quinta-feira, 21 de julho de 2022

HOMILIA PARA O DIA 24 DE JULHO DE 2022 - 17º COMUM - ANO C

 

VENHA A NÓS O SEU REINO

Dentre as historietas que minha mãe contava sobre o poder da oração, uma delas era aquela do “menino que viu na parede de casa uma imagem do crucificado e impressionado com o estado deplorável da figura perguntou ao seu pai: “Porque ele está tão triste? Ele está com fome? E o pai respondeu sim, ele está com fome. E o que ele come, perguntou o garoto! Disse-lhe o pai ele se alimenta de reza ele é santo. Então o garoto se lembrou das várias orações que tinha aprendido na catequese e se propôs a alimentar aquela pobre criatura com as suas rezas.

Ora a Palavra de Deus desse domingo é uma catequese sobre o poder e o conteúdo da oração. Abraão e Jesus no são apresentado como modelos de atitude que devemos ter em nossa relação com Deus.

Abraão mantém um diálogo frente a frente com Deus. Ousado, confiante, irreverente apresenta as suas inquietações, suas dúvidas e se mostra aberto para entender e aceitar a vontade de Deus. O núcleo central da oração de Abraão quer nos fazer entender o peso do justo e o peso do pecador diante de Deus: “Abraão disse: “Que o meu Senhor não se irrite, se eu falar só mais uma vez: e se houvesse apenas dez? ” Ele respondeu: “Por causa dos dez, não a destruiria”.

A contagem decrescente do número de justos coloca em destaque a misericórdia e a justiça de Deus e leva a concluir que a vontade de salvar é muito maior que a vontade de perder. Em resumo Deus perdoa sempre, e não por causa do número e do merecimento de uns e de outros.

A oração de Abraão nos ensina que no diálogo com Deus o que conta não é uma repetição de palavras ocas, repetidas como se fosse um papagaio. Nem se trata de uma porção de rezas para alimentar um Deus que se alimenta das nossas orações. Antes, trata-se de um diálogo sincero que coloca nas mãos e no coração de Deus as mais profundas necessidades humanas.

Lucas é o evangelista da oração e coloca Jesus em oração com o Pai todas as vezes que Ele está diante de alguma grande decisão na sua vida. O Evangelho de hoje nos coloca na escola de oração de Jesus, a qual se assemelha à de Abraão. Não se trata de repetir palavras, em Jesus somos convidados a descobrir que Deus é Pai. Quando se trata da oração confiante ao Pai, nos vem aquela afirmação de uma corrente da psicologia familiar que afirma: “Um bom pai não é aquele que dá tudo o que filho pede, mas tudo o que filho precisa”.

Também nós, muitas vezes queremos muitas coisas, mas Deus sabe nos dar tudo aquilo que necessitamos. O alimento da nossa oração mostra um diálogo que vale a pena e que nos leva a apresentar ao Pai uma prece por todos os crucificados do nosso tempo. Iríamos longe na lista dos crucificados pela fome, violência, desemprego, humilhação, e assim por diante.

Nos dirigindo a Deus que é Pai, não apenas se parece ou se compara com um Pai, a oração que Jesus nos ensina leva a considerar duas coisas na conversa com Deus: A forma e o assunto! Mas o aspecto que merece mais atenção é o fato de Jesus ter aconselhado os seus discípulos a reconhecer que Deus é Pai!

São Paulo aos colossenses volta a afirmar que Cristo deve ser colocado como referência fundamental para a nossa vida e que só ele é absolutamente necessário para a nossa salvação. Obviamente que também no que se refere as nossas práticas de piedade e a nosso jeito de rezar, seja na frequência seja na forma.

Reconhecer que Deus é Pai e estabelecer com Ele um diálogo franco, aberto, respeitoso e ousado, que é muito mais do que alimentar a Deus com as orações que aprendemos na catequese.

Nossos antepassados, colonos que desbravaram essas terras e nos deram instrumentos para construir a próspera Itajaí e nos fez passar de ‘Patinho Feio a príncipes encantados’ também nos ensinaram muitas orações que mais do que repetição de palavras consistiam em diálogo franco, sincero e ousado do Deus Pai, por meio de Jesus e de sua mãe Maria.

  Tal como o Pai nosso, é a oração do salmista que fazemos como sendo a nossa oração nesse domingo.

 

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