AMAR AS PESSOAS E RESPEITÁ-LAS NA SUA
INDIVIDUALIDADE
A expressão “telhado de vidro” é
frequentemente usada para se referir aos próprios limites, defeitos e pecados.
Toda pessoa de bom senso sabe que suas ações nem sempre são absolutamente
corretas e que até involuntariamente comete pecados, equívocos e falhas das
quais se envergonha.
Na época de Jesus a situação não era
diferente, diversos grupos organizados tinham consciência da sua condição
humana e das suas limitações e fragilidades. Mas, existia um grupo conhecido
como “fariseus” que se consideram “a última bolacha do pacote”, isto é, levavam
uma vida de mentira e hipocrisia, para estes Jesus chamou “sepulcros caiados”.
Mesmo sabendo das suas impurezas os fariseus
ditavam regras, normas, preceitos sempre exigindo dos outros o que eles mesmo
não cumpriam.
“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento”. Jesus deixa muito claro que sua intenção é fazer uma
releitura da lei em outro contexto de quando ela foi dada a Moisés. Em lugar do
legalismo doentio Ele propõe um compromisso com a vida e para isso será
necessário respeito para com a dignidade e individualidade de todos. A nova lei
não prescreve somente não matar, muito antes que isso será preciso romper com a
escalada da violência, da discriminação, das ofensas, pois o que agrada a Deus
e torna uma vida útil é o perdão a reconciliação.
Em lugar da prescrição legal: “Não cometer
adultério”. Jesus declara que todas as vezes que alguém olhar com cobiça para
aquilo que não lhe é de direito já está cometendo pecado. Não se trata apenas
do adultério que é o topo dos grandes pecados da carne, trata-se de não
permitir que a vida de quem quer que seja se torne objeto de injustiças e de
maldades. Em resumo a palavra que sai da boca de uma pessoa que se declara
seguidor de Jesus Cristo deve ser digna de crédito. Os juramentos de nenhum
tipo combinam com as relações de confiança. Em resumo, todos os problemas
merecem ser contornados no diálogo fraterno e no perdão incondicional.
Esta condição de escolha já havia dito o
autor do livro do eclesiástico: “Diante do homem estão
a vida e a morte, o bem e o mal, os olhos do Senhor estão
voltados para os que o respeitam. Ele conhece
todas as obras das pessoas. Não mandou a ninguém
agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar”.
E São Paulo reafirma aos coríntios: “Como está escrito, 'o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos
jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. Portanto quem agir desse modo haverá de experimentar a verdadeira vida
como se reza no salmo: “Feliz o homem sem
pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! Feliz o homem que observa seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus”.
A questão central abordada pela Palavra de
Deus deste domingo está na liberdade humana que tem à sua frente diversos
caminhos que lhe interpelam e desafiam. Agir com responsabilidade é um
imperativo para a pessoa que não quer passar a vida inteira encolhendo os
ombros e fazendo de conta que o problema não é seu. Cumprir um conjunto de
regras e normas, de modo algum pode ser garantia de salvação, pelo contrário,
muito mais do que uma vida legalista, ou uma vida do tipo “atirar pedra no
telhado alheio”, se espera de cada pessoa uma verdadeira adesão ao projeto de
Deus revelado em Jesus.
O evangelho desse domingo é só mais uma oportunidade
para Jesus deixar claro que não se trata de viver uma religião de fachada a verdadeira
espiritualidade evita o combate a cultura do ódio os discursos ofensivos, os
preconceitos. Ontem como hoje os mandamentos são indicações para nos fazer
crescer na proximidade com Deus.
Rezemos com o salmista pedindo a graça de
sintonizar nossa vida com o evangelho:
Ensinai-me a
viver vossos preceitos;*
quero guardá-los fielmente até o fim!
dai-me o
saber, e cumprirei a vossa lei,*
e de todo o coração a guardarei.