NO SENHOR ESTÁ O NOSSO SOCORRO!
O poeta Guimarães Rosa, em um dos seus escritos usou uma
metáfora para falar dos desafios cotidianos e escreveu: “Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o
viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida” A parábola das dez
virgens do Evangelho nos coloca diante da realidade e dos desafios que a vida
nos impõe e tanto o comportamento das prudentes quanto das imprudentes nos
ajuda compreender a urgência de viver sempre alerta. Mateus usa a festa de
casamento, uma das principais celebrações do mundo judaico do seu tempo, e
coloca no contexto da festa um grito no meio da noite. Esse fato que era ao
mesmo tempo predito veio num momento imprevisível. Se quiséssemos falar de um
grito durante nossas noites podemos mencionar quantas vezes a vida parece estar
tranquila, e do nada nos sobrevêm vendaval, enchentes, doenças, pandemias,
tristezas, acidentes e até a morte.
Na mesma condição das virgens insensatas, muitas vezes nos
encontramos eufóricos e distraídos com tanta coisa que acontece ao nosso redor e
nem percebemos que a travessia do cotidiano exige foco naquilo que é principal
porque somente dessa maneira será possível continuar a travessia. A única luz
que nunca se apagará de nossa vida é a centelha divina manter sempre o “azeite
necessário” consiste em reforçar sempre os laços de comunhão com as pessoas de
maneira que sempre irmanados uns com os outros não percamos a confiança em
Deus. Dois mil anos depois dos cristãos da comunidade de Mateus nós continuamos
percorrendo os mesmos caminhos de alegrias e tristezas, de vibração e de
compromisso, ao mesmo tempo carregamos os medos da vida que se fazem conhecer
no comodismo, na falta de empenho, no descuido com a nossa vida e a de todos e
isso nos faz esquecer o que é importante e facilmente esquecemos os valores do
reino representados, no “azeite de reserva para a espera do noivo”. O encontro
definitivo com Deus, que certamente acontecerá e para o qual não precisamos
contar o tempo, mas precisamos estar sempre preparados deve ser o horizonte da
nossa vida.
A carta aos tessalonicenses é dirigida também ao nosso tempo.
Cristo virá para concluir a história do mundo e desse momento ninguém ficará excluído,
os que já morreram serão chamados por primeiro e um por um até chegar a nossa
vez: “Irmãos: não queremos deixar-vos
na incerteza a respeito dos mortos, para que não fiqueis tristes
como os outros, que não têm esperança. Se Jesus
morreu e ressuscitou — e esta é nossa fé — de modo semelhante Deus trará
de volta, com Cristo, os que através dele entraram no sono da morte. Isto vos
declaramos, segundo a palavra do Senhor: nós que formos deixados com vida para
a vinda do Senhor não levaremos vantagem em relação aos que morreram”. Não
pensemos em vantagem, desvantagem, medo ou segurança. A vida não é um drama
absurdo, pelo contrário em meio aos transtornos da vida caminhamos confiantes
na direção do mundo novo e da nova criação.
Peçamos a graça de reconhecer a sabedoria que vem de Deus e
que aponta para felicidade e a vida definitiva, como escreveu o autor do livro
da sabedoria: “A
Sabedoria é resplandecente e sempre viçosa. Ela é facilmente contemplada por
aqueles que a amam, e é encontrada por aqueles que a procuram. Ela até se
antecipa, dando-se a conhecer aos que a desejam. Quem por ela madruga não se
cansará, pois a encontrará sentada à sua porta”. A
sabedoria de Deus é o azeite que não pode faltar em nossa lamparina!
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