O FRUTO DA JUSTIÇA É SEMEADO NA PAZ
Se tem uma coisa
bonita nas relações humanas, uma delas é a valorização das pessoas, dos dons e
carismas, das qualidades e do reconhecimento por serviços prestados
voluntariamente. Nesse tempo de isolamento social o mundo inteiro teve
oportunidade de reconhecer muitos heróis anônimos que se destacaram pela
maneira como encararam as dificuldades próprias da condição em que a humanidade
se encontrou. Esses são os verdadeiros heróis. E é sobre heroísmo e cultivo de
valores verdadeiros que tratam as leituras desse domingo.
O autor do livro
da Sabedoria apresentando a situação na qual vive o povo judeu, que havia
perdido a sua identidade, os convida a redescobrirem a fé e os valores que
foram cultivados por seus antepassados garantindo que só no verdadeiro Deus
está a sabedoria e felicidade. Na figura da bondade e da iniquidade ele distingue
a sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo. Escolher a sabedoria de Deus não é
sinônimo de vida fácil, apesar disso, ontem como hoje todos são convidados a
escolher a sabedoria de Deus com todas as consequências que essa opção pode ter
em nossa vida.
São Tiago, na
segunda leitura dá uma indicação bem precisa do que significa viver segundo a
sabedoria de Deus. A sabedoria do mundo é responsável por infelicidades,
violência, divisões e conflitos: “Caríssimos: Onde há inveja e
rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. Por outra parte, a
sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, pacífica,
modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade
e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que
promovem a paz”.
Mais uma vez no
Evangelho Jesus está ensinando os apóstolos e lhes mostrando as consequências de
uma vida comprometida com um projeto de vida que não seja a glória, e os
elogios do mundo: “Jesus estava ensinando
aos seus discípulos E dizia-lhes: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e
eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.
A conclusão do Evangelho
desse domingo fica clara que a grandeza a importância do discípulo não reside
no poder e na autoridade sobre os demais, mas quando é capaz de amar, acolher,
cuidar e se responsabilizar pelos demais: “Se
alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a
todos!' Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 'Quem acolher em meu
nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem
me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”.
Jesus desmascara a
ambição daqueles que se julgam melhores que os outros, que querem ocupar
funções e serviços para terem domínio sobre os demais. Na criança desprovida de
qualquer interesse Jesus mostra como é possível para qualquer pessoa em qualquer
tempo se tornar grande não seguindo a lógica do mundo.
Famosos, não são
aqueles que cumprem todas as regras, todas as leis, famoso, na lógica de Deus
são os trabalhadores honestos que com o suor do seu rosto garantem o sustento das
famílias e o progresso da sociedade. Heroínas são as mães que multiplicam o pão
na mesa e educam os filhos para uma vida honesta. Heróis são aqueles que arriscam
a própria vida para salvar a dos outros.
Ao contrário do
carreirismo, da fama, dos aplausos o Evangelho nos convida a dedicar nossas
vidas por causas que valham a pena. A esse tipo de pessoa o Papa Francisco
chama de Santo: “Gosto de ver a santidade no povo
paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens
e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas
consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a
caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas
vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um
reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da «classe média da
santidade.”
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