PROTEGEI-NOS
Ó SENHOR À SOMBRA DAS VOSSAS ASAS
Se
tem um assunto que está na pauta das preocupações cotidianas é o que diz
respeito ao futuro da vida e da existência humana e sem delongas o tema entra
nas rodas de conversa com bastante frequência. Como se isso não bastasse tem-se
disponível uma farta literatura sobre o tema. Uma simples visita ao cemitério
vai nos colocar em sintonia com inúmeras expressões gravadas na lápide das
sepulturas as quais indicam a crença da pessoa que repousa naquele espaço
sagrado. Pois a Palavra Deus sugerida para esse domingo traz, mais uma vez a
questão do horizonte da nossa vida.
O
texto dos Macabeus, escrito num tempo de grande perseguição e de ameaça às
tradições de Israel, não tem a compreensão da ressurreição que nos é dada a
partir de Jesus Cristo e da sua ressurreição. Mas os sete irmãos e a mãe deixam
muito claro que suas vidas estão nas mãos de Deus e que nenhum tormento, nem
tampouco qualquer vontade humana pode colocar fim na vida daqueles que
acreditam e no Deus dos seus antepassados depositam sua confiança: “Vale a pena morrermos nas mãos dos homens, quando
temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó
rei, não ressuscitarás para a vida”.
O diálogo que se desenvolve entre
Jesus e um grupo de judeus que não acreditavam na ressurreição confirma a
esperança que outros povos e culturas já cultivavam mesmo sem ter clareza de
como essa realidade poderia ser compreendida.
Os próprios saduceus, que não
acreditavam na ressurreição, manifestam na pergunta que fazem a Jesus sua
preocupação com a continuação da nossa breve existência terrena. Preocupados com
a continuação dessa vida limitada estão preocupados com a manutenção das
regras, normas e costumes das relações humanas na terra. Apresentando o suposto
caso de uma mulher que se casou com sete irmãos cumprindo rigorosamente a lei
cujo objetivo era garantir a descendência ao marido, eles perguntam: “De qual destes ela será esposa na
ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher? ”.
Jesus esclarece e confirma a
verdade da continuação da vida depois da morte, mas deixa absolutamente claro
que não se trata de uma mera continuação desta vida com todas as fragilidades
bem como a finitude da existência terrena: “Os
filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles
que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos
mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já nem
podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da
ressurreição, são filhos de Deus”.
Para
os saduceus de outrora, como para cada um de nós a realidade sobre a ressurreição
e a vitória da vida em Deus não tem comparação e não pode ser sequer imaginada
à luz das categorias da existência terrena. Enquanto aqui estamos sujeitos a
todas as fragilidades do mundo, na outra vida no horizonte de Deus nossa
existência será absoluta.
Nessa
mesma perspectiva São Paulo nos convida a estreitar o diálogo e a comunhão com
Deus na firme esperança da segunda vinda de Cristo e da vida nova que Deus nos
preparou: “o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos
guardará do Maligno. Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor
que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos
corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com
perseverança”.
Em outras palavras a certeza da ressurreição é uma
realidade que ultrapassa em tudo a frágil existência terrena, ter nossos pés no
chão e nosso olhar no horizonte de Deus é que nos encoraja a enfrentar todas as
forças da morte que permeiam o cotidiano e diminuem a qualidade da vida
terrena.
O novo céu e a nova terra começam com atitudes aqui
e agora conforme cantamos na liturgia: “Os
olhos jamais contemplaram, ninguém pode explicar o que Deus tem preparado para
aquele que em vida o amar”. É assim
que rezamos no salmo desse domingo: “ Senhor, ficarei saciado, quando surgir a
vossa glória. Firmai os meus passos nas vossas veredas, para que
não vacilem os meus pés. Protegei-me à sombra das vossas asas, Senhor,
mereça eu contemplar a vossa face e ao despertar saciar-me com a vossa
imagem”.
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