quarta-feira, 16 de março de 2022

HOMILIA PARA O DIA 20 DE MARÇO DE 2022 - 3º DA QUARESMA - ANO C

 

O SENHOR NOS CERCA DE CARINHO E COMPAIXÃO

Uma antiga historieta que pode ser chamada como recurso pedagógico de mãe, tem por título “O João depois”. Diz a historieta que o menino de nome João cada vez que era chamado pela mãe para realizar qualquer tarefa respondia sempre “depois eu vou” e o tempo do “depois” nunca chegava. Certo dia a mãe do João depois resolveu lhe dar uma lição de sabedoria. Enquanto o menino brincava distraído a mãe fazia seus afazeres domésticos e chamava pelo garoto que lhe respondia “depois eu vou”. Chegada a hora do almoço João depois se aproximou da mãe procurando comida, ao que a mãe respondeu: “depois eu faço” e assim a mãe respondeu por diversas vezes com a mesma frase. Daquele dia em diante nunca mais João depois respondeu: “Depois eu vou”.

A história do João depois é uma lição de conversão e serve como pano de fundo para entender a Palavra de Deus deste domingo. No contexto da quaresma é mais intenso o convite para mudança de direção, de mentalidade, de ação e de vida. Não precisamos muito esforço para no convencer que todos e sempre temos necessidade de melhorar nosso estilo de vida e que não podemos esperar para depois.

Na primeira leitura o autor do livro do Êxodo apresenta a imagem de um Deus que não se conforma com a injustiça e a arbitrariedade de uns sobre outros e para que isso aconteça se serve da colaboração das pessoas: “E Deus disse: 'Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa'. E acrescentou: 'Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'. E o Senhor lhe disse: 'Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios, e fazê-los sair daquele país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel”.

Aos coríntios São Paulo reforça a importância de colocar em prática tudo o que diz respeito à coerência entre fé e vida. Não são os rituais externos e vazios, nem a prática de normas e regras, nem mesmo a recepção dos sacramentos como se tudo fosse um ato mágico que vão garantir a salvação o que é essencial é uma vida transformada por gestos de amor e Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; todos foram batizados em Moisés, partilha com as outras pessoas. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus, pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos aconteceram para serem exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto”. Não se trata de parecer sem bom e justo, mas estar sempre em processo de conversão. Não serve a máxima do “depois eu faço”.

No Evangelho Jesus faz referência a dois fatos da sociedade judaica do seu tempo e desautoriza a ideia de encontrar culpados para os problemas do cotidiano. Ao mesmo tempo Jesus nos previne da ideia de pensar que determinados problemas não acontecem conosco porque somos justos e melhores que os outros.

A parábola da figueira que parece ter um tom ameaçador reforça o convite para a conversão. Ao longo da história da salvação o povo de Israel foi comparado diversas vezes a uma figueira estéril e infiel sendo objeto da ira divina. Para o nosso tempo a parábola é um convite para mudar nossa referência. Deus tem paciência, mas a figueira precisa produzir frutos antes que seja tarde.

Como a figueira que recebe tratamento diferenciado também para nós está em jogo a nossa felicidade. Mão podemos adiar a oportunidade produzir frutos. Não tenhamos medo, mas não fiquemos na inércia de uma vida infrutífera.

Afinal é isso que rezamos no Salmo:

Pois ele te perdoa toda culpa,

e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.

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