quinta-feira, 27 de maio de 2021

HOMILIA PARA O DIA 30 DE MAIO DE 2021 - SANTÍSSIMA TRINDADE - ANO B

 

A MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM MEDIDA

Essa frase atribuída a Santo Agostinho é o slogan adequado para falar de duas realidades que não se explicam com palavras. No linguajar cotidiano costuma-se dizer que o amor de mãe é imensurável, mas o que significa isso senão uma cópia humanizada do que é o amor de Deus. As mães estão sempre prontas para defender os filhos, e não importa qual foi a última confusão na qual se meteram. Pois esse é o perfil do amor de Deus descrito nas leituras deste domingo quando celebramos a Santíssima Trindade.

O texto do deuteronômio apresenta Deus que vai ao encontro das pessoas que fala num linguajar que podem entender que lhes aponta caminhos seguros nos quais Ele mesmo intervém quando aqueles que ele ama se sentem ameaçados e inseguros nas travessias: Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez. Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”.

É importante que nos perguntemos sobre nossa relação com Deus. Compreendemos e recorremos a ele como um Deus amoroso e sensível ao nosso cotidiano e às nossas fraquezas ou cultivamos a imagem de um Deus intolerante, duro e insensível sempre disposto a castigar e vingar sem piedade os deslizes humanos. Celebrar a Santíssima Trindade implica um convite para descobrir o verdadeiro rosto de Deus.

São Paulo escreve aos romanos: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá - ó Pai” Estas palavras são a confirmação que o Deus em quem acreditamos não é alguém que vê de longe e com indiferença os dramas e sofrimentos humanos, mas acompanha com paixão a caminhada da humanidade.

E no Evangelho Jesus esclarece a vinculação das pessoas com a Santíssima Trindade: “Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

Na mesma proporção em que cada batizado é associado a Cristo e a sua missão, recebe dele a mesma tarefa de apresentar a todos sem exceção o convite de Deus para que façam parte da comunidade da trindade. Para cumprir essa missão não é preciso ter medo, ontem como hoje Jesus caminha lado a lado ajudando a superar todas as crises e dificuldades.

Vinculados a comunidade trinitária pelo do dom do batismo é sempre oportuno se perguntar: A minha vida tem sido coerente com essa condição?

Os discípulos receberam a tarefa de continuar a missão de Jesus e testemunhar o amor de Deus pela humanidade.  Nós, batizados, que recebemos a mesma missão podemos afirmar que os irmãos com quem cruzamos pelos caminhos conseguem ver em nossos gestos, palavras e ações os do amor de Deus? Nossas comunidades são imagens vivas da família de Deus e do amor com que Deus ama todos?

Neste tempo tão incerto e obscuro que estamos atravessando peçamos a graça da coerência e a coragem de amar com a mesma medida de Deus e superar as indiferenças do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário