O SENHOR
NOS CERCA DE CARINHO E COMPAIXÃO
Uma antiga
historieta que pode ser chamada como recurso pedagógico de mãe, tem por título “O
João depois”. Diz a historieta que o menino de nome João cada vez que era
chamado pela mãe para realizar qualquer tarefa respondia sempre “depois eu vou”
e o tempo do “depois” nunca chegava. Certo dia a mãe do João depois resolveu
lhe dar uma lição de sabedoria. Enquanto o menino brincava distraído a mãe
fazia seus afazeres domésticos e chamava pelo garoto que lhe respondia “depois
eu vou”. Chegada a hora do almoço João depois se aproximou da mãe procurando
comida, ao que a mãe respondeu: “depois eu faço” e assim a mãe respondeu por
diversas vezes com a mesma frase. Daquele dia em diante nunca mais João depois
respondeu: “Depois eu vou”.
A história
do João depois é uma lição de conversão e serve como pano de fundo para
entender a Palavra de Deus deste domingo. No contexto da quaresma é mais
intenso o convite para mudança de direção, de mentalidade, de ação e de vida.
Não precisamos muito esforço para no convencer que todos e sempre temos
necessidade de melhorar nosso estilo de vida e que não podemos esperar para
depois.
Na
primeira leitura o autor do livro do Êxodo apresenta a imagem de um Deus que
não se conforma com a injustiça e a arbitrariedade de uns sobre outros e para
que isso aconteça se serve da colaboração das pessoas: “E Deus disse: 'Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o
lugar onde estás é uma terra santa'. E acrescentou: 'Eu sou o Deus de teus pais, o Deus
de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'. E o Senhor lhe disse: 'Eu vi a
aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da
dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos
egípcios, e fazê-los
sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e
mel”.
Aos
coríntios São Paulo reforça a importância de colocar em prática tudo o que diz
respeito à coerência entre fé e vida. Não são os rituais externos e vazios, nem
a prática de normas e regras, nem mesmo a recepção dos sacramentos como se tudo
fosse um ato mágico que vão garantir a salvação o que é essencial é uma vida transformada
por gestos de amor e “Irmãos, não quero que ignoreis o
seguinte: Os nossos
pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; todos foram batizados em Moisés,
partilha com as outras pessoas. No entanto, a maior parte deles
desagradou a Deus, pois
morreram e ficaram no deserto. Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más,
como fizeram aqueles no deserto”. Não
se trata de parecer sem bom e justo, mas estar sempre em processo de conversão.
Não serve a máxima do “depois eu faço”.
No
Evangelho Jesus faz referência a dois fatos da sociedade judaica do seu tempo e
desautoriza a ideia de encontrar culpados para os problemas do cotidiano. Ao
mesmo tempo Jesus nos previne da ideia de pensar que determinados problemas não
acontecem conosco porque somos justos e melhores que os outros.
A parábola
da figueira que parece ter um tom ameaçador reforça o convite para a conversão.
Ao longo da história da salvação o povo de Israel foi comparado diversas vezes
a uma figueira estéril e infiel sendo objeto da ira divina. Para o nosso tempo
a parábola é um convite para mudar nossa referência. Deus tem paciência, mas a
figueira precisa produzir frutos antes que seja tarde.
Como a
figueira que recebe tratamento diferenciado também para nós está em jogo a
nossa felicidade. Mão podemos adiar a oportunidade produzir frutos. Não
tenhamos medo, mas não fiquemos na inércia de uma vida infrutífera.
Afinal é
isso que rezamos no Salmo:
Pois ele te
perdoa toda culpa,
e cura toda a
tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.
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