CRESCER
E PERPETUAR NA UNIDADE E NA PAZ
Se
devêssemos responder o que é preciso para que uma espécie de vida se perpetue,
certamente iríamos considerar pelo menos quatro necessidades fundamentais:
Adaptação ao ambiente, alimentos, sobrevivência aos predadores e reprodução. Se
quisermos aplicar esta condição antropológica a nossa fé poderíamos dizer que a
crença em Deus tem exatamente estas quatro necessidades, sem as quais as
religiões surgem e desaparecem permanecendo apenas como fatos históricos.
O
texto do Gênesis proclamado na primeira leitura de hoje trata da providência
divina, simbolizados na benção e na ação de graças e do cuidado humano daqueles
que são responsáveis pela perpetuação da vida. O Rei Melquisedec aparece uma
única vez na relação entre Abraão e Deus. E sua intervenção tem por objetivo
mostrar a preocupação do Criador com as suas criaturas. Preocupação que se revela
na benção dada ao patriarca que este por sua vez retribui com ações de graças: “Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho e como sacerdote do Deus
Altíssimo, abençoou
Abrão, dizendo: 'Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, criador do céu e da terra! Bendito seja o Deus Altíssimo, que
entregou teus
inimigos em tuas mãos!' E Abrão entregou-lhe o dízimo de tudo”.
Na
Segunda leitura Paulo reafirma a tradição que recebeu dos apóstolos que
consiste em fazer memória do gesto de Jesus na última ceia: “isto é, meu corpo e meu sangue, comei e
bebei” ao mesmo tempo convida a permanecer atentos para a segunda vinda.
Neste sentido a Eucaristia é uma refeição de esperança: “Todas as
vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes
deste cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha”.
A narrativa da
multiplicação dos pães deixa mais do que claro uma das necessidades
fundamentais para a preservação de qualquer espécie. Para viver é preciso
comer. E como Deus quer suas criaturas vivas, na pessoa de Jesus, Ele mesmo
intervém como um Pai que cuida partilha com todos a responsabilidade para
partir e repartir o alimento necessário para todos.
Muitas vezes também nós
diante das necessidades e dificuldades do cotidiano temos a tentação dos
discípulos: “A tarde vinha chegando. Os
doze apóstolos aproximaram-se de Jesus e disseram: 'Despede a multidão, para
que possa ir aos povoados e campos vizinhos procurar hospedagem e comida, pois
estamos num lugar deserto.' Ontem como hoje Jesus repete o mesmo mandamento: “Mas Jesus disse:
'Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Esta ordem de Jesus
completa o seu gesto de entrega na forma do pão e do vinho. Ou seja, não seremos
verdadeiramente seguidores de Cristo se nossa devoção a Eucaristia não estiver
associada ao gesto de “lavar os pés”, de praticar o mandamento do amor e
garantir comida e cuidado na hora certa.
São João Crisóstomo,
falando sobre a devoção ao Santíssimo Sacramento foi direto e exigente quando
disse: “Vocês querem horar o Corpo de
Cristo com vestes de seda e vasos de ouro, fazem bem! Mas não esqueçam que o
mesmo Jesus que disse isso é meu corpo e isso é meu sangue também disse, Eu
estive como fome e você me deu de comer, eu estava nu e você me vestiu”,
portanto diz o santo: “vai primeiro dar
de comer a quem fome e vestir quem está nu e com aquilo que sobra faça adoração
ao Cristo na Eucaristia”.
Daqui
a pouco vamos seguir a Cristo presente na forma de pão e para manifestar nossa
devoção e respeito enfeitamos o lugar por onde Ele vai passar, peçamos que esta
prática de piedade nos ensine e anime garantir a preservação da vida humana e
da crença no Deus criador de tudo facilitando a todos a adaptação ao ambiente,
repartindo o pão com os necessitados, defendendo-se dos predadores e
reproduzindo a nossa fé para todos os descendentes.
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