O SENHOR É BONDOSO E
COMPASSIVO
Uma das grandes preocupações dos pais diz respeito à
maneira como os filhos se relacionam entre si e com seus companheiros de
escola, de academia, e de outros ambientes que frequentam. As redes sociais
costumam ser também objetos de preocupação por ser um “terreno minado”
frequentemente pouco controlado e facilmente fonte de intolerância e
desrespeito entre as pessoas.
A Palavra de Deus deste domingo vem na sequência do
último domingo e nos convida a substituir a lógica do mundo pela proposta do
Reino, isso significa: “Felizes os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. A razão última para os
gestos e atitudes de misericórdia nós encontramos a partir da convicção de que
Deus é misericordioso e todos somos chamados a ser “misericordiosos como o Pai de Vocês é misericordioso”. A partir de Deus não é justo que nós
façamos outra medida para o perdão, senão a medida da gratuidade.
Na primeira leitura Samuel não tem interesse de contar
uma história de vencedores e vencidos, mas ensina duas maneiras de lidar com a
vida. Uma delas é considerar que a vida de alguma pessoa é mais importante e
mais necessária que a do outro e que a eliminação daquele que a pessoa julga
lhe ser um estorvo para os seus projetos é a única e principal preocupação.
Nesse caso justifica o uso da força e da violência.
Ao contrário dessa atitude Davi mostra sua compaixão e
seu coração que age do jeito de Deus, não simplesmente poupando a vida de Saul,
seu perseguidor, mas fazendo perceber como as pessoas podem agir de acordo com
o coração de Deus: “O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua
fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis
estender a minha mão contra o ungido do Senhor”.
Na segunda leitura, Paulo continua orientando a
comunidade sobre a ressurreição e garante a todos que a possibilidade de uma
vida nova que nos foi garantida pela ressurreição de Jesus precisa ter a marca
do amor vivido por Jesus. A partir de Jesus todos podemos estar seguros de uma
vida plena que não é a simples continuidade entre o corpo terrestre e o corpo
ressuscitado, mas se trata da continuação de um estilo de vida que tem como
fundamento o jeito de ser do Homem Jesus, isto é, ser para o mundo o rosto
misericordioso do Pai.
No Evangelho Jesus deixa mais do que claro que a
condição para uma vida plena passa por gestos e atitudes sempre dispostas a
perdoar, acolher e dar a mão indistintamente: “Ao contrário,
amai os vossos inimigos, fazei o bem e
emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será
grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os
ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso”.
E não precisamos muito esforço para
perceber que agir de modo diferente dessa proposta de Jesus implica caminhar
juntos para a ruína. Nos últimos cem anos o mundo viveu a tragédia das duas
grandes guerras. Vivemos sob o medo constante de um holocausto nuclear, as
ameaças e a falta de diálogo internacional e dentro das nossas comunidades
continuam sendo um indicativo que o amor precisa estar antes de todas as demais
atitudes.
A mensagem central do Evangelho desse
domingo pode ser vista na frase: “O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles”.
Todos somos desafiados a inverter a
lógica do mundo que Jesus já apresentou nas bem-aventuranças do último domingo.
Que a Oração, a Palavra e a
Eucaristia nos leve a mergulhar nos horizontes de Deus conforme contamos no
salmo.
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