quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

HOMILIA PARA O DIA 26 DE JANEIRO DE 2020 - 3ª DOMINGO COMUM - ANO A


JESUS, A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Para quem vive no litoral de Santa Catarina, ou circula pela BR 101 a passagem pelo túnel do Morro do  Boi tem sempre uma sensação de apreensão e de certeza.  É uma travessia rápida, uns poucos minutos e logo se avista uma luz do fim do túnel. Todos tem certeza que realmente isso acontecerá, entretanto, sempre se trata de uma surpresa.  Pois é sobre a possibilidade de ver o clarão de uma nova luz que se refere a liturgia da Palavra deste 3º domingo comum.
A passagem do profeta Isaias, como todas as passagens sobre o projeto de Deus para a humanidade foi entendida como profecias depois de aplicadas à pessoa de Jesus como aquele que veio para efetivar as promessas e os desejos das pessoas e das comunidades do seu tempo.
No texto de hoje Isaias afirma que  as trevas terão fim significando com isso a libertação das injustiças, dos sofrimentos, do desespero e até da própria morte. E tudo isso acontecerá com uma decisiva ação de Deus em favor do seu povo: recentemente o Senhor cobriu de glória o caminho do mar. O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita”. Quando isso acontecer os dias serão de paz sem fim. Este tempo é comparado a alegria da colheita celebrada na abundância dos alimentos. Quem está garantindo a realização destas profecias não é outra pessoa senão o próprio Deus, a luz no fim do túnel que irá proporcionar uma alegria sem fim é um dom de Deus.
O evangelho descreve a realização das promessas do profeta. Durante muitos anos a comunidade de Israel foi alimentando a esperança de ver brilhar a luz da profecia e eis que na pessoa de Jesus se concretiza o sonho de todos: “Jesus voltou para a Galileia, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz”. Como no domingo passado o Evangelho confirma que  a ação de Jesus é realizada contando com a parceria dos envolvidos. No caso de hoje a atividade do Mestre conta com a ajuda dos discípulos a quem Ele chama com um verbo no imperativo: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”.
Crendo nas palavras de Jesus aqueles que lhe ouvem percebem que a luz começa a brilhar no fim do túnel sendo a concretização da justiça verdadeira, da misericórdia infinita, da abundância e da paz sem fim. Obviamente que a realização de tudo isso implica num processo de conversão e mudança de mentalidade. Numa reorganização da vida colocando no centro de todas as preocupações a mesma perspectiva de Deus.
Ontem como hoje as comunidades experimentam o entusiasmo daquele anuncio com uma mistura de preocupação e de sofrimento conforme escreve São Paulo na Carta aos Coríntios: “Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar”. O pedido de Paulo continua sendo válido para nossas comunidades e para cada cristão em particular que consiste em redescobrir os fundamentos da fé e os compromissos assumidos no batismo. Paulo é categórico na afirmação: Cristo e somente ele é a fonte de salvação. A nossa fé não pode depender do carisma de uma ou de outra pessoa, desta ou daquela personalidade, deste ou daquele indivíduo. Só Jesus Cristo é a verdadeira luz no fim do túnel.
Neste sentido cabe uma pergunta para todos: que sentido faz os ciúmes, os conflitos, os partidos que existem em nossas comunidades? As rivalidades muitas vezes cultivadas entre grupos, movimentos, pastorais, e serviços em nossas comunidades são um sinal de que Jesus não é o centro de nossas ações, pelo contrário ali estão os interesses próprios de quem age para se autopromover. O cristão de verdade não precisa de incenso, de culto a sua própria personalidade ou ao seu grupo. Quando isso acontece falta para todos voltar o olhar para quem de fato merece: Jesus Cristo.
Peçamos a graça de realizar em nossa vida o que se reza no salmo:
O Senhor é minha luz e salvação;*
de quem eu terei medo?
Senhor é a proteção da minha vida;*
perante quem eu tremerei?
O Senhor é minha luz e salvação.
O Senhor é a proteção da minha vida”.



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