A MEDIDA DO AMOR É AMAR SEM
MEDIDA
Quem
trabalha na educação em todos os níveis certamente já ouviu a expressão: “Contação
de histórias! ” Como um recurso pedagógico capaz de auxiliar pais, professores
e alunos compreenderem algum tema ou situação de difícil entendimento. Pais e
mães costumam contar histórias para os filhos em diversas circunstâncias da
vida. Todos sabemos que as histórias, por si mesmas, nem sempre são
verdadeiras, mas as lições que se pode tirar de cada uma delas revelam verdades
tornando mais fácil compreender aquilo que sem esse recurso seria muito
complexo.
Pois esse
é o recurso que o autor do livro do Gênesis se serve na primeira leitura deste domingo
cujo objetivo é mostrar que no início de tudo e de todas as coisas está a mão misericordiosa
de Deus propondo um estilo de vida que implica compreender a igual dignidade da
humanidade como obra prima de Deus: “O Senhor Deus disse: 'Não é bom que o homem esteja só. Vou
dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele'. E Adão Exclamou: Desta vez, sim, é osso dos
meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada 'mulher' porque foi
tirada do homem'. Por isso, o
homem deixará seu pai e
sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne”.
A
maneira como o autor conta a criação do homem e da mulher tem por objetivo deixar
claro que eles são da mesma carne, isso significa iguais em dignidade e que
devem um ao outro respeito e que na relação entre eles não pode existir
dominação, escravidão, prepotência, e outras formas de tratamento que
considerem a pessoa como propriedade e posse para ser negociada com vantagens
de um sobre o outro.
No
Evangelho, mais uma vez, estão os fariseus querendo colocar Jesus a prova e
tentar encontra algum motivo para lhe condenar. Sem fugir da perspectiva legal
Jesus lhes recorda o plano de Deus para a humanidade e que antecede em muito as
perspectivas legais impostas por Moisés. A intenção inicial do criador tinha
por finalidade a ajuda, o amor, a complementariedade isso significa a
capacidade de viver um para o outro e qualquer ruptura nesse projeto será
sempre um fracasso que não está nos planos de Deus. .
Quando se
trata da felicidade e realização plena das criaturas o divórcio não entra nesse
projeto as pessoas existem para formar um com o outro comunhão e unidade.
Acolhendo as crianças e repreendendo aqueles que as querem afastar Jesus
denuncia quem trilha os caminhos da autossuficiência, do orgulho, do calculismo
contrariando a lógica de Deus.
As
crianças são o modelo de pessoas frágeis que precisam de cuidado e compreensão
da comunidade e de todos, que é também a atitude que a comunidade precisa ter
com as pessoas que apesar do seu esforço e da sua boa vontade não conseguem
viver plenamente os ideais do Evangelho. Esse é também o conselho que o Papa
Francisco sugere aos casais unidos e felizes os quais podem entender melhor do
que qualquer outro a ferida e o sofrimento causado por uma falência do amor.
Por isso é importante que consigam levar o testemunho de um casal feliz
acolhendo os que fracassaram com suas feridas sob o olhar do Cristo Bom Pastor
sem esquecer o sofrimento indescritível das crianças, vocês podem dar-lhes
muito, recomenda o Papa.
Quando se
trata de famílias em situação de sofrimento indescritível nos encontramos com a
comunidade para quem foi escrita a Carta aos Hebreus cujo texto é a segunda
leitura de hoje. Os destinatários da carta tinham perdido o fervor do Evangelho
e se deixaram dominar pelo desânimo. O autor da carta cumpre o papel de levar
aquela comunidade a crescer na fé, para isso mostra como também Cristo
enfrentou as debilidades e a própria morte, no entanto provou que sua vida está
nas mãos de Deus e que a vitória é certa.
Também nós
podemos crer, que, não obstante todos os sofrimentos e provações, fracassos e
decepções no final seremos acolhidos como Jesus fez com as crianças “Deixai vir a mim as crianças. Não as
proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas”.
Quem caminha com Jesus não fica prisioneiro da dor e do sofrimento, como
escreveu o poeta Fernando Sabino: “No fim
tudo vai dar certo e se não deu certo ainda é porque não chegou ao fim”.
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