sexta-feira, 23 de setembro de 2022

HOMILIA PARA O DIA 25 DE SETEMBRO DE 2022 - 26º COMUM - ANO C

 

O QUE FAZER COM OS POBRES?

Nestes dias que antecedem as eleições o problema dos pobres e da pobreza salta aos olhos com muito mais intensidade, sobretudo porque a solução parece estar ao alcance da mão de todos e a pouco mais de uma semana para ser implementada. Entretanto é de longa data conhecida a desigualdade social no Brasil cujos dados confirmam que as seis pessoas mais ricas acumulam mais riquezas do que os cem milhões mais pobres.

A Palavra de Deus proclamada nesse domingo trata não precisamente de ter ou não ter riquezas, mas do uso que dela se faz e do abismo que se estabelece entre aqueles que tem e aqueles que não tem. As três leituras nos sugerem ver os bens deste mundo a partir do uso que fazemos deles, ou seja, por mais que tenhamos adquirido bens com honestidade e trabalho justo eles devem ser vistos sempre como dons de Deus colocados em nossas mãos para que façamos uso com gratuidade e partilha. Convenhamos que os Lázaros de hoje incomodam tanto quanto os de outrora.

A distância entre pobres e ricos que é o tema claro do Evangelho já tinha sido condenada pelo profeta Amós que viveu em Israel cerca de 700 anos antes de Jesus. O profeta faz uma crítica severa àqueles que vivem no luxo à custa da exploração dos pobres e que não se importam com o sofrimento dos últimos: “Assim diz o Senhor todo-poderoso: Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado as palavras do profeta deixam claro que Deus não concorda com essa situação.

Nossa primeira tentação é culpar os políticos e meia dúzia de pessoas que julgamos ser os responsáveis por essa situação. Sem tirar a culpa da parte que lhes cabe é importante que nos perguntemos se também nós não cultivamos os mesmos vícios denunciados pelo Profeta? Não gastamos de forma descontrolada para sustentar nossos vicíos e pequenos prazeres supérfluos?

No evangelho Jesus conta uma parábola aos fariseus amigos do dinheiro. O cerne da história reside na diferença entre a maneira como vive aquele que tem e outro que não tem: “Jesus disse aos fariseus: Havia um homem rico, que se vestia com roupas finas e elegantes e fazia festas esplêndidas todos os dias. Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, estava no chão, à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas”.

O que está em jogo não é a posse dos bens propriamente, mas o amor exgerado ao dinheiro que cega e desfigura as pessoas. Toda a riqueza tem uma função social e todos somos chamados a colaborar para derrubar os muros que separam ricos e pobres e no seu lugar construir pontes. Este é também o convite do Papa Francisco ao convocar os jovens para o evento chamado a “Economia de Francisco”.

A conclusão dessa história pode até não ter um desfecho visível ao nosso curto tempo da existência terrena, mas é certo que um dia seremos responsabilizados pela maneira como fizemos uso dos bens deste mundo: Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão. Morreu também o rico e foi enterrado. Na região dos mortos, no meio dos tormentos, o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão, com Lázaro ao seu lado. Então gritou: Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque sofro muito nestas chamas”.

O abismo que existia entre a boa vida de um e a desgraça do outro apenas se aprofundou: Filho, lembra-te que tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro, por sua vez, os males. Agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.E, além disso, há um grande abismo entre nós; por mais que alguém desejasse, não poderia passar daqui para junto de vós, e nem os daí poderiam atravessar até nós”. De modo que está muito claro o que determina a diferença dos destinos é o modo como usamos os bens deste mundo. Em síntese essa é a doutrina da Igreja: “De resto, todos têm o direito de ter uma parte de bens suficientes para si e suas famílias” (Gaudium et Spes, 69).

O evangelho nos interpela a responder sobre o uso que fazemos dos bens que administramos e em que medida a riqueza ou a pobreza nos fazer ter um coração egoísta e prepotente incapaz de partilhar e se solidarizar com os necessitados da nossa porta.

Na carta de São Paulo que é a segunda leitura está descrito o perfil da pessoa que agrada ao coração de Deus: “Tu, que és um homem de Deus, foge das coisas perversas, procura a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza, a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e pela qual fizeste tua nobre profissão de fé diante de muitas testemunhas”.
Em resumo todo o nosso futuro depende do nosso presente e o resultado implica em viver o amor para com os irmãos!

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