sexta-feira, 30 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 02 DE MAIO DE 2021 - 5º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B

 

SER E PERMANECER NO DISCIPULADO

A urbanização e os modos de vida contemporânea afastaram muitas pessoas das lidas do campo e hoje são poucos aqueles que entendem de plantio, cuidados com o campo, podas e colheitas. Mas, entendemos bem de dificuldades, adversidades, contratempos, contrariedades e em tudo isso manter a perseverança nos bons objetivos e propósitos que sempre vamos renovando constantemente.

As três leituras deste domingo servem de estímulo para não perder a esperança e a perseverança quando se trata de superar adversidades e contratempos do cotidiano. Numa linguagem coloquial se diz que em determinadas situações se faz necessário desacelerar, recuar um pouco para depois avançar com mais segurança como disse Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e voltar sempre inteira”.

O texto dos Atos dos apóstolos nos ajuda cultivar o diálogo e a partilha garantindo assim o crescimento e o amadurecimento da nossa fé. Paulo serve de modelo por sua coragem e entusiasmo na convivência com as dificuldades e oposições que a pregação do Evangelho faziam surgir nas comunidades.

Como se não bastasse a resistência dos judeus que viviam em Damasco, Paulo enfrentou o fechamento e o preconceito entre os cristãos de Jerusalém. A maneira como Paulo anunciava Cristo e a sua boa notícia causava estranhamento entre aqueles que preferiam um grupo de perfeitos e exclusivos seguidores do Mestre.

O que aconteceu com Paulo não se diferencia muito das realidades de nossas comunidades. Frequentemente nos comportamos como uma Igreja fechada, com medo de arriscar e acolher o diferente nos instalamos no comodismo e na mediocridade e não percebemos os desafios proféticos e o significado da expressão “Igreja em saída”. Preferimos uma comunidade intacta, onde só tem lugar para os bons e justos nossos amigos. Temos medo de uma Igreja ferida e enlameada, como diz o Papa Francisco, mas que seja aberta fraterna, solidária e acolhedora.

Barnabé serve de exemplo para todo cristão que queira acolher e se abrir ao diferente convidando todos fazerem a experiência da comunhão: “Então Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor no caminho, como o Senhor lhe havia falado e como Saulo havia pregado, em nome de Jesus, publicamente, na cidade de Damasco. Daí em diante, Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza em nome do Senhor”.

A comparação que Jesus faz no evangelho é uma maneira pedagógica para deixar claro a todos que a produção de bons frutos tem duas condições indispensáveis: permanecer em comunhão com Ele e estar disposto a encarar as dificuldades dessa condição como se fossem podas, correções e mudanças de direção em nosso caminho.

Estar com Ele é a condição para uma comunidade produzir frutos. Isso é ao mesmo tempo um privilégio e uma responsabilidade.  Na condição de seguidores de Jesus não temos o direito de nos fechar num grupo de perfeitos e melhores, antes, somos desafiados a construir uma Igreja viva e dinâmica e que por nossos gestos e atitudes derrama sobre todos os bons frutos que produzimos internamente. Jesus que é o tronco de onde tiramos a seiva para produzir frutos será reconhecido à medida que nossas ações forem alcançando as pessoas em todos os lugares. Declarar-se ramo da mesma e única videira implica um compromisso efetivo com todas as propostas de Jesus.

As propostas d’Ele ficam claras no texto da segunda leitura. Em outras palavras, não se trata de conversa fiada, antes, são ações concretas, não basta fazer bonitos discursos e longas orações. Trata-se de colocar em prática tudo aquilo que, em palavras, declaramos acreditar: “Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, de acordo com o mandamento que ele nos deu. Quem guarda os seus mandamentos permanece com Deus e Deus permanece com ele. Que ele permanece conosco, sabemo-lo pelo Espírito que ele nos deu”.

 

 

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