quarta-feira, 21 de agosto de 2013

TEXTO APRESENTADO PELO PROFESSOR ELCIO NO EDUCASUL

ENSINO MÉDIO INTEGRAL: UM NOVO OLHAR PARA A EDUCAÇÃO
Elcio Alberton
EEB Adelina Régis[1]

RESUMO: O artigo tem por objetivo descrever um marco teórico do Ensino Médio Integral considerando a mudança de época que se está vivendo e os desafios que ela apresenta para a educação, particularmente em Santa Catarina que ousa ver a educação com outro olhar. Indica o desafio de descobrir a experiência do prazer no processo ensino aprendizagem. E depois de ouvir educadores envolvidos na implantação do Ensino Médio Integral no Estado, sugere alternativas para que este formato de organização da educação alcance os objetivos a que se propõe, desenvolvendo também na comunidade educacional o sonho de uma escola reinventada, recriada e pautada pela colaboração, que pode gerar sujeitos inventivos, participativos e preparados para intervir e problematizar.

PALAVRAS CHAVES: Educação; Reencantar; Processo Cooperativo.

EIXO TEMÁTICO: EDUCAÇÃO INTEGRAL

INTRODUÇÃO

O propósito da temática em referência é refletir sobre o processo de solidificação do ensino médio integral no Estado de Santa Catarina, como uma das metas do governo em cumprimento ao que propôe o Plano Nacional de Educação para o decênio 2010 – 2020. A iniciativa implantada em todas as regiões do Estado pode ser reconhecida como o sonho de “Ensinar tudo a todos” tendo como preocupação central o sujeito envolvido no processo: o aluno. Este é a razão de ser da escola, da docência e de todo o sistema de ensinagem (ensino x aprendizagem), para o que se pode aplicar a máxima freiriana de que a educação se realiza mediatizada pelo mundo e pelas pessoas. Em outras palavras, o Ensino Médio Integral se constitui num caminho de universalização da educação, como já descreviam educadores desde o século XVI:
A preocupação da escola, portanto, deve ser com a totalidade do homem, pois: assim como no útero materno se formam os mesmos membros para todo o ser que há de tornar-se homem e para cada um se formam todos: as mãos os pés, e língua, etc., embora nem todos venham a serem artesãos, corredores, escrivães e oradores, assim também a escola deve ensinar a todos todas aquelas coisas que dizem respeito ao homem, embora, mais tarde, umas venham a ser mais úteis a uns e outras a outros (GASPARIN 1994, p.119).

A implantação dessa modalidade de educação vem ocorrendo simultaneamente ao que se denomina “mudança de época” e naturalmente se apresenta como um desafio comparável a invenção da escrita pelos fenícios na história antiga. Esta realidade pode ser descrita como um processo de metamorfose civilizatória de alcance antropológico que implica numa transição paradigmática:
No começo deste novo século, estamos rodeados de sistemas altamente complexos que cada vez mais tomam conta de quase todos os aspectos da nossa vida. Trata-se de complexidade que seríamos incapazes de imaginar a meros cinquenta anos – sistemas globais de comércio e troca de informações, uma comunicação global instantânea através de redes eletrônicas cada vez mais sofisticadas, empresas multinacionais gigantescas, fábricas automatizadas, etc. (CAPRA 2005, p. 110).
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Vivemos em um mundo globalizado no qual todos são afetados por tudo o que acontece em qualquer lugar. O acesso à rede mundial de computadores vem provocando uma revolução no modo de aprender, de pensar, de agir e de estabelecer relações. As novas tecnologias de informação e comunicação estão abolindo fronteiras e eliminando distâncias de modo que apontam para a transnacionalidade. Há pouco mais de três anos o mundo assistiu atônito ao surgimento da denominada “Primavera Árabe” que teve seu gene desenvolvido a partir das redes sociais. O Brasil reencontrou a força das ruas nas recentes manifestações que se desenrolaram no denominado movimento “Passe Livre”, o qual também teve origem e articulação na World Wide Web.
Neste contexto de complexidade é possível apresentar para a educação pelo menos duas alternativas. A primeira que consiste em olhar o mundo com encantamento como astronautas perplexos com o sentimento do primeiro homem a pisar na lua:
À noite, a terra parece mais mágica ainda do que durante o dia. Sempre há uma tempestade desabando em algum lugar. Os clarões dos relâmpagos, às vezes, cobrem até um quarto do continente. No começo, vemos isso como uma perturbação natural, a erupção de salpicos é um espetáculo majestoso (SULLIVAN 2004, p. 391).

Pode também ser entendida como uma crise semelhante ao que o povo de Israel descreve na caminhada rumo à terra prometida:
Ouça Israel: Hoje você está atravessando o rio Jordão para conquistar nações maiores e mais poderosas que você, cidades grandes e fortificadas até o céu. Os enacim são um povo forte e de grande estatura. Você os conhece, porque ouviu dizer: Quem poderia resistir aos filhos de Enac? Por isso ficará sabendo que Javé seu Deus vai atravessar na sua frente como fogo devorador (DEUTERONÔMIO 9, 1- 3).

Não se pode esconder que se trata de uma transformação paradigmática que aponta para o novo, que “nasce com dores de parto”, todavia, há que se compreender que estas são dores que apontam para a vida e não para a morte. Trata-se de um período de crise que precisa ser entendido como crisaldáliga e não como crise para a qual não se veja luz no fim do túnel:
Continuamos a fazer as mesmas perguntas fantasmas que, como se sabe ninguém responderá... Em que sonhos estamos metidos, entretidos com crises, ao fim das quais sairíamos do pesadelo? Quando tomaremos consciência que não há crise nem crises, mas mutação? Não mutação de uma sociedade, mas mutação brutal de uma civilização? Participamos de uma nova era, sem conseguir observá-la. Sem admitir e sem sequer perceber que a era anterior desapareceu (FORRESTER 1997, p. 7 -8).
No que se refere à educação, não se pode negar que mudanças significativas acontecem cotidianamente e transformam as relações institucionais e educativas bem como toda a comunidade nelas envolvida. Neste sentido a metamorfose que está ocorrendo em Santa Catarina com a implantação do Ensino Médio Integral se constitui na convicção de que outro mundo é possível e que se está vivendo os espasmos de uma véspera de parto.

REENCANTAR A EDUCAÇÃO
A expressão que intitula uma publicação de Hugo Assmann e que desafia os sistemas educacionais a transformar a escola num lugar gostoso implica a construção de um processo de inclusão social no qual as diferenças sejam valorizadas e compreendidas em condição de igualdade. Neste sentido é preciso compreender que:
Uma sociedade onde caibam todos só será possível num mundo no qual caibam muitos mundos. A educação se confronta com essa apaixonante tarefa: formar seres humanos para os quais a criatividade e a ternura sejam necessidades vivenciais e elementos definidores de sonhos de felicidade individual e social. Precisamos reintroduzir na escola o princípio de que toda a morfogênese do conhecimento tem algo a ver com a experiência do prazer (ASSMANN 2002, p. 29).

Para que esta situação aconteça há que se superar a compreensão da escola jesuítica na qual educar implicava enquadrar e repassar verdades e certezas. Mais do que nunca neste processo metamorfósico pelo qual passa a sociedade é preciso compreender que muito além do que palavras são os fatos que dão credibilidade às palavras. O sistema escolar excludente praticado por anos na educação brasileira estigmatizou a educação como uma coisa difícil, negativa, que é definida por Assmann como apartheid neuronal e que para sua superação há de se fazer reiniciar a construção da pedagogia da esperança que no dizer de Paulo Freire permitirá a construção de uma sociedade onde seja menos difícil de amar.
Esta transformação da educação pode ser entendida na perspectiva pedagógica descrita na seguinte oração: “Precisamos de algo mais inovador do que os debates confinados em esquemas ideológico-políticos que já se revelaram incapazes de gerar entusiasmo pela vocação de educar” (ASSMANN 2002, p. 109).
Reencantar a educação implica compreender o SER das pessoas envolvidas no complexo sistema de troca de saberes, mais do que esquemas didático-pedagógicos de ser professor ou de ser aluno. Para que isso se torne realidade implica conhecer as trajetórias humanas e os tempos dos educandos e dos educadores num mundo em que o papel exercido pelos pais e pela escola são agora representados com maior intensidade pelos meios de comunicação de massa.
Professores, pais, alunos, gestores e porque não a comunidade como um todo precisa conhecer melhor a trajetória de educandos e educadores. Claro está que esta condição implica ter maior clareza sobre a imagem humana da pessoa com quem vai sendo estabelecido o processo de ensino aprendizagem antes que a sua situação didático pedagógica.  Ir para a escola não é um processo de levar para o espaço educacional a fome de saber e de ensinar, mas de conviver e amar.
A escola precisa ir se construindo como um espaço no qual se encontra repostas para o imaginário relativo ao aprendizado colaborativo. A tarefa primordial da educação é construir seres humanos e para tal a convivência se constitui na melhor forma de aprendizado. Tal situação pode ser compreendida na máxima de Santo Agostinho: “Não aprendemos com palavras, mas com aquilo de ressoa interiormente”.
O processo de reencantamento da educação consiste muito mais do que ser especialista em conhecimento ser educador na totalidade da existência das pessoas que nela se relacionam. Há que se processar a educação desde a ótica da espiritualidade e da paixão que levem em conta questões relevantes do existir humano que não se enquadram em nenhuma grade curricular.
No mundo que se metamorfoseia, alunos e professores veem suas imagens quebradas, porque não dizer dilaceradas diante das grandes interrogações do existir humano. Experimenta-se uma vulnerabilidade na arte de aprender e ensinar que exige um acompanhamento em todo o tenso percurso formativo de alunos e professores.
A escola precisa dar respostas profissionais mediante um processo de aproximação entre educandos e educadores. Esta escolha implica reaprender a arte de educar que significa elaborar novas estratégias coletivas de estudo e de planejamento no qual a inovação escolar se dará muito mais pelas mudanças que devem ocorrer com os próprios docentes.
Nos últimos tempos tem se investido de modo significativo no que diz respeito aos aspectos profissionais da educação em detrimento do tempo para o ser humano. O reencantamento da escola implica superar o conceito e a prática de que a escola ensina e a família e outras instituições educam. O modo como se processa os investimentos na preparação didático-pedagógica e nos recursos físicos para a educação mantém a dualidade entre aprender e educar. Em síntese transformar a escola num lugar onde se vive a experiência do prazer implica pensar antes nos tempos humanos que tempos para os humanos.
Esta ótica aparece implícita no Parecer 05/2011 do Conselho Nacional de Educação homologado em dezembro de 2012. Este documento descreve com uma das necessidades para o pleno desenvolvimento do Brasil a expansão do Ensino Médio com qualidade e que tenha presente a formação da cidadania. Para que isto seja uma meta alcançável afirma que é necessário oferecer aos jovens novas perspectivas culturais capazes de expandir horizontes e dotá-los de autonomia intelectual.
Para isso fica também claro que a escola precisa ser repensada levando em consideração as condições dos recursos humanos articulando a formação inicial e continuada com uma visão sistêmica que compreenda os aspectos humanos, científicos, culturais e profissionais. Esta exigência decorre da compreensão que os jovens tem hoje demandas significativas as quais precisam estar contempladas no currículo e no projeto político pedagógico a fim de que seja garantido o acesso, permanência e sucesso no processo de aprendizagem e constituição da cidadania.
O parecer propõe vinte metas para o decênio e reconhece e afirma que:
“A educação é um processo de produção e socialização da cultura da vida, no qual se constroem, se mantém e se transformam conhecimentos e valores. ... A escola precisa, face às exigências da Educação Básica ser reinventada, ou seja, priorizar processos capazes de gerar sujeitos inventivos, participativos, cooperativos, preparados para diversificadas inserções sociais, políticas, culturais, laborais e, ao mesmo tempo capazes de intervir e problematizar as formas de produção e de vida. A escola tem diante de si o desafio de sua própria recriação, pois tudo o que a ela se refere constitui-se como invenção: os rituais escolares são invenções de um determinado contexto sociocultural em movimento”. (PARECER CNE/CEB Nº:5/2011, p. 9).

De alguma maneira esta situação está contemplada na proposta de implantação do Ensino Médio Integral em Santa Catarina, todavia, ainda persistem lacunas entre a proposta e a efetivação do sistema, como se verá a seguir.

A IMPLANTAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRAL EM SANTA CATARINA
No ano de 2012 a Secretária de Estado da Educação abraçou uma meta ousada com a implantação, em 40 escolas do estado atingindo cerca de 15.000 alunos, da modalidade de ensino médio integral. O lançamento da proposta que incluiu encontro com professores e gestores de todas as regiões do estado prometia uma revolução no ensino médio que fosse capaz de favorecer aos jovens uma educação cidadã, responsável, crítica e participativa. Obviamente que esta modalidade exigiria igualmente pensar uma educação no sentido pleno da palavra e que fosse capaz de refletir e problematizar práticas já consagradas incorporando a estas outras múltiplas dimensões de realização humana. Tal modalidade de ensino teria em conta aspectos que foram historicamente tratados como periféricos, entre eles a dimensão emocional afetiva e a físico-corpórea.
Na apresentação do projeto para o governo de Santa Catarina e para a sociedade como um todo foram dadas as seguintes justificativas:
Nestas escolas haverá uma revitalização, adaptação e instalação de novos equipamentos para que todas tenham laboratórios de informática, biblioteca, laboratórios de ciências, sala para empreendedorismo, espaços esportivos, espaços de convivência, auditório e refeitório. A Diretora de Ensino Básico e Profissional, Gilda Mara Marcondes Penha, destaca que os professores que vão atuar nestas escolas terão dedicação exclusiva, haverá professores orientadores de laboratórios de biologia, física, química e de tecnologias, professor orientador de leitura nas bibliotecas, professor mediador para cuidar do relacionamento interpessoal no pátio das escolas, vigilantes, serventes e merendeiras. A intenção do projeto a ser implementado é que seja feito um amplo investimento em tecnologia. Para o ensino de informática cada escola deverá ter 12 salas com kit multimídia, notebook para professores e Assistentes Técnico-pedagógicos, lousas digitais, rede lógica, cobertura de wireless em toda área da escola (http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/noticias/3126-ensino-medio-integral-deve-comecar-com-15-mil-alunos acesso em 02/07/2013).

Parte significativa destas questões didático-pedagógicas foi viabilizada nas escolas selecionadas como pioneiras nesta modalidade de educação. Pode-se afirmar que do ponto de vista de infraestrutura física as unidades escolares estariam aptas para oferecer para a comunidade escolar o acesso e permanência com qualidade no ambiente escolar em tempo integral desde o início de 2012. Apesar disso, pouco mais de um ano depois de implantado em terras Barriga Verde, pode-se aplicar à realidade do Ensino Médio Integral em Santa Catarina a parábola do sapato perdido:
Naquela manhã, decidi sair com Mateo, meu pequeno filho, para fazer algumas compras. As necessidades familiares eram, como quase sempre, ecléticas: fraldas, disquetes, o último livro de Ana Miranda e algumas garrafas de vinho argentino, difíceis de encontrar no Rio de Janeiro por um bom preço. Depois de algumas quadras, Teo dormiu tranquilamente em seu carrinho. Enquanto ele sonhava com alguma coisa provavelmente mágica, percebi que um de seus sapatos estava desamarrado e quase caindo. Decidi tirá-lo para evitar que, por um descuido, se perdesse. Poucos segundos depois uma elegante senhora me alertou: Cuidado! Seu filho perdeu um sapatinho”. “Obrigado – respondi – mas fui eu mesmo que tirei”. Alguns metros a frente, o porteiro de um edifício, de sorriso tímido e poucas palavras, moveu sua cabeça em direção ao pé de Mateo, dizendo em um tom grave: “o sapato”. Levantei o polegar em sinal de agradecimento, e continue meu caminho. Antes de chegar ao supermercado, dobrando a esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rainha Elizabeth, um surfista igualmente preocupado com o destino do sapato de Teo disse “Ô mané, teu filho perdeu a sandália”. Ergui o dedo novamente e sorri agradecido, mas já sem tanto entusiasmo. No supermercado, as pessoas continuaram chamando minha atenção. A suposta perda do sapato de Mateo não deixava de gerar diferentes mostras de solidariedade e alerta... O Rio de janeiro é, como qualquer grande metrópole latino-americana, um território de profundos contrastes, onde o luxo e a miséria convivem de forma nem sempre harmoniosa. Meu incômodo era, talvez, injustificado: o que faz do pé descalço de um menino de classe média motivo de atenção e circunstancial preocupação em uma cidade com centenas de pés descalços, brutalmente descalços? (Gentili 2003, p.27 - 28).

A ousada iniciativa catarinense vem “perdendo sapatos” ao longo do processo. Voluntária ou involuntariamente aspectos como qualidade, permanência e construção da cidadania estão aquém do que se previa inicialmente. As adaptações aplicadas ao projeto ainda não estão sendo capazes de atender às características e necessidades de estudantes e professores em seus distintos contextos sociais e culturais com suas diferentes capacidades e interesses. Naturalmente, como na parábola do sapato, tais situações somente são observáveis porque se trata do “sapato de uma criança de classe média”. Dito em outras palavras, os limites observáveis na modalidade somente o são em virtude da magnitude do projeto e do alcance social que sua viabilização contempla.
Antes de sugerir algumas alternativas para a continuação e quiçá viabilizar o sonho de reinventar a educação em Santa Catarina é importante ter presente alguns dados de escolas onde o projeto está se desenvolvendo neste período. A pesquisa de campo atingiu 5 escolas nas gerências regionais de Caçador, Videira e Joaçaba respectivamente.

RELEVÂNCIA DO TEMA
Os desafios do ensino médio estão pedindo respostas urgentes, corajosas e audaciosas:
É preciso reconhecer que a escola se constitui no principal espaço de acesso ao conhecimento sistematizado, tal como ele foi produzido pela humanidade ao longo dos anos. Assegurar essa possibilidade, garantindo a oferta de educação de qualidade para toda a população, é crucial para que a possibilidade de transformação social seja concretizada. Neste sentido, a educação escolar, embora não tenha autonomia para, por si mesma, mudar a sociedade, é importante estratégia de transformação, uma vez que a inclusão na sociedade contemporânea não se dá sem o domínio de determinados conhecimentos que devem ser assegurados a todos (PARECER CNE/CEB Nº 5/2011).

Santa Catarina ousou romper estruturas, conceitos e a própria concepção do último ciclo da educação básica com a implantação do sistema de Ensino Médio Integral. De um modo jocoso se pode dizer que esta modalidade pode ser definida como “filho de classe média” no sentido que para ele se voltam os olhares atônitos, curiosos e preocupados de todos os que o espreitam faltando um dos sapatos.
A pesquisa de campo realizada em cinco escolas das GEREDs de Caçador, Videira e Joaçaba contemplou a participação da direção, do professor mediador de convivência e mais dois docentes. As respostas vieram confirmar que uma iniciativa desta magnitude envolve muito mais paixão e emoção do que propriamente recursos.[i]

ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

As cinco escolas pesquisadas, no que se refere a números da clientela nos anos 2012/2013, tiveram um número maior de alunos e turmas iniciando o Ensino Médio Integral em 2013 na relação com o ano anterior. Em 2013 houve um crescimento de 8,57% no número de alunos matriculados na primeira série, enquanto que para o segundo ano houve um decréscimo de 51% no número de matrículas em 2013. Por este dado nota-se que a modalidade tem credibilidade inicial e perde fôlego ao longo do primeiro ano da sua implantação.
Conforme planejado o Estado fez investimentos relativos no que se refere aos espaços físicos das escolas contempladas com modalidade. Em todas as escolas houve melhorias em parte do espaço físico colocado a disposição dos alunos, na mesma proporção ocorreram melhorias na rede de tecnologias, sendo que 80% das escolas pesquisadas realizaram com recursos próprios a implantação de rede WIFI em todo o ambiente escolar. Os sapatos começam efetivamente a se perder quando se trata do investimento nos recursos humanos e, sobretudo na pessoa daqueles que estão envolvidos. Reforça-se a preocupação de que é muito mais necessário investir no “SER do educador” antes que no “Ser educador”.
Contrariando as expectativas iniciais nenhuma das escolas pesquisadas tem professores com dedicação exclusiva, sendo que alguns poucos casos podem contar com profissionais nesta condição. Todas as escolas tem um professor mediador de convivência, que na sua totalidade são pós-graduados, sendo que 45% deles são formados na Área de ciências humanas e suas tecnologias; 45% na área de linguagens e códigos; e 10% na área de ciências da natureza. Em todas as escolas atua somente um profissional na área sendo que algumas delas tem três ou quatro vezes mais alunos que nas escolas menores. Trata-se de um  professor que trabalha 40 horas semanais[ii] e para isso não recebe nenhuma gratificação de função.
Sob o ponto de vista de planejamento, todas as escolas dedicam tempo para esta atividade, o que não poderia ser diferente já que os professores tem na sua carga horária tempo específico para esta atividade. Embora não esteja clara a maneira como se realiza o planejamento nos casos em que a pesquisa foi respondida por mais de uma pessoa na escola há diferentes afirmações sobre planejamento por disciplina, por área temática ou no coletivo.
Tratando da formação continuada sobre planejamento coletivo inter e transdisciplinar as escolas afirmaram que mesmo com diferente carga horária houve algum momento de formação.  Já no que se refere á formação didático-pedagógica 75% das escolas disseram que não ocorreu, sendo ainda mais preocupante no tocante à formação psicológica e emocional para a qual em 80% das escolas não houve nenhum tipo de preparação. Em todos os itens quando o questionário foi respondido por diferentes pessoas e separadamente os números não foram convergentes e sempre apontaram índices menores que dos que foram considerados nesta análise.
Perguntadas sobre a adequação do PPP[iii] da escola para a modalidade de Ensino Médio integral, três escolas disseram ter realizado alteração em uma das dimensões[iv] Uma disse não ter feito nenhum estudo do PPP e uma afirmou ter readequado todo ele para esta nova realidade. Entretanto, quando solicitadas que apresentassem a nova redação da dimensão que foi readequada, nenhuma escola o fez. A mesma inconsistência aparece no grupo de pessoas envolvidas no processo de adequação do documento.
As consequências desta situação facilmente são percebidas nas demais respostas dadas para a entrevista, sobretudo no que se refere a metas ações e responsáveis. Todas as escolas pesquisadas tem diferentes atitudes em relação aos alunos faltosos, com problemas de disciplina ou baixo rendimento escolar. A emissão do APOIA[v] e o envio para o conselho tutelar varia entre três e sete dias consecutivos e só uma escola tem uma pessoa responsável para comunicar a direção sobre alunos faltosos.
Em relação aos alunos com problemas de disciplina ou baixo rendimento nenhuma escola tem clareza sobre qual a primeira atitude a ser tomada, todas assinalaram que chamam os pais e os alunos para conversar e nenhuma delas identificou a pessoa responsável para tratar do assunto com os envolvidos. Em duas escolas o orientador de convivência participa nos casos de indisciplina.
Não obstante a realidade apresentada pelas escolas 60% dos entrevistados diz que a implantação do Ensino Médio Integral em Santa Catarina alcança 70% dos objetivos a que se propõe e 40% julga que alcança 50% dos seus objetivos.
No quesito o que precisa ser repensado para a modalidade, 80% dos entrevistados julga ser necessário mais investimento nos espaços físicos e nos recursos pedagógicos e 100% aponta como deficitária ainda as questões relativas à formação continuada de professores, gestores e equipe técnica da escola.
Diante desta constatação fica evidente as duas maiores urgências que foram também apontadas pelos entrevistados: Reforma de espaços físicos e formação continuada. A entrevista também contemplou sugestões dos pesquisados os quais apresentaram: Organizar salas ambientes; Realizar avaliação interdisciplinar; Desenvolver estratégias criativas com a família; Incentivo para pesquisa e desenvolvimento juvenil; Integração com o sistema “S” para o manter o aluno em tempo integral; Preparar pessoas para a convivência pacífica; Maior tempo para convivência entre professores e alunos, incluindo aí o horário do almoço; Bolsa para os alunos a partir do segundo ano do ensino médio.

PISTAS PARA REENCONTRAR O “SAPATO”

Com base no marco teórico do que significa a etapa do ensino médio para o desenvolvimento integral do ser humano, tendo presente as questões de realização pessoal do aluno e do professor, considerando os dados levantados nas entrevistas e reafirmando a magnitude do projeto de Ensino Médio Integral em terras Barriga Verde, pode-se reafirmar que esta modalidade se compara ao “primo rico” ou “filho de classe média” cuja perda do sapato é percebida com maior facilidade em detrimento do ensino médio regular para quem se aplica a indignação do autor da parábola do sapato perdido:
Meu incômodo era talvez injustificado: o que faz do pé descalço de um menino da classe média motivo de atenção e circunstancial preocupação em uma cidade com centenas de meninos descalços, brutalmente descalços? Por que, em uma cidade com dezenas de famílias morando nas ruas, o pé superficialmente descalço do Mateo chamava mais a atenção do que outros pés cuja ausência de sapatos é a marca inocultável da barbárie que nega os mais elementares direitos humanos a milhares de indivíduos (GENTILI 2003, p. 28).

As limitações percebidas no Ensino Médio Integral em nada se diferem do denominado ensino médio “regular”, com a particularidade que este ganha mais visibilidade por sua dimensão inovadora. Para confirmar a preocupação com o aluno e com a formação integral do adolescente/jovem, público alvo das escolas de ensino médio e efetivamente compreender que:
Os estudantes ocupam o lugar central da ação educativa da escola e são a sua própria razão de ser. A escola só se justifica pela presença deles. Caso não existissem, tampouco haveria necessidade de professores, de pessoal técnico-administrativo, de dirigentes e da própria escola. Refletir sobre o lugar do estudante no coração da comunidade escolar (grifo nosso) é a necessidade por excelência do fortalecimento da missão, dos ideais, objetivos e princípios educativos da escola (JULIATTO 2010, p; 22).

É com este objetivo que se apresentam as pistas para reencontrar os “sapatos perdidos” ou evitar que se percam ao longo do caminho. Os indicativos estão organizados de acordo com as urgências apresentadas pelas escolas entrevistadas com a concordância do pesquisador tendo por referência o marco pedagógico em questão.
1)            No que se refere a recursos humanos
a)            Formação continuada dos professores, preferencialmente, nos seus aspectos humanos, psicológico, motivacional e espiritual de modo a estimular neles a paixão pela educação e por esta modalidade de escola;
b)            Contratação, ao menos em tempo parcial (20 horas) de psicólogo escolar ou orientador educacional com formação na área de ciências humanas, que:
b.1) Possa desenvolver com alunos e pais temas relativos à convivência, relações humanas, formação integral e  espiritualidade;
b.2) Realizar nas escolas acompanhamento personalizado com alunos e pais oriundos das famílias mosaico[vi];
b.3) Fazer acontecer com as famílias formação sobre a importância da permanência na escola e do saudável adiamento do ingresso no mercado de trabalho de adolescentes e jovens;
b.4) Realizar com professores, gestão e equipe técnica encontros de formação com temas relativos às questões humano-afetivas, psicológica e motivacional, ou seja, com o SER do professor.
2) No que se refere a valorização do profissional da educação
a) Garantir que os professores habilitados em cada área temática possam ser aproveitados com dedicação exclusiva e mesmo enquanto a grade curricular não se organiza nos quatro eixos já consagrados[vii] ministrem a totalidade das aulas das disciplinas daquela área;
b) Extinguir a divisão entre Aula atividade a Aula de planejamento e implantar o que prevê a lei do piso com 33% de horas atividades. Tal medida virá corrigir a distorção aplicada com a aula de planejamento, por meio da qual o professor com duas horas de regência em cada turma tem o mesmo número de aula planejamento daquele com cinco de regência;
c) Garantir que o profissional responsável pela convivência seja um professor da área de ciências humanas e para este seja dado gratificação por função equiparada aos demais cargos com função gratificada;
3) No que se refere às adequações físicas das unidades escolares
a) Estabelecer prazos para que todas as escolas com Ensino Médio Integral disponham de condições físicas adequadas ao número de alunos que atende;
b) Capacitar os gestores dotando-os de criatividade para encontrar soluções emergenciais no que se refere a otimização dos espaços e dos recursos tecnológicos já disponíveis na escola.
Acredita-se que estas sugestões tenham viabilidade imediata e possam reverter a tendência de redução dos alunos constatada já no segundo ano do ensino médio bem como colaborar para que toda a comunidade escolar tenham  melhor êxito na missão de formar sujeitos integrados e integradores dentro de uma visão cooperativa do processo de educar.

NOTAS


[1] Mestre em Educação, professor na rede estadual de Santa Catarina, lotado na Escola de Educação Básica Adelina Régis – Videira – SC. Email: padreelcioalberton@hotmail.com



[ii] Leia-se hora relógio de 60 minutos.
[iii] Projeto Político Pedagógico
[iv] Papel da Escola, Administrativa, Física, Metas ações e responsáveis,
[v] Aviso por infrequência de aluno.
[vi] Famílias que constituídas por pessoas vindas de diferentes experiências relacionais. Pais e filhos de distintas relações de convivência. (Os meus filhos, os teus filhos, os nossos filhos, e etc...).
[vii] Linguagens e códigos e suas tecnologias, Ciências Humanas e suas tecnologias, Ciências da natureza e suas tecnologias e Matemática.

REFERÊNCIAS
ALBERTON, Elcio. Formação Mistagógica do Docente no Contexto da Metamorfose Civilizatória. Dissertação (Mestrado), PUCPR, 2012.
ARROYO, Miguel G. Imagens Quebradas – Trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis, Vozes, 2009.
ASSMAN, Hugo. Reencantar a Educação – Rumo à sociedade aprendente. Petrópolis, Vozes, 1998.
CNBB. Texto base da Campanha da Fraternidade. 2013, Brasília, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.
GASPARIN, João Luiz. Comênio ou da Arte de Ensinar Tudo a Todos. Campinas, Papirus, 1994.
GENTILI, Pablo & ALENCAR Chico. Educar na Esperança em Tempos de Desencanto. Petrópolis, Vozes, 2003.
JULIATTO, Clemente Ivo. O Horizonte da Educação. Curitiba, Champagnat, 2009.
_____. Parceiros Educadores – Estudantes, professores, colaboradores e dirigentes. Curitiba, Champagnat, 2010.
LUCK, Heloísa & et al. A Escola Participativa – O Trabalho do Gestor Escolar. Petrópolis, Vozes, 2011.
SABINO, Simone, O Afeto na Prática Pedagógica – e na formação docente – Uma presença silenciosa.  São Paulo, Paulinas, 2012.
SANTO AGOSTINHO. De Magistro. Petrópolis, Vozes, 2009.

ENSINO MÉDIO INTEGRAL: UM NOVO OLHAR PARA A EDUCAÇÃO
Com este título o professor Elcio Alberton, lotado na Escola de Educação Básica Adelina Régis  em Videira, foi selecionado para apresentar o tema na forma de Comunicação Oral durante o 9º EDUCASUL.  Para a redação do texto o professor solicita à V. Sria., gentilmente responder às seguintes questões. Note bem, a identidade da escola e dos professores pesquisados será mantido em sigilo, sendo apenas mencionados na apresentação final do trabalho como sendo escolas das gerências de Caçador, Videira e Joaçaba e os profissionais identificados como professor A, B, C,D,E
1)      Quantas turmas de  primeiro ano de  Ensino Médio Integral foram abertas no ano de 2012 na sua escola? Seria sugestivo também indicar o número de alunos.
A)     Uma turma  com (    ) alunos
B)      Duas turmas com  (     ) alunos
C)      Três turmas com (    ) alunos
D)     Quatro ou mais turmas com (    ) alunos
2)      Quantas turmas foram rematriculadas no segundo ano do Ensino Médio Integral no ano de 2013? Pede-se indicar também o número de alunos.
A)     Uma turma  com (    ) alunos
B)      Duas turmas com  (     ) alunos
C)      Três turmas com (    ) alunos
D)     Quatro ou mais turmas com (    ) alunos
3)      Quantas turmas de primeiro ano de  Ensino Médio Integral foram abertas no ano de 2013 na sua escola? Seria sugestivo também indicar o número de alunos.
A)     Uma turma  com (    ) alunos
B)      Duas turmas com  (     ) alunos
C)      Três turmas com (    ) alunos
D)                 Quatro ou mais turmas com (    ) alunos
4)      Quais foram as adequações físicas realizadas na sua escola no ano de 2012 para receber a modalidade de Educação Integral?
A)     Auditório
B)      Refeitório
C)      Espaços esportivos
D)     Espaços de convivência
5)      Quais melhorias  no campo das tecnologias adotadas na escola no ano de 2012:
A)     Implantação de sala Informatizada
B)      Readequação da sala informatizada
C)      Implantação da sala de leitura
D)     Implantação de rede WIFI em todo o espaço escolar
6)      Do total de professores envolvidos no Ensino Médio Integral, quantos tem dedicação exclusiva?
A)     Menos que 10
B)      Mais que 10
C)      Entre 15 e 20
D)     Todo o quadro tem dedicação exclusiva
7)      Na sua escola tem um professor “Mediador de Convivência”.
A)     Sim
B)      Não
8)      Qual a formação do professor “Mediador de  Convivência”
A)     Licenciatura na área de linguagens e códigos e suas tecnologias
B)      Licenciatura na área ciências humanas e suas tecnologias
C)      Licenciatura na área de ciências da natureza e suas tecnologias
D)     Outra formação: qual? _____________________________________________
9)      Os professores que trabalham no ensino médio integral realizam planejamento coletivo semanal :
A)     Reunindo-se por disciplina;
B)      Reunindo-se por área temática;
C)      Reunindo todos os professores envolvidos;
D)     Não acontece planejamento coletivo.
10)   Os professores do ensino médio integral tiveram formação específica sobre planejamento coletivo e interdisciplinaridade para o trabalho com o ensino médio integral?
A)     Com até 10 horas no ano
B)      Com até 20 horas no ano
C)      Com até 30 horas no ano
D)     Não houve formação específica para os professores do ensino médio integral.
11)   Os professores tiveram formação didático pedagógica específica no último para atuar no ensino médio integral?
A) 15 horas no ano;
B)  20 horas no ano;
C) 30 ou mais horas no ano:
D) Não houve formação específica para os professores do ensino médio integral.
10)  A escola, ou a gerência ofereceram aos professores do ensino médio integral, formação humana, psicológica e motivacional  para trabalhar com o ensino médio integral?
A) 10 horas no ano;
B)  20 horas no ano;
C) 30 ou mais horas no ano:
D) Não houve formação específica para os professores do ensino médio integral.
11)  A escola foi preparada e realizou atividades com os familiares dos alunos do Ensino médio integral diferente daquela que normalmente se realizava na escola regular?
A) 1 vez no ano;
B) Duas Vezes no ano;
C) Três vezes no ano;
D) Não realizou atividades diferenciadas com os pais dos alunos do ensino médio integral.
12) A comunidade escolar participou da adequação do PPP para a implantação do Ensino Médio Integral em 2012?
A) No Papel da Escola;
B) Na Dimensão Administrativa;
C) Na Dimensão Física;
D) Nas Metas ações e responsáveis;
Para as alternativas que assinalar descreva:
Como era a redação anterior do PPP:

Como ficou a nova redação do PPP para a Escola Integral:

13) Participaram da nova redação do PPP em 2012
A) Todo o corpo docente da escola;
B) Parte do Corpo docente;
C) Corpo docente, pais e gestores:
D) Nenhuma das alternativas.
14) Considerando que a oferta do Ensino Médio é obrigatório como também a frequência até a idade de 17 anos. A partir de quantas dias de falta o aluno é procurado pela escola ou feita a comunicação ao Conselho Tutelar?
A) Três dias consecutivos;
B) Cinco dias consecutivos;
C) Sete dias intercalados em intervalo de até duas semanas;
D) A escola não faz contato com o aluno/familiar ou conselho tutelar;
15) Quem comunica o professor ATP/ Direção sobre faltas de aluno é:
A) O professor Regente;
B) O professor que tem maior número de aulas na semana com a turma;
C) Qualquer um dos professores que perceber a ausência do aluno;
D) Não existe um professor responsável para fazer a comunicação;
15) Nos casos de indisciplina ou relacionamento entre alunos x alunos x professores ou pouco rendimento  a escola toma qual destas medidas?
A) Chama os pais/responsáveis e procura conhecer a família e as relações do aluno;
B) Chama o aluno e faz advertência oral/escrita;
C) Aplica a suspensão, nos casos mais graves e os demais aguarda o conselho de classe;
D) Não toma nenhuma das providências acima.
16) Nos casos em que a família é chamada na escola para tratar assuntos relativos a aprendizagem ou disciplina quem atende a família é:
A) A direção da escola;
B) O professor ATP;
C) O professor orientador de convivência;
D) O/os professores com os quais o aluno tem dificuldade de relacionamento ou baixo rendimento;
17) Descreva duas das maiores urgências para a melhor adequação do Ensino Médio Integral na sua escola:
18) Outras eventuais e oportunas observações que julga necessário e que não foram contempladas neste questionário:





sábado, 17 de agosto de 2013

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA



As questões legais sobre maternidade e paternidade biológica, os inúmeros casos de adoções ilegais, o tráfico de seres humanos, a evolução da medicina e uma série de outras situações contemporâneas faz surgir com uma intensidade sem precedentes o valor da figura materna e paterna. É muito comum ouvir a expressão: “a mulher tem um instinto materno”, ou ainda “a presença da mulher faz a diferença”. O Papa Francisco declarou nesta semana que é necessário aprofundar mais o grande e importante papel da mulher na Igreja, a declaração dele foi pronunciada por ocasião da Solenidade  da Assunção de Maria, que se celebra neste domingo.
Esta é a festa mais antiga, que a Igreja celebra para lembrar a figura de Maria e sua importância para a fé e a vida de todos. Desde muito cedo os apóstolos divulgaram a certeza que Maria havia sido levada aos céus em corpo e alma e esta devoção se propagou por todo mundo.
As leituras deste domingo apresentam diferentes imagens de mulheres e da sua importância  na história da salvação. Com sinais extraordinários o livro do Apocalipse conta a vitória de uma mulher que deu a luz e em meio a todas as provações e desafios, ela e seu filho foram protegidos e salvos pela mão de Deus. A figura da mulher que luta com o dragão foi identificada como Maria e a Igreja com seus filhos e filhas enfrentando todas as dificuldades. As doze estrelas, com cuja coroa a mulher aparece representa a totalidade dos filhos de Deus, ou seja, um número perfeito no qual todos tem lugar.
Já São Paulo apresenta o Filho, nascido de Maria como o homem em quem todos encontram a salvação e a quem Deus, o Pai, entregou a realeza a fim de que este pusesse fim às forças da morte.
O encontro narrado entre as duas mulheres do evangelho e o reconhecimento de que ambas carregam no seu ventre sinais da ação de Deus no mundo é uma das extraordinárias maravilhas realizadas em favor de todos. Isabel, idosa e grávida proclama: “De onde me vem a graça que a mãe do meu Senhor venha me visitar” e Maria que ainda não havia coabitado com um homem anuncia: “O Senhor fez em mim grandes coisas”
Não sem razão a Igreja inteira pode proclamar e rezar com o salmo: “À vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de ofir”

A história já mostrou de modo abundante quanto Deus fez e faz pela humanidade, na figura de Maria é possível proclamar, sem medo de errar, “A presença da mãe faz a diferença”. Celebrar esta festa é também um convite para que cada cristão seja capaz de agir e viver cultivando o que se chama: “instinto materno”, que pode ser compreendido também como “cuidado com todos, preocupação como se fosse um filho”.

Como se reza ao final da missa deste domingo: “Maria é consolo e esperança do povo ainda a caminho” que ela interceda a Deus pelas pessoas e comunidades em todos os sofrimentos e provações.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

HOMILIA PARA O DIA 04 DE AGOSTO DE 2013

É NECESSÁRIO SER RICO...


Muitas coisas estão acontecendo no Brasil nos últimos dias. De todas é possível tirar algumas lições e aprender a viver cada dia melhor. Simultâneo às manifestações que tomaram conta das ruas em diversas cidades brasileiras estavam infiltradas pessoas cuja intenção era criar polêmica, fazer baderna e denegrir a imagem das pessoas de bem que lá estavam.  A alegria vivida em diversos momentos na copa das confederações dispensa comentários sobre a paixão do brasileiro por futebol. Os equívocos cometidos na segurança durante a visita da Papa fizeram mais rir do que chorar. E neste particular é hora de reconhecer que o Papa Francisco mostrou que é necessário ser rico! Foi possível testemunhar a riqueza do Papa quando, desceu do avião e viu  o aparato de segurança que lhe havia sido preparado,  exclamou: “tudo isso é para mim”. No dia que saiu do local onde estava hospedado indo para Aparecida, fez parar o carro para abraçar uma criança, carregou a sua “malinha preta” e desfez a curiosidade dos repórteres quando lhe perguntaram o que carregava com tanto esmero:  “Eu sempre levei eu mesmo minha maleta. É normal. Nós temos que ser normais. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha”. Mas ele se mostrou rico de fraternidade, de calor humano, quanto perguntado sobre sua segurança e suas idas ao encontro do povo disse dispensando o carro blindado disse: “Eu não poderia vir ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de  uma caixa de vidro”. Então eis que ele mostra com sua vida que é preciso ser rico, mas rico de calor humano.
A propósito, hoje a Igreja celebra o dia do Padre, e coloca como modelo de padre O Santo Cura de Ars, que viveu no final do século XIX, na França, viveu pobre, sem grandes confortos, mas era rico de Deus e sabia transmitir a misericórdia, a aldeia onde trabalhava se tornou lugar de peregrinação. Para lá acorriam pessoas de toda a França e também da Europa e ia para buscar conforto e perdão. Ele também era rico! Neste sentido também falou o Papa Francisco aos padres:  Penso que temos que dar testemunho de certa simplicidade – eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando nós,  as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro.”.
Estas lições todas estão expressas na Palavra de Deus proclamada neste  domingo. No livro do Eclesiástico o autor qualifica as vantagens deste mundo com as palavras: “Vaidade das vaidades”. E São Paulo pede aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; 2aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Portanto, fazei morrer o que em vós pertence a terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria”.
E finalmente Jesus no Evangelho conta a parábola do homem rico e conclui: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?' Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.

Ora, neste domingo, de novo a comunidade dos cristãos se reúne para fazer memória dos ensinamentos e para se alimentar a Eucaristia e da Palavra de Deus. Todos são convidados a abrir-se para o mundo, buscar as coisas de Deus que estão presente no meio de todos, onde também “mora de Deus”. E assim que ganha maior sentido o que se reza no salmo: “Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo o dia! Que a bondade do Senhor e nosso Deus repousem sobre nós e nos conduza! Tornai fecundos, ó Senhor, nosso trabalho” 

DIA DO PADRE 2013

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY – INVOCADO PARA CELEBRAR O DIA DO PADRE

O Padre Vianney, como era conhecido, viveu na França na segunda metade do século XIX. O seu estilo de vida simples somada às suas limitações intelectuais fizeram dele um padre pouco valorizado nos meios eclesiásticos do seu tempo. Sem saber o que fazer com o padre o bispo lhe confiou uma paróquia interiorana que pode ser qualificada como aldeia perdida. Mas a santidade do simples pároco da aldeia fez-se notar desde muito cedo. E o lugar para onde ninguém queria ir, tornou-se rapidamente centro de peregrinações. Não somente da França, mas de diversas partes da Europa, pessoas se dirigiam para ARS a fim de ver o “Santo Cura” e com ele confessar-se.
A Igreja está vivendo o que alguns estudiosos denominam “Nova Primavera” cuja marca fundamental é o jeito simples do Papa Argentino. Cenas vistas durante a visita do Papa ao Brasil, declarações, pronunciamentos e recomendações daquele que repete com insistência: “rezem por mim”, são a marca de um novo tempo na Igreja. Sua insistência para que a Igreja vá para as ruas e que deixe de ser uma “Alfândega Pastoral” para ser local de acolhimento, que abandone o clericalismo e os sinais externos de autoridade são visíveis nas fotos do Papa Francisco que circulam pelas redes sociais.

Quem não viu o Papa Francisco usando até o final da Jornada Mundial da Juventude, o Solideu (pequeno chapéu branco) que alguém lhe jogou do meio da multidão, tal atitude está longe das “vestes sacerdotais” tão em voga a abundantemente usadas por muitos padres na atualidade, quase como quem diz, “vejam pela minha roupa que eu sou padre”.
Esta situação faz lembrar a anedota repetida muitas vezes pelo saudoso  Dom Luiz Colussi, bispo diocesano de caçador:
Certa ocasião dois jovens padres aproximaram-se do guichê de uma empresa de ônibus, um deles usava a “camisa clerical” o outro vestia uma  camisa de manga curta, como o comum dos mortais. O bilheteiro olhando para ambos sentenciou: Para onde querem ir os padres? Um dos presbíteros retrucou: como você sabe que nós somos padres? A resposta à queima roupa não poderia ser outra: Você pela roupa o outro pelo estilo de vida.

O Santo Cura de Ars ensinou com a vida o que também faz o Papa Francisco, o que pede Jesus Cristo: “Não levem nem bolsa, nem sandália, nem duas túnicas” e o que é doutrina da Igreja  expressa em diversos documentos:
O presbítero a imagem do Bom Pastor, é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, próximo a seu povo e servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades. A caridade pastoral, fonte de sua espiritualidade sacerdotal, anima e unifica sua vida e ministério. Consciente de suas limitações, ele valoriza a pastoral orgânica e se insere com gosto em seu presbitério (Aparecida 198).

Para concluir, parece oportuna a resposta que deu o Papa aos jornalista quando indagado porque pede tanto que rezem por ele:
Por que o senhor pede tanto para que rezem pelo Senhor? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele.
Papa Francisco – Sempre pedi isso. Quando era padre pedia, mas nem tanto e nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a ser bispo. Porque eu sinto que se o Senhor não ajuda nesse trabalho de ajudar aos outros, não se pode realizá-lo. Preciso da ajuda do Senhor. Eu de verdade me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Eu sinto que devo pedir. Não sei… (em entrevista durante o voo de volta a Roma no domingo 28/07/2013).

Como última palavra: Reze com os seus padres! Reze pelos seus padres, é uma necessidade!



quarta-feira, 31 de julho de 2013

ESTADO DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
9ª GERÊNCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSORA ADELINA RÉGIS
PROJETO : SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE
Objetivo Geral: Conscientizar o educando sobre a importância da sustentabilidade, da preservação do meio ambiente e da qualidade de vida, aplicando conceitos científicos, relacionando a teoria e a prática  em todas as áreas do conhecimento, sendo estas construtoras da aprendizagem significativa e interdisciplinar, para que as futuras gerações possam usufruir de benefícios saudáveis.

Professores envolvidos: Sidinei Rui,  Elcio Alberton, Celso Perotto.
DISCIPLINA DE FILOSOFIA
I - ITENS DO PROJETO
1 – Objetivos Específicos
1.1 – Primeiros anos
1.1.1 - Recordar aos alunos dos primeiros anos, os quatro elementos filosóficos da origem do universo;
1.2.1- Relacionar a preocupação com a origem do universo com as questões contemporâneas de preservação e sustentabilidade;
1.2 – Segundos anos
1.2.1 – Reconhecer a ordem do universo e do cosmos no meio das constantes mudanças;
1.2.2 – Interpretar as buscas a sonhos da humanidade em relação com tudo o que existe na natureza;
1.2.3 – Escolher ações que facilitem a responsabilidade dos educandos na preservação da “mãe terra” e da qualidade de vida do ser humano no planeta.
1.3 – Terceiros anos
1.3.1 – Identificar ações éticas em relação ao uso da terra-mãe;
1.3.2 – Demonstrar que o valor da liberdade ganha sua dimensão mais ampla na medida em que ela exercida com responsabilidade;
1.3.3 – Modificar algumas atitudes em relação à preservação da terra como um bem que está a serviço de todos, mas não pertence a ninguém. ( Confere: Carta da terra)
1.3.4 - Traçar ações concretas de sustentabilidade em relação ao eixo “terra” no cotidiano da escola.
2 – Conteúdos
2.1 – Primeiros anos: Períodos da História da Filosofia (Pré Socrático);
          Segundos anos: A metafísica – Cosmologia e Ontologia;
          Terceiros anos: Ética – Liberdade e responsabilidade;
3 – Ações
3.1 – Reduzir o uso de meios físicos para pesquisa e produção de atividades escolares e aumentar o uso virtual de consultas e atividades e disponibilizar materiais na forma virtual para estudo e consulta dos estudantes.  Estas duas medidas visam diminuir a produção de resíduos evitando o desperdício de bens e serviços.
4 – Atividades
4.1 – Indicar aos alunos os sítios de pesquisa onde se encontram os conteúdos previstos para o bimestre e  que se relacionam com o projeto;
4.2 – Disponibilizar o acesso WIFI em todo o ambiente da escola, evitando com isso a sobrecarga de horários na sala informatizada e permitindo que os alunos possam ter acesso às NTCI também na sala de aula, nos intervalos e no horário do almoço;
4.3 – Utilizando – Notebooks, Tabletes, aparelhos de telefonia móvel, acessar os sítios indicados e ao final da atividade produzir um trabalho virtual sobre o tema pesquisado;
5 – Avaliação
5.1 – Comprovar por meio de dados e gráficos que as atividades  realizadas virtualmente contribuíram para a redução de resíduos sólidos e consequentemente para a preservação do planeta e a criação da consciência de preservação do meio ambiente e da qualidade de vida.


PROJETO : SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE
TÍTULO DO PROJETO: O PAPEL DE CADA UM
Objetivo Geral: Conscientizar o educando sobre a importância da sustentabilidade, da preservação do meio ambiente e da qualidade de vida, aplicando conceitos científicos, relacionando a teoria e a prática  em todas as áreas do conhecimento, sendo estas construtoras da aprendizagem significativa e interdisciplinar, para que as futuras gerações possam usufruir de benefícios saudáveis.
Professores envolvidos: Edgar Centofanti,  Sidinei Rui,  Elcio Alberton, Neuza, Janice, Elias Machado, Maria Helene.
DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA
I - ITENS DO PROJETO
1 – Objetivos Específicos
1.1 – Primeiros anos
1.1.1 - Recordar aos alunos os modos de trabalhar a terra ao longo da história da humanidade;
1.1.2 - Incentivar a redução, o reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos, principalmente na forma de papel.
1.1.3 -  Formar multiplicadores de uma prática de comportamento ambientalmente responsável.
1.2 – Segundos anos
1.2.1 – Identificar o uso e distribuição da terra no Brasil como um direito da sociedade democrática;
1.3 – Terceiros anos
1.3.1 – Distinguir os processos revolucionários e de modernização conservadora em relação ao uso e posse da terra;
2 – Conteúdos
2.1 – Primeiros anos: O trabalho e a produção nas sociedades tribais, no modelo escravagista e na sociedade moderna capitalista.
          Segundos anos: A democracia no Brasil , direitos e cidadania, confrontos e parcerias;
          Terceiros anos: Revolução e transformação social, revoluções no Brasil no século XX;
3 – Ações
3.1 – Conscientização e racionalização do uso do papel como recurso pedagógico-didático;
3.2 – Utilização de papeis e impressões em frente e verso e confecção de blocos de rascunho e escrita com reutilização de impressos e publicações;
3.3 – Distribuir na escola e distinguir caixas coletoras de papel das lixeiras comuns para recicláveis e do lixo orgânico;
4 – Atividades
4.1 – Disponibilizar na sala de aula uma caixa de papelão para recolhimento de papel todas as semanas.
4.2 – Ao final de cada semana contar ou pesar as caixas para verificar o consumo, a reutilização e a reciclagem realizada na escola. Disponibilizar gráficos e dados sobre esta realidade no blog da escola de modo a tornar a atividade conhecida sem o consumo de tintas e papéis. (NB: Isto poderia ser também realizado em cada sala de aula).
4.3 – Ao final do semestre realizar com os alunos uma confraternização ou premiação aos alunos que mais praticaram as três ações. (A viabilização desta atividade será melhor efetivada se as caixas forem de cada turma).
4.4 – Realizar as atividades das turmas virtualmente e no final fazer os cálculos sobre a redução no consumo de papel por cada uma das turmas e pela escola inteira.
5 – Avaliação

5.1 – Comprovar por meio de dados e gráficos publicados virtualmente que as atividades  realizadas contribuíram para a redução de resíduos sólidos e consequentemente para a preservação do planeta e a criação da consciência de preservação do meio ambiente e da qualidade de vida. 




FEIRA DO CONHECIMENTO


                     
ESTADO DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
9ª GERÊNCIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PROFESSORA ADELINA RÉGIS

FEIRA DO CONHECIMENTO 2013
CRIATIVIDADE PEDAGÓGICA
PROFESSOR: ELCIO ALBERTON

1 JUSTIFICATIVAS
O mundo vive um momento denominado “Mudança de época” que enfraquece e altera muitos paradigmas que sustentam a visão de mundo defendida até o presente momento. Dentre as exigências da mudança de época uma delas se denomina “sustentabilidade” e não apenas do ponto de vista das coisas e dos bens de consumo ou bens produzidos pela natureza denominados bens de consumo finito. Mas se trata de uma nova compreensão de todo o existir e humano e mais do que nunca é necessário compreender e defender que um outro mundo é possível, um mundo no qual seja menos difícil de amar e nas palavras do Luther King: “Ou nos damos as mãos ou morremos todos como idiotas”. 
Nosso mundo rico em tecnologia faz surgir novos interesses para a educação, enquanto também se espera que as escolas se tornem vanguarda nas sociedades de conhecimento. Primeiramente, a tecnologia pode fornecer os instrumentos necessários para a melhoria do processo ensino e aprendizagem, abrindo novas oportunidades e avenidas... Segundo a educação tem um papel de preparar os estudantes  para a vida adulta, e, consequentemente, deve fornecer aos estudantes as habilidades necessárias para se unirem a uma sociedade onde as competências ligadas à tecnologia estão se tornando cada vez mais indispensáveis. O desenvolvimento destas competências, que são parte do conjunto bastante conhecido como Competências do Século 21, está cada vez mais se tornando uma parte integral dos objetivos da educação obrigatória. Finalmente, numa economia de conhecimento dirigido pela tecnologia, pessoas que não adquirem e não se apropriam destas competências podem sofrer de uma nova forma de separação digital que pode afetar a capacidade de se integrarem plenamente à economia e à sociedade do conhecimento (OCDE,  2010, p. 13).

2 OBJETIVOS
Facilitar a aproximação das pessoas às novas tecnologias de comunicação e informação apresentando-as como recurso pedagógico importante, inclusive sob o ponto de vista da sustentabilidade.
Divulgar o trabalho realizado na escola de Educação Básica Profª Adelina Régis – Videira, nas disciplinas de Filosofia e Sociologia e que se enquadra no quesito criatividade pedagógica.
Estimular professores e alunos o uso dos recursos tecnológicos disponíveis nas escolas e acessíveis aos alunos em todos os lugares como forma de ampliar o acesso ao conhecimento mais do que às informações.
3 ESTRATÉGIAS
Usando o blog do professor, disponibilizar os conteúdos que são estudados durante o ano letivo. Em substituição ao tradicional quadro de giz e mesmo o quadro branco, ou outros recursos produtores de resíduos os recursos tecnológicos atendem à necessidade de acesso aos conteúdos ao mesmo tempo em que as “janelas” dos recursos tecnológicos vão sendo abertas pelos alunos para finalidades formativas além de recreativas e de comunicação.
Criação de uma página no Facebook para cada turma e para cada disciplina onde os alunos realizam as atividades de fixação de conteúdo e de assimilação dos objetivos.
4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Diante do impacto desta mudança de época, as tradicionais maneiras de compreender o mundo e a maneira de “bem viver”, já não são aceitas pelas novas gerações. A sociedade contemporânea trouxe consigo  uma fragmentação e  deu lugar a uma diversidade de novas visões do mundo e da vida. As mudanças atingem a economia, a política, as ciências as artes,  a religião  e a educação.
A este processo denomina-se: metamórphosis que significa mudança na forma e na estrutura. Neste sentido, tem-se como negativo que o papel dos pais e da  escola  são substituídos pelos MCS que Impõe uma cultura homogênea denominada  “cultura midiática”. Por outro lado, é positivo a:
Valorização da pessoa, o Reconhecimento da diversidade cultural, o avanço tecnológico e a expansão das relações. A cultura midiática pode ser compreendida como um processo comunicacional que se realiza por meio dos chamados Meios de Comunicação de Massa (Mass Media), jornais, revistas, rádio, televisão, internet, instrumentos utilizados para comunicar, ao mesmo tempo, uma mensagem a um número maior de pessoas.  O acesso às  Novas Tecnologias de Comunicação e informação (NTCI) proporcionou:
Ø    Comunicação instantânea;
Ø    Esses MCS, sobretudo a internet, criou uma aldeia global que oferecem muitas oportunidades;
Ø    Novo modelo de agente de comunicação baseado na interatividade que dominam a tecnologia, sobretudo os jovens;
As redes sociais permitem a conexão ao mundo ou grupos de interesses e se constituem:
ü    Um fenômeno que atinge grande parte das pessoas, especialmente os jovens;
ü    Em viver e  respirar nas novas ambiências midiáticas;
ü    Numa interpelação fundamental. Comunicar  tornou-se “vida;
ü    Na construção de relações por esses meios;
ü    Em perigo  na medida em que a conectividade constante  privilegia esse tipo de relação em detrimento da presencial;
ü    Mudança de poder nas relações humanas, tendendo à horizontalidade;
ü    Provocação de mudanças na sociedade: família, escola, trabalho;
ü    Em uma visão mais planetária;
ü    Maior abertura ao mundo e  à solidariedade;
ü    Abertura às problemáticas globais;
ü    Rapidez  em rastrear informações e  compartilhá-las, como formação de grupos de mobilização;
Essa cultura midiática é um fenômeno juvenil que facilita a formação da subjetividade poso que:
§     Os seres humanos não nascem prontos, criam-se e se recriam de acordo com o que experiência;
§     As subjetividades são em grande parte, produtos do contexto em que a pessoa vive;
§     O comportamento dos jovens seguirá padrões existentes na sociedade;
Neste sentido a escola precisa se perguntar:
§     O que temos oferecido aos jovens a fim de que sua subjetividade seja constituída de modo sadio, aberto e que valorizem a vida?
Não se pode esquecer que os jovens formam uma teia imensa e complexa de interatividade e relações na qual a comunicação em tempo real prioriza uma linguagem mais simplificada, veloz e direta.
Esta é uma revolução que pode ser equiparada ao surgimento da escrita, nos anos 700 a.C. quando os fenícios substituíram a linguagem simbólica pela linguagem fonética. À época os filósofos, entre eles Sócrates, acreditaram que se tratava do  começo do fim de toda a possibilidade de pensar. A linguagem oral, a necessidade de aprender de cor, passava pelo processo do registro, antes impensável.
Outra situação importante a ser observada consiste em perceber que nossa juventude vive no meio de desigualdades gritantes:
Ø    De renda;
Ø    Ocupação nos espaços urbanos;
Ø    De escolaridade;
Ø    De trabalho e gênero;
Ø    De desestruturação das relações familiares;
Ø    De violência;
Mesmo nas famílias mais tradicionais e mesmo no meio oeste catarinense  está evidente a exclusão digital e a violência em rede que se manifesta na:
§     Desigualdade em relação à possibilidade de conexão;
§     Maioria da juventude brasileira frequenta  Lan Houses;
§     No fato de que todo cidadão tem direito às redes sociais;
§     Políticas públicas  que devem garantir acesso igual para todos
§     Oportunidades para criminosos;
§     Difusão de ideologias;
Porém a  educação precisa reconhecer na Cultura Midiática:
Ø    Os benefícios dos meios de comunicação atuais e utilizá-los com discernimento;
Ø    Perceber os  perigos que o uso descuidado das tecnologias digitais pode provocar;
Ø    Cuidar para que os relacionamentos virtuais não prejudiquem os encontros pessoais, nem sirvam para alienar e para isolar as pessoas.
Neste contexto a educação é desafiada a formar educadores, capazes e abertos para o diálogo entre tecnologia e educação. Adotando os recursos tecnológicos e as redes sociais como opção de sustentabilidade o professor das disciplinas de filosofia e sociologia quer estimular o uso ético e responsável das redes sociais como recurso pedagógico e para isso utiliza e apresenta as seguintes sugestões:
As novas tecnologias são espaços preciosos para o momento de vivências solidárias por meio delas quer-se formar para a solidariedade despertando nos indivíduos  o senso crítico. Procura-se formar para a compreensão do outro como ser em condições de igualdade na diferença  tendo presente também a dimensão  da fé enquanto o ser humano  como imagem e semelhança do “totalmente outro”.
Tem se consciência que recursos tecnológicos na educação: muito mais do que uso e disponibilização deles se constituem num desafio de linguagem e que pouco ou nada trarão como acréscimo para o processo ensino-aprendizagem o uso puro e simples das NTCI.
Na educação o segredo do sucesso não depende de disponibilizar ou não de recursos, importa sim não deixar passar despercebidas as ofertas que a sociedade oferece e diante da avalanche de informações a que nossos “clientes” têm acesso o desafio consiste em recuperar a visibilidade e a força motivadora do de todo o processo.
Se consideradas as profundas transformações pelas quais passa a sociedade e os avanços tecnológicos em todos os setores, será possível perceber que também no campo da educação se depara com o despreparo dos docentes conforme resultado da pesquisa:
O estudo descobriu que os professores eram geralmente cautelosos em adotar práticas colaborativas e populares da WEB 2.0, pois muitos sentiam que poderiam mudar as estruturas tradicionais da escola. Mais consideravelmente, muitas barreiras práticas relativas ao acesso tecnológico, infraestrutura e banda larga continuaram a impedir o uso da Web 2.0 mesmo nas escolas com bons recursos tecnológicos (OCDE, 2010, p. 27).
Dito isto tem se presente que certamente não será suficiente a profissionalização e a competência técnica, mas a compreensão da evolução da sociedade como um todo. Mesmo com certo domínio de muitos recursos não se consegue compreender porque as verdades, pedagógicas, didáticas, etc. continuam fragmentadas e setorizadas. Continua-se com uma ênfase curricular setorizada, não se alcança a dinâmica da interdisciplinaridade. Os saberes são parciais e as  escolas não fogem desta realidade.
A cultura da tecnologia e da comunicação implica hoje muito mais do que “usar” os meios e recursos, tais como redes sociais, pesquisas na internet e alguns exercícios digitais estar atentos para a globalização que a informática trouxe para dentro das escolas.
As instituições envidaram esforços para compreender e dar acessibilidade às novas mídias, mas ainda se está longe de entender a complexidade da metamorfose do século XXI. A pergunta crucial a ser feita consiste em procurar uma resposta para o uso que se  faz das tecnologias no processo da aprendizagem.
O processo de aprendizagem e de avaliação da aprendizagem continua reduzido aos encontros presenciais, às provas, aos trabalhos, e pior que tudo isso ao processo de notação. As atividades educacionais que se servem dos recursos de mídia se resumem a uma “janela” para informações, estando ainda muito longe da produção e compartilhamento de saberes. Não se tem noção que a virtualidade quebrou fronteiras e quem decide para onde ir é o usuário, que se tornou um “celinauta”.
O Papa Francisco, na sua autobiografia, que inclui longos anos de professor e gestor escolar, escreve:  “A escola pode encontrar o difícil ponto de equilíbrio entre estar ancorada ao passado e a necessidade de educar em um mundo transmudado imaginando o futuro em que seus alunos estarão inseridos” Para compreender isso diz o Papa: “ E para isso é preciso partir dos alunos para chegar a escola”.  Pois,  “Educar na sociedade contemporânea implica ter bem presente duas realidades: o âmbito da segurança e a zona de risco”.
Na condição de professor que se aventura utilizando recursos tecnológicos parece importante parafrasear o Papa Francisco numa citação que ele aplica à Igreja, mas neste caso aplicada à escola: “Prefiro uma escola machucada e que corre o risco de inovar-se à uma escola fechada nas suas seguranças e práticas pedagógicas já consagradas”.
5 À GUISA DE CONCLUSÃO
Concretamente na Escola Adelina Régis, nas disciplinas de Filosofia e Sociologia o professor Elcio Alberton utiliza do seguinte modo os recursos tecnológicos disponíveis:
a)                  Publicação da matéria para registro dos alunos no blog do professor;
b)                 Apresentação da matéria em Power Point, explicando cada parágrafo que os alunos registram;
c)                  Realização de exercícios no Facebook. Cada turma tem  a sua página no Face.
d)                 Na correção das atividades não é atribuída nota, mas fazendo comentários sobre a atividade realizada;
e)                 Aplicação da avaliação de conteúdo e objetivos, com questões objetivas, e com justificativa para a alternativa correta;
f)                   Para algumas turmas a avaliação é aplicada com uso da sala informatizada. Os alunos acessaram o blog do professor, copiaram a prova no editor de texto, responderam e enviaram para o email do professor;
g)                  Uma vez corrigida cada avaliação, o aluno recebe a resposta com as observações e a nota no seu email.
h)                 Projeção de filme, conforme sugerido  pela “tela interativa” no livro texto dos alunos;
i)                    Para todos os filmes, foram elaboradas questões para a avaliação ou produção de texto sobre o filme que foi visto.
5.1 -  Dificuldades
a)                  “O novo nasce com dores de parto” – os alunos não estão acostumados encarar novidades que exigem novos procedimentos, mais exigentes do que aqueles que estão habituados.
b)                 Embora os alunos sejam classificados como “nativos digitais” falta-lhes o hábito no uso dos recursos tecnológicos na aprendizagem. Em decorrência disso muitos  alunos julgaram que isso não necessitaria seriedade;
c)                  Falta do hábito de leitura e vocabulário micro reduzido. Incapacidade de interpretação de texto.
d)                 O professor é enquadrado na categoria  que se chama “analfabeto digital” ou dito jocosamente: “Professauro”
e)                 Os recursos tecnológicos disponíveis na escola ainda são insuficientes para algumas atividades.
5.2 – Sugestões
a)                  Dotar a escola de rede sem fio em todos os ambientes e instalar para a escola o “ambiente Moodle” o qual poderá  melhorar a realização das atividades e exercícios com recurso das tecnologias.
b)                 Produzir textos sobre a matéria a ser estudada e disponibilizar no blog da escola ou no ambiente ‘Moodle’.
Como pensamento final:
“Agarre seu medo do futuro e pergunte: Que posso fazer sobre isso já? Não tem que deixar o medo controlar você”.
Este e outros textos sobre Educação e multimeios estão disponíveis no seguinte endereço:
Se interessar, consulte a aba: “Formação Docente”
Visite também: “100 maneiras de usar o Facebook na escola”.

REFERÊNCIAS

ALBERTON, Elcio. Formação Mistagógica do Docente no Contexto da Metamorfose Civilizatória, Dissertação de mestrado, PUCPR, 2012.
ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas. Petrópolis, Vozes, 2009.
BROWN e. & LEWIS B, & HARCLEROAD, F. Instrución Audiovisual, México, Editorial Trillas, 1977, p. 1- 48.
CENTRO DE PESQUISAS EDUCACIONAIS E INOVAÇÃO. Inspirados pela tecnologia, norteados pela pedagogia, Florianópolis, Governo do Estado de Santa Catarina, 2010.
CIMADON, Aristides. Ensino e aprendizagem na universidade – um roteiro de estudo. Joaçaba, editora UNOESC, 2008, p. 109 -115.
DIEUZEIDE, Henri. Le tecniche Audivisive nell’insegnamento. Roma, Armando Armando Editore, 1965, p.137 – 149.
FERREIRA, Oscar Manoel de Castro. Recursos audiovisuais para o ensino. São Paulo, Editora Pedagógica Universitária, 1975.
GOMES, Péricles Varela & MENDES, Ana Maria Coelho Pereira. Tecnologia e inovação na educação universitária: O matice da PUCPR. Curitiba, Champagnat, 2006.
MORAN, José Manoel. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo, Papirus, 2000.
PERRENOUD, Philippe. 10 novas competências para ensinar. Porto Alegre, ARTME0D, 200.
RUBIN, Sergio & AMBROGETTI, Francesca. Jorge Bergoglio – Il nuovo papa si racconta.