quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 12 DE JANEIRO DE 2020 - BATISMO DO SENHOR - 1º DO TEMPO COMUM - ANO A


BATIZADO COM A MISSÃO DE SALVAR
Uma das coisas indispensáveis para qualquer empreendimento na atualidade é ter claro sua visão de mundo e sua missão diante da realidade que se descortina e na qual pretende intervir. Se multiplicam instituições e pessoas oferecendo serviços de consultoria e garantindo o sucesso e o retorno para qualquer investimento. Ora, a liturgia da Igreja nos apresenta ao longo do ano como Deus foi construindo o seu projeto de ação no mundo e quais as expectativas de retorno ao longo do tempo. Entre o natal e esse primeiro domingo do tempo comum a liturgia apresenta alguns momentos muito claros os quais podem ser chamados como visão e missão no mundo.
Começando com a Festa da Sagrada família, da Santa Mãe de Deus, da Epifania e do Batismo do Senhor. Pode-se afirmar sem medo que Deus tem uma visão do mundo construído em corresponsabilidade no qual todos se ajudam e interagem, como uma grande família. Na família não pode faltar alguém que ocupe e faça as funções maternas. O mundo é o lugar para se dar a conhecer com todas as fragilidades e potencialidades como se vê no domingo da epifania. E diante de tudo isso não resta outra atitude senão assumir a missão, que se dá por meio do batismo.
A Palavra de Deus deste domingo narra o processo de escolha e o batismo do Escolhido. O pano de fundo do cenário é o projeto salvador que Deus tem para a humanidade e para isso revela seu Filho amado e sua missão que consiste em salvar e libertar todas as pessoas. Assumindo a condição humana, o Filho partilhou todas as fragilidades que essa condição impõe, mas sua vida foi um empenho a toda prova para promover e recuperar a dignidade perdida garantindo que todos pudessem alcançar a plenitude da vida.
O profeta Isaias faz o anuncio da missão de um “Servo” que seria enviado para garantir a paz, o bem, a concórdia e a justiça sem fim. O enviado realizaria sua missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder e a força próprias da prepotência humanas: “'Eis o meu servo ele promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos. Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.
A profecia de Isaias se concretiza na pessoa de Jesus como se lê no Evangelho. Jesus se apresenta como o enviando do Pai, n’Ele repousa o Espírito Santo e sua missão consiste em realizar o que todos esperaram por centenas de anos. Caminhando ao lado dos fragilizados, dos sofredores e dos pecadores promoveu a reconciliação e a melhoria na qualidade de vida como se lê no texto de hoje: “Naquele tempo: Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser batizado por ele. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado”. Obediente à missão que o Pai lhe confiou Ele refaz a comunhão entre Deus e a humanidade, da sua atividade resulta uma nova humanidade e um jeito novo das pessoas se relacionar.
Essa nova criação se concretiza nas palavras de São Pedro na segunda leitura: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. Deus enviou sua palavra por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem”.
Ora, na condição de seguidores de Jesus, cada pessoa tem hoje a missão de dar testemunho de tudo aquilo que acredita de modo que a salvação de Deus chegue a todos os povos. A prova do nosso empenho e da nossa fé se realiza à medida que formos capazes de testemunhar com gestos de bondade e de misericórdia, vencendo a cobiça, a exploração, a solidão, o analfabetismo, a violência e todas as formas de sofrimento. Então sim, poderemos rezar como fez o salmista: “Eis a voz do Senhor sobre as águas, sua voz sobre as águas imensas! Eis a voz do Senhor com poder! Eis a voz do Senhor majestosa. Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!”.



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