BATIZADO COM A
MISSÃO DE SALVAR
Uma das coisas
indispensáveis para qualquer empreendimento na atualidade é ter claro sua visão
de mundo e sua missão diante da realidade que se descortina e na qual pretende
intervir. Se multiplicam instituições e pessoas oferecendo serviços de
consultoria e garantindo o sucesso e o retorno para qualquer investimento. Ora,
a liturgia da Igreja nos apresenta ao longo do ano como Deus foi construindo o
seu projeto de ação no mundo e quais as expectativas de retorno ao longo do
tempo. Entre o natal e esse primeiro domingo do tempo comum a liturgia
apresenta alguns momentos muito claros os quais podem ser chamados como visão e
missão no mundo.
Começando com a Festa da
Sagrada família, da Santa Mãe de Deus, da Epifania e do Batismo do Senhor.
Pode-se afirmar sem medo que Deus tem uma visão do mundo construído em
corresponsabilidade no qual todos se ajudam e interagem, como uma grande
família. Na família não pode faltar alguém que ocupe e faça as funções
maternas. O mundo é o lugar para se dar a conhecer com todas as fragilidades e
potencialidades como se vê no domingo da epifania. E diante de tudo isso não
resta outra atitude senão assumir a missão, que se dá por meio do batismo.
A Palavra de Deus deste
domingo narra o processo de escolha e o batismo do Escolhido. O pano de fundo
do cenário é o projeto salvador que Deus tem para a humanidade e para isso
revela seu Filho amado e sua missão que consiste em salvar e libertar todas as
pessoas. Assumindo a condição humana, o Filho partilhou todas as fragilidades
que essa condição impõe, mas sua vida foi um empenho a toda prova para promover
e recuperar a dignidade perdida garantindo que todos pudessem alcançar a
plenitude da vida.
O profeta Isaias faz o
anuncio da missão de um “Servo” que seria enviado para garantir a paz, o bem, a
concórdia e a justiça sem fim. O enviado realizaria sua missão com humildade e
simplicidade, sem recorrer ao poder e a força próprias da prepotência humanas: “'Eis o meu servo ele
promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem
levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas.
Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países
distantes esperam seus ensinamentos. Eu, o Senhor, te
chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te
formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”.
A profecia de Isaias se concretiza na pessoa de Jesus como se
lê no Evangelho. Jesus se apresenta como o enviando do Pai, n’Ele repousa o
Espírito Santo e sua missão consiste em realizar o que todos esperaram por
centenas de anos. Caminhando ao lado dos fragilizados, dos sofredores e dos
pecadores promoveu a reconciliação e a melhoria na qualidade de vida como se lê
no texto de hoje: “Naquele tempo: Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, a fim de se encontrar com João e ser
batizado por ele. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. Então o céu se abriu e Jesus viu o
Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo pousar sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: 'Este é o meu Filho amado, no qual eu
pus o meu agrado”. Obediente à missão que o Pai lhe confiou Ele refaz a
comunhão entre Deus e a humanidade, da sua atividade resulta uma nova
humanidade e um jeito novo das pessoas se relacionar.
Essa nova criação se concretiza nas palavras de São Pedro na
segunda leitura: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre
as pessoas. Pelo
contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença.
Deus enviou sua palavra por meio de Jesus Cristo,
que é o Senhor de todos. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem”.
Ora, na
condição de seguidores de Jesus, cada pessoa tem hoje a missão de dar
testemunho de tudo aquilo que acredita de modo que a salvação de Deus chegue a
todos os povos. A prova do nosso empenho e da nossa fé se realiza à medida que
formos capazes de testemunhar com gestos de bondade e de misericórdia, vencendo
a cobiça, a exploração, a solidão, o analfabetismo, a violência e todas as
formas de sofrimento. Então sim, poderemos rezar como fez o salmista: “Eis a voz do Senhor sobre as águas, sua voz sobre as águas
imensas! Eis a voz do Senhor com poder! Eis a voz do Senhor majestosa. Que o Senhor
abençoe, com a paz, o seu povo!”.
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