O SENHO
NOS DARÁ TUDO O QUE É BOM
As palavras e o pensamento do
Papa Francisco são repetidos exaustivamente no cotidiano de nossas comunidades.
Igreja em saída é uma das expressões
muito queridas e que se torna quase banalizada pelo excesso de repetição. O
Evangelho deste domingo nos ajuda melhor entender o significado e a importância
que a expressão pode ter para o nosso tempo e nosso jeito de ser Igreja.
Jesus ordena que os discípulos
se dirijam para o outro lado do mar, nesta travessia a Ele não está fisicamente
presente e o grupo é sacudido pelas ondas do mar. Ora, também nossas comunidades,
levando em conta a intuição do Papa Francisco, são um barco singrando os mares
bravios com todo tipo de tempestade e provação. Mas todos são chamados a ir
para o outro lado, ou seja, ir ao encontro daqueles que não fazem parte do
nosso grupo, buscar os que estão perdidos e afastados. Mesmo que isso possa machucar
a Igreja e desestabilizar o barco que normalmente na veja em ondas tranquilas.
A primeira leitura é um
convite para as comunidades reencontrar a origem da sua fé e do seu
compromisso. Isso significa enfrentar as tempestades que se abatem violentamente
contra essa peregrinação. Note-se o relato que o autor do livro faz sobre o
profeta Elias: “Naqueles dias, ao chegar a Horeb, o monte de Deus, o profeta Elias, entrou numa gruta,
onde passou
a noite.E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes termos:Sai e permanece sobre o monte
diante do Senhor, porque o Senhor vai passar'... veio um vento impetuoso e forte... Mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um
terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. Passado
o terremoto, veio um fogo. Mas o Senhor não estava
no fogo. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa”. Isso significa dizer
que Deus se dá a conhecer na simplicidade, na intimidade, na humildade, no
silêncio. Deus não precisa de sinais espetaculares, curas, milagres e obras
portentosas.
Não perceber o amor de Deus no cotidiano e nas oportunidades
singelas da missão é o mesmo que instalar-se numa autossuficiência de quem não
quer perceber o ritmo de Deus, nem tampouco descobrir os novos desafios para
cada fase da vida.
Na arriscada e difícil travessia ao encontro daqueles que não
estão no mesmo barco tanto os discípulos de ontem, como os fieis contemporâneos
podem ter a certeza que Deus está com eles e acalma as ondas bravias. Crer na
sua presença garante a possibilidade de caminhar em segurança sobre tudo aquilo
que causa pânico e medo. A desconfiança de Pedro lhe fez afundar: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu
encontro, caminhando sobre a água.' E Jesus respondeu: 'Vem! Mas,
quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar,
gritou: 'Senhor, salva-me!' Jesus logo estendeu a mão,
segurou Pedro, e lhe disse: 'Homem fraco na fé, por
que duvidaste?'
Em meio às turbulências do cotidiano, Jesus continua
reanimando a todos com as palavras: “Coragem! Sou eu. Não
tenhais medo”.
O mandato que
Jesus deu aos discípulos de outrora se repete e desafia a responder se diante
das adversidades do tempo presente estamos dispostos a embarcar para a outra
margem ao encontro daqueles que ainda não caminham conosco? Somos desafiados a
ir ao encontro daqueles que tem sede de amor e de esperança, de modo que eles
percebam na Igreja destes tempos um sinal coerente que os faça acreditar na força
transformadora do Reino. A proposta não é solução fácil e na qual se recebe
aplausos, antes é desafiador e exige coragem. Que a oração de todos e a Palavra
proclamada sejam sustento e alento nos mares revoltos. Que sejamos capazes de
levar a sério o que rezamos no salmo: “Mostrai-nos,
ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei”.
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