quarta-feira, 16 de março de 2022

HOMILIA PARA O DIA 27 DE MARÇO DE 2022 - 4º DOMINGO DA QUARESMA - ANO C

 

TODAS AS VEZES QUE O BUSQUEI, ELE ME OUVIU!

A expressão fazer justiça com as próprias mãos é abundantemente utilizada para justificar nossas atitudes e daqueles que estão próximos de nós. Todos temos a convicção que essa prática raramente se justifica, temos a consciência que é sempre melhor resolver as questões do cotidiano servindo-se dos meios legais ou com o recurso da conciliação.

Neste quarto domingo da quaresma a liturgia nos faz compreender como Deus utiliza de todos os recursos para colocar a criatura humana no caminho da reconciliação e da comunhão.

A ideia central da primeira leitura é a celebração festiva da páscoa do povo livre e no começo da sua nova vida na terra prometida: “ O Senhor disse a Josué: 'Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito'. 10Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês” Esta celebração mostra como a comunidade de Israel, que havia se rebelado contra Deus reconhece que foi sua mão que os garantiu a terra onde corre leite e mel.

Também a nós a quaresma é um convite para circuncidar o coração, reconciliar-se com as pessoas e com Deus. É importante que nos perguntemos: O que eu preciso cortar na minha vida para dar início a uma nova etapa? Quais são as circunstâncias que impedem a mim e a minha comunidade de selar um sério compromisso com Deus?

Paulo convida a comunidade de Corinto acolher a oferta de amor que Deus faz através de Jesus Cristo, esta é a única forma de recuperar a condição de criaturas renovadas, naturalmente isso exige reconciliação com as pessoas: Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo quem exorta através de nós deixai-vos reconciliar”.

No Evangelho não poderia ficar mais clara a máxima de “fazer justiça com as próprias mãos”. Os fariseus e doutores da lei estavam com o julgamento e a condenação pronta para todos os publicanos e pecadores e por extensão a Jesus que os acolhia, e fazia refeição com eles.

Jesus que compreendia as práticas farisaicas não se perde em dar respostas que eles não iriam aceitar. Contando a parábola do Pai Misericordioso Jesus desmonta toda a estrutura judaica de exclusão das pessoas. Na figura do pai e dos dois filhos Jesus coloca todas as categorias de pessoas sob os cuidados da misericórdia de Deus.

Um pai que perdoa, acolhe e reintegra festejando a recuperação do que estava perdido. Um filho arrependido e nele uma parcela da comunidade que foi irresponsável e perdeu muitas e boas oportunidades para ser melhor. Um filho perfeito e autossuficiente que se julga melhor do que tudo e mais justo do que o próprio pai.

Também para nós o Evangelho serve de lição nas inúmeras vezes que assumimos a personagem de ambos os filhos. Nesta quaresma somos convidados a reconhecer o amor de Deus e evitar toda forma de julgamento e de justiça com as próprias mãos, antes, porém procurar a conciliação a misericórdia e o perdão. Afinal é isso que rezamos no salmo:

Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.


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