A
MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM MEDIDA
Essa
frase atribuída a Santo Agostinho é o slogan adequado para falar de duas
realidades que não se explicam com palavras. No linguajar cotidiano costuma-se
dizer que o amor de mãe é imensurável, mas o que significa isso senão uma cópia
humanizada do que é o amor de Deus. As mães estão sempre prontas para defender
os filhos, e não importa qual foi a última confusão na qual se meteram. Pois esse
é o perfil do amor de Deus descrito nas leituras deste domingo quando
celebramos a Santíssima Trindade.
O
texto do deuteronômio apresenta Deus que vai ao encontro das pessoas que fala
num linguajar que podem entender que lhes aponta caminhos seguros nos quais Ele
mesmo intervém quando aqueles que ele ama se sentem ameaçados e inseguros nas
travessias: “Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe
do meio do fogo, ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por
meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e
braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o
Senhor vosso Deus fez. Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima
do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”.
É importante que nos perguntemos
sobre nossa relação com Deus. Compreendemos e recorremos a ele como um Deus
amoroso e sensível ao nosso cotidiano e às nossas fraquezas ou cultivamos a
imagem de um Deus intolerante, duro e insensível sempre disposto a castigar e
vingar sem piedade os deslizes humanos. Celebrar a Santíssima Trindade implica
um convite para descobrir o verdadeiro rosto de Deus.
São
Paulo escreve aos romanos: “Todos aqueles que se deixam conduzir
pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no
qual todos nós clamamos: Abá - ó Pai”
Estas palavras são a confirmação que o Deus em quem acreditamos não é alguém
que vê de longe e com indiferença os dramas e sofrimentos humanos, mas
acompanha com paixão a caminhada da humanidade.
E no Evangelho Jesus esclarece a vinculação
das pessoas com a Santíssima Trindade: “Portanto, ide e
fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.
Na mesma proporção em que cada
batizado é associado a Cristo e a sua missão, recebe dele a mesma tarefa de
apresentar a todos sem exceção o convite de Deus para que façam parte da
comunidade da trindade. Para cumprir essa missão não é preciso ter medo, ontem
como hoje Jesus caminha lado a lado ajudando a superar todas as crises e
dificuldades.
Vinculados a comunidade
trinitária pelo do dom do batismo é sempre oportuno se perguntar: A minha vida
tem sido coerente com essa condição?
Os discípulos receberam a tarefa
de continuar a missão de Jesus e testemunhar o amor de Deus pela humanidade. Nós, batizados, que recebemos a mesma missão podemos
afirmar que os irmãos com quem cruzamos pelos caminhos conseguem ver em nossos
gestos, palavras e ações os do amor de Deus? Nossas comunidades são imagens
vivas da família de Deus e do amor com que Deus ama todos?
Neste tempo tão incerto e obscuro
que estamos atravessando peçamos a graça da coerência e a coragem de amar com a
mesma medida de Deus e superar as indiferenças do mundo.
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