quinta-feira, 16 de julho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 19 DE JULHO DE 2020 - 16º COMUM - ANO A


AMOR, PACIÊNCIA E PERDÃO
Nunca se ouviu falar tanto em medidas protetivas e responsabilidades partilhadas como nestes tempos de pandemia. Todas as instâncias de governo, os organismos internacionais, os órgãos responsáveis pela saúde pública, as agências reguladoras, os meios de comunicação social, todos, a comunidade científica mundial, indistintamente dedicam horas do seu tempo tentando encontrar alternativas menos traumáticas para mostrar sua preocupação com a saúde e o cuidado com a vida em todas as suas formas.
Por outro lado, nunca como agora, foi possível perceber como a sociedade inteira está mergulhada num ritmo estonteante , numa corrida frenética atrás do tempo, numa carga de stress desumanizante que transforma todos me máquinas de ganhar tempo e dinheiro.
Pois é neste contexto que se pode mais facilmente compreender o texto da carta aos romanos proclamado na liturgia deste domingo: “Também, o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos”. De uma coisa podemos ter certeza: É Deus quem nos dá força e discernimento para viver segundo o espírito cuja decisão é muito superior à frenética corrida em que estamos todos metidos.
Esta certeza não tem outro fundamento se não nas palavras da Sabedoria que é parte da liturgia deste domingo. Deus com sua força e onipotência, em nenhum momento age como se poderia esperar de alguém que ocupe tal posição na relação com as pessoas e o mundo. Pelo contrário ele se mostra misericordioso, compassivo, favorável, indulgente: “Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas... No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência... e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores”.
Esta não é outra atitude senão a que Jesus revela nas parábolas do Evangelho. Fazendo a comparação entre o Reino de Deus e as realidades do mundo Jesus esclarece que a vontade de Deus não é a construção de uma sociedade de perfeitos, uma comunidade de justos, um grupo fechado no qual só tem lugar os bons, os puros, os perfeitos. Pelo contrário, a seu tempo, todos serão julgados a partir do próprio egoísmo e pecado.  O mundo como lugar da morada de Deus é um processo que vai sendo construído tendo como base a misericórdia e a compaixão, a solidariedade e o compromisso. Cada pessoa no ritmo das suas capacidades e escolhas vai fazendo produzir os sinais da presença de Deus na sua vida e nas relações que estabelece mediante um processo de conversão e de transformação cotidiana. Deus a quem Jesus Cristo anuncia não está interessado em destruir quem quer que seja, nem mesmo o pecador simbolizado pelo joio semeado no meio da boa semente. No seu amor e na sua misericórdia Deus não tem pressa no julgamento e no castigo, sempre dá oportunidade para rever nossas escolhas. A lição do Evangelho consiste em aprender com o grão de mostarda ou com a pitada de fermento, ainda que pareça insignificante, como todos podem dar sua contribuição para que o bem cresça e aconteça e então sim, será possível reconhecer a bondade e a compaixão do nosso Deus.  


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