JESUS,
A LUZ NO FIM DO TÚNEL
Para quem vive no
litoral de Santa Catarina, ou circula pela BR 101 a passagem pelo túnel do
Morro do Boi tem sempre uma sensação de
apreensão e de certeza. É uma travessia
rápida, uns poucos minutos e logo se avista uma luz do fim do túnel. Todos tem
certeza que realmente isso acontecerá, entretanto, sempre se trata de uma
surpresa. Pois é sobre a possibilidade
de ver o clarão de uma nova luz que se refere a liturgia da Palavra deste 3º
domingo comum.
A passagem do profeta
Isaias, como todas as passagens sobre o projeto de Deus para a humanidade foi
entendida como profecias depois de aplicadas à pessoa de Jesus como aquele que
veio para efetivar as promessas e os desejos das pessoas e das comunidades do
seu tempo.
No texto de hoje Isaias
afirma que as trevas terão fim
significando com isso a libertação das injustiças, dos sofrimentos, do
desespero e até da própria morte. E tudo isso acontecerá com uma decisiva ação
de Deus em favor do seu povo: “recentemente o Senhor cobriu de glória o caminho do
mar. O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte,
uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença
como alegres ceifeiros na colheita”. Quando isso acontecer os dias serão de paz sem fim.
Este tempo é comparado a alegria da colheita celebrada na abundância dos
alimentos. Quem está garantindo a realização destas profecias não é outra
pessoa senão o próprio Deus, a luz no fim do túnel que irá proporcionar uma
alegria sem fim é um dom de Deus.
O evangelho descreve a realização das promessas do profeta.
Durante muitos anos a comunidade de Israel foi alimentando a esperança de ver
brilhar a luz da profecia e eis que na pessoa de Jesus se concretiza o sonho de
todos: “Jesus voltou para a Galileia, para se cumprir o que foi dito
pelo profeta Isaías: O povo que
vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que
viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. Como no domingo passado o
Evangelho confirma que a ação de Jesus é
realizada contando com a parceria dos envolvidos. No caso de hoje a atividade
do Mestre conta com a ajuda dos discípulos a quem Ele chama com um verbo no
imperativo: “Segui-me, e eu farei de vós
pescadores de homens”.
Crendo nas palavras de Jesus aqueles que lhe ouvem percebem
que a luz começa a brilhar no fim do túnel sendo a concretização da justiça
verdadeira, da misericórdia infinita, da abundância e da paz sem fim.
Obviamente que a realização de tudo isso implica num processo de conversão e
mudança de mentalidade. Numa reorganização da vida colocando no centro de todas
as preocupações a mesma perspectiva de Deus.
Ontem como hoje as comunidades
experimentam o entusiasmo daquele anuncio com uma mistura de preocupação e de
sofrimento conforme escreve São Paulo na Carta aos Coríntios: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do
Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e
não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no
pensar e no falar”. O pedido de Paulo
continua sendo válido para nossas comunidades e para cada cristão em particular
que consiste em redescobrir os fundamentos da fé e os compromissos assumidos no
batismo. Paulo é categórico na afirmação: Cristo e somente ele é a fonte de
salvação. A nossa fé não pode depender do carisma de uma ou de outra pessoa,
desta ou daquela personalidade, deste ou daquele indivíduo. Só Jesus Cristo é a
verdadeira luz no fim do túnel.
Neste sentido cabe uma pergunta para todos: que sentido faz
os ciúmes, os conflitos, os partidos que existem em nossas comunidades? As
rivalidades muitas vezes cultivadas entre grupos, movimentos, pastorais, e serviços
em nossas comunidades são um sinal de que Jesus não é o centro de nossas ações,
pelo contrário ali estão os interesses próprios de quem age para se
autopromover. O cristão de verdade não precisa de incenso, de culto a sua
própria personalidade ou ao seu grupo. Quando isso acontece falta para todos
voltar o olhar para quem de fato merece: Jesus Cristo.
Peçamos a graça de realizar em nossa vida o que se reza no
salmo:
“O Senhor é minha luz e salvação;*
de quem eu terei medo?
Senhor é a proteção da minha vida;*
perante quem eu tremerei?
de quem eu terei medo?
Senhor é a proteção da minha vida;*
perante quem eu tremerei?
O Senhor é minha luz e
salvação.
O Senhor é a proteção da minha vida”.
O Senhor é a proteção da minha vida”.
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