REFLETINDO A ORAÇÃO EUCARÍSTICA
Podemos chamar a oração eucarística de “coração da missa”, isto não significa dizer que alguma parte da missa seja mais importante. Mas a oração eucarística é o que podemos chamar de “verdadeira ação de graças”.
São Cipriano[1], falando sobre oração, se expressa do seguinte modo: “ Quando nos levantamos para a oração, devemos nos aplicar a ela de todo o coração. A alma não pense senão em rezar. É por isso mesmo que o sacerdote convida: - Corações ao alto – Somos exortados a não pensar senão no Senhor.
O diálogo introdutório também fazia parte da oração de ação de graças dos Judeus. O pai de família eleva ações de graças depois das refeições.
Em seguida o prefácio que o presidente proclama o louvor e a ação de graças pela obra de Deus. A oração sempre se dirige ao Pai e tem seu núcleo na história da salvação. (Exemplos Oração II, Oração IV e demais).
No final do primeiro século encontramos testemunhos de São Justino e de Hipólito de Roma.
De Hipólito de Roma temos o seguinte texto: “Graças te damos, ó Deus, por teu Filho bem amado Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos enviaste como Salvador, Redentor e mensageiro do teu desígnio. Ele é teu verbo inseparável, por quem fizeste todas as coisas, e que, segundo teu agrado, enviaste do céu ao seio de uma Virgem, onde, sendo concebido, encarnou-se e revelou-se como teu Filho, nascendo do Espírito Santo e da Virgem. Ele para cumprir a tua vontade, e obter para ti um povo santo, estendeu seus braços enquanto sofria, para livrar do sofrimento aqueles que crêem em ti. Ele entregando-se voluntariamente à paixão, a fim de destruir a morte, quebrar as cadeias do demônio, esmagar os poderes do mal, iluminar os justos, estabelecer a lei e dar a conhecer a ressurreição, tomou o pão e deu graças a ti dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo que vós será imolado. Tomou igualmente o cálice, dizendo: este é o meu sangue que por vós será derramado. Quando fizerdes isso, fazei-o em minha memória.
Por isso lembrando-nos de sua morte e ressurreição, nós te oferecemos este pão e este cálice, dando-te graças porque nos fizestes dignos de estar diante de ti e servir-te.E te pedimos que envies o teu Espírito Santo sobre a oblação da santa Igreja, congregando-a na unidade. Dá a todos que participam em teus santos mistérios a plenitude do Espírito Santo, para que sejam confirmados em sua fé pela verdade, a fim de que te louvemos e glorifiquemos por teu Filho Jesus Cristo, por quem te é dada a glória e a honra com o Espírito Santo, na santa Igreja, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amem”.
E este conclui dizendo: “Não é necessário que pronuncie as mesmas palavras que propusemos, como se devesse memorizá-las, mas que um ore segundo a sua capacidade”. Já São Justino se expressa assim: “Aquele que preside, eleva segundo o poder que detém, orações e também ações de graças”.
Na atual oração eucarística, o presidente conclui o prefácio, pedindo que os fiéis da terra se unam num único coro com a assembléia dos céus: “Santo, santo, santo... (Is. 6,3 e Mt. 21,9). E reafirma o pedido para que o Espírito Santo atue na Igreja reunida: Santificai... (Ver orações eucarísticas...)
Com a repetição das palavras de Jesus na ceia com os discípulos e conclui com uma grande aclamação: MISTÉRIO DA FÉ! A expressão não se refere exclusivamente às palavras da consagração mas a toda a vida de Jesus. E quer significar que aquilo que outrora estava oculto agora foi revelado, razão por que a assembléia é convidada a fazer a grande aclamação memorial:
“ANUNCIAMOS A MORTE... PROCLAMAMOS A RESSURREIÇÃO... VINDE SENHOR JESUS...”
De posse desta adesão da assembléia aquele que preside retoma a oração com uma recordação espetacular:
I, II, III, IV, VI – Celebrando pois a memória...
V – Recordamos ó Pai neste momento... –
VII – Lembramo-nos de Jesus Cristo..
VIII – Ó Deus Pai de Misericórdia, vosso filho deixou esta prova de amor..
IX – Neste reunião fazemos o que Jesus mandou. Lembramos a morte e...
X – Por isso lembramos agora, Pai querido a morte e ressurreição...
XI – Por isso ó Pai estamos aqui diante de vós e cheios de alegria recordamos o que Jesus fez...
Tendo feito a louvação pede de novo o Espírito Santo, agora sobre a comunidade e a Igreja. (Ver as orações eucarísticas...).
É decisiva nossa atitude de súplica humilde e confiante em Deus que age. A Igreja é entendida nesta oração em toda a sua dimensão: Peregrina, com seus pastores, defuntos, santos, e todos os que cremos nesta comunhão.
Cada eucaristia é a atualização do mistério pascal de Cristo e de sua oferenda de cordeiro que carrega os pecados da humanidade e a salva. A oração se encerra com um grande louvor trinitário ao qual a assembléia responde cantando: AMÉM!
[1] Por volta do ano 250.
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