quarta-feira, 9 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2024 - 3º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR!

Queridos irmãos e irmãs, neste 3º Domingo do Advento, conhecido como o "Domingo da Alegria", a liturgia nos convida a renovar nossa esperança e a nos alegrar, pois a vinda do Senhor está próxima. As leituras de hoje nos conduzem a refletir sobre o que significa preparar o caminho para o Senhor e como podemos nos dispor para acolhê-lo em nossas vidas.

A primeira leitura, do profeta Sofonias (Sf 3,14-18a), nos apresenta um convite à alegria. O profeta anuncia que Deus está no meio do seu povo, pronto para libertá-lo e trazer a salvação. O Senhor se alegra conosco e renova a nossa vida com o seu amor. Essa promessa é fonte de esperança, mesmo em meio às dificuldades que enfrentamos. Essa alegria não é superficial, mas enraizada na confiança de que Deus está agindo em nossa história.

No Evangelho de Lucas (Lc 3,10-18), vemos o povo se aproximar de João Batista com uma pergunta crucial: "E nós, que devemos fazer?" Esse questionamento nos move a olhar para nossa própria vida e identificar as mudanças necessárias para preparar o caminho do Senhor. João nos oferece três respostas que continuam profundamente atuais.

Primeiro, ele nos chama a sair do egoísmo e aprender a partilhar. Quando perguntado pelo povo o que fazer, João responde: "Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem, e quem tiver comida, faça o mesmo." A partilha é o primeiro passo para nos abrirmos ao outro e reconhecermos as necessidades dos nossos irmãos. Em um mundo marcado pelo individualismo, João nos lembra que o verdadeiro caminho do cristão é o da generosidade.

O segundo aspecto que o Evangelho nos propõe é a justiça. João Batista adverte os cobradores de impostos e os soldados sobre a necessidade de abandonar a exploração e a imoralidade. Ele diz: "Não cobreis mais do que foi estabelecido" e "Não tomeis à força dinheiro de ninguém". Essas palavras nos desafiam a viver de maneira honesta e justa em todas as nossas relações, sem buscar vantagem própria à custa do próximo.

O terceiro ponto é a renúncia à violência e à prepotência. João instrui os soldados a não usarem sua autoridade para oprimir ou explorar os outros. Respeitar a dignidade dos nossos irmãos é fundamental para preparar o caminho do Senhor. Somos chamados a tratar todos com respeito, especialmente aqueles que muitas vezes são marginalizados ou vulneráveis.

A grande questão que o Evangelho nos apresenta é a transformação pessoal. Não basta esperar passivamente pela vinda do Senhor; é necessário operar uma mudança interior, movida pelo Espírito de Deus. São Paulo, na segunda leitura (Fl 4,4-7), nos exorta a nos alegrarmos sempre no Senhor, a vivermos sem ansiedade e a confiarmos na paz que vem de Deus. Essa paz só é possível quando vivemos de acordo com o Evangelho, quando permitimos que o Espírito nos transforme.

Queridos irmãos, o Advento é um tempo de expectativa, mas também de ação. A pergunta "E nós, que devemos fazer?" ecoa em nossos corações hoje, nos convidando a uma conversão profunda. Partilhar, ser justos e respeitar o próximo são caminhos concretos para acolher o Senhor que vem. Ele quer entrar em nossas vidas, transformar nossos corações e nos conduzir à verdadeira alegria e paz.

Que neste Domingo da Alegria, possamos renovar nossa confiança no Senhor que está próximo. Que nosso “sim” a Ele se manifeste em gestos concretos de amor, justiça e respeito, e que, com o coração aberto e transformado, possamos ser portadores da alegria e da paz que só Deus pode nos dar. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 08 DE DEZEMBRO DE 2024 - SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO - ANO C

 

CANTAI AO SENHOR DEUS UM CANTO NOVO!

Hoje celebramos a Solenidade da Imaculada Conceição, um momento especial em que a Igreja nos convida a refletir sobre a resposta que damos aos desafios de Deus. A figura de Maria, escolhida para ser a mãe do Salvador, destaca-se como modelo de fé, de disponibilidade e de total entrega à vontade divina. As leituras nos ajudam a entender melhor essa entrega e a reconhecer a profundidade do "sim" de Maria.

Na primeira leitura, do livro do Gênesis (Gn 3,9-15.20), encontramos o relato da queda de Adão e Eva. Diante do pecado original, a humanidade se vê afastada de Deus, mergulhada no orgulho e na desobediência. Adão e Eva, ao desobedecerem, escolhem seguir seus próprios planos, distanciando-se do projeto de amor que Deus tinha para eles. No entanto, mesmo em meio à queda, Deus já anuncia uma esperança: “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela”. Essa mulher, de quem viria a descendência que venceria o mal, é Maria. Ela seria, desde sua concepção, preservada do pecado, preparando o caminho para o Salvador.

No Salmo (Sl 97,1-4), cantamos com alegria as maravilhas que Deus fez ao longo da história. Ele sempre esteve presente, conduzindo a humanidade com misericórdia e amor, preparando o terreno para o nascimento de Jesus. Maria, a “cheia de graça”, foi agraciada de forma singular para que, por meio dela, o Filho de Deus pudesse entrar no mundo e inaugurar a era de salvação.

A carta aos Efésios (Ef 1,3-6.11-12) reforça essa ideia de eleição. Paulo nos lembra que todos nós, desde antes da criação do mundo, fomos escolhidos por Deus para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele. Maria é o exemplo perfeito dessa escolha divina. Ela foi predestinada para uma missão única: ser a mãe do Redentor. E, ao contrário de Adão e Eva, que se afastaram de Deus, Maria correspondeu com generosidade e confiança ao plano divino, vivendo plenamente sua vocação.

O Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) nos apresenta a cena da Anunciação. O anjo Gabriel aparece a Maria com uma mensagem inesperada: Deus a escolheu para ser a mãe do Messias. A resposta de Maria ao chamado de Deus é de uma grandeza extraordinária. Ela poderia ter se deixado dominar pelo medo, pelo orgulho ou pelo desejo de manter sua vida conforme seus próprios planos. Mas, ao contrário, Maria escolheu o caminho da humildade e da confiança absoluta. Diante do anúncio do anjo, sua resposta é simples e cheia de fé: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Este “sim” de Maria é a chave da nossa celebração hoje. Enquanto Adão e Eva disseram “não” à vontade de Deus, buscando autonomia e auto-suficiência, Maria disse “sim”, entregando-se inteiramente ao projeto divino. Ela reconhece-se como "serva do Senhor", uma expressão que vai além da humildade. No Antigo Testamento, ser “servo do Senhor” é um título de honra reservado àqueles que Deus escolhe para realizar uma missão especial. Maria aceita essa escolha com uma entrega total, confiando que Deus a conduziria em cada passo.

 

A Solenidade da Imaculada Conceição nos ensina a importância de estarmos abertos e disponíveis ao plano de Deus em nossas vidas. Muitas vezes, somos tentados a seguir nossos próprios caminhos, a buscar segurança nas nossas decisões e a resistir ao chamado divino. Mas Maria nos mostra que a verdadeira plenitude está em confiar nos desígnios de Deus, mesmo quando eles parecem desafiadores ou inesperados.

Hoje, somos convidados a aprender com o exemplo de Maria. Assim como ela, também nós fomos escolhidos por Deus. Fomos chamados a sermos seus servos, a colaborar com Ele na construção do Reino de justiça e de paz. Maria é o grande exemplo de como devemos responder a esse chamado: com humildade, fé e total disponibilidade.

Que, nesta celebração, possamos renovar nosso “sim” a Deus. Que possamos, à semelhança de Maria, abrir nosso coração para acolher os planos divinos e permitir que, por meio de nós, a salvação e a vida plena cheguem ao mundo. Maria, a Imaculada, nos ensina que a obediência e a entrega a Deus são o caminho seguro para a verdadeira felicidade e para a plenitude da vida.

Que o exemplo de Maria nos inspire a viver como verdadeiros servos do Senhor, dizendo “sim” ao Seu chamado a cada dia.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE DEZEMBRO DE 2024 - 1º DOMINGO DO ADVENTO - ANO C

 

JUSTIÇA E PAZ SE ABRAÇÃRÃO

No primeiro domingo do Advento, a Igreja nos convida a entrar num tempo de espera e preparação para a vinda de Jesus, o Messias prometido. Este tempo não é simplesmente uma preparação para o Natal, mas para acolhermos a libertação que Jesus nos traz em toda sua plenitude. As leituras de hoje nos falam de uma esperança que ultrapassa as dificuldades e desafios do presente, abrindo-nos para a promessa de um mundo novo, onde justiça e paz habitarão.

No Evangelho de Lucas (21,25-28.34-36), Jesus nos apresenta um cenário que, à primeira vista, pode parecer assustador. Ele fala de sinais no sol, na lua e nas estrelas, e de angústia entre as nações. São imagens fortes, mas que não devem ser entendidas como uma descrição literal do fim do mundo. Ao contrário, Jesus usa essa linguagem para nos alertar e nos despertar para a realidade de que Deus está agindo na história, mesmo em meio às tribulações.

Jesus nos diz: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”. Não é um convite ao medo, mas à esperança. Ele nos pede para estarmos atentos, vigilantes, porque a vinda do Filho do Homem está próxima. E o que significa essa vinda? É o próprio Jesus entrando em nossas vidas, trazendo o projeto de um mundo novo, onde não haverá mais escravidão, sofrimento ou injustiça.

O profeta Jeremias, na primeira leitura (Jr 33,14-16), já anunciava essa esperança: Deus cumprirá a promessa que fez ao seu povo. Ele enviará um descendente de Davi, um rei justo, que governará com justiça e fará prevalecer o direito. Essa promessa se cumpre em Jesus, o Rei que vem para libertar, não pela força das armas ou do poder político, mas pelo amor e pela misericórdia.

A segunda leitura, da Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts 3,12-4,2), nos convida a uma atitude ativa diante dessa espera. Paulo nos chama a crescer no amor e a viver de maneira irrepreensível, preparando-nos para o encontro com o Senhor. Não se trata de uma espera passiva, mas de uma preparação ativa, na construção da justiça e da paz no mundo em que vivemos.

O Advento é, portanto, um tempo de expectativa e de vigilância, mas também de ação. A mensagem de Jesus é clara: Ele virá, e com Ele, o mundo velho, marcado pelo egoísmo e pela opressão, será transformado. Nascerá um novo mundo, onde experimentaremos a plenitude da vida e da alegria.

Mas é preciso estarmos atentos. O Senhor nos chama a reconhecer os seus sinais e a responder ao seu apelo. E quais são esses sinais hoje? São as oportunidades diárias de construir um mundo mais justo, mais fraterno, mais próximo do Reino de Deus. Cada gesto de amor, de solidariedade, de compaixão, é uma forma de acolher Jesus que vem.

Neste primeiro domingo do Advento, a liturgia nos convida a levantar a cabeça, a renovar nossa esperança e a nos comprometer com a construção do Reino de Deus, um reino de justiça, paz e liberdade. Que, durante este tempo de preparação, possamos abrir nosso coração para acolher Jesus, o Rei que vem, e colaborar com Ele na edificação de um mundo novo, onde a vida em plenitude será realidade para todos.

HOMILIA PARA O DIA 24 DE NOVEMBRO DE 2024 - SOLENIDADE DE CRISTO REI - ANO B

 

BENDITO AQUELE QUE VEM VINDO!

Neste último domingo do ano litúrgico, celebramos a Solenidade de Cristo Rei, uma oportunidade para refletirmos sobre a realeza de Jesus. A Palavra de Deus que nos é proposta neste dia convida-nos a reconhecer essa realeza, mas também a entender que o reinado de Cristo é muito diferente dos reinados terrenos.

No livro de Daniel (7,13-14), encontramos uma visão majestosa: o Filho do Homem, que vem sobre as nuvens do céu, é apresentado diante de Deus e recebe poder, glória e realeza. Seu domínio é eterno, e seu reino não terá fim. Esse texto nos mostra que a realeza de Cristo não é passageira ou limitada, como as dos reis humanos; é um reinado eterno, fundado na justiça e na verdade.

O Salmo 92(93) confirma essa realidade ao exaltar a majestade e a firmeza do reinado de Deus. "Deus é Rei", proclama o salmista, e o Seu trono é sólido e inabalável. Isso nos recorda que o poder de Deus não é baseado na força ou na opressão, mas na sua autoridade divina, que é eterna e verdadeira.

Na segunda leitura, do Apocalipse (1,5-8), vemos Cristo como "o soberano dos reis da terra", mas também como aquele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue. Este é o Rei que reina através do sacrifício e do amor. Não um rei que exige servidão, mas que se oferece em serviço, entregando sua vida para a redenção de todos. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. Seu reino é um reino de verdade, justiça e vida plena.

O Evangelho de João (18,33b-37) nos coloca diante de uma cena dramática: Jesus diante de Pôncio Pilatos, o governador romano. Pilatos, representante do poder político, questiona Jesus sobre sua realeza. E, surpreendentemente, Jesus não nega ser rei. No entanto, Ele explica que o seu reino "não é deste mundo". Sua realeza não se baseia em força militar ou política, mas em algo muito maior: Jesus veio para dar testemunho da verdade.

A lógica do reino de Jesus é completamente diferente da dos reinos terrenos. Ele não busca poder, riqueza ou status. Seu reinado é fundamentado no amor, no serviço e na entrega total de si mesmo. Enquanto os reis deste mundo governam pela autoridade, muitas vezes pela violência, Jesus governa pelo amor e pela misericórdia. Sua coroa é de espinhos, e seu trono é a cruz.

A missão real de Jesus, como Ele mesmo diz, é dar "testemunho da verdade". E que verdade é essa? A verdade do amor incondicional de Deus por cada um de nós. A verdade de que, em Cristo, somos chamados a viver não para nós mesmos, mas para os outros, servindo, perdoando e partilhando.

Portanto, neste domingo de Cristo Rei, somos convidados a refletir sobre o que significa para nós ter Jesus como nosso Rei. Estamos dispostos a seguir sua lógica, a lógica do amor e do serviço? Estamos prontos para assumir o compromisso de construir o seu Reino, que começa aqui, no nosso dia a dia, mas que se estende para a eternidade?

Celebrar a realeza de Cristo é reconhecer que Ele deve ser o centro de nossas vidas. É entender que sua soberania não é imposta, mas oferecida como uma proposta de vida plena. E nós, como seus discípulos, somos chamados a testemunhar essa verdade com a nossa vida, seguindo o exemplo do nosso Rei, que deu tudo de si por amor a nós.

Neste domingo, renovemos o nosso compromisso de seguir Cristo, o Rei do universo, que reina não com poder humano, mas com o poder transformador do amor. Que Ele reine em nossos corações e em nossas vidas, conduzindo-nos à verdade e à vida eterna.

HOMILIA PARA O DIA 17 DE NOVEMBRO DE 2024 - 33º DOMINGO COMUM - ANO B

 

EM JESUS TODOS SERÃO REUNIDOS

NO ACONCHEGO DO PAI

 

A liturgia deste 33º Domingo do Tempo Comum nos convida a refletir sobre a esperança, uma esperança que nasce da confiança em Deus, o Senhor da história, que tem para nós um projeto de vida eterna. As leituras de hoje nos recordam que, apesar das dificuldades e das adversidades do presente, há uma promessa de vida nova e plena.

Na primeira leitura, do livro de Daniel (12,1-3), encontramos uma profecia que fala sobre tempos difíceis, onde haverá grande angústia, mas aqueles que permanecerem fiéis serão salvos. Este texto apresenta a imagem da ressurreição dos mortos, um tema que nos aponta para o final dos tempos e para a certeza de que a justiça de Deus triunfará. Os justos brilharão como estrelas, e aqueles que permanecem fiéis ao Senhor receberão a vida eterna.

O Salmo 15 (16) reforça essa confiança em Deus. Ele é a nossa herança, a nossa segurança. O salmista expressa uma fé inabalável, dizendo: "Tenho sempre o Senhor diante de mim; com ele a meu lado, não vacilarei". Essa certeza nos dá coragem para enfrentar as dificuldades do presente, sabendo que a nossa alegria verdadeira está em Deus, que não nos deixará conhecer a corrupção.

A carta aos Hebreus (10,11-14.18) nos fala do sacrifício definitivo de Cristo. Enquanto os sacerdotes antigos faziam sacrifícios repetidos sem poder remover os pecados, Cristo, com um único sacrifício, perdoou todos os nossos pecados e nos abriu as portas da vida eterna. Ele é o nosso Sumo Sacerdote que, de uma vez por todas, nos reconcilia com Deus e nos oferece a plenitude da vida.

O Evangelho de Marcos (13,24-32) nos apresenta um cenário apocalíptico, onde o sol se escurecerá, as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados. Mas, longe de ser um anúncio de terror, é uma mensagem de esperança. Jesus nos lembra que, mesmo diante de grandes tribulações, devemos manter a confiança, pois Ele virá com poder e glória para reunir seus eleitos. Este mundo marcado pelo egoísmo, sofrimento e injustiça dará lugar a um novo mundo de vida e felicidade plenas.

A mensagem central deste domingo é clara: somos convidados a não ceder ao desespero, mas a confiar na promessa de Jesus. O caminho para o Reino de Deus é, muitas vezes, marcado por sofrimento e perseguição, mas Jesus nos garante que a escuridão do mundo presente será transformada na luz de uma nova aurora, um mundo de salvação e libertação.

Assim, o quadro pintado pelas leituras não é para nos amedrontar, mas para abrir nossos corações à esperança. Jesus virá, e com Ele o mundo será renovado. Este é o convite que a liturgia de hoje nos faz: confiar em Deus, que nos conduz da noite do sofrimento para a luz da vida eterna. O nosso futuro está nas mãos do Senhor, e Ele nos promete uma vida plena, de alegria e paz sem fim.

HOMILIA PARA O DIA 10 DE NOVEMBRO DE 2024 - 32º DOMINGO COMUM - ANO B

 

O SENHOR É FIEL PARA SEMPRE

 

A liturgia de hoje nos conduz a uma reflexão profunda sobre generosidade, confiança em Deus e a verdadeira entrega do coração. A partir das leituras, podemos perceber como Deus valoriza uma doação genuína, que vai além dos ritos externos e das aparências, sendo uma entrega total a Ele e aos irmãos.

No primeiro livro dos Reis (1Rs 17,10-16), encontramos a história do profeta Elias e da viúva de Sarepta. Numa época de grande seca e fome, Elias pede a essa pobre viúva, que já não tinha praticamente nada, que lhe oferecesse pão. Sua resposta revela uma confiança e generosidade surpreendentes: mesmo com escassos recursos, ela dá tudo o que tem, e Deus, em sua providência, multiplica o alimento. O gesto dessa mulher, aparentemente insignificante aos olhos do mundo, revela uma fé imensa em Deus. Ela entrega o pouco que tem, e, em troca, Deus não a abandona.

O Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44) nos oferece uma cena semelhante: Jesus observa as pessoas depositando suas ofertas no templo. Entre muitos ricos, destaca-se uma pobre viúva que oferece duas pequenas moedas. Esse gesto aparentemente simples e pequeno chamou a atenção de Jesus. Ele nos ensina que Deus não se impressiona com a quantidade ou com grandes manifestações externas, mas com a intenção e a generosidade do coração. O que aquela viúva ofereceu não foi uma quantia grande, mas foi tudo o que tinha. E isso é o que agrada a Deus: uma entrega completa, uma doação que brota de um coração cheio de fé e confiança.

Aqui encontramos um paralelo importante com o que o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade nos tem ensinado. O que Deus quer de nós não é apenas a participação em ritos ou a ostentação de práticas religiosas, mas uma atitude de escuta, diálogo e caminhada conjunta com Ele e com nossos irmãos. O Sínodo destaca que a verdadeira vida cristã se faz no dia a dia, nas pequenas escolhas, na disponibilidade de nos doarmos ao outro. Em resumo a Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos suntuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projetos, de acolhimento generoso dos seus desafios.

A carta aos Hebreus (Hb 9,24-28) nos lembra que Cristo foi o maior exemplo dessa entrega total. Ele não ofereceu a Deus sacrifícios materiais, mas a si mesmo. Sua morte na cruz foi o gesto supremo de doação, e por meio dessa entrega, Ele abriu para nós as portas da salvação. Ele se entregou por amor a nós, sem reservas.

Nós, como comunidade cristã, somos chamados a viver essa mesma lógica de doação. Muitas vezes, pensamos que nossa contribuição é pequena ou insignificante diante dos grandes problemas do mundo. No entanto, Deus não nos pede grandes quantidades ou feitos grandiosos, Ele pede a nossa totalidade, o nosso "tudo", mesmo que esse "tudo" pareça pequeno aos olhos dos outros.

O Salmo 145 que rezamos hoje nos convida a reconhecer a fidelidade de Deus e a confiar plenamente n’Ele, que “faz justiça aos oprimidos”, “dá pão aos famintos” e “ampara o órfão e a viúva”. Essa confiança no Senhor nos impulsiona a sermos generosos e a acolher os seus desafios, certos de que Ele nunca nos abandona.

Portanto, queridos irmãos e irmãs, sejamos como a viúva de Sarepta e como a viúva do Evangelho: generosos, confiantes e dispostos a entregar o nosso coração a Deus. Que o nosso serviço na comunidade seja sinodal, caminhando juntos, escutando uns aos outros e doando-nos em favor dos nossos irmãos. Porque a verdadeira grandeza não está no que possuímos, mas naquilo que somos capazes de oferecer de coração.

Que possamos viver essa generosidade no nosso dia a dia, confiando sempre na providência divina. Amém.

AÇÃO DE GRAÇAS PELOS MEUS 34 ANOS DE ORDENAÇÃO PRESBITERAL - 03/11-2024

 

34 ANOS SERVINDO

NA ALEGRIA E NA CARIDADE

Hoje, ao celebrar 34 anos de ordenação presbiteral, meu coração transborda gratidão. Refletindo sobre essa jornada, não posso deixar de lembrar da palavra de São Paulo em 1 Coríntios 9, 16-23, no texto que foi proclamado no dia da minha ordenação. O texto recorda a beleza e a responsabilidade do chamado que recebi. O apóstolo ensina que, pregar o Evangelho, não é motivo para glorias, pois é um dever que foi confiado. Assim, ao longo destes anos, procurei viver essa missão com o espírito de alegria e caridade.

Agradeço a Deus por cada oportunidade de servir, por cada encontro que me permitiu tocar vidas e ser tocado por elas. Em cada celebração, em cada aconselhamento, em cada gesto de amor, experimentei a alegria de ser um instrumento de Sua paz. Cada desafio enfrentado, cada lágrima derramada e cada sorriso partilhado foram momentos que moldaram minha vocação e aprofundaram minha fé.

Sinto que, ao longo dessa caminhada, fui chamado a servir não apenas os que já conhecem a Deus, mas também aqueles que ainda buscam a luz em meio às trevas. Isso sempre me lembrou que a caridade deve estar no centro da minha missão. Acredito que ao servir na alegria e na caridade, estou refletindo o amor de Cristo que nos une e nos transforma.

A cada dia, busco ser um testemunho da esperança que brota da fé, e sou eternamente grato por ter a oportunidade de viver essa vocação. Obrigado, Senhor, por me permitir ser parte da vida da sua Igreja e por me dar a chance de caminhar ao lado de tantas pessoas que, assim como eu, buscam a verdade e a felicidade em Ti.

Que eu continue a servir na alegria e na caridade, sempre aberto à ação do Espírito Santo, para que a minha vida e ministério sejam um reflexo do amor e da misericórdia que encontrei em Jesus Cristo. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 03 DE NOVEMBRO DE 2024 - DOMINGO DE TODOS OS SANTOS - ANO B

 

EM DEUS EXPERIMENTAMOS

A PLENITUDE DA ALEGRIA

Hoje, no Dia de Todos os Santos, a Igreja nos convida a refletir sobre o futuro glorioso que Deus reserva aos seus amigos no Reino celeste. Esse futuro não é apenas um estado de paz, mas a plenitude da alegria, onde Deus é a própria fonte de felicidade. As leituras que ouvimos hoje nos direcionam para essa realidade, especialmente o Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a).

No Apocalipse (Ap 7,2-4.9-14), temos uma visão grandiosa: uma multidão incontável, de todas as nações, línguas e povos, diante do trono de Deus. Eles são aqueles que passaram pela grande tribulação e, agora, revestidos de vestes brancas, participam da alegria eterna no céu. Esses são os santos, que, em suas vidas, foram marcados pela fidelidade e pelo amor a Deus, e agora vivem em comunhão plena com Ele.

O Salmo 23 nos lembra que o mundo e tudo o que nele existe pertencem ao Senhor. E pergunta: “Quem subirá ao monte do Senhor?”. São aqueles de mãos limpas e coração puro, aqueles que não colocam sua confiança em coisas vãs, mas em Deus. Este é o caminho da santidade, que passa pelo desapego das coisas terrenas para alcançar os bens eternos.

Na segunda leitura (1Jo 3,1-3), São João nos recorda que somos filhos de Deus, e que, no futuro, seremos plenamente semelhantes a Ele. Essa é a nossa esperança: sermos transformados em sua glória e contemplarmos o rosto de Deus. Mas esse futuro já começa aqui, com a nossa vida de fé e compromisso com o Reino.

 

E, finalmente, o Evangelho nos apresenta as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a), o coração da mensagem de Jesus. As Bem-aventuranças são um convite radical a um novo jeito de viver. Jesus proclama bem-aventurados os pobres em espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça... todos aqueles que, diante das dificuldades da vida, mantêm seus corações abertos para Deus. E por que são bem-aventurados? Porque Deus está inaugurando o Reino e sua situação vai mudar radicalmente. O que antes era fragilidade e debilidade se transforma em força e alegria no Reino de Deus.

Esses santos, que celebramos hoje, foram bem-aventurados em suas vidas porque, apesar de suas provações, confiavam na promessa do Reino. E nós, em nossa fragilidade e dependência, também somos chamados a participar dessa felicidade que Deus nos oferece. O Reino de Deus já está no meio de nós, e sua plenitude será revelada no céu.

Que neste dia de Todos os Santos possamos renovar nosso desejo de seguir o caminho das Bem-aventuranças, para que um dia, juntos com essa grande multidão de santos, possamos viver na plenitude da alegria que Deus preparou para nós. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 02 DE NOVEMBRO DE 2024 - DIA DE FINADOS - ANO B

 

MUITO ALÉM DA SAUDADE, 

CELEBRAMOS A ESPERANÇA

 

Hoje, celebramos o Dia de Finados, uma data marcada pela saudade e pela lembrança dos nossos entes queridos que já partiram. Entre as tantas belezas da natureza humana, talvez uma das mais profundas seja essa capacidade de lembrar, de manter viva a memória daqueles com quem convivemos. E, em nossa língua, temos uma palavra única para expressar essa emoção: saudade. Ela expressa não apenas a ausência física, mas o desejo de reencontro, o carinho que permanece.

A saudade, no entanto, no contexto da nossa fé cristã, vai além da lembrança do passado. Como as leituras de hoje nos mostram, ela também aponta para o futuro. No livro de Jó (19,1.23-27a), encontramos a expressão de uma pessoa que, em meio à dor e ao sofrimento, mantém viva a esperança. Jó clama por um redentor e, em meio à sua tribulação, profetiza a sua confiança na ressurreição: "Eu sei que o meu redentor está vivo e, por fim, se levantará sobre a terra". Essa certeza de Jó ecoa no coração de cada cristão. Sabemos que a morte não é o fim, mas o início de uma transformação, como rezamos na liturgia: "Para os que creem em Cristo, a vida não é tirada, mas transformada."

O Salmo 23 também nos convida a essa esperança, lembrando-nos que somos peregrinos. "Quem subirá ao monte do Senhor?" Só aqueles de mãos limpas e coração puro. Vivemos na expectativa de encontrar a face de Deus, de nos unirmos a Ele em sua glória. E é essa expectativa que nos mantém vigilantes, como nos exorta o Evangelho de Lucas (12,35-40), quando Jesus nos pede para estarmos sempre prontos, de lâmpadas acesas, esperando a chegada do Senhor. Ele virá, e nosso encontro será de vida plena.

Na segunda leitura, São Paulo, escrevendo aos Coríntios (1Cor 15,20-28), nos recorda da centralidade da ressurreição em nossa fé. Jesus Cristo ressuscitou, e por meio dele, todos seremos vivificados. Essa é a nossa esperança e a razão pela qual, hoje, rezamos pelos nossos entes queridos. Não rezamos apenas por saudade, mas com a certeza de que eles já estão inseridos nesse mistério de vida nova, de vida eterna.

Assim, queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos este dia de Finados, lembremo-nos de que a nossa saudade é cheia de esperança. Não é uma saudade de desesperança, mas de confiança em Deus, que nos prepara para a vida eterna. Como diz a oração eucarística: "Para os que creem no Cristo, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeita essa morada terrena, nos é dada uma eterna mansão no céu."

Que esta seja a nossa fé, a fé da Igreja, que nos sustenta hoje e nos faz caminhar em comunhão com nossos queridos falecidos, sempre na esperança de um dia nos reencontrarmos na vida eterna. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 27 DE OUTUBRO DE 2024 - 30º DOMINGO COMUM - ANO B

 

VIVER PARA ALÉM DA DOR E DO SOFRIMENTO

Hoje, a Palavra de Deus nos apresenta uma mensagem clara de esperança e libertação, com base nos textos de Jeremias, Hebreus e Marcos. Deus, em sua infinita bondade, não nos deixa sozinhos no caminho, mas nos conduz pela mão, como um pai que cuida dos seus filhos.

Na primeira leitura, em Jeremias 31,7-9, vemos a promessa de um novo tempo para o povo de Israel. Deus promete trazer de volta aqueles que foram dispersos e perdidos, conduzindo-os pelas águas tranquilas. É uma imagem de redenção, de restauração para os que estavam feridos e marginalizados. Assim como Ele fez com Israel, Deus deseja fazer com cada um de nós. Ele nos chama para sair da escuridão, das nossas angústias e medos, para caminharmos com confiança rumo a uma vida plena.

Essa vida plena é também destacada na carta aos Hebreus (5,1-6), onde o autor fala do sacerdócio de Cristo. Ele não é um sacerdote distante, alheio às nossas fraquezas. Jesus é aquele que, sendo Filho de Deus, assumiu a nossa condição humana, experimentou a dor, o sofrimento e a tentação. Ele se compadece de nós e nos oferece um caminho de libertação. Somos convidados a confiar n'Ele, a nos aproximar do seu trono da graça, sabendo que Ele intercede por nós.

No Evangelho de Marcos 10,46-52, vemos a cura do cego Bartimeu. Ele era um homem que vivia à margem da sociedade, limitado pela sua cegueira. Mas ao ouvir falar de Jesus, gritou com fé: "Filho de Davi, tem piedade de mim!". Mesmo diante das críticas e do desprezo da multidão, Bartimeu insistiu, não perdeu a esperança. E Jesus, sempre atento ao clamor dos pobres e necessitados, parou e o chamou. O gesto de Bartimeu, ao jogar o manto e correr até Jesus, simboliza o desprendimento e a prontidão em aceitar o convite divino. Ele foi curado porque acreditou e se entregou.

Essa cena nos ensina que a nossa vida não tem de ser uma experiência sombria, sem horizontes e sem perspectivas; Deus dispõe-se, a cada passo, a libertar-nos da escuridão e a conduzir-nos em direção a uma vida livre e plenamente realizada. Basta que, da nossa parte, haja disponibilidade para aceitarmos os desafios e indicações de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, o que aprendemos hoje é que Deus sempre está ao nosso lado, nos guiando e nos oferecendo a luz para que possamos ver além da dor e do sofrimento. Que tenhamos a mesma fé de Bartimeu, que soube gritar por ajuda e, com o coração cheio de esperança, seguiu Jesus no caminho. Assim, nossa vida será iluminada e plena em Deus. Amém.

HOMILIA PARA O DIA 20 DE OUTUBRO DE 2024 - 29º DOMINGO COMUM - ANO B

 

TODOS CONVIDADOS PARA SE

APROXIMAR DO TRONO DA GRAÇA

O Evangelho de hoje nos revela uma importante lição sobre o verdadeiro sentido da vida. Tiago e João, dois discípulos de Jesus, aproximam-se d'Ele com um pedido ousado: querem ocupar os lugares de destaque no Reino que acreditam que Jesus irá estabelecer. Eles sonham com posições de honra, de poder, de glória. Contudo, Jesus os faz perceber que o caminho que conduz à realização plena não passa por honrarias ou grandezas.

Jesus nos ensina que o sentido da vida está no dom da entrega. Ele mostra aos seus discípulos que, ao invés de buscar grandeza, eles devem caminhar em direção ao serviço humilde e ao amor ao próximo. No Evangelho, Jesus confronta o desejo de poder de Tiago e João, dizendo: "Quem quiser ser grande entre vós, seja aquele que serve" (Mc 10,43). Com essas palavras, Ele revela que a verdadeira grandeza não se encontra em dominar, mas em servir.

A vida se enche de sentido quando deixamos de lado nossos próprios projetos de poder e aprendemos a nos doar. É na entrega de si, no serviço simples e sincero aos irmãos, que encontramos a plenitude. Jesus é o exemplo maior dessa entrega. Ele veio "não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10,45).

Assim, o convite que o Evangelho nos faz é claro: a grandeza cristã não se mede pelo poder ou pelas honras que acumulamos, mas pelo quanto somos capazes de amar e servir os outros. Quando colocamos nossas vidas à disposição do próximo, encontramos a verdadeira realização e nos tornamos luz no mundo.

Que o exemplo de Cristo inspire nossas atitudes e escolhas. Que saibamos nos desprender dos sonhos de grandeza e, no serviço aos irmãos, encontremos a verdadeira alegria e o sentido pleno de nossa existência.

 

Amém.

HOMILIA PARA O DIA 13 DE OUTUBRO DE 2024 - 28º DOMINGO COMUM - ANO B

 

SACIAI-NOS COM VOSSO AMOR E

EXULTAREMOS DE ALEGRIA.

As leituras deste domingo nos oferecem uma profunda reflexão sobre o valor das escolhas que fazemos na vida, especialmente em nossa busca por Deus e pela verdadeira sabedoria. Elas nos convidam a olhar para o que realmente tem valor, o que nos aproxima de Deus e nos leva à vida eterna.

A primeira leitura, do Livro da Sabedoria, nos mostra que a verdadeira sabedoria não vem das riquezas ou dos prazeres materiais, mas de Deus. O autor sagrado diz que preferiu a sabedoria a cetros e tronos, e que considerou as riquezas como nada em comparação a ela. Essa sabedoria, que é um dom divino, é a luz que ilumina nossos passos e nos orienta no caminho certo. Pedir a sabedoria de Deus é desejar conhecer Sua vontade para nossas vidas, é abrir mão das falsas seguranças do mundo e buscar o que realmente tem valor eterno.

A segunda leitura, da Carta aos Hebreus, nos lembra do poder da Palavra de Deus, que é viva e eficaz, capaz de penetrar até o mais profundo do nosso ser. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. Nada fica escondido diante de Deus. Ele conhece nossas fraquezas e nossas falhas, mas também vê nosso desejo sincero de buscar a verdade e de viver de acordo com Sua vontade. A Palavra de Deus não apenas nos corrige, mas nos transforma, moldando-nos para sermos discípulos fiéis de Cristo.

No Evangelho de Marcos, ouvimos o encontro de Jesus com o jovem rico, que se aproxima de Jesus buscando a vida eterna. Ele faz uma pergunta essencial: “Bom Mestre, o que devo fazer para ganhar a vida eterna?” Jesus responde, convidando-o a seguir os mandamentos, mas também vai além, propondo-lhe algo mais radical: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.” No entanto, o jovem vai embora triste, pois era muito rico e apegado a seus bens.

Este encontro nos faz pensar sobre as coisas às quais estamos apegados. Muitas vezes, buscamos segurança e felicidade nas posses, no sucesso ou no reconhecimento dos outros. No entanto, Jesus nos chama a libertar o coração de tudo aquilo que nos impede de segui-lo plenamente. Ele nos convida a colocar nossas riquezas a serviço do Reino de Deus, a olhar para os outros com generosidade, especialmente para os pobres e necessitados. Assim, seremos livres para caminhar com Ele.

Seguir Jesus não é fácil. Ele mesmo diz que é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus, mas nos lembra também que para Deus nada é impossível. A salvação não depende dos nossos méritos, mas da graça de Deus. E essa graça nos fortalece para viver o desprendimento, a generosidade e a confiança plena no amor de Deus.

Neste domingo, somos convidados a refletir sobre o que tem ocupado o lugar central em nossas vidas. Estamos dispostos a renunciar ao que nos prende, ao que nos impede de seguir Jesus mais de perto? Que a Palavra de Deus nos ilumine e nos ajude a escolher o caminho da sabedoria, da generosidade e da vida eterna. Que assim como o autor da Sabedoria, possamos preferir a sabedoria e a vontade de Deus a todas as riquezas do mundo.

HOMILIA PRA O DIA DE NOSSA SENHORA APARECIDA - 12 DE OUTUBRO DE 2024- ANO B

 

SALVE MÃE APARECIDA!

 

Hoje, celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Na liturgia, somos convidados a refletir sobre a sensibilidade e a força que permeiam a figura feminina, presente em diversos momentos da história da salvação. Temos os exemplos inspiradores de Ester, que com coragem e sabedoria intercedeu pelo seu povo; da mulher do Apocalipse, que luta contra o mal e protege seus filhos; e, é claro, da Bem-aventurada Virgem Maria, cujo coração maternal sempre está atento às necessidades de seus filhos.

Maria, nossa Mãe, tem um papel fundamental na família e na comunidade. Assim como uma mãe sabe o que é melhor para seus filhos, Maria, com seu olhar perspicaz e sensível, percebe o que nos falta. No Evangelho das Bodas de Caná, ela não hesitou em interceder por aqueles que estavam em apuros, dizendo: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2,5). Ela nos aponta sempre para Jesus, o verdadeiro Mestre, e nos ensina a confiar plenamente em sua palavra e em sua vontade.

Nós, católicos brasileiros, temos um carinho muito especial por Maria sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Ela é um sinal de amor e cuidado para conosco. Quando os pescadores encontraram a imagem de Aparecida nas águas do Rio Paraíba, não imaginavam o quão significativa ela se tornaria para o povo brasileiro. Aquela imagem negra e singela, resgatada das águas, tornou-se símbolo de fé, esperança e unidade para o Brasil.

Assim como nas Bodas de Caná, Maria continua intercedendo por nós, pedindo a Jesus que nunca nos falte o vinho da alegria e da dignidade. Ela olha com compaixão para as nossas necessidades e se preocupa com o nosso sofrimento, nossas lutas diárias. Em tempos difíceis, quando a esperança parece minguar, Nossa Senhora Aparecida nos chama a renovar nossa fé e a seguir Jesus, fazendo tudo o que Ele nos disser.

Neste dia dedicado a Ela, somos convidados a confiar, como filhos e filhas, na sua intercessão materna. Que Nossa Senhora Aparecida, com seu coração repleto de amor, continue a nos guiar, protegendo nosso país e trazendo a cada um de nós o vinho novo da alegria, da paz e da dignidade.

Amém.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

HOMILIA PARA O DIA 06 DE OUTUBRO DE 2024 - 27º DOMINGO COMUM - ANO B

 

FILHOS DO MESMO PAI!

Independente das narrativas e das crenças em relação a origem da vida humana, mesmo aqueles que não creem admitem que todos temos uma origem comum. Nós cristãos acreditamos que nossa origem em comum está nas mãos de Deus, criador e fonte de toda vida. As três leituras deste domingo nos apresentam mais do que ensinamentos sobre a origem da criatura humana sobre o relacionamento e o respeito que lhe são devidos.

A razão fundamental do existir humano reside na construção da felicidade e do respeito mútuo entre as criaturas e para que isso aconteça é indispensável a comunhão plena de vida. Este relato aparece primeiro no texto do livro do Gênesis: Deus colocou homem e a mulher para serem auxílio um para o outro, par se completarem e para buscar a realização não apenas individualmente, mas somando forças. E isso só acontece na medida em que ambos são capazes de amar sem medida! Em resumo, a primeira leitura deixa claro que a pessoa foi criada para construir relação de amizade e sinodalidade. Isto significa, caminhar juntos e construir juntos sua vida e sua história.

Porém, a medida que as pessoas deixaram de compreender a dimensão do amor e cooperação necessária para a construção de uma comunidade capaz de partilhar e ser solidária foi necessário estabelecer, regras, leis, normas, prescrições e assim por diante.

No Evangelho mais uma vez os fariseus aparecem num diálogo com Jesus, não porque lhes interessa esclarecer a lei de Moisés, como sempre, a intenção deles é colocar Jesus a prova. E de novo Jesus lhes deixa sem resposta. Em lugar de fazer longo discurso sobre a lei, Jesus afirma a intenção primeira do criador: No princípio não era assim! As regras e normas são resultado da incapacidade de compreender o projeto de Deus para a humanidade. Na visão do criador o amor não tem um prazo, pelo contrário, traz em si marca da eternidade!

Não é difícil compreender porque na sociedade contemporânea experimentamos tantos sofrimentos e tristeza. A relação entre as pessoas está banalizada. O casamento é apenas um gesto pró-forma em lugar de se fundamentar no respeito de um pelo outro se sustenta nas regras e imposições da sociedade.

Jesus conclui a orientação sobre o respeito entre as pessoas acolhendo e abraçando uma criança e convidando todos a se comportar como tal, ou seja, com a inocência das crianças e o respeito pela fragilidade alheia.

A carta aos Hebreus reafirma a intenção de Deus que se resume em amar sem medida a tal ponto que enviou seu próprio filho para fazer o bem a todos. O Filho de Deus se fez solidário e companheiro aceitando morrer na cruz para deixar claro que o amor implica em doar a vida até as últimas consequências.

Que a Palavra de Deus, a Eucaristia e a oração nos ensinem a escolher o jeito de ser de Jesus e não o jeito de Adão. Que com Jesus aprendamos o caminho da comunhão e da sinodalidade.