PREPARAR NA ESPERANÇA A
CHEGADA DO SENHOR
Dentre
as críticas corriqueiras que se atribui a uma determinada pessoa uma delas diz
respeito a falta de humildade e de simplicidade. Neste tempo de advento as três
leituras deste domingo apresentam os personagens principais colocando-se na
condição de simples anunciadores de um tempo novo cujo sujeito principal é
sempre outra pessoa muito mais importante e que eles se consideram apenas seus
fiéis seguidores.
No
Evangelho, Marcos acentua o que já tinha sido dito pelo profeta na primeira
leitura: “Eis que envio meu mensageiro à tua
frente, para preparar o teu caminho”. Quem agora faz acontecer a profecia é
João Batista cuja voz grita no deserto. Vestindo-se com simplicidade e
alimentando-se com austeridade não chama a atenção sobre a sua pessoa, mas
declara com convicção: “não sou digno de me abaixar para desamarrar as correias
de suas sandálias”. O convite que João dirigiu aos seus contemporâneos é o
mesmo que se dirige aos cristãos do século XXI e consiste em acolher o messias,
cuja presença gera uma vida nova fundamentada na dinâmica do amor. Para que
isso aconteça uma atitude imprescindível é a conversão, em outras palavras
mudança de vida e mentalidade.
Como caminho para a conversão João Batista indica uma
sugestão: “Ele apareceu no deserto proclamando um batismo de penitência para
remissão dos pecados”. Em resumo para reconhecer a presença de Jesus implica
mostrar sinais de santidade, de purificação.
A comunidade de outrora foi convidada por João Batista para
retornar a experiência do deserto, caminho percorrido por seus antepassados, só
assim passariam da mentalidade de escravos para uma nação de gente livre capaz
de confiar plenamente num Deus que cumpre as suas promessas.
As palavras do Evangelho são
uma atualização das profecias da primeira leitura. Conversão significa deixar
para traz o comodismo, o egoísmo, a autossuficiência e confrontar-se com os
desafios de Deus que é fiel. O profeta fala ao coração dos seus conterrâneos e
sugere uma relação de amor entre eles e Deus: “Como um pastor, ele
apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e
carrega-os ao colo; ele mesmo tange as ovelhas-mães".
A realidade de outrora não se diferencia do
nosso cotidiano. Sentimo-nos impotentes, frustrados e ameaçados por distintas formas
de violência, guerras e terrorismo que mancham de sangue e colocam a margem da
convivência e da história milhares de pessoas. As palavras do profeta são uma
recordação que Deus é eternamente fiel às suas promessas e não ficará alheio
aos sofrimentos contemporâneos se nos deixarmos guiar Ele nos conduzirá para a
vida verdadeira.
O autor
da segunda leitura aponta para a segunda vinda de Cristo, nos convoca a
vigilância e ao empenho decidido na transformação de todas as relações que não
dignificam as pessoas. Todos somos chamados a trabalhar porque: “O que nós
esperamos, de acordo com a sua promessa, são novos céus e uma nova terra, onde
habitará a justiça. Caríssimos, vivendo nesta esperança, esforçai-vos para que
ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”.
A guisa
de conclusão: Preparar o natal significa sair de si mesmo, descentralizar-se e
colocar no centro Jesus Cristo, a fim de que Ele cresça e eu diminua como
declarou João Batista.