HUMANIZAR E CUIDAR
Não há quem não tenha se divertido
com a letra de um pagode do nosso tempo: “Se
gritar pega ladrão, não fica um meu irmão... Você me chamou para esse pagode, e
me avisou: "Aqui não tem pobre!" Até me pediu pra pisar de mansinho, porque
sou da cor, eu sou escurinho... Aqui realmente está toda a nata: doutores,
senhores, até magnata Com a bebedeira e a discussão, tirei a minha conclusão:
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”
Na contramão dessa realidade que
não precisamos fazer muito esforço para perceber está o Papa Francisco convidando
o mundo para um evento que se chama “A economia de Francisco”.
Francisco, o Papa, se inspira em
Francisco, o Santo e justifica a sua preocupação com a seguinte afirmação: “Francisco
vai, repara a minha casa que, como vês, está em ruínas”. Estas foram as
palavras que moveram o jovem Francisco, tornando-se um apelo especial a cada um
de nós”.
O movimento
se chama Economia de Francisco e Clara pois, como ambos os santos, o objetivo é
ser ponte entre os que têm muito e os que têm pouco; caminhar lado a lado,
masculino e feminino, em igualdade e, com isso, transformar os conceitos
existentes. Francisco está chamando os jovens para repensar a economia
existente propondo humanizar as relações econômicas de modo a tornar a economia
mais justa, sustentável e viável para todos a começar pelos excluídos.
Esta preocupação do Papa pode ser
melhor entendida quando lemos a primeira leitura desse domingo: “Ouçam, vocês que pisam em pobres e arruínam
os necessitados da terra, dizendo: "Quando acabará a lua nova para
que vendamos o cereal? E, quando terminará o sábado, para que comercializemos o
trigo, diminuindo a medida, aumentando o preço, enganando com balanças
desonestas. Jamais esquecerei coisa alguma do que eles fizeram"
A denúncia que o profeta faz não é
uma simples recordação dos fatos ocorridos num passado distante, antes,
trata-se de uma realidade que também os pobres do nosso tempo conhecem bem.
O Evangelho sugere-nos, hoje, uma
reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir
na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os
discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro
manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são
convidados a procurar os valores do “Reino”.
“E eu vos digo: usai o dinheiro
injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas
eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é
injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não
sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro
bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é
vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o
outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e
ao dinheiro”.
Tenhamos bem claro o elogio de Jesus, não se trata de valorizar a
desonestidade do administrador, mas a esperteza em usar o que o dinheiro sujo
para praticar o bem. Aprendamos nós também a colocar as pessoas e suas
necessidades acima do capital e da economia.
Paulo convida na segunda leitura
que os cristãos tenham a sensibilidade e a capacidade de colocar nas suas
orações as preocupações e as angústias de todos. Nossa oração deve ser
carregada de esperança de maneira que as alegrias e tristezas, das pessoas do
nosso tempo, sejam as mesmas dos discípulos de Cristo. A leitura começa pedindo
para rezar por todas as pessoas e termina com a mesma preocupação: “Antes de tudo, recomendo que se façam
súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; Quero,
pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem
discussões”.
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