É
TEMPO DE CUIDAR
O texto da carta de São Paulo
proclamado hoje começa assim: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada?”. Nós poderíamos acrescentar: pandemia, ciclone,
violência, corrupção, politicagem, e São Paulo responde: “Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou”.
Porém, de uma coisa é certa, a vitória sobre todas essas
situações começa pela compaixão, pelo cuidado, pela responsabilidade
partilhada. Não se trata de coisinhas ou programinhas de auxílio emergencial,
ou de pequenos gestos de caridade, embora eles sejam úteis e até
necessários. Mas, para sair vencedores implica
uma revolução na mentalidade de toda a sociedade. Trata-se de compreender que
os “cinco pães e os dois peixes” que
cada um possui, se somados, equivalem a sete.
E sete na linguagem bíblica significa quantidade e responsabilidade
suficiente para resolver os problemas de todos partindo daquilo que Deus coloca
diariamente nas mãos de cada pessoa.
Deus, segundo São Paulo e nos
gestos de Jesus, mostra que a solução dos problemas está na compaixão que é uma
responsabilidade de todos: pessoas, Igrejas, associações, governos, sociedade
em geral. Jesus continua nos desafiando: “Não
é necessário deixar ninguém com fome: Deem vocês mesmos de comer”.
Esta foi a atitude de Deus em
toda a história e que nos é narrada na primeira leitura deste domingo: “Assim diz o Senhor: Vós todos que
estais com sede, vinde às águas; vós que não
tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar
vinho e leite, sem nenhuma paga. Inclinai
vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis
vida”. O profeta Isaias nos apresenta
e garante que Deus nunca fica indiferente diante de um povo atolado na miséria,
no sofrimento e na desolação. Ao mesmo tempo é um convite para que tenhamos o
mesmo sentimento e as mesmas atitudes. A palavra do profeta nos desafia, diante
do sofrimento a que estamos submetidos, mostrar o nosso coração amoroso, que
apoia e devolve a esperança, que ajuda a recuperar a dignidade e o gosto pela
vida.
Nossas ações, neste deserto em que todos estamos imersos
precisam ser respostas que matam a fome de pão e a sede de justiça, de
fraternidade, de comunhão, de solidariedade, de amor e de paz. Que a oração de
todos e a Palavra ouvida, seja também a comunhão partilhada de maneira que ao
final de tudo ainda seja possível recolher doze cestos cheios com os pedaços
que sobraram. Então sim poderemos rezar com a consciência tranquila de quem
reconhece que é
“É justo o Senhor em seus caminhos,*
é santo em toda obra que ele faz.
Ele está perto da pessoa que o invoca,*
de todo aquele que o invoca lealmente”.
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