sábado, 8 de outubro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 09 DE OUTUBRO DE 2023 - 28º COMUM - ANO C

 

O SENHOR É AMOR E FIDELIDADE PARA SEMPRE

As expressões: “Fulano não é flor que se cheira” e “Beltrano não é trigo limpo” aquele outro “está fora da casinha”, são frequentemente usadas para fazer referência a uma pessoa que não inspira confiança com quem a gente sempre fica com um pé atrás. Pois a liturgia da Palavra desse domingo trata exatamente de duas pessoas colocadas nessa situação nos seus respectivos tempos. A primeira leitura narra um episódio ocorrido cerca de 800 anos antes do nascimento de Cristo e no Evangelho é o próprio Jesus quem se relaciona com leprosos e excluidos sendo que um deles é também samaritano. Nos dois casos as pessoas em referência são do tipo “Flor que não se cheira”.

Na contrapartida dessa situação os textos mostram como o projeto de salvação de Deus não é exclusivista, pelo contrário sua misericórdia se estende a todas as pessoas sem exceção, a todos é dada a condição para experimentar a salvação e a misericórdia que consiste simplesmente em reconhecer que só em Deus encontramos a salvação e a vida verdadeira.

O fato relatado na primeira leitura acontece num tempo em que o povo de Israel tinha se deixado contaminar por práticas e cultos a diversos deuses. Nesse contexto uma grande autoridade ouve falar do profeta Eliseu e cumpre a ordem do profeta: “Naqueles dias, Naamã, o sírio, desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado”. A mensagem central desse texto consiste em reconhecer que só em Deus temos a vida plena e muito mais num tempo em que facilmente colocamos nossas esperanças em ídolos humanos e materiais somos convidados a rever nossas certezas e a centralidade de nossa fé.

O Evangelho começa com a seguinte constatação: “Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância, e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” A lepra que estava consumindo a vida e a dignidade dos sujeitos do Evangelho se assemelha às desgraças que se espalham por toda a humanidade sendo causa de exclusão, marginalidade, opressão e injustiça. A sociedade contemporânea está machucada pelo sofrimento e a miséria que causam também o afastamento de Deus. A narrativa do Evangelho mostra como através de Jesus, Deus Pai revela um projeto de salvação e inclusão no qual todos têm lugar e podem encontrar vida em plenitude. Naturalmente que um tão grande dom pede uma contrapartida de gratidão: “Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”. Notemos que também no nosso tempo, e com bastante frequência aqueles que a sociedade considera “flor que não se cheira”, ou “fora da casinha” são os primeiros a manifestar seu reconhecimento e gratidão. Ao contrário e não raro os que se consideram melhores e mais perfeitos costumam condenar e excluir os “impuros” considerando-se como privilegiados de Deus esquecem de reconhecer a bondade e a misericórdia que alcança a todos. Quase sempre os perfeitos não agradecem porque se consideram merecedores, como se Deus lhes devesse favores por sua condição de “pessoas do bem” e nessa condição permanecem cheios de orgulho e enclausurados na sua autossuficiência.

A segunda leitura mostra como a pessoa que acolhe o dom de Deus é capaz de viver o amor e entregar-se ao serviço de todos: “Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos, segundo o meu evangelho”.

O convite que Paulo faz a Timóteo é extensivo a todos os cristãos: “Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo”.

Tal como Paulo todos somos convidados a nos identificar com Cristo independente de todas as provações e sacrifícios. Peçamos a graça de reconhecer em Jesus a presença de Deus Pai no meio do mundo, que a oração, a escuta da Palavra e a Eucaristia nos conservem na comunhão com as pessoas e com Deus.

 

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