DAI-NOS O PÃO DE CADA DIA E NÃO NOS
DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO
A
quaresma como a própria palavra significa tem a ver com repensar as ações
cotidianas dar-se conta das fraquezas e limitações que se está sujeito e
retomar a vida respondendo de modo adequado às fraquezas que ameaçam as
relações de fraternidade e de comunhão. A palavra de São Paulo aos Romanos é
uma exortação que se presta para todos na atualidade: “Acolham-se uns aos outros como Cristo acolheu vocês para a glória de
Deus”.
No
dia a dia da vida não faltam oportunidades para se deixar levar pelas
tentações. O orgulho, a autossuficiência, a prepotência são situações
rotineiras que fazem as pessoas se fechar em si mesmas julgando-se melhor que
os demais e considerando aqueles como desnecessários para a construção da comunhão
e da fraternidade.
A
primeira leitura é uma seleção de discursos proferidos por Moisés enquanto os
Israelitas se organizavam para entrar na terra prometida. A síntese das
palavras de Moisés por de ser entendida como um convite a renovar e fidelidade
da aliança da comunidade com seu Deus e, portanto, a eliminar os falsos deuses:
“Invocamos o Senhor Deus dos nossos pais e
o Senhor ouviu a nossa voz, viu a nossa miséria, o nosso sofrimento
e a opressão que nos dominava. O Senhor fez-nos sair do Egito com
mão poderosa e braço estendido, espalhando um grande terror e realizando
sinais e prodígios. Conduziu-nos a este lugar e deu-nos esta terra,
uma terra onde corre leite e mel.
Tais
exortações podem ser aplicadas para a sociedade contemporânea sempre convidada a
deixar os caminhos da desumanidade, do egoísmo, do orgulho que em lugar da comunhão
facilita a morte e a exclusão.
Paulo,
na carta aos Romanos deixa mais do que claro que suas palavras são uma
atualização dos discursos de Moisés: “A palavra está perto de ti, na tua boca e no
teu coração. Esta é a palavra da fé que nós pregamos. Se
confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares no teu
coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois
com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa
a fé para alcançar a salvação. Na verdade, a Escritura diz: Todo
aquele que acreditar no Senhor não será confundido”.
O interesse de Paulo é provocar nos cristãos originários de
diversas tradições a compreensão de que a única garantia capaz de promover o
crescimento da comunidade é agir do jeito de Jesus: “Acolham-se uns aos outros como Cristo
acolheu vocês para a glória de Deus”.
A
longa e bonita disputa entre as tentações e a graça na vida de Jesus podem ser
igualmente uma regra de vida para a atualidade. Aceitar o caminho de obediência
ao Pai e de serviço à vida ou enveredar pelo messianismo e pela busca
desenfreada de poder e gloria. Frente a frente estão a lógica de Deus e a
lógica humana. Olhar apenas para suas vantagens e interesses pessoais ou
empenhar-se na construção de caminhos mais fraternos e solidários.
As
tentações de Jesus são o contraponto para a sociedade do consumo e do individualismo
que também a Campanha da Fraternidade sugere nesta quaresma. Fraternidade e
políticas públicas é um desafio a pensar coletivamente nos problemas que dizem
respeito a todos e que merecem ser tratados como questão de justiça e de
direito que irá garantir a libertação das tentações que buscam soluções para os
problemas pessoais e individuais.
Que
a penitência desta quaresma ensine de novo o caminho da fraternidade solidária
em favor da vida plena com dignidade para todos.
Que assim seja!Que possamos ser solidários e olhar o proximo com igualdade.
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