COMO É BOM TER FAMÍLIA...
Não são necessários grandes estudos para compreender a
importância das relações familiares. Desde muito tempo o ser humano tem certeza
que nasceu para se relacionar com o outro e que é na dinâmica relacional que
ele se completa. Dito em outras palavras o ser humano nasce pronto, mas não
completo, ele só se completa na relação com o outro. A relação mais elementar
do ser humano é a família. A constituição brasileira de 1988 descreve a família
como “a base da sociedade e afirma que esta
relação merece a proteção do estado”. Dentre os sentimentos mais nobres que
o natal permite cultivar está o espírito de família, não sem razão a Igreja
coloca o primeiro domingo depois do Natal a memória da Sagrada Família de
Nazaré. As orações e a Palavra de Deus escolhida para este domingo são a
confirmação do que é o sentimento humano também na atualidade.
O livro do Eclesiástico fala de uma verdade que toca
profundamente a realidade das relações familiares: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da
mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e
será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que
ajunta tesouros”. Dentre os medos da sociedade moderna, um deles está
totalmente relacionado com esta afirmação, isto é, onde falta o respeito e o
perdão, abre-se lugar para todo tipo de pecado, de discórdia e naturalmente
nenhum tesouro se acumula ali. Numa proporção maior o Salmo faz perceber que as
vivências na família precisam e podem ser estendidas na relação com Deus, por
isso mesmo se reza: “Feliz és tu se temes
o Senhor e trilhas seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos hás de viver, serás
feliz, tudo irá bem!”.
São Paulo escreve aos Colossenses e faz um convite que
precisa ser estendido às famílias contemporâneas: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso,
revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência,
suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa
contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também”.
Naturalmente que ninguém precisa se iludir pensando que esta situação pode ser
vivida em todas as famílias e que nenhum sofrimento, tristeza ou provação vá se
abater mesmo em quem confia no Senhor.
O relato do evangelho é um convite à coragem, no caso da
família de Nazaré por conta das ameaças contra a vida que o sistema impunha
naquela ocasião.
Também nós somos conduzidos pelo retrato de uma família
exemplar. Entre os traços que merecem evidência, destacam-se a solidariedade
entre os membros e a confiança nos caminhos da vida, interpretados à luz da
proposta divina. Mesmo diante de todas as adversidades enfrentadas pela família
de Nazaré, a comunhão e a solidariedade entre eles asseguraram soluções
razoáveis, impedindo que o desânimo se instalasse. Pelo contrário, mantiveram a
união e fortaleceram a responsabilidade com a defesa da vida, enxergando todas
as alternativas como guiadas pela mão de Deus: “O Anjo do Senhor apareceu em
sonho a José e lhe disse... Quando Herodes morreu, o Anjo do Senhor apareceu em
sonho a José, no Egito... Por isso, depois de receber um aviso em sonho”. Nesta
celebração da Sagrada Família, roguemos também por clareza e compreensão da mão
de Deus estendida em todas as dificuldades que a vida inevitavelmente nos
apresenta.
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