EU
CREIO NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
Amados irmãos e irmãs, ouvimos com
o coração aberto a voz de Deus que nos chega pela vida de Jó. No meio da dor,
quando tudo parecia perdido, ele declarou: “Eu sei que o meu Redentor vive.”
Essa palavra é luz para quem atravessa a noite do sofrimento. Jó não negou a
tristeza, não fingiu que não doía; mas segurou-se na certeza de que Deus é
maior que qualquer tempestade. Assim também nós: quando o cansaço aperta,
quando faltam respostas, quando a injustiça parece vencer, recordamos que o
Senhor não nos abandona. Ele é fiel. A fé de Jó não foi um sentimento
passageiro, mas uma decisão de confiar, passo a passo, mesmo sem entender. Que
essa confiança nos visite hoje e nos sustente no caminho.
O Evangelho nos chama à vigilância: “Estejam com os cintos nas
cinturas e acesas as suas lâmpadas.” A vinda do Senhor é como um dono de casa que pode chegar a
qualquer hora, da noite ou da madrugada. Estar preparado não é viver com medo;
é viver com amor vigilante. É manter a lâmpada da fé alimentada com o óleo da
oração, da caridade, do perdão e da esperança. Quem ama, espera acordado; quem
crê, cuida dos pequenos detalhes de cada dia como quem prepara a casa para um
querido hóspede. O Senhor virá. Não sabemos quando, mas sabemos que virá. Feliz
o servo que Ele encontrar de pé, com as mãos ocupadas no bem e o coração
caloroso pela confiança.
A fé de Jó nos ensina que Deus é nosso Redentor, Aquele que
defende nossa causa quando ninguém mais nos escuta. Essa fé não é teoria
difícil: é pão para a mesa do simples, água para o sedento de sentido. É dizer,
pela manhã: “Senhor, nas Tuas mãos coloco meu dia.” E, à noite: “Obrigado,
porque estiveste comigo.” É pedir perdão quando falhamos e estender a mão
quando alguém tropeça. É acender uma vela no escuro do mundo com um gesto de
espera. Quando cuidamos de quem sofre, quando partilhamos o pouco que temos,
quando rezamos pelos que nos perseguem, nossa lâmpada permanece acesa. E, se o
Senhor vier nesse instante, nos encontraremos vigiando com o coração em paz.
Vigiar é também cuidar das palavras e dos pensamentos. É não
deixar que a murmuração apague a chama da esperança, que a mágoa roube a
alegria, que a pressa nos distraia do essencial. O servo vigilante sabe que
cada encontro é uma visita de Deus e cada tarefa, um altar. Nas pequenas
fidelidades de cada dia, o Senhor se revela: na paciência com a família, no
trabalho honesto, na escuta atenta, no silêncio que ora. Se cairmos,
levantemos; se desanimarmos, voltemos ao Senhor. Ele não se cansa de nós. A
visão cristã é humilde: aprenda, recomeça, peça ajuda. E, assim, a fé de Jó
floresce em nossos passos, sem barulho, mas com firmeza.
Por isso, irmãos e irmãs,
conservamos as lâmpadas da fé e da esperança acesas. Como Jó, proclamamos:
nosso Redentor vive e, no fim, Ele se levantará em nosso favor. Vivamos como
quem espera o Amado que pode chegar a qualquer momento. Que nossas casas sejam
lugares de oração, nossas mãos, instrumentos de paz, e nossos olhos, atentos
aos sinais do Reino. Quando o Senhor vier — e Ele virá —, que nos encontre
preparados, não por medo do castigo, mas por desejo de comunhão. Que Ele nos
encontre perdoando, alegrando, confiando. E que a vitória do Deus vivo
fortaleça os cansados, console os aflitos e confirme em todos nós a fé que
atravessa a noite e amanhece em luz. Amém.