segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2022 - MISSA DO DIA DE NATAL - ANO A

 

O SENHOR FEZ CONHECER A SALVAÇÃO

O pênalti na trave chutado pelo Marquinhos foi só o derradeiro momento de 120 minutos de muita tensão e expectativa e que enterrou mais uma vez o sonho do hexa. O Brasil inteiro estava parado naquela trágica sexta-feira esperando a vitória que nos aproximaria do sonho que vem se repetindo há vinte anos. Ora, guardadas as proporções, o povo de Israel, alimentou durante centenas de anos a expectativa da vinda do Messias, daquele que iria restaurar a grandeza do reinado de Davi. É nessa perspectiva que podemos ler e interpretar a Palavra de Deus proclamada na liturgia que estamos celebrando.

Isaias anuncia a presença de uma figura extraordinária: “Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: "Reina teu Deus!" A mensagem do profeta é um convite para substituir a frustração e a tristeza pela alegria, o desencanto pela esperança.

Em poucas palavras o convite do Profeta é um canto de alegria e de festa, apesar de todas as dificuldades as promessas de Deus vão se tornar realidade em favor do seu povo.

A segunda leitura é uma carta dirigida para uma comunidade em situação muito difícil e que por causa das perseguições, sofrimentos e derrotas facilmente se deixava vencer pelo medo e pela desolação. O autor apresenta a extraordinária dimensão do plano salvador que Deus tem para a humanidade, com isso ele quer estimular os cristãos a não perderem o fervor inicial: “Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, ele nos falou por meio do Filho”.

Jesus é a mais extraordinária manifestação de Deus em favor do seu povo: “Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas”.

No Evangelho João reafirma a existência do Filho antes de tudo e de todas as coisas. Usa a expressão “verbo de Deus” para deixar claro que o Filho sempre existiu e que agora assume a condição humana para eliminar do convívio humano tudo o que dificulta e impede que as relações entre as pessoas sejam plenas de vida e de luz. A encarnação da Palavra cumprirá sua missão quando todas as criaturas alcançarem a condição de filhos e filhas amados de Deus, ou como diz São Paulo em outra ocasião: “Até que Cristo se forme em todos”. De forma poética o evangelista descreve a ação de Deus no mundo: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. No princípio estava ela com Deus. Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la”.

Acolher a Palavra que se fez gente é a condição para participar na vida de Deus, ou seja estabelece uma nova relação entre o mundo terreno e o mundo divino. Em Jesus Cristo a humanidade já não vive mais a experiência de uma derrota depois de uma difícil partida e um pênalti perdido.

A palavra que se fez gente permite que todos nos tornemos filhos no Filho e oferece para todos a possibilidade de ser uma criatura nova, acabada e perfeita.

Essa certeza nos faz cantar com o salmista:

Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.

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