FRATERNIDADE DO EVANGELHO E AMIZADE SOCIAL
Ano passado o Papa Francisco publicou uma carta
intitulada Fratelli Tutti cujo conteúdo trata da fraternidade e acolhimento aos
diferentes. O Papa começa sua carta recordando um ensinamento de São Francisco
de Assis que não fazia guerra dialética impondo suas doutrinas e seus pontos de
vista, antes comunicava o amor de Deus. Estamos vivendo tempos de intolerância
quer seja por meios físicos, quer por palavras ou recursos de mídia as pessoas
se confrontam e criam conflitos que prejudicam as relações e ameaçam a vida em
todos os lugares.
Ao contrário dessa situação a Palavra de Deus desse
domingo é a mesma que sustentou as convicções de São Francisco de Assis e nos
apresenta alternativas para que aprendamos reconhecer a presença de Deus em
todas as pessoas independente de pertencerem ou não ao nosso grupo de amigos, à
nossa Igreja, ou qualquer instituição a que pertencemos.
O livro dos Números narrando como o Espírito de Deus
foi distribuído entre os setenta é uma referência clara da liberdade e alcance
das maravilhas que Deus realiza em todos e convida cada pessoa a agir como
Moisés, isso é reconhecer a presença de Deus em todas as circunstâncias que se
realizam à nossa volta. A resposta de Moisés para aquele que lhe fez uma queixa
sobre outra pessoa, é a mesma que pode ser dada na atualidade: “Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e
que o Senhor lhe concedesse o seu espírito”.
No Evangelho nos encontramos com Jesus ainda dando
ensinamentos aos seus discípulos e os convidando e pensar e agir de acordo com
a lógica do Reino. Na proposta de Deus não tem espaço para arrogância, ciúmes,
presunção, posse exclusiva do bem e da verdade, antes o Espírito de Deus que
paira no mundo é um convite a acolhida, a liberdade, a inclusão e arrancar da
própria vida todas as atitudes e situações que são incompatíveis com essa forma
de agir.
Ontem como hoje aqueles que seguem e acreditam em
Jesus correm o risco de formar pequenos guetos de pessoas que se julgam
melhores e mais perfeitos, adotam posturas de quem se considera melhor que os
demais, formam grupos de privilegiados. Jesus que já havia dado mostras de
acolhimento, de perdão, de inclusão sem julgamentos repete com outras palavras
o que Moisés disse outrora ao seu interlocutor: “Quem não é contra
nós é a nosso favor. Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de
água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor
seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço”.
Nós como os discípulos de outrora facilmente
esquecemos que o único poder que vale a pena é o poder do amor, e que só esse
poder pode nos fazer todos irmãos. Jesus procura mostrar aos discípulos a
necessidade de ultrapassar uma visão egoísta em relação aos valores do reino. O
ensinamento de Jesus propõe a capacidade de viver e conviver com as diferenças
não se fechando como diz o Papa Francisco numa Igreja que quer “engaiolar o Espírito Santo. ” Acima dos
interesses de cada pessoa ou da própria Igreja ou instituição os cristãos devem
pensar no bem comum.
Ontem como hoje muitos cristãos e muitos católicos tem
medo de ver os seus sonhos de grandeza e de poder ameaçados e por isso criam
regras, normas, permissões e proibições que impedem outras pessoas de fazer
parte do seu grupo que se considera melhor e mais merecedor do Reino. Em nome
da doutrina, da ordem e da disciplina excluímos multidões de pessoas da possibilidade
da comunhão eucarística e não nos damos conta da insistência que continua a
fazer o Papa Francisco: A Eucaristia não é um prêmio para os bons, mas um
remédio para os doentes!
Peçamos as luzes do Espirito Santo que nos iluminem e nos
ensinem a enxergar a presença de Deus e nos faça fiéis a missão recebida no Batismo
de sermos no meio do mundo o bom perfume de Jesus, sinais do seu sacerdócio, da
sua profecia e do seu reinado.
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