sexta-feira, 21 de outubro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 23 DE OUTUBRO DE 2022 - 30º COMUM - ANO C

 

O SENHOR LIBERTA A VIDA DOS SEUS SERVOS!

Não são poucas as ocasiões na vida nas quais nos sentimos um verme, são momentos em que tudo parece dar errado, que ninguém percebe o nosso sofrimento e desconforto. Muitas vezes duvidamos até de Deus, parece que ele está surdo ou dormindo. São aquelas ocasiões que denominamos: “Um dia daqueles”.

Essa parece ser a situação dos três personagens apresentados nas leituras da Palavra de Deus neste domingo. O livro do Eclesiástico foi escrito cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus e o autor estava preocupado com o descaso que seus conterrâneos apresentavam em relação às raízes e costumes dos seus antepassados. Nesse contexto alguns se consideravam e de fato aparentemente viviam numa situação muito confortável deixando perder tudo o que era ensinamento e verdade aprendida, enquanto outros eram sofridos, oprimidos e explorados. Para todos, mas especialmente para os que estavam colocados à margem da sabedoria do mundo o autor esclarece: “Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido e suas súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento”. Em resumo, o autor deixa claro Deus não está surdo nem dormindo, pelo contrário está atento aos gritos daqueles que são vítimas da exclusão e da incompreensão dos que se consideram melhores e mais perfeitos.

No Evangelho Jesus faz mais um trocadilho apresentando duas categorias de pessoas. Nesse domingo também ele não está defendendo o pecado ou promovendo as atitudes que não estão de acordo com a proposta de Deus Pai para todos. Como na parábola do administrador infiel que ouvimos há poucos dias, Jesus não elogia a desonestidade daquele. Hoje de novo Jesus não elogia o publicano por causa das suas ações, nem tampouco aprecia o fariseu porque não tem pecado.

Pelo contrário o que conta é a atitude de reconhecer que a vida é sempre um processo de crescimento e oportunidade para ser melhor. Quem se julga como o fariseu do Evangelho acha que não precisa de nada nem de ninguém e que até Deus lhe deve alguns favores por causa da retidão da sua vida. Ao contrário do publicano que compreende sua fragilidade e sabe que por suas próprias forças não será capaz de sair da situação em que se encontra.

Enquanto o primeiro rezava assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos”. O pecador pelo contrário: “Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador”. E a conclusão não poderia ser outra: “Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado”.

Todos somos chamados a ser missionários, testemunhas de Deus e cooperadores na missão agindo com todas as forças para incluir e acolher a todos colocando-nos também na condição de frágeis pecadores que precisam da ajuda dos irmãos e da misericórdia de Deus. Homens e mulheres ao longo da história já mostraram que isso é possível. Dentre eles a Igreja recorda a Beata Paulina Jaricot e os padroeiros das missões, São Francisco Xavier e Santa Teresinha, que servem de inspiração para sermos testemunhas missionárias até os confins do mundo.

Na carta a Timóteo temos o exemplo de Paulo que se sente “Num dia daqueles”: “Na minha primeira defesa, ninguém me assistiu; todos me abandonaram. Oxalá que não lhes seja levado em conta. Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças”. Ele tem certeza que apesar de todas as frustrações que a vida lhe oferece Deus não o abandonou, ele tem consciência da generosidade que marcou toda a sua vida e convida também a nós para descobrir e viver do jeito de Jesus e não ter medo: “Quanto a mim, eu já estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa”.

Cristãos nesse mundo conturbado e violento não tenhamos medo de gastar a nossa vida apresentando a Boa Notícia de Jesus como testemunhas de Jesus Cristo.

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