domingo, 21 de fevereiro de 2010

CONTRATO DIDÁTICO - PRIMEIRO SEMESTRE 2010

DISCIPLINA: LITURGIA II 2010/1


PROFESSOR: Pe. Elcio Alberton

Ementa: Caracterizar assembleia celebrante; Estabelecer relação entre palavra de Deus na celebração e celebração da Palavra de Deus na comunidade; fundamentação da oração litúrgica como fonte de espiritualidade; detalhamento da liturgia no ano litúrgico; compreender e celebrar a liturgia das horas; questões sobre a Virgem Maria, os santos e a piedade popular; aprofundar a oração, a teologia e a prática sacramental; explicitação da liturgia das exéquias; teologia e prática de comunicação e homilia; o canto e a música na celebração.

CONTRATO DIDÁTICO - 1° SEMESTRE 2010

UNIDADE I
1. A ASSEMBLÉIA CELEBRANTE

1.1 – A reunião do povo de Deus;
1.2 – Assembleia Cristã sinal da Igreja;
1.3 – Características da assembleia litúrgica;
1.4 – A participação litúrgica;
1.5 - Ministérios e participação litúrgica;
1.5.1 – Ministérios, ofícios e serviços;
1.5.2 As funções na celebração.

2. A PALAVRA DE DEUS NA CELEBRAÇÃO
2.1 – A Sagrada escritura referência das comunidades;
2.2 – A redescoberta da Palavra de Deus;
2.3 – A Palavra de Deus na história da Salvação;
2.4 – A Palavra de Deus na liturgia;
2.5 – Estrutura da liturgia da Palavra;
2.6 – Importância da Palavra de Deus;
2.7 – Homilia: atualização da Palavra de Deus;
2.8 – A celebração da Palavra de Deus
2.9 – Pensamento da Igreja a cerca das celebrações da Palavra de Deus;
2.10 – A celebração da Eucaristia e a celebração da Palavra;

UNIDADE II
1 A LITURGIA COMO FONTE DE ESPIRITUALIDADE
1.1– História da Espiritualidade litúrgica;
1.2– A liturgia, espiritualidade da Igreja;
1.3– Características da Espiritualidade litúrgica;

2 A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO NO ANO LITÚRGICO
1.2– O Ano Litúrgico
1.2.1– Natureza e nomes do ano litúrgico
1.2.2– Sentido teológico do ano litúrgico
1.2.3– Síntese histórica da formação do ano litúrgico;
1.2.4– A estrutura atual do ano litúrgico.

3 A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO NAS HORAS DO DIA
A LITURGIA DAS HORAS

3.1– A natureza da liturgia das horas;
3.2- Vivência pascal no ritmo da liturgia das horas;
3.3- O Sentido cristão dos salmos;
3.4– Quem é chamado a celebrar a liturgia das horas;
3.5– Modo de celebrar a liturgia das horas;

UNIDADE III
1. A VIRGEM MARIA NO ANO LITÚRGICO
1.1 – História da presença mariana na liturgia;
1.2 – Fundamentos teológicos do culto litúrgico a Maria;
1.3 – Maria no ano litúrgico;
1.4 - As celebrações marianas no calendário litúrgico;
1.5 – A piedade popular mariana.

1.6 OS SANTOS E A PIEDADE POPULAR
1.7 – História do culto aos santos;
1.8 – O Vaticano II e o culto aos santos;
1.9 – Fundamentos teológicos do culto aos santos;
1.10 – Os santos na América Latina e no Brasil.

2. OS SACRAMENTAIS
2.1 – Sentido teológico;
2.2 – Elementos doutrinais;
2.3 - Divisão dos sacramentais;
2.4 – As bênçãos;
2.5 – As fontes da bênção;
2.6 – A bênção na liturgia;
2.7 – O ritual de bênçãos;
2.8 – Pastoral da bênção.
3.9 – A celebração da morte do cristão.

UNIDADE IV
1.1 COMUNICAÇÃO E LITURGIA
1.2 – A liturgia e o meio de comunicação;
1.2.1 – Noções preliminares;
1.2.2 – Os elementos do processo de comunicação;
1.2.3 – Princípios teológicos, históricos e sócio-pastorais;
1.2.4 – Os meios de comunicação e a liturgia;
1.3 – A comunicação nas celebrações litúrgicas;
1.3.1 – Comunicação de Deus ao homem;
1.3.2 – A comunicação entre os homens;
1.3.3 – A linguagem litúrgica;
1.3.4 – Os sinais e os símbolos na liturgia;
1.3.5 O rito, o gesto e a expressão corporal.
1.4 – O Canto e a música na liturgia;
1.4.1 – Lugar privilegiado do canto e da música na liturgia;
1.4.2 – Relação entre música e palavra;
1.4.3 – Relação entre música e rito;
1.4.4 – Os cantos a missa;
1.4.5 – O canto na liturgia das horas;
1.4.6 – O ministério da música e do canto;
1.4.7 – O repertório;
1.4.8 – Instrumentos.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. CELAM – MANUAL DE LITURGIA II, São Paulo, Paulus, 2005.
2. ____ - Manual de Liturgia IV, São Paulo, Paulus, 2007.
3. COMPÊNDIO DO CONCÍIO VATICANO II, Petrópolis, Vozes, 1968.


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. ARGÁRATE, Pablo. A Igreja Celebra Jesus Cristo. São Paulo, Paulinas, 1997.
2. AUGÉ, Matias. Liturgia. São Paulo, Ave Maria, 2ª. Edição, 1998.
3. BORÓBIO, Dionisio. A celebração na Igreja Vol. I. São Paulo, Loyola, 1990.
4. ____. A celebração na Igreja Vol. III. São Paulo, Loyola, 2000.
5. CANTALAMESSA, Raniero. Páscoa. São Paulo, Paulinas, 2005.
6. CNBB. Guia Litúrgico Pastoral. Brasília, Edições CNBB, 2ª. Edição.
7. CASTELLLANO, Jesús. Liturgia e Vida Espiritual. São Paulo, Paulinas, 2008.
8. COSTA, Valeriano Santos. Liturgia das Horas. São Paulo, Paulinas, 2005.
9. FLORES, Juan Javier. Introdução à Teologia Litúrgica. São Paulo, Paulinas, 2006.
10. GUTIERREZ, Gustavo. Compartilhar a Palavra. São Paulo, Paulinas, 1996.
11. LUTZ, Gregório. Liturgia ontem e hoje. São Paulo, Paulus, 1995.
12. ____. Páscoa Ontem e hoje. São Paulo, Paulus, 1995.
13. MALDONADO, Luis. A Homilia. São Paulo, Paulus,1997.
14. MARTIN, Julian Lopez. A Liturgia da Igreja. São Paulo, Paulinas ,2006.
15. RATZINGER, Joseph. Introdução ao Espírito da Liturgia. São Paulo, Paulinas, 2ª. Edição 2006.
16. SORRENTINO, Antônio. L´Arte di Presiedire. Milano, Edizioni San Paolo, 1997.
17. VANNUCCHI, Aldo. Liturgia e Libertação. São Paulo, Loyola, 1982.
18. VVAA. Os sacramentais e as bênçãos. São Paulo, Paulinas, 1993.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 21 DE FEVEREIRO

1° DOMINGO DA QUARESMA



Leituras: Deuteronômio 26, 4-10; Salmo 90 (91); 1-2. 10-11. 12-13. 14-15;
Romanos 10, 8-13; Lucas 4, 1-13.


Caracterizar o tempo, marcar as nossas ações e responsabilidades de acordo com um determinado número de dias ou horas é um modo de estabelecer metas e compromissos. Assim por exemplo, o professor tem uma hora aula para expor um determinado conteúdo; o médico um tempo para a consulta; o advogado um período para ouvir seu cliente; o gerente de loja um tempo X para alcançar uma meta e assim por diante.

Na liturgia da Igreja temos o que chamamos de tempo litúrgico. E hoje estamos no primeiro domingo da quaresma. Serão quarenta dias cujo tempo será dedicado para uma reflexão mais aprofundada sobre determinados valores e atitudes que precisamos tomar. O número 40 na bíblia tem um simbolismo muito significativo, no sentido que expressa uma oportunidade para tomar outra direção. Com base nisso o tempo da quaresma, proposto pela Igreja, nos convida também a estabelecer metas e propósitos de mudança de vida. De fato, disse Jesus, não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

O texto do Evangelho de hoje é bastante conhecido: as tentações de Jesus. É significativo como o Espírito que animou Jesus também lhe deu forças para superar a todas. As narrativas que ouvimos são apenas algumas pelas quais passou Jesus em toda a sua vida. A resistência que ele demonstra neste Evangelho permanece presente por toda a vida até que na véspera da paixão Ele Proclama: Pai não se faça a minha, mas a tua vontade.

Manter-se conectado com o Pai e com seus desígnios era uma instrução que já recebia o povo no Antigo Testamento a quem também era pedido que reconhecesse a ação de Deus por meio da devolução do seu dízimo, isto é, dos primeiros frutos da terra.

O jeito de ser povo que pertence ao seu Senhor encontra uma resposta na pessoa de Jesus sobre quem São Paulo fala na segunda leitura: Ele é generoso para com todos é Senhor de todos e não faz distinção de pessoas.

As tentações que aconteceram com Jesus, de algum modo, acontecem quase que diariamente com cada um de nós. Na medida em que nos deixamos afastar do Espírito de Deus facilmente podemos nos deixar levar pelas tentações. A coragem e a determinação de Jesus devem ser para cada um de nós um estímulo para não nos deixar sucumbir diante das fragilidades e facilidades que o mundo pode nos oferecer.

Pela penitência desta quaresma busquemos nos fortalecer no combate contra o espírito do mal e fortalecidos pela Eucaristia e pela Palavra viver de modo a servir somente a Deus acima de todos os poderes deste mundo.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

VAMOS JUNTOS CONSTRUIR...

MINISTÉRIOS E SERVIÇOS – UMA IGREJA EM AÇÃO


Constituição Dogmática Lumen Gentium - Natureza e missão dos leigos

31. Por leigos entende-se aqui o conjunto dos fiéis, com exceção daqueles que receberam uma ordem sacra ou abraçaram o estado religioso aprovado pela Igreja, isto é, os fiéis que, por haverem sido incorporados em Cristo pelo batismo e constituídos em povo de Deus, e por participarem a seu modo do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, realizam na Igreja e no mundo, na parte que lhes compete, a missão de todo o povo cristão.
A índole secular é própria e peculiar dos leigos. Na verdade, os que receberam ordens sacras, embora possam algumas vezes ocupar-se das coisas seculares, exercendo até uma profissão secular, em virtude da sua vocação são destinados principal e explicitamente ao sagrado ministério, ao passo que os religiosos, pelo seu estado, testemunham, de modo luminoso e exímio, que o mundo não pode transfigurar-se e oferecer-se a Deus sem o espírito das bem-aventuranças. Aos leigos compete, por vocação própria, buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função; e, guiados pelo espírito evangélico e desta forma, a manifestarem Cristo aos outros, principalmente com o testemunho da vida e o fulgor da sua fé, esperança e caridade. A eles, portanto, compete muito especialmente esclarecer e ordenar todas as coisas temporais, com as quais estão intimamente comprometidos, de tal maneira que sempre se realizem segundo o espírito de Cristo, se desenvolvam e louvem o Criador e o Redentor.

Feita esta primeira consideração que, não é nova e nem nosssa, é palavra da Igreja que vive, celebra e serve ao mistério da salvação. Compreendemos todos e cada pessoa em particular a serviço do Reino de Deus, cujo sinal é a Igreja. A palavra chave nisso tudo é SERVIÇO. E não serviço ao padre, como uma espécie de favor ou de licença que o padre nos dá. Serviço a Deus e a seu projeto.

È Preciso deixar muito claro que a missão exige uma inteira participação na vida da Igreja e na vida do mundo. Para estar na Igreja não é necessário sair do mundo, para ir ao mundo nem menos é necessário sair da Igreja. Existem dons, ministérios e distintas tarefas, cada uma com sua particularidade e característica mas todas em perfeita sintonia.

Um lugar para expressar nosso modo de ser sinal do Reino é a participação consciente, ativa e frutuosa na liturgia. Isto é saber o que se está celebrando, pariticpar com todo o empenho e sair para o mundo com o objetivo de ser fermento. Enquanto na liturgia se canta as maravilhas de Deus no serviço ao mundo elas são realizadas. E cada cristão é enviado como sinal de Jesus Cristo – Sacerdote, profeta e pastor.

São pequenos sinais que mostram a clareza da missão e a compreensão do sentido de ser Cristão. Parece importante recordar a frase de Santo Agostinho: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo, convosco sou cristão. Aquilo é um dever, isto uma graça. O primeiro é um perigo o segundo salvação”. (Citado no Doc. 62 nota 185)

O fato de assumir este ou aquele serviço na Igreja não deveria levar o cristão a ocupar uma posição de superioridade em relação aos demais. É preocupante quando determinados ministérios por força de um sinal ministerial que nada mais é do que um sinal externo, parecem ocupar um lugar privilegiado nas comunidades.

Ministérios e serviços não deveriam se limitar a serviços internos na Igreja e muito menos se considerar mais importantes uns dos outros. O Documento 62 da CNBB diz assim: “Os ministros da sagrada comunhão, por exemplo, não são mais ministros que os catequistas ou que os agentes da pastoral da criança ou de outra pastoral”. (DOC. 62 número 91)

Todo ministério, qualquer que seja a função ou serviço que desempenha é uma ação eclesial. O mesmo documento 62 da CNBB reafirma que independente de qualquer autorização, o primeiro e irrenunciável mandato está no batismo: “Não se necessita designação ou reconhecimento algum para testemunhar a fé no mundo, para estar a serviço uns dos outros na Igreja, ou para um grande número de tarefas que contribuem para o anúncio do Evangelho e para a cosntrução do Corpo de Cristo”(DOC. 62 número 91).

Mesmo recebendo um envio, um mandato, uma carteirinha, qualquer que seja o sinal externo o que conta é o Batismo, como sinal eficaz da missão. Graça santificante, que faz a pessoa participante da herança do Filho. Depois vieram os outros sacramentos e os mandatos e os convites etc..., mas o fundamento está lá: no batismo.

A denominação “leigo” não parece ser a mais feliz, muitas vezes ela ganha uma conotação pejorativa no sentido de alguém que desconhece um determinado assunto ou nada tem a ver com uma situação em particular. Parece que a denominação mais prudente seria “cristão” que por força desta condição exerce alguma tarefa na instituição Igreja.

O Concílio Vaticano II, descreveu com muita propriedade a condição de todos dentro da Igreja e colocou no nível da adoção todos os batizados e que cada um desempenhe com competência aquilo que lhe diz respeito. Tendo presente que são todas tarefas e não dignidades.

É vivendo sua vida segundo Deus que o cristão procura o Reino, infelizmente vivemos num tempo em que o divórcio entre a vida e a fé professada toma proporções assustadoras. Isso vale para os membros da clero, como para os demais cristãos. Entre os exemplos que tomaram a mídia nacional está o caso recente dos políticos de Brasília.

Descuidar-se dos deveres temporais é o mesmo que descuidar-se do próprio Deus e consequentemente colocar em perigo a própria salvação. Um autentico ministro de qualquer serviço não pode furtar-se do empenho solidário para que todos vivam com dignidade e que os bens comuns sejam garantidos. Aqui entra toda a preocupação com a ética do bem comum, preocupação da Campanha da Fraternidade de 2010.

O texto base da CF deste ano cita uma frase de PIO XII “Bem comum é o conjunto de confições sociais que permitem e favorecem às pessoas o desenvlvimento integral da personalidade. A riqueza de uma nação não se mede por critérios quantitativos, mas pelo bem estar de um povo”. (Texto Base Cf 2010 número 4) O empenho para que esta situação aconteça encontra sustentação na fé que professamos.

E poderíamos elencar um sem número de responsabilidades que decorrem desta condição de ser cristãos, tais como o respeito pelos bens da natureza; o zelo pelo bem público; a ética nos negócios; o comportamento pessoal; a promoção da pessoa a valorização do sujeito independente da sua condição social; o acesso a educação e aos bens necessários para a vida. Etc...

A palavra economia, que tem sua origem num termo grego, significa cuidado com a casa e pede uma Igreja coerente com ministérios e serviços que se fundamentam no evangelho antes de se preocupar com os sinais de autoridade e poder haverá de buscar o exemplo nos discípulos de Jesus. A convivência fraterna e solidária das primeiras comunidades fazia o diferencial no império romano fundamentado na política fiscal. Nos atos dos apóstolos lemos: “A multidão daqueles que tinham abraçado a fé era um só coração e uma só alma e ninguém considerava como propriedade sua algum bem seu; pelo contrário punham tudo em comum”(At. 4,32)

Muitas vezes a Igreja dos nossos sonhos privatiza até o mandato que recebemos para o bem de todos. Rezamos o Pai nosso e participamos da reunião dos irmãos com ar de superioridade e soberba por conta de um distintivo ministerial. A igreja dos nossos sonhos foi descrita por diversos homens e mulheres em todas as épocas. A CF deste ano, que é também ecumênica, nos dá a seguinte lição:

“As pessoas de fé oram a Deus e voltam seu pensamento e sua ação para as condições dos pobres e desprotegidos, daqueles que são negligenciados ou maltratados pelos poderes dominantes na sociedade. Ambrósio, bispo de Milão, revoltado pela crescente concentração de terras, pregava que a terra pertence a todos e não apenas aos ricos. Basílio bispo de Cesareia , exortando a não acumular bens supérfluos, concluía; „quem acumula mais do que o necessário pratica o crime” (Basílio, séc. IV, comentário a Mateus 25, 31-46) (Citado no texto base da CF 2010 número 95).

Como compreender isso se até nos serviços da Igreja nós praticamos a exclusão e acumulação de responsabilidades e serviços sobrepondo-se aos demais. O documento de Aparecida apresenta esta preocupação na Igreja com a expressão:

“Lamentamos, seja algumas tentativas de voltar a um certo tipo de eclesiologia e espiritualidade contrárias à renovação do Concílio Vaticano II, seja algumas leituras a aplicações reducionistas da renovação conciliar; lamentamos a ausência de uma autêntica obediência e do exercício evangélico da autoridade, das infidelidades á doutrina, á moral e à comunhão, nossas débeis vivências da opção preferencial pelos pobres, não poucas recaídas secularizantes na vida consagrada influenciada por uma antropologia meramente sociológica e não evangélica. Tal como se manifestou o Santo Padre no discurso inaugural de nossa conferência: percebe-se um certo enfraquecimento da vida cristã no conjunto da sociedade e da própria pertença á Igreja Católica”(Doc. Ap 100b).

A título de conclusão citamos a parábola que nos traz o texto base da CF 2010:
“Um príncipe foi salvo da morte por dois camponeses de aldeias próximas. Agradecido, deu a cada camponês um saco de sementes especiais, quase mágicas, que garantiriam grande produção. Muitos anos depois, já coroado rei, voltou às aldeias para ver o resultado de sua oferta. O primeiro camponês era agora rico, dono de uma grande fazenda, mas viva assustado, cercado de arame farpado e guardas, numa aldeia sem recursos, no meio da miséria dos vizinhos. A segunda aldeia ele quase não reconheceu. Era agora uma comunidade maravilhosa com boas escolas, estradas para escoar a produção, hospital, saneamento... uma beleza! É que o segundo camponês optou por partilhar com os vizinhos as magníficas sementes que recebera”(Texto Base CF 2010 126).

Estas duas aldeias muitas vezes são nossas Igrejas com seus serviços e ministérios!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

EDUCAR OU ENSINAR


Tanto o texto “Tendências pedagógicas” como a entrevista ambos do professor Eduardo Chaves apontam para uma diferenciação que não é nova na arte de aprender.

O conceito Ensinar, e no caso a distância, se aproxima muito do que Paulo Freire chama de “depositar no aprendente”, quase como uma espécie de transmitir saberes. A diferença neste caso é que ensinar a distância se torna ainda mais complicado do que ensinar presencial.

No primeiro caso a transmissão se dá como mera informação que o outro acaba assimilando sem nenhuma forma de interatividade situação que torna o aprendizado ainda mais complicado. Ao conceituar o que ele chama de megatendências na educação é possível aplicar “Ns” reflexões sobre esta situação que está há longa distância do processo de educar.

O filme “Escritores da liberdade” mostra com bastante clareza como também na educação presencial é possível educar, indo muito além do que ensinar. Neste caso o primeiro processo supõe interatividade e conhecimento da realidade sociológica do educando. Entretanto, quando o processo de ensino é a distância fica muito mais difícil a interação, uma vez que o “ensinante” não conhece e nem tem como conhecer a situação concreta do “aprendente”.

Diria então que na educação presencial ainda é possível ensinar e isto poderá produzir também educação, embora, num ritmo muito mais lento e trabalhoso. Ao passo que a distância só existe a possibilidade de educar o que naturalmente também ensina. É isso que o professor Eduardo Chaves parece querer dizer quando fala que não basta disponibilizar textos na internet ou perguntas para serem respondidas.

Do educador a distância se exige, ou pelo menos, se espera que se torne um animador da inteligência coletiva. Sua atividade será o acompanhamento da gestão da aprendizagem, o incitamento à troca de saberes.

A educação a distancia consiste numa mediação facilitadora, articuladora, instigadora do processo reflexivo e crítico. Isso será muito mais do que transmissão de saberes, por mais que se faça uso das tecnologias da informação. É isso que Eduardo Chaves chama de “Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais”.

Reinterpretar Paulo Freire e outros educadores que seguem sua linha de pensamento (no tempo da internet) exige compreender que o espaço físico não é o elemento decisivo de um modelo pedagógico de aprendizagem. Mas o que transforma o ensino em educação é a interatividade entre os diversos envolvidos no processo.

Achei muito feliz a comparação que o professor em questão fez do método socrático de aprender e da relação que ele faz com o advento da internet e o surgimento da escrita. Sem sombra de dúvida a preocupação de Sócrates, que mesmo tendo clareza do papel do educador na condição de “parteira” do conhecimento. Ele tinha dificuldades de aceitar a escrita no processo pedagógico hoje muitos bons educadores encontram dificuldade de ver o advento da interatividade por meio da mídia eletrônica.

No filme “Escritores da liberdade” a recém-formada professora de gramática e literatura está convencida que basta “fazer a sua parte”. Aos poucos percebe que esta atitude é muito mais ampla do que fazer conhecer regras e normas e começa a se desafiar a “fazer bem a sua parte”.

Em se tratando de educação a distância o professor somente fará BEM sua parte na medida em que os educandos foram motivados a interagir no processo. Aproveitar as distintas capacidades das pessoas é um desafio para toda a educação e muito mais necessária para Educação a distância.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 14 DE FEVEREIRO 2010

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Jeremias 17,5-8; Sl 1;
1Coríntios 15,12.16-20; Lucas 6, 17.20-26.


Uma das coisas bonitas e necessárias para o ser humano é a liberdade. Fazemos todos os esforços para que o exercício deste valor não seja, por nada, desperdiçado. Por outro lado também temos medo da liberdade, muitas vezes ela se apresenta como um risco que precisamos correr exatamente porque ela nos dá opções de escolha. E naturalmente quando fazemos escolhas temos o dever de arcar com as consequências das escolhas que fazemos.

É sobre esta situação que a liturgia deste domingo nos convida a refletir e fazendo uso da liberdade fazer nossas opções. Assim Lucas apresenta a narrativa das bem aventuranças. Jesus conclama seus seguidores e a multidão de amigos a tomar atitudes e estas podem levar à felicidade ou a infelicidade. Ele fala para uma legião de pessoas livres e responsáveis por isso mesmo em condições de produzir frutos de acordo com a decisão que cada um irá tomar.

Já na primeira leitura o Profeta Jeremias parece apontar que as escolhas merecerão prêmio ou castigo e que estes serão dado por Deus. Em todo o caso de uma coisa parece que o profeta está convencido e convida a agir: Não ter medo de confiar no Senhor e não ter medo de produzir frutos. O resultado dessa exortação aparece na oração do salmo que também rezamos: Felicidade e desgraça é resultado das decisões que tomamos.

E São Paulo aponta para a única e verdadeira escolha da qual não podemos prescindir: Acreditar na ressurreição de Cristo. Somente esta verdade propiciará felicidade do contrário a carta de Paulo afirma: Somos os mais infelizes de todos os homens.

Para aplicar a mensagem das três leituras no nosso dia a dia, lembro-me de uma canção do padre Zezinho cuja letra é mais ou menos assim: “Num mundo de mil verdades e milhões de mentirinhas também quero ter a minha que nasceu da minha fé. A Humanidade caminha para Belém e Nazaré”.

Neste domingo que antecede o carnaval, peçamos a graça de fazer bom uso da liberdade também em relação aos festejos carnavalescos a fim de alcançar o resultado que esperamos. Vale aprender a recomendação de São Paulo: “Tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. Que saibamos, pois escolher a Cristo e a sua verdade para que sejamos felizes de verdade.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

JOGAR E PENSAR: ARTE DE FILOSOFAR

JOGO DO TANGRAM – Exercício de pensar!


Atividade realizada na semana
de 08 a 13 de fevereiro 2010



O jogo em forma de quebra cabeça cuja combinação permite a formação de um sem número de figuras e imagens exige exercício de Raciocinio. Na situação em questão, o jogo foi usado pelo professor de Filosofia da Escola Paulo Leminski, para os alunos dos 2° anos A,B,e C; 3° anos A,B,e C do ensino médio em blocos.

A motivação para o jogo exigia que os alunos organizados em grupos pudessem fazer a distinção entre trabalho em equipe, Euquipe e grupo*. Organizados em cinco grupos, quatro deles receberam uma combinação do jogo e um grupo fez a tarefa de observação participante.

Ao final da experiência todos os grupos apresentaram relatos da atividade a partir da frase motivadora: “Filosofia - arte de pensar colocando ordem na desordem”. O resultado do trabalho aparece a seguir nos comentários realizados pelos próprios educandos.

*Equipe – grupo organizado que executa uma tarefa de modo corresponsável, em geral dirigida por um cordenador e que visa o bom êxito da tarefa como resultado coletivo (Ex. Seleção Brasileira de Futebol dirigida pelo técnico com o seu respectivo corpo administrativo e capitão do time).

*Grupo – distintas pessoas que trabalham juntas, mas sem organização nem cordenação. O grupo não, necessariamente visa o bem coletivo. Alias, muitas vezes num grupo os diversos participantes lutam entre si. (Ex. BBB 10).

*EUquipe – grupo de pessoas que embora reunidas uma única pessoa, as pessoas agem individualmente cada uma mostrando as suas próprias habilidades em detrimento das demais. Este modo de trabalhar é bastante próximo do que chamamos de grupo.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FILOSOFANDO...II

O MITO DA CAVERNA


Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.


Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.

Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.

Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos. Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos. Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade. Quem é o prisioneiro que sai da caverna? O filosofo. O que é a luz do sol? A luz da verdade. O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade. Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

Imaginem agora humanos que passaram anos e anos a viver vidas banais e esforçadas e que a dada altura são internados em cavernas completamente cheias de outros que como eles chegaram aos dias do fim das suas forças. Fragilizados, velhos e abandonados é-lhes dada todos os dias daí em diante a vida que os gestores das cavernas quiserem. Por razões que apenas os gestores conhecem. Em pouco tempo, certamente, os humanos internados nas cavernas, regridem até à impotência total, ao total abandono, ao desespero, e, certamente, tenderão a acreditar que aquela existência é que é a vida.


Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente.

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
A alegoria da Caverna é seguramente o texto mais conhecido de Platão e um dos mais comentados em toda a história da Filosofia, o que releva a enorme riqueza das questões que coloca. Este fato ensina-nos uma outra coisa muito importante: quando as questões filosóficas são relevantes, nunca estão encerradas. Há sempre novas perspectivas para analisar.

.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?). Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.

.
"A caverna corresponde ao mundo do visível e o Sol é o fogo cuja luz se projeta dentro dela. A ascensão para o alto e a contemplação do mundo superior é o símbolo do caminho da alma em direção ao mundo inteligível. É com a sua "esperança" pessoal que Sócrates (...) apresenta isto. (...). O conceito de esperança é aqui empregado com especial referência à expectativa que o iniciado nos mistérios experimenta em relação ao além. A ideia da passagem do terrestre à outra vida é aqui transladada à passagem da alma do reino visível ao reino invisível. O conhecimento do verdadeiro Ser representa ainda a passagem do temporal ao eterno. A última coisa que na região do conhecimento puro a alma aprende a ver, "com esforço", é a ideia do Bem. Mas, uma vez que aprende a vê-la, necessariamente tem de chegar à conclusão de que esta ideia é a causa de tudo quanto no mundo existe de belo e de justo, e de que forçosamente a deve ter contemplado quem quiser agir racionalmente tanto na vida privada como na pública." (...)
A alegoria da caverna é "uma alegoria da paideia (cultura). (...) Uma alegoria da natureza humana e da sua atitude perante a cultura e a incultura".

Com esta história Platão quer mostrar para todos nós que devemos aprender a raciocinar por nós mesmos, e não pensar apenas sobre o que querem que pensemos, e que é preciso aprender a ver não só o que as pessoas que tem o poder nos mostram, mas ver além das coisas concretas. Os homens que não queriam sair da caverna somos nós que não estamos dispostos a pensar, porque já estamos acomodados a esta vida medíocre que levamos, acostumados a ver somente o que os donos do poder nos mostram e acreditando que somente aquilo é verdadeiro que somente eles estão certos, e que nós não precisamos pensar porque já tem quem o faça por nós. Então somos convidados a sair da caverna para ver a realidade e deixarmos de ser submissos a estes tais donos do poder. Agora só depende de cada um para acordar para esta realidade e aprendermos a pensar, não sobre o que querem que pensemos e sim que descubramos o verdadeiro mundo que existe e nós não conhecemos.


Sendo um dos mitos mais conhecidos, pode, ainda hoje, se perceber que é uma ação atual a que aconteceu lá. O homem que saiu da caverna, não tinha que ser propriamente um filósofo, poderia ser também uma pessoa mais esclarecida. Qualquer pessoa poderia sair da caverna, mas para que mudar sua rotina? É muito mais fácil continuar na ignorância do que ter mais trabalho para fazer uma mudança radical.

Como exemplo, temos uma coisa bem atual: As eleições, na verdade, a política em si. É bem mais fácil você pensar que tudo o que lhe é passado pela TV é verdade, do que pesquisar e procurar saber o que realmente foi feito, se é boa aquela mudança para o governo ou para a sociedade, se os impostos que você paga estão sendo usados em boas coisas etc. Isso quer dizer que você não saiu da caverna, que prefere ser ignorante nesse assunto.

Não se pode culpar quem não quer mudar, é muito mais cômodo e te causa bem menos preocupações. Como quando se é criança, você não se preocupa com nada. É só crescer mais um pouco e já começam os vários problemas. Amor, família, amigos, estudo, responsabilidades mil... Como todos acham que já é difícil a vida só com isso, imagine então a vida fora da caverna, onde você não pode mais ficar se enganando...


A Alegoria da Caverna se refere a vida, pois se pensarmos bem veremos que a caverna nada mais é do que o mundo em que nós, seres humanos, vivemos, as sombras são as idéias impostas como únicas,o prisioneiro que se liberta é o filósofo, que se ofusca com a luz do sol que representa a realidade. Todos esses elementos estão presentes na vida, pois tudo é imposto e influenciado de uma maneira ou de outra. Por já convivermos com isso muito tempo é quase impossível se conhecer a realidade, ter idéias próprias. Infelizmente, a maioria da sociedade é influenciada em seus hábitos, gostos, atos e em tantos outros setores. Isso causa total falta de personalidade e ignorância, pois a verdade nos é roubada por pessoas egoístas que só vêem o seu próprio bem. Um exemplo disso é a televisão, que é um meio de comunicação bastante popular que mesmo sem perceber nos influencia a seguir a tendências que são interessantes e rendam lucros para ela. O primeiro passo para nos tornarmos o prisioneiro que se liberta da caverna é termos consciência de que várias idéias nos são impostas incansavelmente todos os dias, tentar saber o que realmente queremos, somos, gostamos.Talvez a grande dificuldade seja ter consciência desta imposição, mas após termos é necessário vencer o desafio de descobrir a verdadeira realidade pois só assim a felicidade será alcançada.


O mito da caverna, nos faz refletir sobre a vida, Platão queria nos consciencializar de que não devemos dar valor apenas as coisas terrenas (coisas materiais), e sim que procurássemos nos libertar do que nos foi imposto, como por exemplo: a televisão que é um dos fatores mais intensos de “cavernismo” que consiste em um fato que é apresentado na TV, e após algumas visões já passa a ser imitado no dia a dia, a moda também é um produto muito divulgado pela televisão, nos tornando escravos do que a mídia quer que utilizemos.

Outro exemplo disso, é o que os governantes nos fazem; não dando estudo para seus futuros eleitores que acabarão desempregados ou com empregos de pouca renda, sendo completamente dependentes de promessas políticas que no final acabam não sendo cumpridas, como os de casa própria, saneamento básico, água encanada, direitos de todo cidadão, exemplo maior disso se encontra no nordeste onde estudiosos já concluíram que existem muitos lençóis freáticos , mais para eles não é conveniente que os canalizem pois assim estarão perdendo os eleitores, porque os eleitores estarão satisfeitos , com isso não poderão ser subornados, já tendo o que mais querem que é a água. Os políticos estão assim até os dias atuais nos tratando como marionetes, nos deixando cada vez mais aprisionados no fundo de uma caverna.

Para nos livrarmos disso o primeiro passo é nos consciencializarmos que isso tudo está acontecendo. Isto já acontece com algumas pessoas. Porém, não sabem como colocar em prática, mas só os verdadeiros filósofos conseguem pensar e agir de maneira correta. Para nós é um grande desafio nos libertarmos da barreira que é sairmos da caverna em que vivemos.


FILOSOFANDO...

QUEM É O SER HUMANO?


  1. Um individuo em busca de si mesmo. Com perguntas do tipo: de onde vim, para onde vou, qual a razão da minha existência. Etc... Em resumo o ser humano é um Ser em busca de si mesmo. Quer sempre saber mais sobre si mesmo. Esta realidade o diferencia dos outros animais. O ser humano possuiu uma inteligência abstrata, isto é, capaz de compreender as coisas imaginando o que seja a verdade, criando e recriando novas explicações.

  2. Esta realidade sempre fez parte da existência. Entre os sábios da Grécia Antiga, cerca de 600 anos antes de Cristo, os estudiosos queriam encontrar uma razão para a existência e para o conhecimento. Alias, está é uma resposta, que talvez nunca tenhamos em plenitude.

  3. Lá, distanciando-nos mais ou menos 2.600 anos da nossa era, um indivíduo de nome Platão procurar explicar a questão do conhecimento com um mito, uma espécie de metáfora do conhecer. Este filósofo explicou a sede de conhecer com uma comparação conhecida como o Mito da Caverna.

  4. O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

  5. Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptíveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.
    A alegoria da Caverna é seguramente o texto mais conhecido de Platão e um dos mais comentados em toda a história da Filosofia, o que releva a enorme riqueza das questões que coloca. Este fato ensina-nos uma outra coisa muito importante: quando as questões filosóficas são relevantes, nunca estão encerradas. Há sempre novas perspectivas para analisar.

  6. Para compreender o mito da caverna, é preciso antes e acima de tudo estar convencido que a verdade plena continua sendo inacessível. Em outras palavras o ser humano estará sempre em busca do conhecimento e quanto mais ele procura mais se dará conta que ainda tem muito que saber. Basicamente, esta realidade já tinha sido definida por Sócrates com a célebre expressão: “Só sei que nada sei”. E ainda do mesmo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

  7. O mito pode ser contado mais ou menos assim: Imaginemos uma caverna na qual uma pequena multidão de pessoas está acorrentada ao fundo não tendo condições de olhar para fora e nem tão pouco de mover-se em direção à entrada da caverna. Por uma réstia de luz que luz que alcança o fundo da caverna os acorrentados conseguem ver sombras do que acontece lá fora. Isto que eles vêem não é a verdade, como dissemos é apenas uma sombra, ou uma pequena imagem do que será a verdade. Em resumo o conhecimento é apenas alcançado pela idéia que dele temos, nunca teremos a posse do conhecimento pleno.

  8. Poderá acontecer que alguém dos presidiários consiga se desvencilhar das correntes e possa sair em direção à entrada da caverna este será ridicularizado pelos colegas, os quais imaginarão que se trata de um delírio e até de uma ameaça à sua realidade. Tanto quanto possível ele poderá até ser morto ou simplesmente ignorado pelos seus companheiros de outrora.

  9. Este individuo é o que chamamos de Filósofo. É este quem não se conforma com o saber que já adquiriu ele quer sempre conhecer mais. Se quisermos transportar o mito da caverna para os nossos dias diríamos que são os conhecimentos que já temos e com o quais nos contentamos ou deixamos de nos conformar.

  10. Às vezes nos limitamos ao saber e às informações que recebemos da Televisão, dos políticos, da própria escola, da sociedade com a qual convivemos e assim por diante. E muitas vezes quando pensamos em sair ou questionar estas realidades acabamos sendo ridicularizados e até perseguidos por quem, de algum modo, detém o saber e as informações.

  11. Em resumo podemos responder ao mito com as seguintes perguntas:
    O que é a caverna? O mundo em que vivemos.
    Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos.
    Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.
    O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade.
    O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade.
    Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética,
    O que é a visão do mundo real iluminado? A filosofia.

  12. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense?). Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro. O que é a Caverna? Uma alegoria da natureza humana e da sua atitude perante a cultura e a incultura.

  13. Para nós é um grande desafio nos libertarmos da barreira que é sairmos da caverna em que vivemos. O mito da caverna nos faz refletir sobre a vida, Platão queria nos consciencializar de que não devemos dar valor apenas as coisas terrenas (coisas materiais), e sim que procurássemos nos libertar do que nos foi imposto, como por exemplo: a televisão que é um dos fatores mais intensos de “cavernismo” que consiste em um fato que é apresentado na TV, e após algumas visões já passa a ser imitado no dia a dia, a moda também é um produto muito divulgado pela televisão, nos tornando escravos do que a mídia quer que utilizemos.

  14. É isto que chamamos de policidadania aproximando a arte de aprender da compreensão platônica: “propiciar a saída da obscuridade para romper a luz, romper cadeias da ignorância e das paixões que escravizam e impedem de viver a vida com lucidez e liberdade.”

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LONGE DOS OLHOS, PERTO DO CORAÇÃO...

O axioma, de domínio popular, me parece ser aplicável para tratar da Educação e da Educação a Distância. No texto que faz parte da bibliografia para o curso de tutoria online do SENACPR, proposto pelas Educadoras Laura Coutinho e Heloísa Padilha, são apresentados fundamentos para o tema a partir de distintas ciências.

Permito-me afirmar que sob todos os pontos de vista a Educação tem sempre como sujeito o destinatário, o educando, esteja este onde estiver. É daí que podemos afirmar que quando o outro não aprende não se pode dizer que houve educação. Esta verdade já fazia parte do conceito de educação na antiguidade. Em Platão e Santo Tomás de Aquino já temos a compreensão da educação como a condição para que o ser humano se realize na sua plenitude, isto é, das mãos do educador sai o ser humano na sua inteireza.

Com base nisto quero reafirmar a ideia implícita no axioma de abertura desta reflexão: Ou o sujeito da educação, da aprendizagem, interage com o educador ou não participa do processo e consequentemente não aprende.

A Filosofia, e as outras ciências que servem de fundamento para o texto em questão tratam sempre do educando a partir desta ótica. Alias não poderia ser diferente, sob o ponto de vista da filosofia é imprescindível pensar educação sem perguntar os porquês e, sobretudo porque ou o que leva o educando a aprender ou deixar de aprender. Esta realidade implica em interatividade, proximidade que não será necessariamente física.

Já a psicologia se debruça sobre o indivíduo a partir dos processos particulares e até internos de cada educando. Há de se convir que não exista educação para o sujeito isolado, posto que nenhum homem seja uma ilha, nem tampouco vive alheio a situação concreta do mundo que o cerca. A psicologia trata do educando como um indivíduo que integra e que se integra no conjunto da coletividade. E a isto se pode afirmar como sendo parte do campo próprio da sociologia na sua relação com a psicologia e a filosofia.

No complexo mundo da interatividade e da conectividade de cada individuo com os outros da sua espécie desponta a antropologia. O ser humano aprende e ensina no respeito às diversidades e particularidades de cada um dos que com ele convivem com ampla liberdade e necessidade de complementaridade.

Todo esse processo se realiza na história. Posto que tanto a educação, quanto a sociedade e o ser humano inserido nelas vivem num tempo na mesma proporção que constroem o tempo, fazem história e a pontuam com suas realizações.

Dito isto, mais um vez, é necessário afirmar que a interatividade é uma condição “sine qua”, para que educação aconteça. Interatividade não significa outra coisa se não proximidade que não necessariamente será restrita a proximidade física. A isto chamo de “perto do coração”.

É precisamente no “perto do coração” que se situa educação a distância. As duas autoras, na entrevista sugerida para a reflexão, tratam do elemento a distância muito mais do que sob o ponto de vista da conectividade com o virtual. Fazendo um passeio pela memória trazem à tona a questão das “tarefas de casa”. Atividade bastante comum na educação tradicional até os dias de hoje. A novidade da educação a distância é que estas atividades já não serão realizadas “longe” do professor, mas em estreita relação com ele mediante as tecnologias de informação e comunicação.

Este modo de fazer educação é muito mais interativo do que muitas vezes a presença física do educando enquanto sua mente viaja para universos imaginários desligando-se do processo de realimentação que a condição exige.

A realidade de desconectividade, muitas vezes presente na educação presencial, tem muito menor chance de se dar na educação a distância, considerando que nesta última o educando necessita de um esforço pessoal para não perder o "fio condutor" das apresentações e reflexões.
O texto e as entrevistas enfocam a mesma realidade: Educação a distância é o que se pode chamar “perto do coração” e, portanto muito eficiente no que se refere processo de interatividade. Na educação não presencial ocorre, em igual ou maior densidade, o que se pode chamar de construção do consenso por meio das tecnologias e com a mediação do tutor que faz o papel de provocador, isto é daquele que estimula o diálogo sem o qual não pode existir educação.

sábado, 23 de janeiro de 2010

HOMILIA PARA O DIA 24 DE JANEIRO 2010

3° DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras: Neemias 8, 2- 4ª. 5-6.8-10; Salmo 18B, 8-10.15;
1Cor. 12,12-30; Lucas, 1, 1-4; 4, 14-21.

A Santa Teresinha do menino Jesus se atribui a expressão: “Nada te turbes, só Deus Basta”. O Texto de Neemias que ouvimos na primeira leitura de hoje fala basicamente a mesma coisa: “Não fiquem tristes, pois a alegria do Senhor é força de Vocês!”.

Estes dois pensamentos melhor nos ajudam a compreender Jesus e sua missão conforme é narrada por Lucas no evangelho que ouvimos. Depois de justificar os seus escritos, Lucas começa descrevendo a prática de Jesus: conforme o seu costume foi para a Sinagoga em dia de Sábado. Leu o livro do profeta Isaias e aplicou a si a profecia de outrora: Ser consagrado pelo Espírito para a missão. O que Jesus declara ser sua tarefa vai se realizando desde o seu Batismo e só termina no calvário. Toda missão de Jesus está centrada na Palavra do profeta que agora ela já é realidade.

A mesma situação é descrita pela primeira leitura: A palavra de Deus proclamada tem força de sacramento, de missão, de tarefa, de responsabilidade. O povo que ouviu a proclamação da leitura é o mesmo a quem São Paulo chama de corpo de Cristo, feitos desta maneira pela força da Eucaristia. Todos com diferentes funções e responsabilidades, mas participantes da mesma graça que o Espírito deu para continuar a missão de Jesus.

Ontem como hoje, somos convidados a ler o testemunho de Jesus e torná-lo realidade em nossa vida. O mesmo espírito é dado a cada um que, como membro da Igreja, facilita para que todo o corpo tenha saúde e cumpra com sua missão.

A cada domingo, a palavra que ouvimos a reunião com os irmãos, A Eucaristia que celebramos é um auxílio para nossa fraqueza. O mesmo Cristo nos fortalece para a missão e nos capacita para ações de bondade, justiça, solidariedade e vida nova.Peçamos a graça de sermos também nós, sinais, sacramentos do mesmo Cristo para o mundo.

Entre tantos irmãos, na história da Igreja que provaram ser isto possível, trazemos presente a figura da Dra. Zilda Arns, cuja obra pudemos conhecer melhor com o sacrifício da sua vida.
O Senhor nos dá o seu Espírito, façamos bom uso dele em vista do reinado de Deus para que a vida seja muito melhor para todos.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

DOMINGO DO BATISMO DO SENHOR

HOMILIA PARA O DIA 10 DE JANEIRO 2010


Leituras: Isaias 42, 1-4.6 -7; Salmo 28(29),
Atos dos Apóstolos 10,34-38; Lucas 3, 15-16.21-22.


A Liturgia da Igreja encerrou, no domingo passado, com a celebração da epifania as festividades natalinas. No imaginário popular e até folclórico os festejos terminaram no dia 06 com a recordação dos Reis Magos.

Hoje já iniciamos um novo tempo, o qual não se constitui apenas num tempo, mas num modo de ver e viver a boa noticia de Jesus, tendo Ele mesmo e o seu jeito como modelos a serem seguidos.
Celebrando o batismo de Jesus recordamos também o nosso batismo por meio do qual fomos feitos participantes da herança que Cristo nos garantiu e naturalmente comprometidos na mesma tarefa e missão.

A festa do batismo de Jesus é também chamada de segunda epifania, ou manifestação, no sentido que agora ele é revelado por João e pelo Espírito Santo de Deus, como o Filho único com uma missão bem específica. O Espírito revela que Jesus é o escolhido em quem Deus Pai deposita toda a sua confiança.

Enquanto o batismo de João se resumia ao rito de penitência e arrependimento, a partir de Jesus e nele o nosso batismo ganha o sentido de missão, tarefa, compromisso. Como ouvimos em outra ocasião, antes de Jesus Deus tinha se servido de muitos outros modos para falar, agora fala diretamente por meio do seu Filho e estabelece uma comunicação direta e pessoal com o mundo e suas criaturas.

O céu se abriu, já não existe mais distância, toda a vontade de Deus se tornou clara e compreensível na pessoa do Filho muito amado. O texto do Evangelho confirma o que o profeta anunciou na primeira leitura de hoje: “Eis o meu servo, eu o recebo, eis o meu eleito, nele se compraz minha alma”.

A vontade de Deus, que se servo veio revelar, não acontecerá com violência e com poder, mas na paz, na mansidão, na bondade e na firmeza. Com tudo isso a comunidade de Israel nos ensinou a glorificar e nós o fazemos por meio do salmo quando rezamos: “Filhos de Deus tributai ao Senhor, tributai-lhe glória e poder, dai-lhe a glória devida ao seu nome”.

Por sua vez a segunda leitura aponta para o lugar de todos no projeto de Deus, que não faz distinção entre as pessoas. Ele aceita a todos e espera de cada um uma única atitude como resposta: “reconhecer que Ele é o Senhor e praticar a justiça”.

Tal como Jesus cada um de nós é participante dos mesmos desígnios de Deus: “Banhados em Cristo somos uma nova criatura”.

Que esta celebração por meio da Palavra, da Eucaristia e de reunião festiva com os irmãos nos leve a viver a plenitude do batismo, fazendo o bem como Jesus.

EDUCAÇÃO BÁSICA E POLÍTICAS ECONÔMICAS

Melhorar a qualidade da Educação Básica

Comentários ao texto de Rosa Maria Torres,
sob a orientação da professora
Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR

É natural que, na condição de ativista social da esquerda latino americana, a autora tenha posições notadamente críticas em relação a participação do banco mundial em terras terceiro mundistas. No texto não aparece a citação, mas cabe para a ocasião o conceito de Antônio Gramsci, segundo o qual estas instituições não passam de cumprir o papel de “intelectuais orgânicos”, os quais geralmente não são habilitados para apresentar alternativas aos problemas concretos posto que vêem o mundo a partir de seus gabinetes.

A crítica da autora parte do princípio da inconsequencia, do ponto de vista educacional, que um organismo financeiro seja quem apresente um pacote de medidas para a educação no terceiro mundo.

O texto faz uma análise histórica do papel do BM no campo da educação desde os anos 1960 até 1990. Fazendo observar como neste período o enfoque do banco mudou em relação às diferentes exigências da educação.

O pacote do BM traz questionamentos sobre o papel dos governos e o modo como são aplicados os recursos no setor. Faz uma opção clara pela educação básica e justifica esta sua posição a partir de dados relativos à evasão escolar nos primeiros anos de alfabetização, dados que são alarmantes na AL, posto que são superiores aos da África e Ásia.

Segundo o pacote do BM a educação deve ser medida pela qualidade do aprendizado, o que segundo eles se mede pelo número de crianças que completem o ciclo básico e dominem os conteúdos previstos para o período. Dentre os canais que o BM sugere incrementar os investimentos estão o tempo de instrução, o acesso ao livro didático e a capacitação de professores incluindo a modalidade a distância. O questionamento da autora analisa diversos pontos, todavia o que está realmente pesando é o fato de ser um organismo econômico a dar normas para as questões pedagógicas.

Segundo o conceito da autora o pacote parece privilegiar a grade curricular, entendo este como o elenco de matérias e conteúdos que naturalmente é uma visão estreita de educação. Outro questionamento da autora é o fato de se tratar de um pacote para um contexto sociológico em desenvolvimento totalmente elaborado, e sem a participação dos interessados, por autores do mundo desenvolvido. No conceito do BM a escola tem a menor parcela na contribuição do rendimento escolar sendo que a parcela superior se deve a família e ao contexto social e sito também é questionado pela autora.

Tem se a impressão, diz a autora que o BM coloca para ser cumprido um manual completo do tipo receituário sobre o que os países em desenvolvimento devem fazer se quiserem obter financiamentos e como que apresentando como única alternativa para melhorar a qualidade da educação.

Para o BM estão muito associados aprendizado dos alunos versus capacitação continuada dos professores, mais até do que todos os demais itens que envolvem a vida dos docentes; tais como salário, carga horária, número de alunos por sala. O pacote também tem em alta consideração o fato de haver entre o magistério uma alta taxa de abstenção nas salas de aula além de muitos professores naquilo que se chama desvio de função.

A posição do BM é clara no que se refere ao tempo que o educando permanece na escola diariamente bem como a duração do curso básico, também este aspecto é colocado em dúvida pela autora que não julga como mais importante esta preocupação.

Para os técnicos do BM algumas situações são decisivas no processo de aprendizagem , a saber: a) motivação; b) conteúdo; c) professor; d) tempo de aprendizagem; e) ferramentas necessárias para o aprendizado.

Fazendo suas as palavras de uma educadora argentina, transcrita na nota 66, a autora conclui sua crítica ao papel do BM que confirma a expressão usada no inicio deste comentário: Os técnicos do BM não passam de intelectuais Orgânicos.

Em nossa opinião o fato da autora ser militante da esquerda latino americana tem peso demasiado em todas as suas posições. A nosso modo de ver não me parece de todo uma intromissão do órgão na educação mas um conjunto de condições que este exige para financiar os projetos a quem interessar possa.

Seguramente me parece que o órgão não abriu espaço para que os sujeitos da educação nos países interessados dessem sua contribuição na elaboração destes critérios o que considero um limite, por outro lado há de se convir que muitas vezes quem vê de fora enxerga melhor certos ângulos que não são observados por quem está imerso no processo.

Convenhamos que boa parte deste pacote vem sendo aplicado no Brasil com pequenas adaptações, agora sem financiamento do BM e com muito bom resultado. A recente cartada do Ministério da Educação sobre o Enen parece mostrar a maturidade do órgão e a compreensão que tem da responsabilidade das instituições neste processo.

Desde que o Brasil vem adotando a prática da Educação a distância tem se registrado muitos ganhos na formação continuada do quadro do magistério e o processo avaliativo das instituições e dos alunos tem feito crescer o nível de educação do brasileiro.

Uma análise dos avanços dos últimos anos mostra como crescemos um exemplo disso é o PDE.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

FESTA DE SANTO REIS

EPIFANIA

Este é o nome litúrgico que a Igreja aplica para a festa dos Reis Magos, ou Santo Reis como é popularmente conhecida.

Celebrada no dia 06 de agosto, é a festividade cristã que recorda a visita dos Reis Magos ao menino Jesus. Muito mais do que isso a solenidade, que na liturgia católica, é celebrada no primeiro domingo depois do ano novo, recorda a manifestação de Cristo ao mundo. Trata-se da primeira manifestação da sua divindade para todos os povos e, portanto também fundamento da fé Cristã.

A festa dos magos pode ser entendida como espécie de síntese de outras manifestações da divindade de Jesus as quais se dão no episódio da adoração dos magos, do seu batismo no Jordão e o primeiro milagre realizado em Caná da Galiléia onde transformou água em vinho.

A palavra tem sua derivação do vocábulo grego “epifàinomai” o que significa “aparição”. O termo inicialmente foi utilizado para indicar a aparição de qualquer divindade sobre a terra, isso muitas vezes incorreu na aplicação da palavra de modo pejorativo e até apelativo. Sem dificuldades seu uso se referiu às autoridades orientais às quais eram vistas por seus subordinados como uma espécie de encarnação de divindades. O mesmo termo é aplicado para indicar a aparição de Cristo sobre a terra, porém com o sentido de manifestação em vista da salvação e não da autoridade que representa domínio e poder.

Com a festa da epifania a liturgia católica encerra o ciclo do natal e de certo modo abre espaço para as comemorações do carnaval. No imaginário popular, depois deste dia se desfaz o presépio e se recolhe a decoração natalina. Existe um provérbio popular que diz mais ou menos assim: “A Santa epifania leva consigo toda alegria”.

Pelo mundo afora não são poucas as figuras de linguagem para dizer que a epifania se reproduz em diversas ocasiões durante o ano. Para confirmar isso basta que façamos um estudo sobre as “folias de reis” e as diversas manifestações folclóricas que envolvem esta data.

A liturgia católica prevê que depois da leitura do evangelho sejam anunciadas as principais festas litúrgicas do ano. O ritual prevê que seja usada motivação nesta direção: “O Senhor se manifestou e continuará se manifestando até sua vinda definitiva. Nós recordamos e vivemos os mistérios da salvação. De domingo a domingo a Igreja torna presente este grande acontecimento e as principais festas deste ano serão celebradas nas seguintes datas...” e elenca o rol das celebrações litúrgicas mais importantes do ano litúrgico. E prevê a conclusão da exortação reafirmando a realeza do Cristo Senhor do tempo e da história.

Em resumo a festa da epifania é muito mais do que lembrar um fato do passado, mas a celebração de uma realidade para ser vivida no dia a dia durante todo o ano. Esta ocasião nos chama à Fé em Cristo e ao testemunho dela no cotidiano da vida.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO E EXCLUSÃO

A EXCLUSÃO E A ESCOLA

Comentários ao texto de Pablo Gentili -
Capítulo I do livro Educar na Esperança em tempos de desencanto,
Editora Vozes, 2003. Texto produzido com a orientação da
Professora Dra. Maria Lourdes Guisi - PUCPR.

A fábula do “sapato”, não poderia ser mais adequada para o tema em questão. O autor foi muito feliz tratando da exclusão social que está estabelecida e que não chegamos a ver se não com o olhar crítico da indignação. Parece que é oportuno fazer referência às questões de exclusão mediante os fatos do cotidiano que entre nós saltaram aos olhos neste dias, a saber: “Professor se recusa a dar aulas para deficiente auditivo” – não será este episódio outro “Mateo” que causou perplexidade posto que perdeu “um sapato”? E o que dizer do grupo de adeptos do neonazismo que reunido para uma festa culminou no assassinato do casal de namorados curitibanos?

A afirmação do autor sobre a conformação do excluído com a sua condição parece ser aquela denunciada em abundância pelos meios de comunicação social: “O Brasil é o mais rico entre os países com maior número de pessoas miseráveis. Isso torna inexplicável a pobreza extrema de 23 milhões de brasileiros, mas mostra que o problema pode ser atacado com sucesso ”. Ou ainda a que agora quer ser auferida pela ONU, em pesquisa que está sendo respondida pelo governo brasileiro em relação aos programas sociais da atualidade. Segundo a ONG, Projeto de monitoramento dos direitos humanos no Brasil, com sede em Brasília, o país continua sendo um dos líderes na questão da desigualdade social . Já a CNBB, na análise de conjuntura da 47ª. Assembléia geral conclui que “Diante de ameaças de guerras, de violência e de destruição de muitas formas de vida, nos vemos desafiados a participar da construção de um novo paradigma para a economia, as relações sociais, a política, a cultura, as relações internacionais e o equilíbrio ecológico. Não cabe mais prender-se ao que esteve em vigor até o final do século 20: o século 21 terá que ser muito mais criativo do que foi o século passado”.

É ainda contundente a posição do Episcopado Latino Americano expressa nas conclusões da conferência de Aparecida, em cujo documento faz menção às palavras do papa, que vê a globalização como um fenômeno de relações de nível planetário, com suas inúmeras vantagens, mas que comporta o risco de converter o lucro em valor supremo. O episcopado enumera uma série de rostos que sofrem incluindo neles “Jovens que recebem uma educação de baixa qualidade e não tem oportunidades de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho para se desenvolver e constituir uma família”. A conclusão do parágrafo vem com um convite para a globalização da solidariedade expressa com a seguinte sentença: “ Um globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. Com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” .

Ainda de acordo com o episcopado é o fenômeno da exclusão responsável por manter trabalhadores em condições análogas às de escravo e facilitar o tráfico de seres humanos incluindo aí a prostituição infantil.

Parece ser nesta ótica que o autor constata que em boa parte do mundo soma dos excluídos é maior do que os incluídos. Entre os nominados por Gentili encontram-se os presidiários cujos ambientes são um tipo de dispositivo de exclusão. Nesta direção também aparece a posição da CNBB, expressa no texto da Campanha da Fraternidade de 2009: “O sistema penal brasileiro, incluída a legislação, é marcadamente elitista,...Assim como se atribui pouco valor à pessoa humana, principalmente se for pobre, ela é também desvalorizada perante a lei e o sistema.” Vai também nesta direção a declaração da 47ª. Assembléia do episcopado brasileiro que trata da redução da maioridade penal:

“A redução da maioridade penal violenta e penaliza ainda mais adolescentes, sobretudo os mais pobres, negros, moradores de periferias”. A afirmação está na declaração aprovada pela Assembleia da CNBB na tarde desta sexta-feira, 24, em Indaiatuba (SP). “Persistir nesse caminho seria ignorar o contexto da cláusula pétrea constitucional - Constituição Federal, art. 228¬ - além de confrontar a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente, as regras Mínimas de Beijing, as Diretrizes para Prevenção da Delinquência Juvenil, as Regras Mínimas para Proteção dos Menores Privados de Liberdade (Regras de Riad), o Pacto de San José da Costa Rica e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instrumentos que demandam proteção especial para menores de 18 anos”, continua a declaração.
Segundo os bispos, crianças, adolescentes e jovens são vítimas da violência e que “proposta de redução da maioridade penal não soluciona o problema”.

Parece-me claro que a posição do autor esbarra no nosso sistema de cotas, quando ele faz a afirmação que é possível estabelecer um sistema de segregação mesmo praticando formas de inclusão.

Enfocando problema da exclusão na escola o autor valoriza o aumento da taxa de escolarização, o aumento dos anos de obrigatoriedade escolar, a diminuição do índice de analfabetismo...todavia isto não é sinônimo que se tenha atacado os grande problemas sociais. Visão que também é compartilhada pelo CELAM : “ Depois de um época de enfraquecimento dos Estados... vê –se com bons olhos um esforço em definir políticas públicas nos campos da saúde, educação, seguridade alimentar, ... Tudo isso mostra que não pode existir democracia verdadeira e estável sem justiça social,...”

Entre os limites apontados pelo autor nota-se as diferentes escolas para os distintos públicos sempre evidenciado com notada clareza. Por exemplo no início do atual período letivo a demora com que a Secretaria da Educação conseguiu preencher as vagas de professores para algumas escolas da periferia de Curitiba. Isto denota que o acesso à escola nem sempre significa o mesmo tipo de escolarização.

À guisa de conclusão o autor faz compreender que os programas de atendimento aos pobres não são sinônimos de programas de inclusão mas muitas vezes de perpetuação do apartheid social. É preciso atacar o problema pela raiz mais do que apresentar medidas paliativas. Vale a lembrar a indignação do Deputado Ulisses Guimarães: “Mais miserável do que a miserabilidade é a sociedade que não consegue acabar com ela”.

A prática de uma autêntica democracia, subentendida na citação de Aparecida número 76, parece ser o caminho pedagógico para superar o censo de preocupação com um dos pés descalços.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Homilia para o dia 03 de janeiro 2010

DOMINGO DA EPIFANIA


Leituras: Isaias 60, 1-6; Salmo 71(72), Efésios 3, 2-3ª.5-6; Mateus 2, 1-12



Dentre os sentimentos humanos e que impulsionam a tomar atitudes muitas vezes superando as próprias forças, um deles é o desejo de conhecer, a curiosidade para saber mais e desvendar mistérios. Parece ser isto o que motivou os Magos do Oriente a se deslocarem para ver Jesus. Movidos pela mesma curiosidade também nós queremos ver Jesus. E para realizar este desejo somos capazes de muito esforço e muita coragem.

A festa dos Reis Magos como é conhecida, e que na Liturgia recebe o nome de Epifania significa dizer que reconhecemos a Luz do Senhor. Com todos aqueles que melhor querem compreender quem é Jesus e qual a sua missão, aqui estamos celebrando o mistério da sua manifestação ao mundo.

O Evangelho narra o encontro de três personalidades, que melhor do que reis poderiam ser chamados de Sábios. Estes se apresentam diante do ciumento Herodes, o qual de modo algum era capaz de admitir qualquer ameaça à sua forma tirana de administrar e fazer uso da autoridade que, antes de tudo, era ilegítima. Ele havia recebido por força da sua relação com os signatários romanos que exerciam sobre a região uma poder que em nada tinha a ver com os anseios da comunidade de Jerusalém.

Os sábios e curiosos vindos do oriente representam uma ameaça, não por si mesmos, mas por aquele que estão à procura. E mais evidente ainda quando a busca recai sobre a pequenina aldeia de Belém. A alegria dos magos, por um momento, é ofuscada pela intolerância do rei que pede o seu retorno por Jerusalém. Mais uma vez Deus age e mostra aos magos outro caminho que não o retorno ao palácio.

O encontro dos Reis com o menino Jesus, a oferta dos presentes e a reverência que lhe fazem completa a alegria do profeta narrada na primeira leitura: Caravanas de todos os lados se dirigem a Jerusalém, ela será iluminada de maneira definitiva e até os que estavam longe dela se reaproximarão. A alegria prevista é radiante e culmina na louvação ao Senhor.

Aos Efésios Paula afirma: Deus se revelou por seu Espírito. Tudo o que outrora estava oculto agora foi revelado. Mais uma vez fica claro que a confiança em Deus não é um assunto para ser vivida na individualidade a razão última se encontra na experiência comunitária.

Como os Magos de Belém somos chamados a reconhecer Jesus, aceitar sua luz e retornar para o nosso dia a dia por outro caminho e com outro conceito. Viver a Epifania significa permitir que a luz de Deus iluminasse nossas vidas e modifique nosso modo de fazer as coisas e de ver o mundo.
Com os magos, apresentemos mais do que ofertas, entreguemos nossa vida e nossa disposição para a missão e para o discipulado. Que o Senhor Jesus nos acompanhe com sua luz e sua graça.

HOMILIA PARA O DIA 01 DE JANEIRO DE 2010

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS


Leituras: Números 6, 22 -27; Salmo 66 (67); Gálatas, 4, 4-7; Lucas 2, 16-21.



Em dezembro o mundo voltou os olhares e preocupações para a cidade de Copenhague, na Dinamarca, onde ser realizou a 15ª. Conferência das nações Unidas sobre mudanças climáticas. O resultado de todos os debates ficou muito aquém das expectativas que foram levantadas. Mas de uma coisa todos temos certeza: A paz no mundo e a sobrevivência dos povos dependem do modo como nos relacionarmos com a natureza criada por Deus. Esta constatação já havia sido indicada pelo Papa Bento XVI na sua mensagem para este primeiro de janeiro, nela o Santo Padre lembra: “Se quiser cultivar a paz preserve a Criação”.

Aqui reunidos, oito dias depois do natal, viemos fazer memória de tudo o que nos ensina o Senhor Jesus. Seu jeito de ver e falar sobre o mundo continua convidando a todos para a comunhão a unidade e a paz.

Iniciamos um novo ano e nossa primeira recordação é a pessoa de Maria, por cujo Sim, nos veio o príncipe da paz. Com ela somos chamados a aceitar e caminhar com Jesus ele é a plenitude de todas as bênçãos e nele temos a segurança que vai muito além das certezas deste mundo.

O evangelho narrando o encontro do menino, pelos pastores, em Belém e como ficaram maravilhados com tudo o que viram e ouviram sobre o recém nascido os faz reconhecer e indicar também para nós: Em Jesus Deus nos salva!

A narrativa das bênçãos que ouvimos na primeira leitura quer garantir a eficácia da ação de Deus em favor do seu povo. A benção para o israelita significava a presença da própria pessoa na sua luta diária.

E São Paulo, na carta aos Gálatas, reafirma a condição humana de Jesus, nascido num tempo, nascido de uma mulher e com uma missão muito específica: Resgatar todos os que nasceram e vivem nesta mesma condição. Nesta tarefa Maria ganha um papel especial por derivação dele nós a chamamos de Nossa Senhora e Mãe de Deus.

A figura de Maria, a primeira a vivenciar a plenitude do mistério pascal, irá neste novo ano nos ensinar a caminhar guiados pela luz do Senhor e a guardar todas as coisas segundo a vontade de Deus.

Busquemos também nós a bênção e a presença daquele que caminha conosco e cujo exemplo temos em Maria Senhora nossa. Deste modo sim poderemos dizer a todos: Feliz Ano Novo!

HOMILIA PARA O DIA 27 DE DEZEMBRO DE 2009

DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA


Leituras: Eclesiástico 3, 3 -7. 14- 17ª; Salmo 127(128); Colossenses 3, 12-21; Lucas 2, 41-52.

Durante o mês dezembro, mais do que em outros tempos, o sentido de família, de encontro e convivência tomou conta das preocupações em cada casa. A partilha e a solidariedade fraterna afloraram para todos. O natal se mostra ocasião propicia para repensar as relações familiares.
É neste contexto que a liturgia da Igreja nos propõe a Festa da Sagrada Família, no domingo imediatamente seguinte ao natal. Por esta celebração fazemos memória do Senhor que participa das preocupações e alegrias das nossas famílias.

O Evangelho que narra a participação de José e Maria com o menino, no cumprimento do preceito pascal de Jerusalém, aponta para uma situação particularmente difícil no relacionamento dos três. Situação não bem compreendida por eles mesmos e pela sociedade de outrora. Jesus, pela primeira vez, se apresenta e age fora dos laços estreitos da família de sangue e no diálogo com sua mãe indica por que veio e qual sua missão: “Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Mesmo ciente da sua missão e responsabilidade não renega a obediência e volta com os pais para Nazaré. Enquanto Ele cresce, em todos os sentidos, diante de Deus, uma vez mais, sua mãe guarda todas essas coisas no seu coração.

Já no texto do Eclesiástico temos a recuperação do mandamento dado no êxodo: “ Honra teu pai e tua mãe para que tenhas vida longa sobre a terra.” O autor do livro vai muito mais além do que o simples mandamento mostra como essa relação de respeito indica também a compreensão que se tem do respeito para com a vida que nos foi transmitida por eles e que é antes de tudo um Dom de Deus o qual é o primeira a ser respeitado e aceito.

Na carta aos Colossenses São Paulo recomenda viver de acordo com o Evangelho e afirma que este modo de viver é condição para uma vida longa. Entre as atitudes sugeridas por Paulo consta a humildade, compaixão, bondade, o amor e o perdão.

Certamente entre as lições que podemos colher da liturgia da Palavra de hoje uma delas é o comportamento do silêncio. O gesto de Maria pode iluminar nossas relações familiares, em geral, barulhentas e muitas vezes marcadas pela falta de momentos de silêncio e aceitação das diferenças.

Compreender e viver as relações familiares no perdão e na mansidão exige de todos a repetir a atitude de Maria. Somos convidados a entrar nesse processo da maturidade da fé. Nossa experiência de família está profundamente inserida em todos os problemas deste modo, do mesmo modo como viveu a família de Nazaré, a compreensão desta situação é condição sem a qual nossas famílias não poderão experimentar a Graça de Deus que age no meio das dificuldades do cotidiano.

Aqui reunidos, celebramos como membros de um único corpo, constituímos uma mesma família e nos alimentamos do mesmo pão. Peçamos ao Pai que nos conceda a graça da verdadeira paz e da concórdia em nossos lares.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL

Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.

No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”

Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.

Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.

O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.

Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA PARA O DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2009

MISSA DO DIA DO NATAL


Leituras: Isaias 52, 7-10; Salmo 97 (96), Hebreus 1, 1- 6; João 1, 1- 18.


No repertório das músicas de mensagem que nossas comunidades gostam de cantar lembro-me de uma, cujo autor é muito conhecido e admirado, ela diz mais ou menos assim: “Dá-me a palavra certa, na hora, certo e do jeito certo e pra pessoa certa...”


Pois o que ouvimos nas leituras de hoje é a manifestação dos que estas palavras parecem dizer. Assim no evangelho João faz uma retomada de toda a obra e de todo o desejo de Deus, afirmando aquilo que está dito de outro modo no evangelho de Lucas. “O verbo de Deus se fez homem e veio habitar entre nós”. João reafirma que antes de tudo existia a Palavra que era Deus e que estava em Deus e tudo foi feito por meio dela. No natal a palavra se torna certa e acertada. Isto é Deus alcança aqueles que ele quer salvar e sua Palavra se torna gente, se realiza, a palavra veio para aqueles a quem Deus quis se revelar.


Agora diz a carta aos Hebreus, cujo texto foi proclamado na segunda leitura: “Deus nos falou por meio do seu Filho a quem Ele constituiu herdeiro e por meio de quem tudo foi criado. É ele que celebramos no natal, ele é a realização da profecia de Isaias: anuncia e prega a paz e a salvação. Diante desta realidade a ninguém é dado o direito de permanecer tristes: alegrem-se o Senhor consolou seu povo.


O natal é isso, Deus veio nos visitar, com sua Palavra feita gente nos ajuda a perceber que a consolação à qual todos esperamos se dá na pessoa de Jesus. De nossa parte basta que sejamos capazes de conformar nossas vidas com a realidade manifestada no natal.


Para isso sem sombra de dúvida nosso encontro com os irmãos e a Eucaristia que estamos celebrando são nosso alimento e ajuda indispensável.

HOMILIA DO DIA 24 DE DEZEMBRO 2009

MISSA DA NOITE DO NATAL

Leituras: Isaias 9, 1 -6; Salmo 95(96) Tito, 2, 11-14; Lucas 2, 1 -14.

Não tenham medo!
A expressão usada pelo anjo anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, não é uma novidade na linguagem bíblica. Ao longo de todo o Antigo Testamento ela aparece outras vezes indicando que Deus está muito próximo do seu povo e que dele não se esquece.

Na noite de natal a frase vem acrescida das palavras que depois se tornaram o eixo de toda a missão de Jesus. Ou seja, a boa noticia é extensiva para todo o povo. O reino que Jesus veio inaugurar se estenderá para todo o mundo.

Aqui estamos nós celebrando este feito maravilhoso que Deus realizou por nós: Um Filho nos foi dado, Conselheiro admirável príncipe de paz.

A detalhada narrativa sobre o modo como se dá o nascimento de Jesus, tem a intenção de situar o lugar e o tempo no qual Deus se faz humano. No meio da estrutura de pecado, dominação e morte que o Império Romano exercia sobre a palestina Jesus é mostrado como o continuador de um outro modo de governar e manifestar sua autoridade e poder. O messias se apresenta ao mundo seguindo os caminhos não convencionais trilhados pelos poderosos do seu tempo. Em lugar da autoridade e da grandiosidade dos seus palácios ele nasce no meio dos trabalhadores e a estes é anunciado primeiro: Alegria para todo o povo!

Em Belém acontece o que Isaias havia predito e que ouvimos na primeira leitura: O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, o jugo que oprimia foi destruído, grande será o seu reino e seu nome é príncipe da paz, conselheiro admirável, Deus forte.

São Paulo na carta a Tito confirma que tudo o que experimentamos é resultado da misericórdia de Deus. Por isso mesmo também nós cantamos no salmo: O senhor merece um canto novo pois ele se mostrou libertador e rei universal.

Deus entra em nossa história e nos pede uma única coisa: que nossa vida e atuação expresse um compromisso de transformação de tudo aquilo que está de acordo com a criação sonhada por Deus.

Em resumo a Liturgia da Palavra e a Eucaristia nos apontam para uma estreita relação entre a fé que celebramos a e fé que somos chamados a viver. Certamente a melhor lição do natal é colocar a nossa vida em perfeita sintonia com o evangelho e este como direção para o nosso dia.

E que todos os natais sejam muito mais felizes. Amém!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 20 DE DEZEMBRO 2009

4° DOMINGO DO ADVENTO

Leituras: Miquéias 5, 1-4; Salmo 79, 2ª.c.3b.15-16.18-19;
Hebreus 10, 5-10; Lucas 1, 39-45
.

Quase tudo à frente dos nossos olhos indica que o natal está chegando. As luzes, os cantos e encantos. As palavras e as relações entre pessoas. Aqui, local que nos reunimos para fazer memória do mistério salvador realizado pela pessoa de Jesus Cristo, as orações, os cantos, os gestos, as 4 velas acesas na coroa do advento, tudo confirma a plenitude da luz do Senhor que está para se realizar. A salvação que nos veio pelo ventre de Maria, nos leva a repetir com Isabel: Bendita és tu e bendito é o fruto do teu ventre Jesus.

O encontro narrado pelo evangelho, no qual Isabel e Maria aproximam a promessa e a realização de tudo o que Deus sempre quis, ajuda-nos a reconhecer também o jeito de ser de Deus: Ele se lembra das suas promessas e dos seus escolhidos. Na pessoa de Isabel, idosa e estéril, Deus realiza a maravilha da vida. Da fragilidade de Maria Deus se serve para mostrar a beleza do seu projeto. Em resumo, onde há impossibilidade humana aí está Deus com sua mão misericordiosa.
A Primeira leitura narra o lugar geográfico de onde virá o prometido, não parece ser uma referência precisa à pequenez da cidade, o que conta é a fecundidade e abertura para o Reino. O Senhor virá de um lugar onde o pão é partilhado. O texto parece lembrar as antigas festas de colheita celebradas ao longo da primeira aliança. Uma vez mais, neste texto, podemos compreender que Deus não renega sua palavra mesmo quando os seus escolhidos não lhe tenham dado a resposta coerente.

Já na carta aos Hebreus temos confirmado o lugar de Jesus no mundo. Ele é o único mediador entre Deus e a humanidade. Sua vida é o verdadeiro sacrifício no qual Deus se compraz e por meio dele visita suas criaturas.

Com o povo de Israel, nós também rezamos no salmo: “Iluminai a vossa face e convertei-nos para que sejamos salvos”. Ontem como hoje as nossas cidades estão repletas de sinais que Deus não se esqueceu de nós. Há uma expressão de um sábio antigo que diz mais ou menos assim: “Cada criança que nasce é um sinal que Deus não se esqueceu da humanidade”. Esta frase manifesta de modo significativo como é possível reconhecer a ação de Deus em nosso dia a dia.

Celebrando a Eucaristia, em comunhão com os irmãos e irmãs, possamos sair fortalecidos para dizer e fazer: “Estamos aqui Senhor para fazer a vossa vontade”. E proclamar como Isabel: “Como posso merecer que o meu Senhor nos venha visitar”.

Que o natal seja para todos preparação de um tempo novo e de caminhos novos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

HOMILIA DO DIA 13 DEDEZEMBRO 2009


TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

LEITURAS: Sofonias 3, 14-18a; Isaias 12, 2- 3, 4bcd. 5 -6;

Filipenses 4, 4 -47; Lucas 3, 10 -18


Alegrem-se no Senhor!

De algum modo todos já vivemos a experiência de nos preparar para uma festa, para um evento de relativa importância para a nossa vida ou para os familiares e assim por diante. Este período de preparação nos preenche de alegria e expectativas em relação àquilo que se espera acontecer. E isto é sempre muito bom. Diz-se até que “o melhor da festa é esperar por ela”.
Pois é isto que estamos fazendo neste período da Igreja que chamamos, tempo do advento. Conforme nos aproximamos da natal, redobramos a esperança e caminhamos alegres para o que chamamos encontro com o Senhor. Este encontro se dá também pelas festividades e os laços de amizade que refazemos com as pessoas em todos os sentidos.

As comemorações natalinas são a expressão daquilo que será o encontro com o Senhor Jesus. Celebrando a cada domingo, acendemos as velas do advento, a luz do Senhor vai iluminando as trevas do cotidiano e anunciamos a realização do Reino que há de vir.

As leituras bíblicas deste tempo são uma perfeita sintonia no sentido de nos fazer enxergar a preparação e a mudança à qual somos chamados por conta desta proximidade do natal. No evangelho de hoje Lucas anuncia quem será o messias e suas qualidades: ele batizará com o Espírito Santo, Ele tem autoridade, Ele é messias, sua presença não se reduz ao tempo atual, mas tem conotação para o futuro.

O que é realização na pessoa de Jesus o Profeta Sofonias havia anunciado e ouvimos na primeira leitura: Gritos de alegria, o Senhor cancelou o que era mal e tristeza, nada há que temer, ele é vencedor e está no meio de nós.

No salmo nós rezamos confiantes e repetimos com firmeza: Deus é a nossa salvação, e por isso mesmo São Paulo não teme afirmar para a comunidade de Filipos: Alegrem-se sempre no Senhor! Ele está no meio de nós.

O que as leituras querem nos dizer e pedem como atitude consiste exatamente em viver a alegria do Natal, mesmo em meio a alguns dissabores e amarguras. O tempo é de não abaixar a cabeça e não se deixar abater pelo desânimo. Se Deus é por nós quem será contra nós!

Façamos a experiência e nos deixemos guiar pela Palavra e pela Eucaristia. Renovemos nosso batismo e participemos da misericórdia de Deus. Eis que vem o nosso Deus, ele vem para nos salvar!