.

O autor da segunda leitura aponta para a segunda vinda de Cristo, nos convoca a vigilância e ao empenho decidido na transformação de todas as relações que não dignificam as pessoas. Todos somos chamados a trabalhar porque: “O que nós esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. Caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”.

A guisa de conclusão: Preparar o natal significa sair de si mesmo, descentralizar-se e colocar no centro Jesus Cristo, a fim de que Ele cresça e eu diminua como declarou João Batista.

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