segunda-feira, 24 de outubro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 06 DE NOVEMBRO DE 2022 - 32º DOMINGO COMUM - ANO C

 

PROTEGEI-NOS Ó SENHOR À SOMBRA DAS VOSSAS ASAS

Se tem um assunto que está na pauta das preocupações cotidianas é o que diz respeito ao futuro da vida e da existência humana e sem delongas o tema entra nas rodas de conversa com bastante frequência. Como se isso não bastasse tem-se disponível uma farta literatura sobre o tema. Uma simples visita ao cemitério vai nos colocar em sintonia com inúmeras expressões gravadas na lápide das sepulturas as quais indicam a crença da pessoa que repousa naquele espaço sagrado. Pois a Palavra Deus sugerida para esse domingo traz, mais uma vez a questão do horizonte da nossa vida.

O texto dos Macabeus, escrito num tempo de grande perseguição e de ameaça às tradições de Israel, não tem a compreensão da ressurreição que nos é dada a partir de Jesus Cristo e da sua ressurreição. Mas os sete irmãos e a mãe deixam muito claro que suas vidas estão nas mãos de Deus e que nenhum tormento, nem tampouco qualquer vontade humana pode colocar fim na vida daqueles que acreditam e no Deus dos seus antepassados depositam sua confiança: “Vale a pena morrermos nas mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida”.

O diálogo que se desenvolve entre Jesus e um grupo de judeus que não acreditavam na ressurreição confirma a esperança que outros povos e culturas já cultivavam mesmo sem ter clareza de como essa realidade poderia ser compreendida.

Os próprios saduceus, que não acreditavam na ressurreição, manifestam na pergunta que fazem a Jesus sua preocupação com a continuação da nossa breve existência terrena. Preocupados com a continuação dessa vida limitada estão preocupados com a manutenção das regras, normas e costumes das relações humanas na terra. Apresentando o suposto caso de uma mulher que se casou com sete irmãos cumprindo rigorosamente a lei cujo objetivo era garantir a descendência ao marido, eles perguntam: “De qual destes ela será esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher? ”.

Jesus esclarece e confirma a verdade da continuação da vida depois da morte, mas deixa absolutamente claro que não se trata de uma mera continuação desta vida com todas as fragilidades bem como a finitude da existência terrena: “Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já nem podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus”.

Para os saduceus de outrora, como para cada um de nós a realidade sobre a ressurreição e a vitória da vida em Deus não tem comparação e não pode ser sequer imaginada à luz das categorias da existência terrena. Enquanto aqui estamos sujeitos a todas as fragilidades do mundo, na outra vida no horizonte de Deus nossa existência será absoluta.

Nessa mesma perspectiva São Paulo nos convida a estreitar o diálogo e a comunhão com Deus na firme esperança da segunda vinda de Cristo e da vida nova que Deus nos preparou: “o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança”.

Em outras palavras a certeza da ressurreição é uma realidade que ultrapassa em tudo a frágil existência terrena, ter nossos pés no chão e nosso olhar no horizonte de Deus é que nos encoraja a enfrentar todas as forças da morte que permeiam o cotidiano e diminuem a qualidade da vida terrena.

O novo céu e a nova terra começam com atitudes aqui e agora conforme cantamos na liturgia: “Os olhos jamais contemplaram, ninguém pode explicar o que Deus tem preparado para aquele que em vida o amar”.  É assim que rezamos no salmo desse domingo: “ Senhor, ficarei saciado, quando surgir a vossa glória. Firmai os meus passos nas vossas veredas, para que não vacilem os meus pés. Protegei-me à sombra das vossas asas, Senhor, mereça eu contemplar a vossa face e ao despertar saciar-me com a vossa imagem”.

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