terça-feira, 7 de novembro de 2023

HOMILIA PARA O DIA 12 DE NOVEMBRO DE 2023 - 32º DOMINGO COMUM - ANO A

 NO SENHOR ESTÁ O NOSSO SOCORRO!

O poeta Guimarães Rosa, em um dos seus escritos usou uma metáfora para falar dos desafios cotidianos e escreveu: “Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida” A parábola das dez virgens do Evangelho nos coloca diante da realidade e dos desafios que a vida nos impõe e tanto o comportamento das prudentes quanto das imprudentes nos ajuda compreender a urgência de viver sempre alerta. Mateus usa a festa de casamento, uma das principais celebrações do mundo judaico do seu tempo, e coloca no contexto da festa um grito no meio da noite. Esse fato que era ao mesmo tempo predito veio num momento imprevisível. Se quiséssemos falar de um grito durante nossas noites podemos mencionar quantas vezes a vida parece estar tranquila, e do nada nos sobrevêm vendaval, enchentes, doenças, pandemias, tristezas, acidentes e até a morte.

Na mesma condição das virgens insensatas, muitas vezes nos encontramos eufóricos e distraídos com tanta coisa que acontece ao nosso redor e nem percebemos que a travessia do cotidiano exige foco naquilo que é principal porque somente dessa maneira será possível continuar a travessia. A única luz que nunca se apagará de nossa vida é a centelha divina manter sempre o “azeite necessário” consiste em reforçar sempre os laços de comunhão com as pessoas de maneira que sempre irmanados uns com os outros não percamos a confiança em Deus. Dois mil anos depois dos cristãos da comunidade de Mateus nós continuamos percorrendo os mesmos caminhos de alegrias e tristezas, de vibração e de compromisso, ao mesmo tempo carregamos os medos da vida que se fazem conhecer no comodismo, na falta de empenho, no descuido com a nossa vida e a de todos e isso nos faz esquecer o que é importante e facilmente esquecemos os valores do reino representados, no “azeite de reserva para a espera do noivo”. O encontro definitivo com Deus, que certamente acontecerá e para o qual não precisamos contar o tempo, mas precisamos estar sempre preparados deve ser o horizonte da nossa vida.

A carta aos tessalonicenses é dirigida também ao nosso tempo. Cristo virá para concluir a história do mundo e desse momento ninguém ficará excluído, os que já morreram serão chamados por primeiro e um por um até chegar a nossa vez: “Irmãos: não queremos deixar-vos na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes como os outros, que não têm esperança. Se Jesus morreu e ressuscitou — e esta é nossa fé — de modo semelhante Deus trará de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram”. Não pensemos em vantagem, desvantagem, medo ou segurança. A vida não é um drama absurdo, pelo contrário em meio aos transtornos da vida caminhamos confiantes na direção do mundo novo e da nova criação.

Peçamos a graça de reconhecer a sabedoria que vem de Deus e que aponta para felicidade e a vida definitiva, como escreveu o autor do livro da sabedoria: “A Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se cansará, pois a encontrará sentada à sua porta”. A sabedoria de Deus é o azeite que não pode faltar em nossa lamparina!





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