UM FILHO NOS FOI DADO
Não há diferença de idade. Todos em
todas as circunstâncias da vida gostamos de nos sentir amparados, cuidados,
protegidos. Quando alguém se aproxima, sobretudo, nas nossas fragilidades nos
sentimos seguros e mais facilmente caminhamos para a realização de projetos e
sonhos. Não é à toa que o Papa Francisco está convocando a Igreja inteira para
vivenciar o Sínodo sobre a importância da sinodalidade, ou seja, sobre a
necessidade de aprender caminhar juntos. Amparar, cuidar, proteger, ser solidário,
corresponsável e assim por diante.
A Palavra de Deus na noite do Natal nos
coloca nesta situação. Um filho nos foi dado, Ele veio para caminhar com a
humanidade ferida e perdida. Na pessoa de Jesus Deus não nos deixa caminhar sozinhos
pelos tortuosos e difíceis caminhos contemporâneos.
Na mesma condição do povo de Israel o
profeta vivia desiludido com seus governantes e com a política de outrora.
Nesse contexto Isaias sonha com um tempo novo: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande
luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste
crescer a alegria, e aumentaste a felicidade”.
As razões para essa euforia estão
expressas nas palavras do profeta: “Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos
ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável,
Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e
a paz não há de ter fim”.
A carta de Tito que lemos hoje foi
escrita num tempo de dificuldade em que os cristãos tinham perdido o entusiasmo
inicial surgido com o anúncio da boa nova de Jesus Cristo. Nesse contexto o
autor apresenta uma lista de conselhos para ajuda-los vivenciar a fé naquela
situação conturbada e desafiadora: “A graça de Deus se manifestou trazendo
a salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as
paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade aguardando
a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador,
Jesus Cristo”. Para que isso seja experimentado o autor
apresenta três razões: O amor de Deus foi oferecido gratuitamente; a esperança
ajuda perceber que a vida presente é apenas a antecipação da vida definitiva; a
obra redentora tem sem culminância na pessoa de Jesus.
Lucas é o
evangelista que mais se preocupa em situar os acontecimentos nos lugares e
tempos. O objetivo do autor é deixar claro que a ação de Deus se realiza numa
época e num espaço perfeitamente integrado na vida e na história das pessoas.
No texto de hoje o autor quer deixar
claro que o nascimento de Jesus é a realização da promessa feita por Isaias: “O anjo, porém, disse aos pastores: Não tenhais
medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na
cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos
servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado
numa manjedoura".
Apresentado
primeiramente aos pastores e na fragilidade de uma criança fica claro que a
proposta de Deus não se impõe pela força, mas pela ternura. Deus não se impõe
pelas armas, pelo poder, pelo dinheiro, pela ajuda de uma grande agência publicitária.
Ontem como hoje a lógica de Deus continua sendo a mesma. No menino de Belém
somos convidados a contemplar o amor de Deus que se preocupa com a felicidade e
a vida de todos.
Para
celebrar dignamente o Natal é importante que nos perguntemos em que medida
nossa vida é uma resposta coerente e autêntica que corresponda aos valores do
Reino que Jesus veio inaugurar. Cristo é a referência da nossa vida? O seu
jeito de viver e sua entrega para a salvação da humanidade é assumido por nós
em nossas relações cotidianas?
Não tenhamos
medo de cantar com o salmista
Hoje nasceu para nós
o Salvador, que é Cristo o Senhor.
O céu se rejubile e exulte a terra, *
aplauda o mar com o que vive em suas águas;
os campos com seus frutos rejubilem *
e exultem as florestas e as matas
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