quarta-feira, 14 de setembro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 18 DE SETEMBRO DE 2022 - 25º COMUM - ANO C

  

 

HUMANIZAR E CUIDAR

Não há quem não tenha se divertido com a letra de um pagode do nosso tempo: “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão... Você me chamou para esse pagode, e me avisou: "Aqui não tem pobre!" Até me pediu pra pisar de mansinho, porque sou da cor, eu sou escurinho... Aqui realmente está toda a nata: doutores, senhores, até magnata Com a bebedeira e a discussão, tirei a minha conclusão: Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”

Na contramão dessa realidade que não precisamos fazer muito esforço para perceber está o Papa Francisco convidando o mundo para um evento que se chama “A economia de Francisco”.

Francisco, o Papa, se inspira em Francisco, o Santo e justifica a sua preocupação com a seguinte afirmação: “Francisco vai, repara a minha casa que, como vês, está em ruínas”. Estas foram as palavras que moveram o jovem Francisco, tornando-se um apelo especial a cada um de nós”.

 O movimento se chama Economia de Francisco e Clara pois, como ambos os santos, o objetivo é ser ponte entre os que têm muito e os que têm pouco; caminhar lado a lado, masculino e feminino, em igualdade e, com isso, transformar os conceitos existentes. Francisco está chamando os jovens para repensar a economia existente propondo humanizar as relações econômicas de modo a tornar a economia mais justa, sustentável e viável para todos a começar pelos excluídos.

Esta preocupação do Papa pode ser melhor entendida quando lemos a primeira leitura desse domingo: “Ouçam, vocês que pisam em pobres e arruínam os necessitados da terra, dizendo: "Quando acabará a lua nova para que vendamos o cereal? E, quando terminará o sábado, para que comercializemos o trigo, diminuindo a medida, aumentando o preço, enganando com balanças desonestas. Jamais esquecerei coisa alguma do que eles fizeram"

A denúncia que o profeta faz não é uma simples recordação dos fatos ocorridos num passado distante, antes, trata-se de uma realidade que também os pobres do nosso tempo conhecem bem.

O Evangelho sugere-nos, hoje, uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

Tenhamos bem claro o elogio de Jesus, não se trata de valorizar a desonestidade do administrador, mas a esperteza em usar o que o dinheiro sujo para praticar o bem. Aprendamos nós também a colocar as pessoas e suas necessidades acima do capital e da economia.

Paulo convida na segunda leitura que os cristãos tenham a sensibilidade e a capacidade de colocar nas suas orações as preocupações e as angústias de todos. Nossa oração deve ser carregada de esperança de maneira que as alegrias e tristezas, das pessoas do nosso tempo, sejam as mesmas dos discípulos de Cristo. A leitura começa pedindo para rezar por todas as pessoas e termina com a mesma preocupação: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”. 

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