quarta-feira, 21 de abril de 2021

HOMILIA PARA O DIA 25 DE ABRIL DE 2021 - 4º DOMINGO DA PÁSCOA - ANO B - DOMINGO DO BOM PASTOR

 

O BOM PASTOR CONHECE E COMPREENDE SUAS OVELHAS

Em toda a história do povo de Israel fica bastante claro que os fariseus e doutores da lei lhes impunham regras e normas as quais o povo simples era incapaz de conhecer e seguir, por essa razão era considerado impuro pecador, e excluído do Templo e relegado aos seus próprios cuidados. Nesse sentido os responsáveis pelo povo eram reconhecidos como maus pastores a quem os profetas fizeram constantes recomendações anunciando-lhes que Deus não continuaria a tolerar por muito tempo esta situação de descaso com os seus filhos e filhas. De outra sorte a comunidade esperou confiante a realização das promessas às quais viram acontecer na pessoa de Jesus.

Nossa realidade não se diferencia muito daquela vivida pelos conterrâneos de Jesus. Entre nós não são poucas as lideranças políticas que não tem compromisso com o sofrimento dos governados, lideranças religiosas prometendo prosperidade econômica em troca de ofertas, outros se aproveitando da generosidade para levar vantagem usam seu poder de convencimento e se comportam como mercenários e maus pastores.

Ao contrário disso Jesus apresenta no Evangelho um modelo de pastor, que Ele mesmo serve de exemplo. Ele conhece as ovelhas, chama pelo nome, reconhece a sua voz, está preocupado com o bem estar do rebanho, não procura o próprio interesse, mas trabalha para garantir a segurança daqueles que estão sob sua responsabilidade. Para garantir a segurança das ovelhas, de todas as ovelhas e não somente daquelas que já estão sob os seus cuidados o bom pastor põe em risco a própria vida: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.

Esse é o modelo de pastor que leva Pedro a fazer sua declaração de fé: Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: 'Chefes do povo e anciãos: hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré. Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.

Em Jesus Cristo, o Pai revelou seu amor incondicional por meio do qual quer nos levar a superar nossas fragilidades integrando-nos à sua família: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.

A voz de Jesus, bom pastor, não é dirigida a um grupo seleto de pessoas, ou para um número restrito de convidados, antes se destina a todos sem exceção e a condição para fazer parte do seu grupo é ouvir e reconhecer a voz do único e verdadeiro pastor, o que implica em percorrer os caminhos com Ele não ter medo de entregar a vida para ajudar os demais.

Distanciamo-nos dois milênios das palavras de Jesus isso, no entanto, não deveria ser motivo para permitir que nossa história fosse construída apenas com um verniz cristão. Entre nós, não são poucos, pastores e ovelhas, que se declaram cristãos, mas defendem atos bárbaros de terrorismo, uso e porte indiscriminado de armas, capitalismo selvagem colocando os valores econômicos acima da defesa e cuidado da vida. Muitos se dizem religiosos ao mesmo tempo em que dificultam o acesso aos bens e serviços religiosos, excluem aqueles que pensam e se comportam de maneira diferente. Nem sempre na construção das nossas relações humanas, sociais e religiosas a figura do Bom Pastor é a referência fundamental nem tampouco Jesus e o seu evangelho são colocados como a Pedra Fundamental da construção.

Apesar disso o exemplo dos primeiros discípulos deve nos sugerir que apesar dos ventos contrários Jesus não nos deixa sozinhos entregues às nossas próprias forças, o Bom Pastor continua nos ajudando, animando e protegendo sempre que o desânimo e a frustração parecem superar nossa esperança.

Não tenhamos medo assim diz a oração da missa de hoje: “Deus eterno e todo poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir apesar da sua fraqueza a fortaleza do pastor”.

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