quinta-feira, 1 de setembro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 04 DE SETEMBRO DE 2022 - 23º COMUM - ANO C

 

ENSINAI-NOS A CONTAR OS NOSSOS DIAS...

Expressões do tipo: “Tudo fogo de palha”; “Maria vai com as outras”, “Firme como palanque no brejo”, “Sempre em cima do muro”. São muitas vezes usadas para conceituar uma pessoa indecisa, e de fato essas atitudes não encontram respaldo na Palavra de Deus que ouvimos nesse domingo.

O autor da primeira leitura parte da certeza que nossos dias na face da terra são contados e que por nós mesmos somos incapazes de compreender o verdadeiro sentido da vida, e que a única maneira de alcançar os objetivos da vida é colocar nossa confiança em Deus: “Qual é o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Mal podemos conhecer o que há na terra, e com muito custo compreendemos o que está ao alcance de nossas mãos; quem, portanto, investigará o que há nos céus? Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito? Só assim se tornaram retos os caminhos dos que estão na terra, e os homens aprenderam o que te agrada, e pela Sabedoria foram salvos”.

Por isso nós rezamos no Salmo: “Ensinai-nos a contar os nossos dias,/ e dai ao nosso coração sabedoria, pois mil anos para vós são como ontem,/ qual vigília de uma noite que passou. Eles passam como o sono da manhã,/ são iguais à erva verde pelos campos:/ De manhã ela floresce vicejante,/ mas à tarde é cortada e logo seca”.

E Jesus no Evangelho esclarece que não vale o “fogo de palha do momento”, nem tão pouco “ser uma espécie de Maria vai com as outras”, trata-se de decidir com maturidade.

Para facilitar as decisões humanas, Jesus aponta três condições:

1)                 Total liberdade de escolha, mesmo que isso implique renunciar aos afetos mais queridos: “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo”

2)                 Disponibilidade para caminhar com Ele e aprender com Ele:  Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”

3)                 Renuncia a tudo o que uma pessoa julga ser importante, e que de fato é, mas que na perspectiva da partilha, fraternidade e comunhão precisa ser colocado em segundo plano: Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!

As condições que Jesus apresenta não são propostas fáceis, tipo “fogo de palha” com o objetivo de convencer multidões, mas um convite exigente para pessoas capazes de fazer escolhas conscientes que “não ficam em cima do muro”. Trata-se de quem compreende que precisa sempre da ajuda de Deus: Que a bondade do Senhor e nosso Deus/ repouse sobre nós e nos conduza! / Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho”.

Esta escolha e o cumprimento destas condições se tornam muito mais fáceis quando colocamos as pessoas, independente da sua perfeição, como o centro das nossas preocupações e atenção. Tal ensinamento nos vem da carta de São Paulo a Filemon: “Eu, Paulo, velho como estou e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, faço-te um pedido em favor do meu filho, que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo. Eu o estou mandando de volta para ti. Ele é como se fosse o meu próprio coração”

Como gente que quer ser discípulo de Jesus é importante que nos perguntemos: Quais são as condições que nós e nossa Igreja impõe para acolher as pessoas? Como tratamos os diferentes e aqueles que julgamos terem cometido alguma falta? Peçamos a graça de levar a sério a nossa condição de seguidores de Jesus e não ter medo de aceitar o pedido de Paulo: “acolhe cada pessoa recebendo-a e tratatando-a como se fosse outro discípulo e um irmão muito querido”.

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