sexta-feira, 15 de abril de 2011

HOMILIA PARA O DIA 24 DE ABRIL DE 2011


DOMINGO DA RESSURREIÇÃO –
PRIMEIRO DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras:  Atos  10,34a.37-43; Salmo 117,1-2.16ab-17.22-23 (R.24); Colossenses 3,1-4; João  20,1-9 (No domingo a noite pode ser lido Lucas 24,13-35).

Pouca coisa causa mais alegria do que convencer-se de algo que tínhamos pouca convicção de que fosse dar certo. Quando a gente acredita que se está no caminho certo, mas parece não haver luz no fim do túnel, muitas vezes, até continuamos caminhando, todavia  não fazemos com entusiasmo, com vibração, com paixão.
Fato semelhante se deu com os discípulos de Jesus.  Até acreditavam que nas promessas do mestre. Mas daí a convencer-se que Ele realmente ressuscitaria tinha ainda um longo caminho. Todas as evidências não pareciam conduzir para a ressurreição.
Para surpresa de todos, eis que ao terceiro dia, quando todas as esperanças estavam por se esgotar eis que Jesus lhes aparece em distintas situações e confiando-lhes diferentes missões e responsabilidades.
Seja para Maria Madalena, e as outras Marias, seja a Pedro e João, seja aos dois anônimos no caminho de Emaús. Em todas as circunstâncias só lhes resta uma atitude: Proclamar por todos os cantos: Verdadeiramente o Senhor Ressuscitou.
E isto que começam a fazer no terceiro dia, foi também assumido pelos outros discípulos e nas diversas outras situações a partir daí.
Dois mil anos já se passaram e agora é a nossa vez. Parece quase impossível que a mãe terra possa parir vida nova. Parece impossível reverter a desenfreada corrida para a morte. Parece impossível acreditar que temos condições de tornar o mundo melhor.
Resta-nos imitar a atitude dos apóstolos e agir de acordo com aquilo que acreditamos, não apenas anunciar com palavras, mas proclamar com a vida e com as obras. “Eu creio Senhor que tu és a ressurreição e a vida”.

HOMILIA PARA O DIA 23 DEABRIL DE 2011


CELEBRAÇÃO DO SÁBADO SANTO – VIGÍLIA PASCAL

LEITURAS: Gn 1,1-2,2; Ex 14,15-15,1; Is 54,5-14; Is 55,1-11; Br 3,9-15.32-4,4; Ez 36,16-17a.18-28; Sl 103,1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R.30); Sl 117,1-2.16ab-17.22-23; Sl 15,5.8.9-10.11 (R.1a); Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18; Sl 29,2.4.5-6.11.12a.13b (R.2a); Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3); Sl 18,8.9.10.11 (R.Jo 6,68c); Sl 41,3.5bcd;42,3.4 (R. 41,2); Rm 6,3-11 ; Mt 28,1-10.

Obs: Para esta celebração, sugere-se nove leituras. Sendo sete do Antigo Testamento, 1 leitura do Novo Testamento, o Evangelho e oito salmos reponsoriais. As leituras desta noite nos ajudam a percorrer toda a história da criação e da salvação realizada por Deus.
A celebração da vigília se apresenta em quatro momentos  distintos, todos focando para a mesma verdade. Deus no criou e Deus nos salvou. No símbolo do fogo novo, (as velas abençoadas), surge uma nova vida. Na proclamação da Palavra está a recordação de toda a obra realizada por Deus. Na bênção da água e no batismo um novo nascimento. E na Eucaristia a memória de Cristo que entregou sua vida para que tivéssemos mais vida.

HOMILIA

Iniciamos a nossa celebração em torno de uma fogueira. A simbologia faz lembrar a vida que surge depois de um processo de transformação, sofrido e acrisolador.
Pois foi essa a experiência de Jesus, foi também essa a experiência do povo de Deus, cuja história nos foi narrada por todas as leituras desta noite. Em resumo, Deus nunca esqueceu daqueles que havia criado. Esteve sempre presente em todas as dificuldades, a rapidez com que a solução para o problema aparecia, dependeu sempre da resposta que as pessoas deram ao projeto de Deus.
Ontem como hoje. Deus continuar cuidando das suas criaturas, nós temos um responsabilidade especial nesse processo. Em outras Palavras Deus está fazendo a sua parte, façamos também a nossa e a Páscoa será uma realidade ao alcance de todos.

HOMILIA PARA O DIA 22 DE ABRIL DE 2011


SEXTA FEIRA DA PAIXÃO
Leituras:  Isaias  52,13 - 53,12; Salmo 30,2.6.12-13.15-16.17.25 (R.Lc 23,46);
Hebreus  4,14-16; 5,7-9;  João 18,1-19,42.

Mesmo diante do secularismo da modernidade, é rara a casa dos cristãos que não ostente em lugar de destaque uma cruz. Dentre os pingentes que usamos, muitas vezes até como adereço, de longe a cruz supera todos os demais. Muitas vezes, é bem provável, nem sejamos capazes de saber com clareza as motivações para isso.
Mas de uma coisa temos certeza:  JESUS VEIO AO MUNDO PARA NOS SALVAR E, PARA TAL FOI PREGADO NUMA CRUZ.  A Bíblia ensina que o primeiro ser humano, a quem chamamos Adão, fez o pecado a partir de uma árvore. Jesus Cristo, o Deus, que se fez homem, nos garantiu a salvação a partir de uma árvore. O que era pecado é agora salvação.
A longa Narrativa da condenação e morte de Jesus que lemos na celebração desta sexta feira  é uma afirmação da convicção que Jesus tinha de que sua morte não consistiria num ponto final da sua missão, mas numa entrega que seria vitoriosa com a ressurreição no terceiro dia. O ato de Jesus é um convite para que todo tenha a coragem de gastar os nossos dias por causas nobres e respeitosas, por mais que esta decisão seja sofrível e cause até medo, podemos ter certeza: Na hora das provações Deus não nos abandona!
A ideia que Deus não esquece os que nele confiam está também relatada nas duas leituras do Profeta Isaias e na Carta aos Hebreus. Quem encara os desafios com lealdade pode proclamas com o salmista, como nós fizemos hoje:  Tu és o meu Deus, na tua mãos está o meu destino!
Nesta celebração da Paixão coloquemos abertos às dores e provações de todas as criaturas e peçamos coragem para agir a fim de que a paixão do mundo diminua e se transforme em ressurreição e vida.

HOMILIA PARA O DIA 21 DE ABRIL DE 2011


MISSA DA CEIA DO SENHOR – QUINTA FEIRA SANTA

Leituras: Êxodo 12, 1-8.11-14; Salmo 115 (116B);
1Coríntios 11,23-26; João 13, 1-15.

Que o mundo está evoluindo a uma velocidade quase impossível de se acompanhar ninguém dúvida. As novas Tecnologias de informação e comunicação apresentam modificações comportamentais e novos paradigmas jamais pensados.
O questionamento que João Paulo II fez bem no início do seu pontificado, merece ser retomada. Na ocasião o Papa perguntou:  “Todas as conquistas alcançadas até agora, bem como as que estão projetadas pela técnica para o futuro, estão de acordo com o progresso moral e espiritual do ser humano?”.
A resposta para esta pergunta está contida na Palavra de Deus que acabamos de ouvir. Os três  textos são a  narrativa de fatos distintos, mas que tem estreita  ligação entre si. O livro do Êxodo, ao mesmo tempo em que conta a história da primeira páscoa, detalhando o modo como os Israelitas deviam celebrar aquela memória, termina com uma orientação: Celebrem esta memória para sempre.
Já,  São Paulo escreve aos Coríntios e conta o que ele sabe sobre a instituição da Eucaristia, o modo como ouviu e aconselha a comunidade realizar a repetição deste gesto em memória do Senhor que lhe havia dado a conhecer. A bonita história do Lava Pés destaca uma das mais bonitas dimensões da Eucaristia. Isto é: Eucaristia tem a ver com serviço, com doação e com responsabilidade pelo bem do outro.
Os  três textos são novamente um convite para as  nossas comunidades  e para cada um em particular: Celebrar a vida e fazer tudo para que a vida, no seu melhor modo seja preservado é uma consequência da nossa fé.  
Não parece haver coerência com a Eucaristia se viemos para celebrar, se fazemos a memória comungando do pão e do vinho na missa e não temos a determinação de fazer gestos que valorizem e preservem a vida em todas as suas formas.
Vivemos, durante a quaresma, o espírito de penitência sob a ótica da preservação da obra criada por Deus, eis que a celebração da quinta  feira santa nos ajuda a confrontar nossa prática religiosa com as ações de cada dia.
Reclinar-se diante dos apóstolos é fazer gestos de preservação do meio ambiente,  por meio de práticas cotidianas de respeito com a mãe terra e com todos os que nela vivem.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

HOMILIA PARA O DIA 17 DE ABRIL DE 2011

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

Leituras: Procissão - Mt 21,1-11; Missa: Is 50,4-7;
 Sl 21,8-9.17-18a.19-20.23-24 (R.2a);  Fl 2,6-11; Mt 26,14-27,66.

Não há porque duvidar que o gesto de apresentar os ramos para ser abençoado, com eles acenar e proclamar que acreditamos em Jesus Cristo e na sua Palavra, é testemunho suficiente e que confirma nossa disposição de continuar caminhando com Jesus.
Nos últimos 40 dias, tempo da quaresma, viemos nos preparando para celebrar a Páscoa, a vitória da vida. Eis que o dia se aproxima! Ouvindo os evangelhos fomos confirmando nossa disposição de proclamar com os personagens envolvidos a cada domingo: “Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus!”.
Embora com tonalidades distintas, os dois textos do Evangelho, hoje proclamados, reforçam a mesma condição: Jesus é o novo  Rei. Nesta condição não teria necessidade de passar pela dor e o sofrimento, entretanto sua condição divina, sua disposição em cumprir as profecias o levam a proclamar com toda a sua convicção: “Pai não se faça a minha, mas a tua vontade”.
O convite desta celebração, para nossa reflexão e norte para o cotidiano ficou expresso no salmo que rezamos. Ou seja, como Jesus, provado pelo sofrimento  e  apesar de tudo proclamar:
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!
Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o toda a raça de Israel!
Nas celebrações da semana santa, acompanhemos o Senhor, não para gritar como fizeram os Judeus em Jerusalém, mas prostremo-nos diante dele com a certeza que sua presença no meio de nós nos faz discípulos e missionários para os novos tempos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOBRE A SEMANA SANTA...

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
(LEIA TAMBÉM NESTE BLOG O TEXTO SOBRE O "CICLO PASCAL")

Celebrar o domingo de Ramos, com a procissão e Bênção dos ramos foi uma prática que se desenvolveu ao longo de três séculos na liturgia da Igreja.  A primeira informação que se tem sobre a prática de uma procissão solene para comemorar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém data do século V, e isso se fazia com uma procissão na tarde do domingo que antecedia a Páscoa.
Aos poucos a celebração do Domingo de Ramos também ganhou o status de celebração de abertura da Semana Santa, também chamada de Semana Maior. Pouco a pouco, primeiro no oriente e depois no ocidente o rito dos ramos foi sendo celebrado.
Por volta do século VI na Espanha, aqueles que seriam batizados na páscoa, passaram a receber o Creio que tinha seu sentido enriquecido e melhor compreendido com a aclamação de Jesus como Rei. O Rito da entrega do símbolo compreendia a leitura do Evangelho de João 12, 1 – 14. (A Unção em Betânia e a entrada em Jerusalém).  Com este rito quase que automaticamente este dia passou a ser denominado: “Domingo de Ramos”.
Com toda a certeza, inicialmente o que se chama hoje “Domingo de Ramos”, era conhecido como “Dia da Paixão”, a procissão e bênção dos ramos se constituiu num acréscimo tardio.
No chamado sacramentário Gelasiano, que recebe este nome por ter sido promulgado pelo Papa  Gelasio por volta do ano 450, o domingo que antecedia a Páscoa foi chamado de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”.
Por volta do século VII, o ocidente cristão admitiu na liturgia deste domingo a procissão com os ramos e por volta do século VIII teve início a prática da bênção dos ramos.  Roma passou a celebrar o domingo de Ramos por volta do século X.
A liturgia do domingo de ramos, conforme se celebra hoje, é resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Ela se constitui de duas partes distintas cuja importância maior recai na Leitura da Paixão.
O primeiro momento da celebração deste domingo se constitui da proclamação do Evangelho da entrada solene de Jesus em Jerusalém com a Bênção dos Ramos e, normalmente, procissão solene, que não significa necessariamente longa caminhada. Em todo o caso o sentido da caminhada está relacionado ao tempo quaresmal. Passamos o período de preparação e nos encontramos com Jesus entrando na Cidade Santa, que em outras Palavras se pode dizer: entrando na dinâmica da Vida – isso é, a Páscoa!
Em seguida, já no interior da Igreja,  se lê o Evangelho da Paixão do Senhor com a celebração da Eucaristia. Constitui-se na abertura da Semana Santa e na preparação imediata para a Páscoa.
A piedade popular transformou o domingo de Ramos numa celebração solene, muitas vezes se encerrando nele mesmo e com fraca ou nenhuma relação com a páscoa. Trazer Ramos para ser abençoados e depois guardá-los durante o ano, muito mais do que servir como um escudo para as dificuldades deveria ser uma lembrança firme e coerente de que o único Senhor da nossa vida é Jesus Cristo, aquele cuja confissão de fé foi dada por Marta, irmã de Lázaro: “Eu creio Senhor que tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo!”.