terça-feira, 21 de outubro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 02 DE NOVEMBRO - DIA DE FINADOS

 

EU CREIO NA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

Amados irmãos e irmãs, ouvimos com o coração aberto a voz de Deus que nos chega pela vida de Jó. No meio da dor, quando tudo parecia perdido, ele declarou: “Eu sei que o meu Redentor vive.” Essa palavra é luz para quem atravessa a noite do sofrimento. Jó não negou a tristeza, não fingiu que não doía; mas segurou-se na certeza de que Deus é maior que qualquer tempestade. Assim também nós: quando o cansaço aperta, quando faltam respostas, quando a injustiça parece vencer, recordamos que o Senhor não nos abandona. Ele é fiel. A fé de Jó não foi um sentimento passageiro, mas uma decisão de confiar, passo a passo, mesmo sem entender. Que essa confiança nos visite hoje e nos sustente no caminho.

O Evangelho nos chama à vigilância: “Estejam com os cintos nas cinturas e acesas as suas lâmpadas.” A vinda do Senhor é  como um dono de casa que pode chegar a qualquer hora, da noite ou da madrugada. Estar preparado não é viver com medo; é viver com amor vigilante. É manter a lâmpada da fé alimentada com o óleo da oração, da caridade, do perdão e da esperança. Quem ama, espera acordado; quem crê, cuida dos pequenos detalhes de cada dia como quem prepara a casa para um querido hóspede. O Senhor virá. Não sabemos quando, mas sabemos que virá. Feliz o servo que Ele encontrar de pé, com as mãos ocupadas no bem e o coração caloroso pela confiança.

A fé de Jó nos ensina que Deus é nosso Redentor, Aquele que defende nossa causa quando ninguém mais nos escuta. Essa fé não é teoria difícil: é pão para a mesa do simples, água para o sedento de sentido. É dizer, pela manhã: “Senhor, nas Tuas mãos coloco meu dia.” E, à noite: “Obrigado, porque estiveste comigo.” É pedir perdão quando falhamos e estender a mão quando alguém tropeça. É acender uma vela no escuro do mundo com um gesto de espera. Quando cuidamos de quem sofre, quando partilhamos o pouco que temos, quando rezamos pelos que nos perseguem, nossa lâmpada permanece acesa. E, se o Senhor vier nesse instante, nos encontraremos vigiando com o coração em paz.

Vigiar é também cuidar das palavras e dos pensamentos. É não deixar que a murmuração apague a chama da esperança, que a mágoa roube a alegria, que a pressa nos distraia do essencial. O servo vigilante sabe que cada encontro é uma visita de Deus e cada tarefa, um altar. Nas pequenas fidelidades de cada dia, o Senhor se revela: na paciência com a família, no trabalho honesto, na escuta atenta, no silêncio que ora. Se cairmos, levantemos; se desanimarmos, voltemos ao Senhor. Ele não se cansa de nós. A visão cristã é humilde: aprenda, recomeça, peça ajuda. E, assim, a fé de Jó floresce em nossos passos, sem barulho, mas com firmeza.

Por isso, irmãos e irmãs, conservamos as lâmpadas da fé e da esperança acesas. Como Jó, proclamamos: nosso Redentor vive e, no fim, Ele se levantará em nosso favor. Vivamos como quem espera o Amado que pode chegar a qualquer momento. Que nossas casas sejam lugares de oração, nossas mãos, instrumentos de paz, e nossos olhos, atentos aos sinais do Reino. Quando o Senhor vier — e Ele virá —, que nos encontre preparados, não por medo do castigo, mas por desejo de comunhão. Que Ele nos encontre perdoando, alegrando, confiando. E que a vitória do Deus vivo fortaleça os cansados, console os aflitos e confirme em todos nós a fé que atravessa a noite e amanhece em luz. Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 01 DE NOVEMBRO 2025 - SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

 

SANTIDADE AO PÉ DA PORTA

Sob a luz do Cordeiro que vive e reina, elevamos nossos olhos ao horizonte da esperança, onde um anjo se levanta do nascente trazendo o selo de Deus vivo, e a terra inteira suspira diante do mistério. Vemos, com o olhar purificado pela fé, aquela multidão imensa que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, vestida de branco e com palmas nas mãos. Eles não são estranhos a nós: são irmãos e irmãs que atravessaram as tribulações da vida, lavando suas vestes no sangue do Cordeiro. A santidade não é distante nem rara: é a herança prometida, o selo gravado na frente dos que pertencem a Deus. Hoje somos chamados a considerar que a vocação à santidade é dom e caminho, graça e resposta, início e destino para todos.

E, quando o Senhor se senta no monte e abre a boca, sua voz corre como brisa mansa e como fogo que purifica. “Bem-aventurados” — proclama —, e cada bem-aventurança é um degrau para o céu e um sulco de misericórdia sobre a terra. Felizes os pobres em espírito: neles Deus faz morada. Felizes os mansos: neles a terra encontra descanso. Felizes os que choram: neles a consolação desce como orvalho. Felizes os que têm fome e sede de justiça: neles a promessa já começa a frutificar. Felizes os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos por causa da justiça: neles o Reino se mostra vivo. As bem-aventuranças são o retrato do Santo por excelência, e o espelho onde cada discípulo aprende a forma do amor.

Por isso, não vamos imaginar que a santidade é privilégio de Poucos, nem a escondamos em pedestais inalcançáveis. A santidade é “Santidade ao pé da porta”, como nos recorda o Papa Francisco: é a luz que acendemos na cozinha ao amanhecer, é o perdão sussurrado no corredor de casa, é a paciência no trânsito, o gesto silencioso de quem partilha o pão, a mão estendida  a quem ficou para trás. É a mãe que consola, o pai que persevera, o jovem que escolhe a verdade, o idoso que oferece sua dor como incenso que sobe. É a fidelidade no pequeno, a retidão no escondido, a alegria humilde que não faz alarde. Assim florescem santos sem trombetas, vencendo o mal com o bem, regando o mundo com pequenos riachos de misericórdia que, juntos, se tornam um grande rio de graça.

Ergamos, então, o coração: diante do trono e do Cordeiro, unidos aos anciãos e aos seres vivos, proclamamos: “A salvação pertence ao nosso Deus!” Se nos sentimos fracos, ele é forte; se nos conhecemos pecadores, ele é o Justo que nos justifica; se nos vemos pequenos, ele nos toma pela mão. A tribulação não será a última palavra, pois o Pastor nos conduzirá às fontes da água viva e enxugará toda lágrima de nossos olhos. Na liturgia da vida, cada dia é altar, cada encontro é oferta, cada cruz é caminho de Páscoa. E, marcados com o selo do Deus vivo, aprendendo a permanência de pé, firmes na esperança, até que a veste branca da graça se torne também a túnica das obras.

Assim, caminhamos sob as bem-aventuranças como sob um céu estrelado, e fazemos do cotidiano um santuário. Que o Espírito nos ensine a arte da “Santidade ao pé da porta”: olhos que veem Cristo no pobre, lábios que bendizem em meio à prova, mãos que constroem a paz, pés que correm ao encontro do irmão. Então, quando uma assembleia se reúne, refletimos no brilho que interage um reflexo da nossa história, tecida de quedas e recomeços, de silêncio e louvor. E ouvimos, enfim, a voz do Cordeiro: “Vinde, benditos de meu Pai.” Até lá, permanecemos no Bem-aventurados do Evangelho, para que, em nós e por nós, a santidade se faça humilde, próxima e fecunda — uma santidade para todos, ao alcance de cada porta.

HOMILIA PARA O DIA 26 DE OUTUBRO DE 2025 -

 

UM DEUS QUE VÊ O CORAÇÃO

Amados irmãos e irmãs, reunidos na escuta da Palavra, bendigamos ao Senhor em todo tempo, porque Sua espera resplandece sobre os humildes. “Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca” (Sl 33/34). Hoje, o Espírito nos convida a contemplar a justiça de Deus, que vê o coração, ergue os abatidos e não se cansa de socorrer os que O invocam com verdade.

O apóstolo Paulo, ao dizer “combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4), nos ensina que a coroa da justiça não é prêmio da vaidade, mas dom da fidelidade. É o Senhor quem nos fortalece quando faltam aliados e quando a solidão aperta. Ele esteve com Paulo e o libertou “da boca do leão”. Assim também hoje: onde a exclusão corrói a dignidade e o desprezo fecha portas, o Senhor permanece fiel e nos chama a perseverar na caridade.

No Evangelho, Jesus opõe o fariseu confiante em seus méritos ao publicano que bate no peito e suplica: “Ó Deus, tem piedade de mim, pecador!” (Lc 18). Não é a aparência do culto, mas a verdade do coração que sobe agradável a Deus. Quem se exalta será humilhado; quem se humilha será exaltado. Esta é a chave para discernirmos nossos caminhos diante da chaga da exclusão social: a oração que agrada a Deus é inseparável da justiça que se inclina para o irmão.

O Senhor escuta o clamor do pobre e está perto do coração ferido (Sl 33/34). Se queremos que nosso louvor seja sincero, não podemos fechar os ouvidos ao grito dos descartados, aos corpos invisíveis nas ruas, aos que não têm mesa posta nem palavra ouvida. Uma liturgia que celebramos perde brilho quando a mesa da cidade permanece vazia de equidade. Adorar o Cordeiro é fazer-se próximo de quem não tem mais quem o defende.

A conversão que o Evangelho pede não é apenas mudança de ideias, mas de postura: descer do pedestal, deixar o design das próprias glórias, aprender o caminho da compaixão. O fariseu que habita em nós mede pessoas por performances e esquece que acima de tudo em cada pessoa habita a graça que é dada de  graça. Só quem se sabe devedor da misericórdia pode tornar-se misericordioso, abrindo espaços de inclusão, repartindo pão, voz e oportunidades.

Irmãos e irmãs, combatemos o bom combate onde a exclusão se alimenta: nas estruturas que discriminam, nos preconceitos que se escondem em discursos polidos, na indiferença que normaliza o sofrimento. “O Senhor liberta os justos de todas as angústias” (Sl 33/34): Ele nos envia a ser instrumentos dessa libertação, promovendo políticas de cuidado, práticas comunitárias de acolhida e gestos cotidianos que restituam nome, história e lugar àqueles que muitas vezes não são vistos.

Quando nos faltarem forças, lembremos: “O Senhor esteve a meu lado e me deu forças” (2Tm 4). Na Eucaristia encontramos o alimento para não desistir; no perdão, uma chance de recomeçar; na Palavra, a luz para discernir. Que nossas comunidades sejam casas abertas, onde a oração do público encontre eco e onde cada pessoa, sobretudo a ferida, seja recebida como presença do próprio Cristo.

Que Maria, humilde serva, nos conduza à verdadeira exultação: não a dos que se vangloriam, mas a dos que se autorizam amados e enviados. Que, saindo deste altar, possamos bendizer o Senhor com a vida e ser boa notícia aos pobres. “Quem espera no Senhor não será confundido” (cf. Sl 33/34). A Ele a glória pelos séculos. Amém.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 19 DE OUTUBRO DE 2025 -

 

MISSIONÁRIOS DA ESPERANÇA NO CHÃO DA VIDA

Irmãos e irmãs, no coração do mês missionário, a Igreja nos convoca a reavivar o dom da fé, iluminados pela exortação apostólica de Paulo a Timóteo e pela parábola do Senhor sobre a perseverança na oração. “Permanece firme naquilo que aprendeste”, diz o Apóstolo, para que nossas comunidades, enraizadas na Sagrada Escritura, encontrem no sopro do Espírito a coragem de testemunhar. A Palavra de Deus, inspirada é útil para ensinar, corrigir e educar na justiça, sustentar os pés dos enviados e aquecer o ânimo dos que, no trabalho cotidiano, semeiam o Evangelho. Assim, celebrando o Dia Mundial das Missões, suplicamos que a graça nos faça vigilantemente atentos aos sinais de Deus na história e obedientes ao mandato do Senhor.

“Proclama a Palavra,” ressoa a voz apostólica, “insista oportuna ou importunamente, argumente, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina.” Este é o estilo do discípulo-missionário: não ceder ao cansaço, nem ao cálculo das conveniências, mas deixar-se conduzir pelo tempo de Deus, que é tempo de misericórdia e conversão. Na praça e na casa, nos púlpitos e nas periferias, nas rádios, redes e praças digitais, a Igreja se levanta como sentinela da aurora, oferecendo a todos o pão da Palavra e a consolação dos sacramentos. Onde houver desânimo, que o anúncio reacenda a alegria; onde há confusão, que a doutrina ilumine com caridade; onde houve feridas, que a correção fraterna restaure a verdade que liberta.

A parábola da viúva insistente nos registra que a oração é a respiração da Igreja. Jesus nos diz para “rezar sempre, sem desanimar”. A perseverança da viúva é a lente pela qual contemplamos a fidelidade de Deus e a nossa resposta. Quando a súplica parece não ter eco, é justamente aí que a fé amadureceu, porque a espera nos purifica e nos torna mais semelhantes ao coração de Cristo.

O Senhor, Evangelho, nos fala da viúva que suplica sem cessar, imagem viva da Igreja que ora e trabalha, que clama justiça e não desiste dos pequenos. Nesta perseverança se revela a força da missão: nada interrompe o fluxo da intercessão, nada cala o clamor dos que esperam a salvação. Orar sem desfalecer é a seiva que mantém verde o testemunho; é no segredo  e no diálogo com Deus que a missão encontra a mansidão de “aconselhar com paciência” e a capacidade de “argumentar e repreender” quando a verdade é obscura. Assim, a oração sustenta os passos, unge as palavras e fecunda as obras, para que a semente do Reino germine até em terrenos áridos.

Contudo, o Senhor nos interpela: “Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Esta pergunta, gravada como fogo no coração da Igreja, torna-se exame de consciência para cada batizado. Que fé encontrará Ele em nossas famílias, paróquias e comunidades? Encontrará um povo que guarda a Escritura no coração, que celebra com fervor, que serve com generosidade e que não se envergonha do Evangelho? No Dia Mundial das Missões, renovemos o sim sem reservas: sim que se faz caridade, sim que se faz anúncio, sim que se torna esperança para aqueles que vagam na noite. Que nossa resposta seja um coração disponível, uma boca que proclama, mãos que levantam os caídos e pés que correm ao encontro dos que ainda não ouviram a Boa-Nova.

Portanto, amados, à mesa da Palavra e do Altar, recebemos o envio: ide, semeai, consolai, edificai. “Proclama a palavra, insiste oportuna ou importunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina.” Que o Espírito nos dê audácia humilde, línguas de fogo e olhos de compaixão. Que Maria, Estrela da Evangelização, nos conduza com ternura, e que São Paulo e São Timóteo nos inspirem zelo e fidelidade. E, enquanto caminhamos entre consolações e lutas, guardamos viva a chama da súplica perseverante, para que, quando o Filho do homem vier, encontremos entre nós fé ardente, operosa e missionária, para a glória de Deus Pai.

Rezemos, portanto, para que nossa comunidade seja escola de oração perseverante e escritório de comunhão. Que nossos encontros de fé — a Eucaristia, a liturgia das horas, os grupos de oração — nos tornem mais atentos ao clamor do mundo. Rezando juntos, aprendendo a esperar juntos; esperar juntos, aprender a servir; particularmente, tornamo-nos testemunhas da esperança que não decepciona.

Que a Virgem Maria, mulher da escuta e da perseverança, nos ajude a rezar sem cessar, a caminhar em comunhão e a servir com generosidade. E que, alimentados nesta mesa da Palavra e do Pão, saiamos como Igreja missionária: uma só voz que intercede, um só coração que ama, um só povo que testemunha a justiça e a misericórdia do nosso Deus. Amém.

 

 

sábado, 13 de setembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 12 DE OUTUBRO - NOSSA SENHORA APARECIDA

 

APARECIDA MISSIONÁRIA DA ESPERANÇA

A primeira leitura começa com a narrativa de um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, coroada de doze estrelas. No coração da Igreja peregrina, essa Mulher é Maria, Missionária da Esperança, que avança entre dores e promessas, guardando em seu seio a Palavra feita carne. Como no Apocalipse, ela permanece de pé diante do dragão dos sofrimentos humanos, não para combater com armas de ferro, mas com a luz mansa da fé que sustenta os que vacilam.

O Menino que ela traz ao mundo é o Senhor da vida, o Cordeiro que vence. Ao gerar Cristo, Maria gera também caminhos de vocação: cada chamado nasce do encontro com Ele. A esperança de que ela comunica não seja fuga, mas envio; não é ilusão, mas certeza de que Deus caminha na história. Por isso, quem se aproxima de Maria reencontra a coragem de dizer “sim” mesmo quando o deserto parece estéril.

Em Caná da Galileia, quando o vinho falta e os corações se envergonham, Maria percebe a necessidade antes de qualquer pedido. Ela se torna intercessora: aproxima a sede humana da fonte divina e, com discreta firmeza, indica o único caminho — “Façam tudo o que Ele lhes disser.” Ali, a vocação dos serventes floresce no simples ato de encher talhas; a aprovação cotidiana se transforma em milagre.

A Missionária da Esperança educa o olhar para ver oportunidades de serviço no ordinário. Em Caná, a água comum é oferecida com confiança, e Deus faz vinho novo. Assim também nas vocações: dons simples, vidas comuns, talentos escondidos — nas mãos de Cristo, por intercessão de Maria, tornam-se sinais abundante para o povo. A esperança vocacional começa quando confiamos o pouco que temos.

Diante do dragão que tenta devorar o que nasce de Deus — dúvidas, medos, tentativas de desistir — Maria guarda e protege. Sua presença materna abre caminhos na terra sedenta, como a terra que ajuda a Mulher no Apocalipse. Ela acolhe os que discernem, sustenta os que hesitam, consola os que sofrem. Com ela, cada chamado aprende a atravessar a prova sem perder a promessa.

Maria interceda para que  nunca falte para a Igreja, para as famílias e para a sociedade o seu vinho: sacerdotes segundo o coração de Cristo, consagrados e consagrados de coração indiviso, leigos e leigas missionários no mundo, famílias que geram vida e fé. Ela pede por corações atentos e por comunidades que reconheçam e cultivem vocações. Seu “faça-se” continua ecoando como semente de futuros “eis-me aqui”.

Por isso, voltamos a ela com confiança: Mulher do sinal e da escuta, ensina-nos a fazer o que Jesus disser. Conduz nossos passos para que a luz da esperança não se apague e a alegria do Evangelho transborde como o vinho novo. Intercede pelas vocações de nossa Igreja: que cada batizado descubra seu lugar, sirva com amor e persevere na missão, até que, com você, cantemos eternamente as maravilhas de Deus.

 

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 05 DE OUTUBRO DE 2025

 

DEIXEMOS QUE O DOM DE DEUS CRESÇA EM NÓS

Amados irmãos e irmãs, a Palavra de Deus hoje nos convoca a reavivar o dom que recebemos. São Paulo exorta Timóteo: “Reaviva o dom de Deus que está em você… Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de fortaleza, amor e sabedoria” (2Tm 1,6-8). Muitas vezes o desânimo tenta se instalar em nossos corações, diminuindo  a chama da fé e esfriando o ardor da caridade. A liturgia nos recorda: não caminhamos movidos pelo medo, mas sustentados pela graça que recebemos no Batismo e confirmados pela unção do Espírito Santo.

No Evangelho, os apóstolos suplicam: “Aumenta-nos a fé!” (Lc 17,5). É a oração dos que confirmam a própria fragilidade e, ao mesmo tempo, querem confiar mais. Jesus responde com a imagem do grão de mostarda, lembrando que a fé, ainda que pequena, quando genuína e obediente, realiza o impossível. Não se trata de grandezas humanas, mas da potência de Deus que envelhece em quem se abandona a Ele. Em tempos de cansaço, peçamos a graça de crer mais do que sentimos, de esperar mais do que vemos.

São Paulo ainda aconselha: “Mantém o modelo das sãs palavras… guarda o bom depósito, com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1,13-14). O “bom depósito” é a fé da Igreja, tesouro que não inventamos nem nos adaptamos ao sabor do vento, mas que recebemos e transmitimos. Quando a fadiga ameaça, voltamos ao essencial: a Palavra, os sacramentos, a oração fiel de cada dia. É aí que o Espírito nos fortalece, reacendendo em nós a coragem de testemunhar sem medo o Evangelho.

Jesus também nos educa para a humildade do serviço: “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Não é auto depreciação, mas pureza de intenção: servir sem buscar méritos, amar sem contabilizar resultados, obedecer sem negociar. O desânimo muitas vezes nasce da expectativa de aplausos ou de frutos imediatos. O Senhor nos ensina a alegria do dever cumprido na presença do Pai, onde a fidelidade vale mais que a visibilidade, e a perseverança pesa mais que o sucesso.

Irmãos e irmãs, reavivemos o dom, peçamos fé e sirvamos  com humildade nos encontremos como irmãos na Eucaristia que celebramos. Aqui, Cristo nos dá o Espírito de fortaleza; aqui, nossa fé é alimentada com a Palavra e com o Corpo do Senhor; aqui, aprendemos a lógica do serviço: “Isto é o meu corpo, entregue por vocês.” Ao comungarmos, levemos para uma semana a decisão concreta de um passo a mais: retomar a oração, reconciliar-se, perseverar numa missão, visitar quem sofre, recomeçar o que foi deixado para trás.

Supliquemos, então: Senhor, aumenta-nos a fé! Reacende em nós o dom do teu Espírito. Livra-nos do medo paralisante e do desânimo que divide o coração. Ensina-nos a guardar o bom depósito com amor e coragem, e a servir sem buscar recompensas. Que Maria, mulher fiel, nos acompanhe no caminho, para que, firmes na esperança, façamos apenas e tudo aquilo que devemos fazer, para sua glória e para a salvação dos irmãos. Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 28 DE SETEMBRO DE 2025

 

PEREGRINAR NA PARTILHA E NA COMUNHÃO

Irmãos e irmãs, bendito seja o Senhor que faz justiça aos oprimidos, dá pão aos famintos, abre os olhos aos cegos e sustenta quem vacila. O Deus do Salmo nos visita no terreiro da vida, no fogão a lenha das casas simples, e ali derrama misericórdia. Ele não esquece o pobre, não abandona a viúva, não deixa órfão sem colo. Seu reino não é distante: começa onde a mão se estende e o coração se reparte.

Recordemos, o chamado do Evangelho: havia um homem vestido de luxo e, à sua porta, um Lázaro ferido, esperando migalhas. A Palavra nos atravessa como arado em terra dura: de que vale a fartura que não vira mesa partilhada? De que vale o portão fechado quando o irmão jaz do lado de fora? O Senhor nos alerta para que não fechemos o ouvido nem neguemos afeto; hoje é o tempo favorável, hoje é o dia da conversão.

Como Igreja peregrina, sejamos sinodais: caminhemos juntos, povo e pastores, jovens e idosos, homens e mulheres, ouvindo o Espírito que fala no clamor dos pequenos. Sinodalidade é roda de conversa mediado pelo chimarrão, é conselho que acolhe a voz de quem quase nunca fala, é decisão tomada em oração e em mutirão. Onde todos têm lugar, o Corpo de Cristo floresce; onde cada dom é acolhido, o Evangelho cria raízes.

Peregrina de esperança, nossa Igreja aprende a esperar trabalhando: plantando sementes e justiça, colhendo frutos e reconciliação. A esperança se faz na panela partilhada, na visita ao enfermo, na carona ao vizinho, na catequese que escuta, no grupo que reza e ilumina. O Deus que levanta os caídos nos envia às encruzilhadas do cotidiano, para acender lamparinas em noites de desânimo e para cantar salmos quando o chão parece faltar.

Não deixemos que a tragédia do rico do Evangelho vire nosso espelho; que a nossa casa tenha porta aberta, cadeira a mais, prato que se multiplica. Que a comunidade seja hospital de porta aberta, onde a dor encontra cuidado e o pecado encontra perdão. Que a Eucaristia celebrada no altar continue na partilha do quintal, e que o “ide em paz” no final da missa seja ponte entre o céu e a estrada de terra.

Louvado seja o Senhor para sempre: Ele reina de geração em geração. Conceda-nos, Pai de espera, ser uma Igreja sinodal e peregrina, que escuta, discerne e serve. Que Maria, mulher da estrada, nos acompanhe; que São José, homem do trabalho, nos inspira; e que, sustentados pelo Espírito, reconheçamos em cada Lázaro o próprio Cristo. Amém.

 

HOMILIA PARA O DIA 21 DE SETEMBRO DE 2025

NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES

O profeta ergue a voz contra balanças desonestas e artimanhas que esmagam os pequenos. A Palavra denuncia a tentativa de transformar tudo em mercadorias, até o tempo sagrado e a dignidade humana. Diante disso, nosso coração está convidado a um exame: onde estão nossas medidas, nossas prioridades, nossos afetos? Peregrinos de esperança, não acumulamos injustiça no alforje; carregamos a justiça como bússola e a misericórdia como provisão diária.

No Evangelho, um administrador astuto desperta a pergunta sobre a verdadeira riqueza. Jesus não louva a fraude, mas a esperança de quem percebe o tempo oportuno e age com decisão. Se somos fiéis no pouco, aprendendo a administrar o muito que Deus nos confia: relações, dons, criação, comunidades. Em sinodalidade, discernimos juntos o que fazer com os bens do Reino, para que nenhum irmão fique à margem do caminho.

Entre denúncia e discernimento, nasce uma conversão concreta: reorientar o uso do poder, do dinheiro e da influência para o serviço. A esperança do Reino é uma caridade criativa, capaz de abrir portas, reduzir dívidas impagáveis, curar feridas antigas. Caminhar assim é escolher o Senhor e não as riquezas; é transformar recursos em pontes e não em muros. A esperança se torna visível quando a justiça se torna prática cotidiana.

Ser peregrinos de esperança é aceitar que o caminho se faz com outros, no passo do mais frágil. Sinodalidade não é estratégia, é estilo: escutar, dialogar, reconciliar, repartir. Quando o povo de Deus caminha junto, a astúcia do Evangelho se torna sabedoria comunitária, a profecia de Amós ganha carne nas decisões comuns que protegem os pequenos e honram o tempo de Deus.

Ao final, fica a escolha: a quem serviremos no trajeto? Se deixamos que a Palavra afine nossas balanças e que o Espírito conduza nossos passos, a estrada se ilumina. Como comunidade em marcha, administramos com fidelidade o que recebemos, denunciamos o que desumaniza e geramos sinais do Reino. E assim, passo a passo, a esperança deixa de ser slogan e se torna companhia fiel de peregrinos que caminham em sinodalidade.

  

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

HOMILIA PARA O DIA 14 DE SETEMBRO DE 2025 - EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

 

A força que se faz serviço: o coração do Evangelho

Nos primeiros anos do anúncio cristão, ecoa a visão de que Jesus, embora sendo de condição divina, não se agarrou a privilégios, mas esvaziou-se, assumindo uma forma de servo e aproximando-se de cada pessoa com humildade. Sua missão não foi de dominar, mas de salvar: entrar na história humana para curar feridas, reconciliar o que estava quebrado e iluminar caminhos obscuros pelo medo e pela culpa. Ao caminhar entre os pobres, tocar os doentes e conversar com os que foram rejeitados, ele mostrou que a verdadeira grandeza não se mede por tronos, mas pela compaixão que se inclina para levantar o outro. Nesse gesto de despojamento, seu “sim” ao Pai tornou-se um convite permanente à esperança: ninguém está longe demais, ninguém é pequeno demais para ser realizado pelo amor.

Essa missão mudou o foco e as pessoas puderam sentir que em lugar de suas dores existem alegrias, em lugar de limites existem sonhos. Ele não se apresentou como um superior que aponta falhas de longe, mas como quem caminha junto, partilha o pão e lava os pés. Sua autoridade nasceu do serviço, e sua palavra ganhou força porque foi confirmada por gestos concretos de cuidado. Ao olhar cada pessoa com dignidade, Jesus desarmava a lógica da competição e da vaidade, ensinando que a vida plena floresce quando deixamos o ego para abraçar o outro. Assim, a salvação não aparece como uma fuga do mundo, mas como uma transformação do coração que refaz laços e dá novo sentido à existência.

Seguir esse Cristo humilde é também aprender a não olhar para trás como quem já chegou, mas conscientes de que estamos a caminho. Há uma meta futura — a plenitude do amor — e, para alcançá-la, é preciso esquecer o peso do passado que paralisa e estender-se para o que vem, renovando diariamente a disposição de amar. O percurso da fé não é uma corrida de vaidades, mas uma peregrinação em que cada passo, por menor que seja, se torna resposta ao chamado de servir. A salvação que Jesus oferece abre um horizonte onde as quedas não definem destinos, e onde recomeçar e sempre  sinal da graça presente no cotidiano.

Nessa estrada, não caminhamos sozinhos: há irmãos e irmãs que nos inspiram e nos corrigem, mestres que apontam a direção, comunidades que sustentam a esperança. Inspirados pelo exemplo de Cristo, somos convidados a imitar aqueles que vivem a mesma lógica do serviço, evitando comparações que geram soberba. Crescer na fé é aprender a considerar nos outros um espelho do amor de Deus, compartilhar dons, suportar fragilidades e celebrar conquistas em comum. A missão de Jesus, vivida em nós, transforma diferenças e faz da convivência um espaço de salvação que se manifesta em gestos simples: escutar, perdoar, repartir.

Por fim, afirmar que Jesus veio salvar o mundo sem se considerar superior é proclamar que o centro do Evangelho é o amor que se abaixa para erguer. Ele mostra que a verdadeira força é a do serviço, a verdadeira glória é a do cuidado, e a verdadeira sabedoria é a da humildade que se faz próxima. Quando acolhemos essa lógica, nossa vida também se torna boa notícia: nossas escolhas passam a refletir o coração de Cristo, e nossa presença no mundo, por menor que pareça, torna-se semente de paz. Assim, a missão de Jesus continua, não como imposição, mas como convite: deixe-se amar, amar de volta e, nesse fluxo de graça, colabore para que toda pessoa descubra sua dignidade e sua esperança.

 

domingo, 24 de agosto de 2025

HOMILIA PARA O DIA 07 DE SETEMBRO DE 2025 - 23º DOMINGO COMUM

 

Caros irmãos e irmãs,

Estamos nos encaminhando para a culminância das celebrações do Ano Santo da Redenção, somos convidados a revisitar a misericórdia de Deus que liberta, reconcilia e transforma. A liturgia de hoje nos oferece dois textos que embora pareçam dialogar com situações muito concretas do tempo de Paulo e de Jesus, eles apontam para uma mesma lógica: a graça de Deus não se contenta em perdoar; ela reconstitui relações, costura comunidades e nos chama a um discipulado ao mesmo tempo exigente e libertador.

Na leitura Paulo se dirige a sua comunidade, com um amor que ultrapassa estruturas humanas de poder. O apóstolo prisioneiro por causa do Evangelho não apenas pede pela libertação de Onésimo — que lhe foi confiado como escravo —, mas insiste para que o retorno dele seja vívido como uma verdadeira reconciliação: que Filêmon receba Onésimo não como escravo, mas como irmão querido no Senhor. Paulo não minimiza o dano ou a vergonha possível; ele, ao contrário, aponta para uma mudança de lógica, na qual a dignidade de cada pessoa é encontrada e reafirmada unicamente em Cristo. Aqui se revela uma obra de redenção sutil, mas radical: não há espaço para manter alguém à margem como propriedade; toda pessoa é chamada a pertencer plenamente à família de Deus, onde o perdão reordena relações e onde a graça transforma predileções, ressentimentos e posições.

O texto do Evangelho escrito por Lucas reforça as exigências do seguimento. Jesus não apresenta um evangelho de conveniência, de adesão fácil ou de promessa garantida. Ele chama seus discípulos a renunciar a tudo que possa tornar-se obstáculo entre eles e o Reino — pai, mãe, riquezas, planos de vida que não passam pelo amor radical de Deus. Antes de seguir, é preciso contar o preço: o discipulado exige decisão e renúncia, tomar a cruz e caminhar com Jesus. Não se trata de um sacrifício externo meramente, mas de uma transformação interior que reorganiza prioridades — até mesmo as mais caras — em função do projeto de Deus. Esse é o caminho que guarda a liberdade verdadeira: não a liberdade para fazer o que se quer, mas a liberdade para amar sem reservas, para perdoar sem limites, para abrir as portas da vida a quem nos é confiado pelo Senhor.

O jubileu é, em si, uma memória ativa da misericórdia que restaura, perdoa dívidas, devolve o essencial à justiça e restitui a dignidade de quem é esmagado pela injustiça. O Ano da Redenção chama a Igreja e cada comunidade a experimentar a libertação que vem de Cristo: liberta-se o cativo, restitui-se a dignidade de cada pessoa diante de Deus, reconstitui-se a família humana em Cristo. Assim, a passagem de Onésimo de escravo a irmão em Cristo não é apenas uma mudança de estatuto social, mas a antecipação de uma realidade onde há Cristo, há uma só família; onde há graça, há reconciliação que desfaz muros e dívida que não é mais dívida entre pessoas, mas memória de perdão recebido e oferecido.

Diante disso, o que pode significar para nós, enquanto Igreja, neste Ano Santo da Redenção? Que cada um de nós seja portador de reconciliação: na família, entre vizinhos, na comunidade, entre estranhos que nos pedem acolhimento. Que não tratemos as pessoas como instrumentos ou como obstáculos, mas como irmãos e irmãs, filhos do mesmo Deus que nos amou primeiro. Que saibamos reconhecer que seguir a Cristo implica custo, mas também nos liberta do peso de uma vida centrada em nós mesmos. E que, como comunidade, sejamos sinais vivos da redenção: acolhendo o retorno de quem se atrasou, perdoando quem nos feriu e abrindo as portas da igreja para todos.

Oremos para que o Espírito nos conceda a graça de viver, neste Ano Santo da Redenção, a reconciliação que transforma, o perdão que liberta e a fidelidade que, mesmo custando algo, nos aproxima cada vez mais de Jesus, o Redentor.

Que Deus abençoe a todos. Amém.

 

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

HOMILIA PARA O DIA 31 DE AGOSTO DE 2025 - 22º DOMINGO COMUM - DIA DOS CATEQUISTAS

 

O Ministério da Catequese:

Servindo com Humildade e Gratidão

No evangelho desse domingo, Jesus nos convida a aprender d'Ele, que é "manso e humilde de coração". Esse chamado nos faz refletir sobre a essência do ministério da catequese nas comunidades, um serviço que não se baseia em status ou prestígio, mas na disposição de se colocar nos últimos lugares, como Jesus fez ao servir aos mais excluídos e marginalizados.

A catequese, é uma jornada de crescimento na fé, que busca não apenas transmitir conhecimento, mas cultivar a espiritualidade e a vivência do evangelho. Os catequistas, como verdadeiros servos, são aqueles que se sentam nas últimas fileiras e acolhem a todos com amor e sinceridade. Eles entendem que o verdadeiro ensino vem da experiência de ser companheiro de caminhada do outro, reconhecendo que cada pessoa é única e preciosa.

Este ministério é encarado como uma festa, onde todos são convidados, especialmente aqueles que, por diversas razões, foram deixados para trás. Assim, os catequistas têm a missão de promover um ambiente inclusivo, onde cada um se sinta a vontade para partilhar suas dúvidas, medos e esperanças. Ao ocupar os últimos lugares, os catequistas mostram humildade, colocando-se ao lado dos que mais precisam de amor e orientações.

Gratidão é um elemento fundamental nesse chamado ao serviço. Os catequistas são convidados a refletir sobre o privilégio que é participar da festa da fé. A gratidão por serem escolhidos para essa missão os impulsiona a buscar sempre o melhor para seus catequizandos, preparando-os para que também eles possam um dia convidar outros ao banquete da vida cristã.

Além disso, essa atitude de humildade e gratidão transforma a dinâmica das comunidades. Ao valorizarmos a importância de cada voz e cada história, promovemos um espaço de acolhimento que ressoa com a mensagem de Jesus. A catequese, assim, se torna um meio de formação integral, onde a fé é vivida e compartilhada, e não apenas doutrinada.

Em suma, o ministério da catequese é um chamado à humildade, à gratidão e ao serviço abnegado. Ao se colocar nos últimos lugares, o catequista não apenas imita Cristo, mas também abre as portas para que outros possam entrar na festa da fé. Essa é uma missão que transcende o simples ato de ensinar; é uma expressão do amor de Deus que, por meio da gratidão e da humildade, transforma vidas e comunidades. Que cada catequista continue a caminhar humildemente, reconhecendo que é um convite para ser parte desta bela celebração chamada vida em Cristo.

 


HOMILIA PARA O DIA 24 DE AGOSTO DE 2025 - 21º DOMINGO COMUM -

 

VOCAÇÃO A SERVIÇO DA COMUNIDADE:

CAMINHAR JUNTO COMO PEREGRINOS DE ESPERANÇA

A busca pela salvação é um tema recorrente nos escritos de Lucas. No Evangelho desse domingo Jesus fala sobre a importância de entrar pela porta estreita, destacando que muitos tentarão entrar e não poderão. Essa metáfora da porta estreita convoca cada um de nós a refletir sobre as escolhas que fazemos e a vocação que seguimos. É um lembrete de que a verdadeira vida cristã exige esforço e compromisso. A vocação à vida religiosa, aos ministérios leigos e outras formas de serviço na comunidade nos convida a desempenhar um papel ativo na construção do Reino de Deus.

Ao refletirmos sobre as admoestações contidas na carta aos Hebreus percebemos que a disciplina e o amor de Deus por nós nos fortalecem na caminhada. "Não desprezes a correção que vem do Senhor", nos adverte o autor, sugerindo que cada provação é uma oportunidade de crescimento e amadurecimento. Esta passagem enriquece a compreensão da vocação ao ressaltar que, através dos desafios, somos moldados para servir melhor. Caminhar juntos, é essencial neste contexto, pois uma comunidade unida em diversidade é capaz de enfrentar e superar os desafios que surgem.

Cada vocação, seja no sacerdócio, na vida religiosa ou como cristãos leigos, tem a missão de colaborar para a unidade na diversidade. A vocação não é uma escolha isolada, mas um chamado a servir a comunidade, a estar em sintonia com os irmãos e irmãs. O que nos une é a esperança, uma esperança que brota da certeza de que, em cada ação e cada escolha, somos instrumentos do amor de Deus.

Além disso, a diversidade das vocações enriquece a comunidade, proporcionando diferentes modos de agir e refletir a presença de Cristo no mundo. Cada um, ao exercer sua vocação, seja através da educação, do cuidado, do acolhimento ou da promoção da justiça social, contribui para uma Igreja viva e dinâmica. A esperança se renova na certeza de que, ao nos unirmos em torno de um mesmo ideal, podemos não apenas entrar pela porta estreita, mas também levar outros a essa experiência transformadora.

Em resumo, as passagens de Lucas e Hebreus nos convidam a reconhecer que cada vocação é um chamado a servir a comunidade, a exercer a fé com disciplina e amor. A unidade na diversidade nos ensina que estamos juntos nessa missão, e a esperança nos inspira a continuar a caminhada sempre abrindo portas que nos levem à plena realização. Através do serviço mútuo e do acolhimento das diferentes vocações, podemos construir uma comunidade mais unida e vibrante, onde todos se sintam parte do corpo de Cristo.

 

terça-feira, 12 de agosto de 2025

HOMILIA PARA O DIA 17 DE AGOSTO DE 2025 - SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE MARIA

 

COM MARIA NOS COLOQUEMOS EM PRONTIDÃO PARA O SERVIÇO

No contexto do mês vocacional e do projeto Padres para a Igreja em Santa Catarina, a vocação à vida religiosa é um chamado que ecoa no coração de cada pessoa e ao longo da história da Igreja encontrando inspiração na Sagrada Escritura. Um exemplo disso é a passagem de Lucas 1,39-56, cujo Evangelho ouvimos na liturgia desse domingo e que nos apresenta a visitação de Maria à sua prima Isabel. Neste encontro, percebemos não só a humildade de Maria, mas também sua disposição em servir ao plano divino atitude que o Papa Francisco levou a proclamar Maria como Senhora da Prontidão.  Maria, ao aceitar ser a Mãe do Salvador, exemplifica sua entrega total à vontade de Deus, revelando o que significa viver a vocação em suas mais diversas estados e estilos de vida. Como Maria todos somos chamados ao serviço, à disponibilidade e a prontidão.

A Assunção de Maria, celebração da sua elevação ao céu em corpo e alma, é uma manifestação da esperança cristã de que todos os fiéis participam da ressurreição em Cristo. Maria, como discípula exemplar, nos mostra que a vida religiosa não é apenas um caminho de renúncia, mas uma vocação à vida plena em Jesus. A frase "Cristo ressuscitou como o primeiro dos que morreram" ressalta a centralidade da ressurreição na fé cristã. Assim como Jesus ressuscitou, Maria é levada ao céu, antecipando a glória que espera todos aqueles que seguem o exemplo de fé, de amor e de serviço que ela nos deixou.

Em nosso cotidiano, a entrega de si mesmo se manifesta em diversas formas de serviço ao próximo, na oração e na busca de um relacionamento mais profundo com Deus. Desde o dia do nosso batismo todos somos chamados se nos tornar sinais visíveis do amor divino e da esperança, assim como Maria. Convidados a levar a luz de Cristo, da esperança, e da coragem a lugares onde há dor, solidão e sofrimento, sendo instrumentos de paz e reconciliação.

De modo muito especial, a vida religiosa, que entre nós é testemunhada pelas Irmãs da Sagrada Família e que foi cultivada por longos anos pelos padres passionistas, nos convida a viver em comunidade, um aspecto que se reflete na relação entre Maria e Isabel. Nessa visita, encontramos a beleza da partilha, da alegria e do apoio mútuo, características fundamentais para qualquer vocação cristã. Na comunhão com os outros, os religiosos e religiosas fortalecem sua missão, lembrando que a vocação é também um chamado a sinodalidade, isso é a caminhar juntos criando laços de comunhão.

Ao refletirmos sobre nossa própria vocação, somos desafiados a responder a Cristo com a mesma generosidade de Maria. A Assunção de Maria nos dá um vislumbre do que significa experimentar a plenitude da vida em Deus. Da mesma forma, a vida religiosa é uma preparação para essa plenitude, onde cada um pode descobrir sua identidade em Cristo e na missão que Ele confia.

A vocação à vida religiosa é, portanto, um chamado a ser testemunha da esperança da ressurreição. Como Maria, é importante estar dispostos a acolher e viver a Palavra de Deus, a nos entregar a essa vivência de fé radical. Na celebração da Assunção, lembramos que, em Cristo, todos ressuscitaremos, e assim, somos convidados a viver com a certeza de que a nossa resposta a esse chamado nos permite ser participantes da alegria eterna junto de Deus. Em última análise, a vocação à vida religiosa é uma jornada de amor, esperança e fé que ecoa na certeza da ressurreição.

 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

HOMILIA PARA O DIA 10 DE AGOSTO DE 2025 - DIA DOS PAIS - 19º DO TEMPO COMUM

 

A FÉ E A VOCAÇÃO DE SER PAI EM FAMÍLIA

Queridos irmãos e irmãs,

A Palavra de Deus deste domingo nos fala da fé e da vocação, envolvendo, em particular, o papel do pai e a importância da família. No trecho da Carta aos Hebreus, somos convidados a entender a fé como a certeza daquilo que esperamos e a convicção do que não vemos. "A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem" (Hebreus 11,1).

Essa definição nos leva a pensar no papel do pai. Ser pai vai além da paternidade biológica; é um chamado divino, uma vocação que exige amor, responsabilidade e, sobretudo, fé. Um pai é aquele que, muitas vezes, caminha em direção ao desconhecido, confiando em Deus e nos valores que deseja transmitir aos seus filhos. Ele precisa acreditar no futuro, mesmo quando os desafios parecem grandes.

O exemplo de Abraão, mencionado na Carta aos Hebreus, é uma ilustração dessa fé. Abraão abandona sua terra, sua segurança e sua família, seguindo uma promessa que ainda não podia ver. Essa confiança inabalável em Deus é o que nos inspira a confiar também na nossa missão de ser pais.

No Evangelho, Jesus nos exorta a não termos medo porque o Pai celestial se agrada em nos dar o Reino. Isto é uma ligação direta entre a paternidade e a confiança em Deus. Um pai, ao cuidar de sua família, lembra que Deus está sempre presente, guiando e protegendo. A fé nos ajuda a construir um lar seguro e amoroso, onde os filhos cresçam em graça e conhecimento.

Cabe a nós, pais, ser modelos de fé, não apenas em palavras, mas em ações. Devemos viver de tal forma que nossos filhos vejam em nós a presença de Deus em suas vidas. Quando cultivamos um ambiente de fé em casa, estamos preparando o solo onde as sementes do amor, da esperança e da confiança serão plantadas.

Além disso, a segunda parte do Evangelho nos alerta sobre a responsabilidade do servo fiel que está vigilante e preparado para a volta do seu senhor. Isso nos lembra que a paternidade é também um ato de vigilância e preparação. Devemos ensinar nossos filhos a serem responsáveis, a discernirem entre o bem e o mal, para que possam se tornar adultos conscientes e comprometidos com sua missão no mundo.

O chamado para ser pai é um convite constante à ação, ao cuidado e à orientação. Que possamos, neste dia, renovar nosso comprometimento com nossas famílias, buscando sempre a graça de Deus para sermos pais que transmitem fé, amor e esperança.

Que a nossa fé seja a luz que guia nossa paternidade e que possamos sempre confiar na providência de Deus, tanto em nossas vidas quanto na vida de nossos filhos. Que eles possam ver em nós o reflexo do amor do Pai celestial e que, assim, juntos, possamos caminhar na construção de uma família forte na fé.

 


HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2025 - DIA DO PADRE - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

A Sabedoria e a Vocação do Padre no Dia do Padre

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje celebramos não apenas o Dia do Padre, mas também a vocação e a missão que nos unem em Cristo. As passagens que ouvimos, do Livro de Eclesiastes e do Evangelho de Lucas, nos desafiam a refletir sobre a verdadeira essência da vida, especialmente à luz do chamado de cada um de nós, e, em particular, dos padres que dedicam suas vidas ao serviço da Igreja.

No Livro de Eclesiastes, ouvimos a familiar expressão: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” Esta declaração do autor sagrado ressoa em nossos corações ao considerarmos as preocupações da vida cotidiana e as armadilhas da busca incessante por bens materiais e prazeres efêmeros. Nos capítulos que lemos, o autor nos alerta para a futilidade de se acumular riquezas que não trazem satisfação duradoura e que, muitas vezes, se tornam fardos pesados em nossas vidas.

Por outro lado, no Evangelho de Lucas, nos é apresentada: a história do homem rico que, em sua busca por acumular bens, esquece-se do essencial. Jesus nos convida a refletir sobre o que significa viver de maneira sábia e significativa. O homem é repreendido por Deus, que lhe diz: "Nesta noite Deus pedirá contas da sua vida; e o que tens preparado, para quem será?" Essa pergunta nos provoca a pensar sobre o que estamos realmente fazendo com o tempo e os talentos que nos foram confiados.

Neste contexto, ao celebrarmos o Dia do Padre, somos convidados a valorizar a missão daqueles que, como São João Maria Vianney, se dedicam a guiar o povo de Deus. Ele, conhecido como o Santo Cura d’Ars, dedicou sua vida à orientação espiritual, ao perdão e à reconciliação. Sua sabedoria e compaixão nos lembram que o verdadeiro sucesso não está em acumular bens, mas em entregar-se ao serviço do próximo, de modo que possamos levar a esperança e a luz do Evangelho a todos.

Hoje tem início o projeto "Padres para a Igreja em Santa Catarina", trata-se de um que visa fortalecer a comunidade de fé, sugerindo vocações aos ministério ordenado e proporcionando aos padres novos caminhos para o ministério. Isso nos lembra que o serviço pastoral não é apenas uma função, mas uma vocação que se empenha em cuidar das almas, em promover a justiça e a paz, e em trazer conforto aos aflitos.

Neste Dia do Padre, é fundamental que nos unamos em oração por nossos padres, para que cada um deles possa viver a plenitude de sua vocação. Que possam se inspirar na vida de São João Maria Vianney e encontrar a força necessária para enfrentar os desafios do ministério, sempre lembrando que suas vidas são um instrumento de amor e de graça para a comunidade.

Que possamos, todos nós, refletir sobre o que realmente valorizamos em nossas vidas. Que ao invés de sermos como o homem rico que acumulou riquezas, possamos ser generosos em nosso amor e servir ao próximo com humildade e compaixão.

Em um momento como este, renovemos nosso compromisso de apoiar nossos padres em sua jornada e, ao mesmo tempo, que possamos discernir como ser verdadeiros discípulos de Cristo em nossas próprias vidas.

Amém.

 

terça-feira, 8 de julho de 2025

HOMILIA PARA O DIA 03 DE AGOSTO DE 2025 - DIA DO PADRE - 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

A Sabedoria e a Vocação do Padre 

no Dia do Padre

Queridos irmãos e irmãs,

Hoje celebramos não apenas o Dia do Padre, mas também a vocação e a missão que nos unem em Cristo. As passagens que ouvimos, do Livro de Eclesiastes e do Evangelho de Lucas, nos desafiam a refletir sobre a verdadeira essência da vida, especialmente à luz do chamado de cada um de nós, e, em particular, dos padres que dedicam suas vidas ao serviço da Igreja.

No Livro de Eclesiastes, ouvimos a familiar expressão: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” Esta declaração do autor sagrado ressoa em nossos corações ao considerarmos as preocupações da vida cotidiana e as armadilhas da busca incessante por bens materiais e prazeres efêmeros. Nos capítulos que lemos, o autor nos alerta para a futilidade de se acumular riquezas que não trazem satisfação duradoura e que, muitas vezes, se tornam fardos pesados em nossas vidas.

Por outro lado, no Evangelho de Lucas, nos é apresentada: a história do homem rico que, em sua busca por acumular bens, esquece-se do essencial. Jesus nos convida a refletir sobre o que significa viver de maneira sábia e significativa. O homem é repreendido por Deus, que lhe diz: "Nesta noite Deus pedirá contas da sua vida; e o que tens preparado, para quem será?" Essa pergunta nos provoca a pensar sobre o que estamos realmente fazendo com o tempo e os talentos que nos foram confiados.

Neste contexto, ao celebrarmos o Dia do Padre, somos convidados a valorizar a missão daqueles que, como São João Maria Vianney, se dedicam a guiar o povo de Deus. Ele, conhecido como o Santo Cura d’Ars, dedicou sua vida à orientação espiritual, ao perdão e à reconciliação. Sua sabedoria e compaixão nos lembram que o verdadeiro sucesso não está em acumular bens, mas em entregar-se ao serviço do próximo, de modo que possamos levar a esperança e a luz do Evangelho a todos.

Através da abertura do projeto "Padres para a Igreja em Santa Catarina", vemos um movimento inspirador que visa fortalecer a comunidade de fé, sugerindo vocações aos ministério ordenado e proporcionando aos padres novos caminhos para o ministério. Isso nos lembra que o serviço pastoral não é apenas uma função, mas uma vocação que se empenha em cuidar das almas, em promover a justiça e a paz, e em trazer conforto aos aflitos.

Neste Dia do Padre, é fundamental que nos unamos em oração por nossos padres, para que cada um deles possa viver a plenitude de sua vocação. Que possam se inspirar na vida de São João Maria Vianney e encontrar a força necessária para enfrentar os desafios do ministério, sempre lembrando que suas vidas são um instrumento de amor e de graça para a comunidade.

Que possamos, todos nós, refletir sobre o que realmente valorizamos em nossas vidas. Que ao invés de sermos como o homem rico que acumulou riquezas, possamos ser generosos em nosso amor e servir ao próximo com humildade e compaixão.

Em um momento como este, renovemos nosso compromisso de apoiar nossos padres em sua jornada e, ao mesmo tempo, que possamos discernir como ser verdadeiros discípulos de Cristo em nossas próprias vidas.

Amém.