sexta-feira, 31 de julho de 2020

HOMILIA PARA O DIA 02 DE AGOSTO DE 2020 - 18º DOMINGO COMUM - ANO A

É TEMPO DE CUIDAR

O texto da carta de São Paulo proclamado hoje começa assim: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada?”. Nós poderíamos acrescentar: pandemia, ciclone, violência, corrupção, politicagem, e São Paulo responde: “Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou”.

Porém, de uma coisa é certa, a vitória sobre todas essas situações começa pela compaixão, pelo cuidado, pela responsabilidade partilhada. Não se trata de coisinhas ou programinhas de auxílio emergencial, ou de pequenos gestos de caridade, embora eles sejam úteis e até necessários.  Mas, para sair vencedores implica uma revolução na mentalidade de toda a sociedade. Trata-se de compreender que os “cinco pães e os dois peixes” que cada um possui, se somados, equivalem a sete.  E sete na linguagem bíblica significa quantidade e responsabilidade suficiente para resolver os problemas de todos partindo daquilo que Deus coloca diariamente nas mãos de cada pessoa.

Deus, segundo São Paulo e nos gestos de Jesus, mostra que a solução dos problemas está na compaixão que é uma responsabilidade de todos: pessoas, Igrejas, associações, governos, sociedade em geral. Jesus continua nos desafiando: “Não é necessário deixar ninguém com fome: Deem vocês mesmos de comer”.

Esta foi a atitude de Deus em toda a história e que nos é narrada na primeira leitura deste domingo: “Assim diz o Senhor: Vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida”. O profeta Isaias nos apresenta e garante que Deus nunca fica indiferente diante de um povo atolado na miséria, no sofrimento e na desolação. Ao mesmo tempo é um convite para que tenhamos o mesmo sentimento e as mesmas atitudes. A palavra do profeta nos desafia, diante do sofrimento a que estamos submetidos, mostrar o nosso coração amoroso, que apoia e devolve a esperança, que ajuda a recuperar a dignidade e o gosto pela vida.

Nossas ações, neste deserto em que todos estamos imersos precisam ser respostas que matam a fome de pão e a sede de justiça, de fraternidade, de comunhão, de solidariedade, de amor e de paz. Que a oração de todos e a Palavra ouvida, seja também a comunhão partilhada de maneira que ao final de tudo ainda seja possível recolher doze cestos cheios com os pedaços que sobraram. Então sim poderemos rezar com a consciência tranquila de quem reconhece que é

É justo o Senhor em seus caminhos,*
é santo em toda obra que ele faz.
Ele está perto da pessoa que o invoca,*
de todo aquele que o invoca lealmente”.


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