A
CENTRALIDADE DA ENFERMAGEM
NAS DIMENSÕES DO CUIDAR
A
gramática da língua portuguesa chama de oração o conjunto
linguístico que se estrutura em torno de um verbo. Pois bem, a frase: “A
centralidade da enfermagem nas dimensões do cuidar,” tema escolhido para a
semana da enfermagem, é uma oração.
Mas
este tema pode ser entendido também como uma Oração, no sentido de ser uma
prece que se eleva a Deus por meio daqueles que gastam suas vidas no serviço
aos enfermos. As duas leituras escolhidas para a celebração da missa ajudam a
compreender como esta oração, no sentido gramatical, é também uma Oração no
sentido religioso.
A
propósito disto sugerimos a leitura de dois textos bíblicos. O primeiro da
carta de Tiago: “Se alguém de vocês está
sofrendo ore. Se alguém está contente cante hinos de agradecimento. Se algum de
vocês estiver doente, que chame os presbíteros da Igreja, para que façam oração
e ponham azeite na cabeça dessa pessoa em nome do Senhor. Essa oração, feita
com fé, salvará a pessoa doente. O Senhor lhe dará a saúde e perdoará os
pecados que tiver cometido”. (5, 13 – 15). O segundo texto é conhecido como
a Parábola do Bom Samaritano e se encontra em Lucas 10,30-35.
O
texto da carta de Tiago é a motivação para todo o serviço do Capelão no
Hospital e que encontra seu principal parceiro no pessoal que faz o serviço
assistencial. São os colaboradores da área da enfermagem os primeiros a
perceberem que o doente precisa de animação, de uma presença viva que o faça
experimentar o amor gratuito de Deus.
Já
o texto do Evangelho, com a parábola do Bom Samaritano é o que pode ser
entendida como modelo de centralidade no que se refere ao cuidado. Não sem
razão costuma-se dizer que uma pessoa foi Bom Samaritano, toda vez que teve compaixão
e ajudou a outro em situação de necessidade.
O
texto do Evangelho tem sete verbos e todos eles apontam para a “centralidade do cuidado”. A primeira
atitude daquele que descia pelo caminho foi “enxergar” a realidade da pessoa caída à beira do caminho. Na sequência
demostrou compaixão, aproximação e cuidado – chegou perto limpou seus
ferimentos e enfaixou. Ainda não satisfeito “colocou o caído no seu próprio animal”, isso significa que não teve
medo de colocar todas as capacidades a serviço do sofrimento alheio e que
clamava por tratamento respeitoso, por compaixão e solidariedade, situações
muito particulares daqueles que estão doentes.
Percebendo
que sua condição permitia fazer mais ainda, mudou a sua rotina e levou o doente
até a hospedaria adaptando-se para atender o necessitado. Mobilizou outras
pessoas, outras estruturas, outras forças para cuidar do sofrimento alheio.
Isso é muito importante, nem sempre na sua função o pessoal do assistencial
pode dar conta de todas as demandas e desafios, mas sempre pode mobilizar
outras pessoas criando parcerias para que o cuidado aconteça.
Chegando
na hospedaria, o último verbo é “Cuidar”.
A dimensão do cuidado completa o conjunto da intervenção do samaritano. E não
foi apenas uma pessoa cuidando daquele que estava ferido o Bom Samaritano soube
envolver os demais nesta tarefa dura que é a realidade experimentada pelo doa
humana muito presente na pessoa daqueles que estão doentes.
Em
resumo - A centralidade da enfermagem nas dimensões do cuidar - precisa ser
impulsionada pelo espírito do Bom Samaritano que é capaz de aproximar-se dos
doentes, dos fracos, dos feridos e de todos os que estão jogados no caminho a fim
de acolhê-los e cuidar deles dando-lhes uma “injeção de esperança”.
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