O SENHOR É REÚGIO E PROTEÇÃO
Nesta semana entramos no tempo litúrgico da quaresma. São quarenta
dias de provisoriedade, de preparação para algo extraordinário e muito melhor.
A penitência, o jejum, a oração e a esmola como práticas sugeridas para esse tempo
não devem ser vistas como sacrifícios separados da vitória de Cristo. Esses
quarenta dias que nos separam da festa da páscoa são uma oportunidade para
experimentar a compaixão com Cristo e com as pessoas. Trata-se de um tempo para
repensar nosso estilo de vida e reconhecer as tentações que nos distanciam da
vida digna que Deus quer nos doar.
O texto da primeira leitura deixa muito claro que se trata de
reconhecer o único e verdadeiro Deus: “Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus: 'Meu pai era um
arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como
estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso”. E depois de uma série
de provações e dificuldades, enfim reconhece: “o Senhor nos tirou do
Egito com mão poderosa e braço estendido, no meio de grande pavor,
com sinais e prodígios”. Nada nem ninguém tem mais força e
poder do que o único e verdadeiro Deus a quem se deve todas as conquistas e realizações
humanas. Por isso nós rezamos no salmo: “Sois meu refúgio e proteção, sois o meu Deus, no
qual confio inteiramente”.
Lucas narrando as tentações de Jesus tem como único objetivo
mostrar como Jesus sempre se deixou conduzir pelo Espírito do Pai. Nenhuma das
extraordinárias e espetaculares possibilidades de sucesso convencem Jesus de
abandonar sua proximidade com o Pai e o Espírito Santo! Sua relação íntima com
a proposta de Deus Pai não lhe faz um lutador solitário.
Em outros tempos o povo de Israel se deixou vencer pelas
tentações do deserto exatamente porque se afastou do Espírito de Deus, agora Jesus
mostra como é importante se deixar guiar por Ele como condição para vencer os
tempos difíceis que atravessamos. O Evangelho e a quaresma nos apontam para atitudes
de acolhida e compaixão com todos os caídos e aqueles que sofrem
A
mensagem do Evangelho já foi sugerida por Paulo na carta aos Romanos: “Se, pois, com tua
boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o
ressuscitou dos mortos, serás salvo. Portanto, não importa
a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para
com todos os que o invocam”. Paulo deixa claro que todas as conquistas humanas
não são méritos da própria pessoa, mas um dom gratuito de Deus que está ao alcance
de todos.
A
quaresma é a oportunidade para moldar nossa vida e percorrer nossa estrada por diferentes
caminhos que não sejam pautados por nossas vontades, antes guiados por Deus
como rezamos no salmo:
Quem habita ao abrigo do Altíssimo
e vive à sombra do Senhor onipotente,
diz ao Senhor: 'Sois meu refúgio e proteção,
sois o meu Deus, no qual confio inteiramente'.
Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo
e protegê-lo, pois, meu nome ele conhece.
Ao invocar-me hei de ouvi-lo e atendê-lo,
e a seu lado eu estarei em suas dores.
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