quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 31 DE DEZEMBRO DE 2023 - DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA - ANO B

 

COMO É BOM TER FAMÍLIA...

Não são necessários grandes estudos para compreender a importância das relações familiares. Desde muito tempo o ser humano tem certeza que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família como “a base da sociedade e afirma que esta relação merece a proteção do estado”. Dentre os sentimentos mais nobres que o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de Nazaré. As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.

O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”. Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente nenhum tesouro se acumula ali. Numa proporção maior o Salmo faz perceber que as vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por isso mesmo se reza: “Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás feliz, tudo irá bem!”.

São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”. Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se abater mesmo em quem confia no Senhor.

O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida que o sistema impunha naquela ocasião.

Também nós somos conduzidos pelo retrato de uma família exemplar. Entre os traços que merecem evidência, destacam-se a solidariedade entre os membros e a confiança nos caminhos da vida, interpretados à luz da proposta divina. Mesmo diante de todas as adversidades enfrentadas pela família de Nazaré, a comunhão e a solidariedade entre eles asseguraram soluções razoáveis, impedindo que o desânimo se instalasse. Pelo contrário, mantiveram a união e fortaleceram a responsabilidade com a defesa da vida, enxergando todas as alternativas como guiadas pela mão de Deus: “O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse... Quando Herodes morreu, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito... Por isso, depois de receber um aviso em sonho”. Nesta celebração da Sagrada Família, roguemos também por clareza e compreensão da mão de Deus estendida em todas as dificuldades que a vida inevitavelmente nos apresenta.


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