ANDAR NA PRESENÇA DO SENHOR
Não bastasse os riscos e perigos que as circunstâncias nos oferecem, são
também incontáveis as situações nas quais nos vemos totalmente desamparados e
traídos em nossa confiança. São amigos e familiares que causam desilusão e
desnorteiam nossas relações; são colegas de trabalho e superiores nas nossas relações
profissionais que agem praticando a política de levar vantagem; com muita
frequência líderes religiosos a quem damos crédito como se fossem mensageiros
do Deus vivo e de repente nos vemos enganados por eles; isso para não falar nas
maracutaias de muitos políticos de todos os tempos e em quase todas as instâncias
de poder. Todos de alguma forma deixam a desejar quando se trata da “pedagogia
do cuidado”.
Pois ora, qualquer semelhança com o povo no tempo do profeta Jeremias
não é mera coincidência. Os pastores de outrora perderam, dispersaram,
maltrataram as ovelhas que não lhes pertencia. Em vez de agir como pastores não
passaram de aventureiros que levaram em conta mais os interesses próprios dando
margens a jogadas políticas. O profeta começa dando uma sentença: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de
minha pastagem, diz o Senhor! Vós
dispersastes o meu rebanho, e o afugentastes e não cuidastes dele”.
No evangelho que é a continuação do
último domingo Jesus reúne os discípulos depois de uma primeira atividade missionária
para a qual eles tinham sido enviados a anunciar para expulsar demônios e curar
doentes. Para a reunião de balanço o Evangelho Jesus
lhes disse: 'Vinde sozinhos para um lugar deserto,
e descansai um pouco”. Não parece se tratar de um lugar geográfico, mas de
estar na proximidade do mestre, ou seja, a missão precisa ser desenvolvida
tendo sempre como referência a pessoa e a doutrina de Jesus. Próximos de Jesus
eles recebem, mais uma vez o testemunho do seu coração compassivo em relação ao seu
rebanho: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque
eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.
A missão dos discípulos e, portanto,
também a nossa, não pode ser diferente daquela de Jesus. Reunir-se
frequentemente em torno d’Ele, dialogar com Ele escutar os seus ensinamentos e
confrontar a sua doutrina com a nossa ação de cotidiana. Longe de Jesus
facilmente estaremos sujeitos a apresentar soluções parciais e que geram
dependência e escravidão. Muitas vezes até somos funcionários eficientes, mas
que continuamos a oferecer soluções pontuais. Longe de Jesus não são poucos os
que se cansam e abandonam a atividade e o dinamismo da missão. Não nos esqueçamos,
se perdermos a referência ao mestre perdemos também o sentido da missão.
E isto é o que garante São Paulo para
os cristãos de Éfeso e por extensão também a nós: “Agora, em Jesus Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos
tornastes próximos, pelo sangue de Cristo. Ele, de fato, é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma
unidade. Ele veio
anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos. É graças a ele que uns e outros, em um só Espírito, temos acesso junto
ao Pai”.
Nós sabemos que somos uma grande
família, um corpo com uma grande diversidade de membros. A globalização
aproxima as pessoas e permite partilhar muitas coisas nesta grande casa comum,
entretanto ainda persistem muros construídos e em construção que impedem a
fraternidade e a comunhão. Nós como discípulos de Jesus temos o dever de dar
testemunho da paz e da unidade e lutar contra todas as barreiras que nos
dividem. Que seja nossa regra de vida a oração da missa deste domingo: “para que repletos de fé esperança e
caridade guardemos fielmente os vossos mandamentos”.
E conforme cantamos na Campanha da
Fraternidade desse ano:
Venham
todos, vocês, venham todos
Reunidos num só coração, (cf. At 4, 32)
De mãos dadas formando a aliança
Confirmados na mesma missão. (bis)
Em nome de
Cristo, que é a nossa paz!
Em nome de Cristo, que a vida nos traz
Do que estava dividido
Unidade ele faz!
Do que estava dividido
Unidade ele faz! (cf. Ef 2, 14a)
Venham
todos, vocês, testemunhas
Construamos a plena unidade
No diálogo comprometido
Com a paz e a fraternidade. (bis)
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