quinta-feira, 14 de março de 2019

HOMILIA PARA O DIA 17 DE MARÇO DE 2019 - ANO C - 2º DA QUAREMSA


OLHA E CONTA AS ESTRELAS DO CÉU...

A promessa feita a Abraão na primeira leitura de hoje certamente se concretiza na sociedade contemporânea. Os desafios e provações experimentados pelo pai de muitos povos na fé, pouco ou nada se difere dos desafios e provações da atualidade. Sem precisar ser sensacionalista vale lembrar que apenas nos primeiros três meses de 2019 o Brasil já vivenciou pelo menos três grandes tragédias: A barragem de brumadinho; O incêndio no centro de treinamento do Flamengo; e o massacre de Suzano. Ora, isso pode dar a impressão que Deus está surdo, ou indiferente aos sofrimentos do povo.
O longo relato da conversa entre Deus e Abraão permite perceber como a ação humana precisa ser repleta de coragem e determinação diante das provocações que a vida lhe impõe e o resultado dessa ousadia é a confirmação da aliança de Deus com aquele que o aceita em todas as circunstâncias. Abraão poderia ter tomado outro caminho, mas não fez e isso lhe rendeu as bênçãos prometidas.
A comunidade dos filipenses, para quem Paulo escreve o texto de hoje tinha diante de si a figura do apóstolo que se descreve como modelo a ser imitado: “Sede meus imitadores e ponde os olhos naqueles que procedem segundo o modelo que tendes em nós”. Fazendo essa afirmação Ele também deixa claro que existe outra opção: “Porque há muitos, de quem tenho falado várias vezes e agora falo a chorar, que procedem como inimigos da cruz de Cristo”. Por causa desta realidade fica ainda melhor de entender a conclusão paulina: “Portanto, meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor”.
O convite para todos é não se considerar como atletas vitoriosos diante dos sofrimentos, provações e dificuldades, mas sempre como alguém que corre ao encontro da meta que sempre lhes é proposta de um modo renovado.
Jesus, no Evangelho mostra aos discípulos todo o seu esplendor, não sem deixar claro que isso também é resultado de um processo de escolha, de sofrimento, de dor e de morte: “Enquanto orava, alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém”.
Jesus, por meio de quem o Pai oferece sua aliança também convida a aceitar o sofrimento, a dor e as dificuldades. Aceitar o sofrimento não significa concordar com as tragédias humanas e permitir que elas continuem se repetindo como se não tivéssemos nenhuma participação e responsabilidade para evitar que aconteçam.
Aceitar o sofrimento implica descer da montanha das certezas humanas, caminhar na planície das provocações e colaborar para que políticas públicas sejam construídas na base do direito e da justiça que libertem a todos em todos os lugares.
Tenhamos certeza que só o Senhor é a certeza de nossa Salvação.




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