DO
JEITO QUE DEUS UNIU
Neste
tempo de mudança de época, as discussões sobre relações humanas,
corresponsabilidade, inclusão e exclusão de pessoas na sociedade costumam ser
intensificadas e carregadas de mitos. Não faltam quem usa de muitas e fáceis explicações
para justificar seu posicionamento sempre pensando em levar vantagem e ganhar a
simpatia das pessoas. Isso acontece também em relação às famílias, ao
matrimônio e ao respeito entre casais. Esta situação não era diferente entre os
fariseus acostumados a controlar tudo pela força da lei e interpretando segundo
os seus interesses.
A
primeira leitura e o evangelho deste domingo apresentam com rara clareza qual o
sentido do matrimônio e as razões para sua indissolubilidade. O livro do
Gênesis apresenta a mais elementar necessidade humana: “viver em companhia” – “Não é bom que o homem esteja só...” diz
o texto. E Deus mesmo se encarrega de apresentar a alternativa mais adequada na
figura da mulher. A complementaridade desta relação faz de ambos uma só carne,
ou seja, uma só realidade que se confirma pelo amor mais forte que a própria
morte.
No
Evangelho os fariseus não estão preocupados com uma alternativa para as
relações entre marido mulher, pelo contrário, queriam legitimar sua posição
legalista e colocar Jesus à prova: “É
permitido ao homem divorciar-se da mulher por qualquer motivo?” E
justificam “Assim Moisés escreveu na
lei...” Jesus desmonta a interpretação mesquinha, utilitária e excludente
que haviam transformado o matrimônio e todas as outras relações sociais. A
resposta de Jesus os deixa desconcertados:
“Moisés só permitiu por causa da dureza dos seus corações...” e continua:
Vocês conhecem a escritura e sabem que no princípio, isso é, muito antes que a
lei de Moisés tivesse importância “desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o
homem deixará seu pai e sua mãe e os dois
serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só
carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” Marcos afirma que Jesus se aborreceu vendo a dureza de
coração dos seus conterrâneos e conclui dizendo que viver um para o outro é um
sinal do Reino de Deus o qual precisa ser acolhido com a simplicidade das
crianças: “Deixai vir a mim as crianças. Não as
proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber
o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele'. Ele abraçava as crianças e as
abençoava, impondo-lhes as mãos”.
A carta aos hebreus deixa
claro que Jesus é o “santo de Deus” e seu estilo e compromisso com a proposta
do Pai: “Jesus, a quem Deus fez pouco menor do que os anjos, nós
o vemos coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte. Sim, pela graça de
Deus em favor de todos, ele provou a morte. Convinha
de fato que aquele, por quem e para quem
todas as coisas existem, e que desejou conduzir muitos filhos à glória”
Em resumo, mais do que
leis sobre as relações entre as pessoas é importante reconhecer que o matrimônio
é um caminho dinâmico de crescimento e realização que vai se aperfeiçoando
todos os dias e não um fardo para ser carregado. Em lugar de condenar as
pessoas os cristãos são chamados a compreender e acolher sobretudo aqueles que
a fragilidade humana levou a fracassar no compromisso de ser um para o outro
sinal da comunhão e da vontade original do criador.
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