INTERPRETAR
A LEI DO JEITO DE JESUS
Se tem uma situação que
deixa qualquer pessoa séria indignada é o famoso “jeitinho brasileiro”. Por
conta desta prática presenciamos as maiores aberrações em todas as esferas de
poder, inclusive na própria Igreja. Quando se refere ao cumprimento da lei outra
situação intolerável é o descaso com a coisa pública ou a outra face da moeda
que se chama rigorismo da lei.
Pois é sobre a
importância e necessidade da lei e da sua correta aplicação que Jesus fala no
Evangelho deste domingo fazendo uma rede com as outras duas leituras.
“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para
dar-lhes pleno cumprimento”. Jesus deixa muito claro que sua intenção é fazer
uma releitura da lei em outro contexto de quando ela foi dada a Moisés. Em
lugar do legalismo doentio ele propõe um compromisso com a vida e para isso
será necessário respeito para com a dignidade de todos. A nova lei não
prescreve que não se pode matar. Muito antes que isso será preciso romper com a
escalada da violência, da discriminação, das ofensas, pois o que agrada a Deus
e torna uma vida útil é o perdão a reconciliação.
Em lugar da prescrição legal: “Não cometerás adultério”.
Jesus declara que todas as vezes que alguém olhar com cobiça para aquilo que
não lhe é de direito já está cometendo pecado. Não se trata apenas do adultério
que é o topo dos grandes pecados da carne, trata-se de não permitir que a vida
de quem queira que seja se torne objeto de injustiças e de maldades. Em resumo
a palavra que sai da boca de uma pessoa que se declara seguidor de Jesus Cristo
deve ser digna de crédito. Os juramentos de nenhum tipo combinam com as
relações de confiança. Em resumo, todos os problemas merecem ser contornados no
diálogo fraterno e no perdão incondicional.
Esta condição de escolha já havia dito o autor do livro do
eclesiástico: “Diante do homem estão a
vida e a morte, o bem e o mal; Os olhos do Senhor estão
voltados para os que o respeitam. Ele conhece
todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir
como ímpio e a ninguém deu licença de pecar”.
E São Paulo reafirma aos coríntios: “Como está escrito, 'o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos
jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”.
Portanto que agir desse modo haverá de experimentar a verdadeira vida como se
reza no salmo: “Feliz
o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! Feliz o homem que observa seus preceitos, e de todo o coração procura a
Deus”.
A questão central abordada pela Palavra de Deus deste domingo
está na liberdade humana que tem à sua frente diversos caminhos que lhe
interpelam e desafiam. Agir com responsabilidade é um imperativo para a pessoa
que não quer passar a vida inteira encolhendo os ombros e fazendo de conta que
o problema não é seu. Cumprir um conjunto de regras e normas, de modo algum
pode ser garantia de salvação, pelo contrário, muito mais do que uma vida
legalista, ou uma vida do tipo “jeitinho brasileiro”, se espera de cada pessoa
uma verdadeira adesão ao projeto de Deus revelado em Jesus. Os mandamentos são regras que cumprimos por
medo de castigos ou são indicações que fazem crescer nossa proximidade com Deus
e com as outras pessoas. Que o Senhor ajude a todos a realizar em suas vidas o
que rezamos no salmo:
Sede bom com vosso
servo, e viverei,
e guardarei vossa palavra, ó Senhor.
Abri meus olhos, e então contemplarei
as maravilhas que encerra a vossa lei.
e guardarei vossa palavra, ó Senhor.
Abri meus olhos, e então contemplarei
as maravilhas que encerra a vossa lei.
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