O
BOM PASTOR CONHECE E COMPREENDE SUAS OVELHAS
Em
toda a história do povo de Israel fica bastante claro que os fariseus e
doutores da lei lhes impunham regras e normas as quais o povo simples era
incapaz de conhecer e seguir, por essa razão era considerado impuro pecador, e
excluído do Templo e relegado aos seus próprios cuidados. Nesse sentido os
responsáveis pelo povo eram reconhecidos como maus pastores a quem os profetas
fizeram constantes recomendações anunciando-lhes que Deus não continuaria a
tolerar por muito tempo esta situação de descaso com os seus filhos e filhas. De
outra sorte a comunidade esperou confiante a realização das promessas às quais viram
acontecer na pessoa de Jesus.
Nossa
realidade não se diferencia muito daquela vivida pelos conterrâneos de Jesus.
Entre nós não são poucas as lideranças políticas que não tem compromisso com o
sofrimento dos governados, lideranças religiosas prometendo prosperidade
econômica em troca de ofertas, outros se aproveitando da generosidade para
levar vantagem usam seu poder de convencimento e se comportam como mercenários
e maus pastores.
Ao
contrário disso Jesus apresenta no Evangelho um modelo de pastor, que Ele mesmo
serve de exemplo. Ele conhece as ovelhas, chama pelo nome, reconhece a sua voz,
está preocupado com o bem estar do rebanho, não procura o próprio interesse,
mas trabalha para garantir a segurança daqueles que estão sob sua
responsabilidade. Para garantir a segurança das ovelhas, de todas as ovelhas e
não somente daquelas que já estão sob os seus cuidados o bom pastor põe em risco
a própria vida: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, Conheço
as minhas ovelhas, e elas me conhecem. Tenho ainda outras
ovelhas que não são deste redil: também a elas
devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”.
Esse é o modelo de
pastor que leva Pedro a fazer sua declaração de fé: “Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: 'Chefes do povo e anciãos: hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi
curado. Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de
Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré. Jesus é a pedra, que vós, os construtores, desprezastes, em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo
qual possamos ser salvos”.
Em Jesus Cristo, o
Pai revelou seu amor incondicional por meio do qual quer nos levar a superar
nossas fragilidades integrando-nos à sua família: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando
Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
A voz de Jesus, bom
pastor, não é dirigida a um grupo seleto de pessoas, ou para um número restrito
de convidados, antes se destina a todos sem exceção e a condição para fazer
parte do seu grupo é ouvir e reconhecer a voz do único e verdadeiro pastor, o
que implica em percorrer os caminhos com Ele não ter medo de entregar a vida
para ajudar os demais.
Distanciamo-nos
dois milênios das palavras de Jesus isso, no entanto, não deveria ser motivo
para permitir que nossa história fosse construída apenas com um verniz cristão.
Entre nós, não são poucos, pastores e ovelhas, que se declaram cristãos, mas
defendem atos bárbaros de terrorismo, uso e porte indiscriminado de armas,
capitalismo selvagem colocando os valores econômicos acima da defesa e cuidado da
vida. Muitos se dizem religiosos ao mesmo tempo em que dificultam o acesso aos
bens e serviços religiosos, excluem aqueles que pensam e se comportam de
maneira diferente. Nem sempre na construção das nossas relações humanas,
sociais e religiosas a figura do Bom Pastor é a referência fundamental nem
tampouco Jesus e o seu evangelho são colocados como a Pedra Fundamental da
construção.
Apesar disso o
exemplo dos primeiros discípulos deve nos sugerir que apesar dos ventos
contrários Jesus não nos deixa sozinhos entregues às nossas próprias forças, o
Bom Pastor continua nos ajudando, animando e protegendo sempre que o desânimo e
a frustração parecem superar nossa esperança.
Não tenhamos medo
assim diz a oração da missa de hoje: “Deus
eterno e todo poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que
o rebanho possa atingir apesar da sua fraqueza a fortaleza do pastor”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário