segunda-feira, 27 de setembro de 2021

HOMILIA PARA O DIA 03 DE OUTUBRO DE 2021 - 27º DOMINGO COMUM - ANO B

 

A MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM MEDIDA

Quem trabalha na educação em todos os níveis certamente já ouviu a expressão: “Contação de histórias! ” Como um recurso pedagógico capaz de auxiliar pais, professores e alunos compreenderem algum tema ou situação de difícil entendimento. Pais e mães costumam contar histórias para os filhos em diversas circunstâncias da vida. Todos sabemos que as histórias, por si mesmas, nem sempre são verdadeiras, mas as lições que se pode tirar de cada uma delas revelam verdades tornando mais fácil compreender aquilo que sem esse recurso seria muito complexo.

Pois esse é o recurso que o autor do livro do Gênesis se serve na primeira leitura deste domingo cujo objetivo é mostrar que no início de tudo e de todas as coisas está a mão misericordiosa de Deus propondo um estilo de vida que implica compreender a igual dignidade da humanidade como obra prima de Deus: O Senhor Deus disse: 'Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele'.  E Adão Exclamou: Desta vez, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada 'mulher' porque foi tirada do homem'. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne”.

A maneira como o autor conta a criação do homem e da mulher tem por objetivo deixar claro que eles são da mesma carne, isso significa iguais em dignidade e que devem um ao outro respeito e que na relação entre eles não pode existir dominação, escravidão, prepotência, e outras formas de tratamento que considerem a pessoa como propriedade e posse para ser negociada com vantagens de um sobre o outro.

No Evangelho, mais uma vez, estão os fariseus querendo colocar Jesus a prova e tentar encontra algum motivo para lhe condenar. Sem fugir da perspectiva legal Jesus lhes recorda o plano de Deus para a humanidade e que antecede em muito as perspectivas legais impostas por Moisés. A intenção inicial do criador tinha por finalidade a ajuda, o amor, a complementariedade isso significa a capacidade de viver um para o outro e qualquer ruptura nesse projeto será sempre um fracasso que não está nos planos de Deus. .

Quando se trata da felicidade e realização plena das criaturas o divórcio não entra nesse projeto as pessoas existem para formar um com o outro comunhão e unidade. Acolhendo as crianças e repreendendo aqueles que as querem afastar Jesus denuncia quem trilha os caminhos da autossuficiência, do orgulho, do calculismo contrariando a lógica de Deus.

As crianças são o modelo de pessoas frágeis que precisam de cuidado e compreensão da comunidade e de todos, que é também a atitude que a comunidade precisa ter com as pessoas que apesar do seu esforço e da sua boa vontade não conseguem viver plenamente os ideais do Evangelho. Esse é também o conselho que o Papa Francisco sugere aos casais unidos e felizes os quais podem entender melhor do que qualquer outro a ferida e o sofrimento causado por uma falência do amor. Por isso é importante que consigam levar o testemunho de um casal feliz acolhendo os que fracassaram com suas feridas sob o olhar do Cristo Bom Pastor sem esquecer o sofrimento indescritível das crianças, vocês podem dar-lhes muito, recomenda o Papa.

Quando se trata de famílias em situação de sofrimento indescritível nos encontramos com a comunidade para quem foi escrita a Carta aos Hebreus cujo texto é a segunda leitura de hoje. Os destinatários da carta tinham perdido o fervor do Evangelho e se deixaram dominar pelo desânimo. O autor da carta cumpre o papel de levar aquela comunidade a crescer na fé, para isso mostra como também Cristo enfrentou as debilidades e a própria morte, no entanto provou que sua vida está nas mãos de Deus e que a vitória é certa.

Também nós podemos crer, que, não obstante todos os sofrimentos e provações, fracassos e decepções no final seremos acolhidos como Jesus fez com as crianças “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas”. Quem caminha com Jesus não fica prisioneiro da dor e do sofrimento, como escreveu o poeta Fernando Sabino: “No fim tudo vai dar certo e se não deu certo ainda é porque não chegou ao fim”.

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