segunda-feira, 11 de julho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 17 DE JULHO DE 2022 - 16º COMUM - ANO C

 A ARTE DE SABER ACOLHER

O tempo de isolamento social que nos foi imposto pela pandemia nos pegou de surpresa no meio da correria cotidiana e parecia que iria servir para a frear a agitação e a farsa necessidade de correr atrás do tempo. Terminados os dois anos retomamos a vida com a mesma velocidade estonteante. Continuam as imprudências no trânsito, o final do dia nos deixa derrubados pelo cansaço, não temos tempo para a família, fazemos as refeições às pressas com os nervos à flor da pele quando a internet não alcança a velocidade contratada. Não somos capazes de digerir a paciência com que algumas pessoas encaram a vida. Nesse contexto podemos nos perguntar qual seria nossa disponibilidade para sentar aos pés de Jesus!

Uma leitura desatenta do Evangelho desse domingo nos levaria a colocar em oposição a vida ativa e a vida de oração. No entanto parece claro que a narrativa das duas irmãs sugere outra coisa que significa dar tempo para escutar a Palavra de Jesus como ponto de partida para o serviço, para a ação e para o trabalho de acolhida e comprometimento com as pessoas e suas necessidades.

A resposta de Jesus: Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” significa reconhecer a preciosidade da sua presença, a necessidade de frear nossa corrida contra o tempo e permitir que a Palavra d’Ele seja luz em nosso caminho e força em nossas ações. Estar com Jesus não é mesma coisa que conhecer doutrinas e teorias, mas alimentar-se da essência da vida e então colocar-se na estrada da doação e do serviço às pessoas e ao mundo.

“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas”. A advertência que Jesus faz para a irmã atarefada não tem o objetivo de dizer que as ações cotidianas não são importantes e necessárias, mas ao mesmo tempo não podem sufocar e impedir a escuta da Palavra! O que Maria tem para nos ensinar significa estar atentos à Palavra e que a partir dela nosso cotidiano ganha novas razões para viver.

Deixemo-nos transformar pelo Mestre, ouvindo e praticando sua Palavra, pondo-nos no mesmo caminho que o dele. Aos seus pés e ouvindo sua Palavra, encontraremos todo o necessário para que nossa vida ganhe sentido aqui e se torne plena no seio de Deus.

O autor do livro do Gênesis, serve-se de uma antiga lenda para mostrar Abrão como um homem íntegro, justo, misericordioso e acolhedor. Abraão deixando suas ocupações corriqueiras dá ouvidos aos estranhos visitantes a quem depois de lhes acolher e ouvir coloca-se a servi-los e recebe como recompensa a realização da promessa que Deus lhe havia feito: “Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e Sara, tua mulher, já terá um filho”.

A carta aos Colossenses apresenta Paulo igualmente como um homem que colocou como referência fundamental para sua vida Jesus Cristo e sua Palavra: Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja. A ela eu sirvo, exercendo o cargo que Deus me confiou de vos transmitir a palavra de Deus em sua plenitude: o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado aos seus santos. A estes Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de Cristo em vós, a esperança da glória”.

O convite que Paulo faz para a comunidade de Colosso é extensivo a cada um de nós e se assemelha ao convite que Jesus fez a Marta: “Maria escolheu a melhor parte e essa não lhe será tirada”.

Certamente podemos nos perguntar como cristãos e como Igreja como são acolhidas as pessoas em nossas comunidades e famílias, nas repartições públicas, nos hospitais e escolas.

Rezemos e peçamos a graça de compreender e nos colocar abertos à Palavra e aos ensinamentos para então servir melhor!

 



 

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